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A Onda
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A partir do contexto, analise as afirmações abaixo:

I- A função da linguagem predominante no texto é a poética.
II- A repetição do substantivo “onda”, seguido dos advérbios “ainda” e “aonde”, geram um efeito de sentido que alude ao som das vagas na areia.
III- A ausência da vírgula no último verso permite que o leitor atente para a continuidade das ondas.
IV- A leitura do poema procura reproduzir o som do mar através do funcionamento discursivo das classes de palavras substantivo e advérbio, protagonistas na matéria linguística do poema.
V- A repetição de palavras no poema não é redundante. Ela tem a função de ênfase.

É CORRETO o que se afirma em:
  • A: I, II e III apenas.
  • B: I e V apenas.
  • C: I, II, III, IV e V.
  • D: II, IV e V apenas.
  • E: III e IV apenas.

Taxa de desemprego entre os mais jovens está acima de 20% desde 2016


São seis anos em que pelo menos dois em cada dez jovens de 18 a 24 anos procuram, mas não encontram uma vaga de trabalho.


O desemprego no Brasil afeta, hoje, todas as faixas etárias, mas atinge com mais intensidade quem está no começo da carreira ou tentando entrar no mercado de trabalho.
A mais longa experiência profissional que Samila de Jesus Santos leva no breve currículo é o desemprego. Três anos de espera para quem tem só 22. Historicamente, a taxa de desemprego na parcela mais jovem é sempre maior do que a média geral da população. E no Brasil, desde 2016, ela fica acima de 20%. São seis anos em que pelo menos dois em cada dez jovens de 18 a 24 anos procuram, mas não encontram uma vaga de trabalho.
Taxa de desemprego acima de 20% é uma média para o grupo com idade entre 18 e 24 anos, mas em um país desigual como o Brasil, esta estatística não dá conta das diferenças. Dados do Ministério da Economia mostram que se o jovem que já sofre mais com a crise for mulher e tiver pouca qualificação, a chance de encontrar um emprego é ainda menor. E isso não é só sobre o futuro deles. É sobre a falta de perspectiva para a economia do país.
“A gente tem menos dinheiro circulando na economia. O jovem, não conseguindo trabalhar, acaba tendo que ficar dependente muitas vezes de uma pessoa mais velha na família, produzindo uma geração de pessoas que não conseguem realizar seus sonhos, não conseguem adquirir independência financeira muitas vezes ou demoram para conseguir. E a gente tem evidências na literatura de que os jovens, quando ingressam no mercado de trabalho com salário mais baixo, eles têm mais dificuldade de ver o aumento do salário ao longo do tempo”, afirma o professor de Economia da FGV Renan Pieri.
[...]


Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/03/30/taxa-de-desemprego-entre-os-mais-jovensesta-acima-de-20percent-desde-2016.ghtml. Acesso em: 18 fev. 2023.

O uso do modo imperativo, flexionado na terceira pessoa do singular, é um recurso muito comum nos textos publicitários com o objetivo de persuadir o interlocutor a comprar um produto e/ou ideia. Assinale a alternativa cujo verbo NÃO foi flexionado corretamente nesse modo e pessoa gramatical.
  • A: “Violência não tem desculpa. Tem lei. Denuncie!”
  • B:Prepare seu coração para grandes emoções.”
  • C:Pense light.”
  • D:Proteja a infância.”
  • E:Toma que o BB é seu.”

A ilha do conhecimento



Quanto podemos conhecer do mundo? Será que podemos conhecer tudo? Ou será que existem limites fundamentais para o que a ciência pode explicar? Se esses limites existem, até que ponto podemos compreender a natureza da realidade?

O que vemos no mundo é uma ínfima fração do que existe. Muito do que existe é invisível aos olhos, mesmo quando aumentamos nossa percepção sensorial com telescópios, microscópios e outros instrumentos de exploração. Tal como nossos sentidos, todo instrumento tem um alcance limitado. Como muito da Natureza permanece oculto, nossa visão de mundo é baseada apenas na fração da realidade que podemos medir e analisar. A ciência, nossa narrativa descrevendo aquilo que vemos e que conjecturamos existir no mundo natural, é, portanto, necessariamente limitada, contando-nos apenas parte da história. Quanto à outra parte, que nos é inacessível, pouco podemos afirmar. Porém, dados os sucessos do passado, temos confiança de que, passado tempo suficiente, parte do que hoje é mistério será incorporado na narrativa científica — desconhecimento se tornará conhecimento.

