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Uma das funções possíveis do advérbio é a modalização de discursos. Nesses usos, essa classe gramatical pode indicar atitude ou o estado psicológico com que o locutor se apresenta diante dos enunciados que produz.

Nos trechos a seguir, retirados do romance “Senhora”, de José de Alencar, assinale a opção em que se observa esta função do advérbio.
  • A: E lembrou-se quanto fora injusto duvidando da realidade desse casamento de que ali tinha a prova irrecusável.
  • B: Sr. Seixas arrependeu-se de não haver empregado melhor seu tempo.
  • C: Quando viesse a faltar-lhe a mãe, não estava infelizmente nas condições de receber o difícil encargo.
  • D: É certo que às vezes seu coração afagava uma esperança impossível.
  • E: Este sentimento, que apenas pronunciado ela repeliu com todas as forças de sua alma, deixou-lhe contudo um desgosto profundo.

Assinale a alternativa em que a circunstância expressada pelo advérbio em destaque está corretamente indicada nos parênteses.
  • A: Que fiz de bem e de mal... (negação)
  • B: A carta não abrirei. (dúvida)
  • C: Que fiz de bem e de mal... (lugar)
  • D: Talvez me seja fatal. (dúvida)
  • E: Debaixo da minha porta. (tempo