Essa visão dos nossos limites nada tem de anticientífica ou derrotista. Também não se trata de uma proposta para que sucumbamos a algum obscurantismo religioso. Pelo contrário, o impulso criativo, o desejo que temos de sempre querer saber mais, vem justamente do flerte com o mistério, da compulsão que temos de ir além das fronteiras do conhecido. O não saber é a musa do saber.

Nos últimos duzentos anos, avanços na física, na matemática e, mais recentemente, nas ciências da computação, nos ensinaram que a própria Natureza tem um comportamento esquivo do qual não podemos escapar. A própria Natureza — ao menos como nós percebemos — opera dentro de certos limites. O filósofo grego Heráclito já havia percebido isso quando escreveu, 25 séculos atrás, que “A Natureza ama esconder-se”.



(Adaptado de: GLEISER, Marcelo. A ilha do conhecimento. São Paulo: Editora Record, 2023, p. 13-4 e 19)

Transpondo-se para a voz passiva a frase até que ponto podemos compreender a natureza da realidade? (1º parágrafo), a forma verbal a se adotar deverá ser
  • A: poderá ter sido compreendida
  • B: podemos ter compreensão
  • C: podia compreender-se
  • D: pode ser compreendida.
  • E: se poderia compreender

Texto

Automóvel: Sociedade Anônima


(Paulo Mendes Campos)

Se você quiser, compre um carro; é um conforto admirável. Mas não o faça sem conhecimento de causa, a fim de evitar desilusões futuras. Saiba que está praticando um gesto essencialmente econômico; não para a sua economia, mas para a economia coletiva. Isso quer dizer que, do ponto de vista comunitário, o automóvel que você adquire não é um ponto de chegada, uma conquista final em sua vida, mas, pelo contrário, um ponto de partida para os outros. Desde que o compre, o carro passa a interessar aos outros, muito mais que a você mesmo.

Com o carro, você está ampliando seriamente a economia de milhares de pessoas. É uma espécie de indústria às avessas, na qual você monta um engenho não para obter lucros, mas para distribuir seu dinheiro para toda classe de pessoas: industriais europeus, biliardários do Texas, empresários brasileiros, comerciantes, operários especializados, proletários, vagabundos, etc.

Já na compra do carro, você contribui para uma infinidade de setores produtivos, que podemos encolher ao máximo nos seguintes itens: a indústria automobilística propriamente dita, localizada no Brasil, mas sem qualquer inibição no que toca à remessa de lucros para o exterior; os vendedores de automóveis; a siderurgia; a petroquímica; as fábricas de pneus e as de artefatos de borracha; as fábricas de plásticos, couros, tintas, etc.; as fábricas de rolamentos e outras autopeças; as fábricas de relógios, rádios, etc.; as indústrias de petróleo [...]

Você já pode ir vendo a gravidade do seu gesto: ao comprar um carro, você entrou na órbita de toda essa gente, até ontem, você estava fora do alcance deles; hoje, seu transporte passou a ser, do ponto de vista econômico, simplesmente transcendental. Você é um homem economicamente importante – para os outros. Seu automóvel é de fato uma sociedade anônima, da qual todos lucram, menos você.

Mas não fica só nisso; você estará ainda girando numa constelação menor, miúda mas nada desprezível: a dos recauchutadores, eletricistas, garagistas, lavadores, olheiros, guardas de trânsito, mecânicos de esquina. Você pode ainda querer um motorista ou participar de alguma das várias modalidades de seguros para automóveis. Em outros termos, você continua entrando pelo cano. No fim deste, há ainda uma outra classe: a dos ladrões, seja organizada em sindicatos, seja a espécie de francopuxadores. [...]

Ao considerar a conjugação da forma verbal destacada em “Se você quiser, compre um carro” (1º§), pode-se perceber que a segunda oração assume um caráter:
  • A: hipotético.
  • B: questionador.
  • C: imperativo.
  • D: habitual.
  • E: negativo.

Texto

Automóvel: Sociedade Anônima


(Paulo Mendes Campos)

Se você quiser, compre um carro; é um conforto admirável. Mas não o faça sem conhecimento de causa, a fim de evitar desilusões futuras. Saiba que está praticando um gesto essencialmente econômico; não para a sua economia, mas para a economia coletiva. Isso quer dizer que, do ponto de vista comunitário, o automóvel que você adquire não é um ponto de chegada, uma conquista final em sua vida, mas, pelo contrário, um ponto de partida para os outros. Desde que o compre, o carro passa a interessar aos outros, muito mais que a você mesmo.

Com o carro, você está ampliando seriamente a economia de milhares de pessoas. É uma espécie de indústria às avessas, na qual você monta um engenho não para obter lucros, mas para distribuir seu dinheiro para toda classe de pessoas: industriais europeus, biliardários do Texas, empresários brasileiros, comerciantes, operários especializados, proletários, vagabundos, etc.

Já na compra do carro, você contribui para uma infinidade de setores produtivos, que podemos encolher ao máximo nos seguintes itens: a indústria automobilística propriamente dita, localizada no Brasil, mas sem qualquer inibição no que toca à remessa de lucros para o exterior; os vendedores de automóveis; a siderurgia; a petroquímica; as fábricas de pneus e as de artefatos de borracha; as fábricas de plásticos, couros, tintas, etc.; as fábricas de rolamentos e outras autopeças; as fábricas de relógios, rádios, etc.; as indústrias de petróleo [...]

Você já pode ir vendo a gravidade do seu gesto: ao comprar um carro, você entrou na órbita de toda essa gente, até ontem, você estava fora do alcance deles; hoje, seu transporte passou a ser, do ponto de vista econômico, simplesmente transcendental. Você é um homem economicamente importante – para os outros. Seu automóvel é de fato uma sociedade anônima, da qual todos lucram, menos você.

Mas não fica só nisso; você estará ainda girando numa constelação menor, miúda mas nada desprezível: a dos recauchutadores, eletricistas, garagistas, lavadores, olheiros, guardas de trânsito, mecânicos de esquina. Você pode ainda querer um motorista ou participar de alguma das várias modalidades de seguros para automóveis. Em outros termos, você continua entrando pelo cano. No fim deste, há ainda uma outra classe: a dos ladrões, seja organizada em sindicatos, seja a espécie de francopuxadores. [...]

O pronome “você” que ocorre, implícita ou explicitamente, ao longo do texto, faz referência:
  • A: a um leitor específico que tenha comprado um carro recentemente.
  • B: aos leitores em geral que pretendam comprar um carro ou não.
  • C: a um interlocutor conhecido do autor, indicando intimidade.
  • D: aos leitores que compraram ou pretendem comprar um carro.
  • E: apenas às pessoas jovens que compraram carros porque gostam.

Texto

Automóvel: Sociedade Anônima


(Paulo Mendes Campos)

Se você quiser, compre um carro; é um conforto admirável. Mas não o faça sem conhecimento de causa, a fim de evitar desilusões futuras. Saiba que está praticando um gesto essencialmente econômico; não para a sua economia, mas para a economia coletiva. Isso quer dizer que, do ponto de vista comunitário, o automóvel que você adquire não é um ponto de chegada, uma conquista final em sua vida, mas, pelo contrário, um ponto de partida para os outros. Desde que o compre, o carro passa a interessar aos outros, muito mais que a você mesmo.

Com o carro, você está ampliando seriamente a economia de milhares de pessoas. É uma espécie de indústria às avessas, na qual você monta um engenho não para obter lucros, mas para distribuir seu dinheiro para toda classe de pessoas: industriais europeus, biliardários do Texas, empresários brasileiros, comerciantes, operários especializados, proletários, vagabundos, etc.

Já na compra do carro, você contribui para uma infinidade de setores produtivos, que podemos encolher ao máximo nos seguintes itens: a indústria automobilística propriamente dita, localizada no Brasil, mas sem qualquer inibição no que toca à remessa de lucros para o exterior; os vendedores de automóveis; a siderurgia; a petroquímica; as fábricas de pneus e as de artefatos de borracha; as fábricas de plásticos, couros, tintas, etc.; as fábricas de rolamentos e outras autopeças; as fábricas de relógios, rádios, etc.; as indústrias de petróleo [...]

Você já pode ir vendo a gravidade do seu gesto: ao comprar um carro, você entrou na órbita de toda essa gente, até ontem, você estava fora do alcance deles; hoje, seu transporte passou a ser, do ponto de vista econômico, simplesmente transcendental. Você é um homem economicamente importante – para os outros. Seu automóvel é de fato uma sociedade anônima, da qual todos lucram, menos você.

Mas não fica só nisso; você estará ainda girando numa constelação menor, miúda mas nada desprezível: a dos recauchutadores, eletricistas, garagistas, lavadores, olheiros, guardas de trânsito, mecânicos de esquina. Você pode ainda querer um motorista ou participar de alguma das várias modalidades de seguros para automóveis. Em outros termos, você continua entrando pelo cano. No fim deste, há ainda uma outra classe: a dos ladrões, seja organizada em sindicatos, seja a espécie de francopuxadores. [...]

Em “Você já pode ir vendo a gravidade do seu gesto” (4º§), o substantivo destacado possui o seguinte significado:
  • A: perversidade.
  • B: decadência.
  • C: consequência.
  • D: seriedade.
  • E: variedade.

Texto

Automóvel: Sociedade Anônima


(Paulo Mendes Campos)

Se você quiser, compre um carro; é um conforto admirável. Mas não o faça sem conhecimento de causa, a fim de evitar desilusões futuras. Saiba que está praticando um gesto essencialmente econômico; não para a sua economia, mas para a economia coletiva. Isso quer dizer que, do ponto de vista comunitário, o automóvel que você adquire não é um ponto de chegada, uma conquista final em sua vida, mas, pelo contrário, um ponto de partida para os outros. Desde que o compre, o carro passa a interessar aos outros, muito mais que a você mesmo.

Com o carro, você está ampliando seriamente a economia de milhares de pessoas. É uma espécie de indústria às avessas, na qual você monta um engenho não para obter lucros, mas para distribuir seu dinheiro para toda classe de pessoas: industriais europeus, biliardários do Texas, empresários brasileiros, comerciantes, operários especializados, proletários, vagabundos, etc.

Já na compra do carro, você contribui para uma infinidade de setores produtivos, que podemos encolher ao máximo nos seguintes itens: a indústria automobilística propriamente dita, localizada no Brasil, mas sem qualquer inibição no que toca à remessa de lucros para o exterior; os vendedores de automóveis; a siderurgia; a petroquímica; as fábricas de pneus e as de artefatos de borracha; as fábricas de plásticos, couros, tintas, etc.; as fábricas de rolamentos e outras autopeças; as fábricas de relógios, rádios, etc.; as indústrias de petróleo [...]

Você já pode ir vendo a gravidade do seu gesto: ao comprar um carro, você entrou na órbita de toda essa gente, até ontem, você estava fora do alcance deles; hoje, seu transporte passou a ser, do ponto de vista econômico, simplesmente transcendental. Você é um homem economicamente importante – para os outros. Seu automóvel é de fato uma sociedade anônima, da qual todos lucram, menos você.

Mas não fica só nisso; você estará ainda girando numa constelação menor, miúda mas nada desprezível: a dos recauchutadores, eletricistas, garagistas, lavadores, olheiros, guardas de trânsito, mecânicos de esquina. Você pode ainda querer um motorista ou participar de alguma das várias modalidades de seguros para automóveis. Em outros termos, você continua entrando pelo cano. No fim deste, há ainda uma outra classe: a dos ladrões, seja organizada em sindicatos, seja a espécie de francopuxadores. [...]

Considere a classificação morfológica do vocábulo “que” em “uma infinidade de setores produtivos, que podemos encolher ao máximo” (3º§). Indique a alternativa em que se destaca um “que” com essa mesma classificação.
  • A: “Saiba que está praticando um gesto essencialmente econômico” (1º§).
  • B: “Isso quer dizer que, do ponto de vista comunitário” (1º§).
  • C: “o automóvel que você adquire não é um ponto de chegada” (1º§).
  • D: “Desde que o compre, o carro passa a interessar aos outros” (1º§).
  • E: “muito mais que a você mesmo” (1º§).

Analise e assinale a opção que apresenta a respectiva classificação dos termos da citação:



“Eu sou o sonho dos meus ancestrais”
  • A: substantivo – verbo – adjetivo – verbo – preposição – pronome – artigo.
  • B: pronome – advérbio – adjetivo – substantivo – artigo – interjeição – substantivo.
  • C: substantivo – advérbio – artigo – verbo – preposição – pronome – artigo.
  • D: pronome – verbo – artigo – substantivo – preposição – pronome – substantivo.

À moda brasileira


1 Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira.

2 Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

3 Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

4 Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

5 Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

6 Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que seria tão bom se ambos tivessem nascido lá longe e assim eu estaria hoje escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

7 Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa?

8 Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal, Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

9 Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa, pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta!


TELLES, Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111. Fragmento adaptado.

Considerando-se a correlação adequada entre tempos e modos verbais, a alternativa que, respeitando a norma-padrão, completa o período iniciado pelo trecho “A autora também teria sido lida se...” é
  • A: escrever seus contos em outra língua.
  • B: escrevera seus contos em outra língua.
  • C: tiver escrito seus contos em outra língua.
  • D: teria escrito seus contos em outra língua.
  • E: tivesse escrito seus contos em outra língua.

Vale tudo pela sua atenção nas redes sociais?

Quando chegou ao Brasil, a internet surgiu como uma espécie de “terra de ninguém”. Apesar do sentido aparentemente depreciativo da expressão, a então chamada “rede mundial de computadores” era um território descentralizado e não dominado por buscadores de conteúdo. Sites possuíam endereços virtuais difíceis de serem memorizados, e as primeiras formas de comunicação em tempo real envolviam a criação de personas virtuais, incluindo aí nicknames que mascaravam as identidades reais dos usuários.

Quase 30 anos depois, o cenário atual não poderia ser mais diferente. O que era anárquico se tornou por demais regrado, o que pode ser positivo, por exemplo, quando se discute mais ativamente a importância da privacidade e da proteção de dados na rede, ou insuficiente, em função do avanço indiscriminado das notícias falsas (as fake news, em inglês), que explora brechas nos termos de responsabilidade elaborados pelas grandes plataformas privadas.

Com a introdução de redes sociais, que atualmente têm uma base de milhões de usuários mensais no Brasil, a utilização de nomes reais associados a fotos de perfil mudou para sempre a forma como nos apresentamos e nos comportamos na internet. E, a partir dessa mudança, começaram a surgir figuras que hoje disputam nossa atenção e rivalizam até mesmo com o poder das grandes emissoras.

Os chamados influenciadores (ou influencers, em inglês) se tornaram as figuras mais proeminentes das redes sociais e das plataformas de conteúdo. Se redes sociais fossem nações, os influenciadores seriam seus mais notáveis embaixadores. Influenciador, no discurso “comum”, é uma pessoa que tem um grande número de seguidores e influencia pessoas. Armados com diferentes tipos de retórica, os influenciadores se distinguem não apenas pela plataforma ou canal no qual se fazem mais presentes, mas também pelos diferentes usos de linguagem que utilizam para atingir seus públicos. “Tem influenciador que tem linguagem muito simples, que simplesmente se apoia no seu carisma. Outros são influenciadores que se estabelecem porque eles têm algum conhecimento técnico, como esses da área de ciências que divulgam orientações sobre vacinas, por exemplo. Não tem uma regra geral”, classifica um professor da USP.

Os influenciadores disseminam opiniões pessoais e memes – fragmentos de texto, imagem, vídeos, GIFs relacionados ao humor, que se espalham rapidamente pela rede. “O humor é uma ferramenta comunicacional poderosa, que possui inerente a si uma gratificante recompensa ao ouvinte que absorve determinada informação: o riso. Ao abordar temas complexos, ou até temas de baixa motivação, através do riso, um indivíduo pode conseguir para si a atenção de que ele necessita para que sua mensagem passe adiante. O humor faz uso e reforça estereótipos, além de frequentemente ter um alvo que é vítima de um infortúnio.”, segundo outro pesquisador.

“Influencer é um fenômeno que já existia, mas eles eram pessoas proeminentes numa comunidade, você não tinha acesso direto. Se você não tivesse contato com essas pessoas, elas não te influenciavam. O que as mídias sociais fizeram é que agora esses influenciadores estão ali, ainda que você não conheça, não frequente, que não faça parte do seu bairro, sua escola ou local de trabalho. Agora você consegue achá-los sem ter um contato direto”, reitera o professor, ao reforçar que foram as plataformas de mídia social que mudaram nosso acesso aos influenciadores e os empoderaram.

PACHECO, D. Jornal da USP. Disponível em: https://jornal.usp. br/atualidades/vale-tudo-pela-sua-atencao-nas-redes-sociais/. Acesso em: 10 jun. 2020. Adaptado.

A regência do verbo destacado exige a presença de uma preposição, devido às convenções da norma-padrão da língua portuguesa, em:
  • A: As redes sociais que os jovens mais gostam são as que apresentam fotografias e vídeos, além de troca de mensagens instantâneas.
  • B: O público que os influenciadores atingem é composto, majoritariamente, por mulheres e jovens, devido ao seu carisma e à sua modernidade.
  • C: As opiniões que as redes sociais disseminam podem prejudicar pessoas públicas devido à divulgação de notícias falsas e crendices infundadas.
  • D: Pesquisadores avaliam que as postagens que utilizam saberes tradicionais (chás de erva-doce, gengibre, mel, alho e cebola) induziram pessoas a comportamentos de risco na pandemia de Covid-19.
  • E: Estudiosos propõem que as consequências da dependência digital que mais afetam os jovens sejam abordadas de forma transdisciplinar, envolvendo profissionais de comunicação e da saúde.

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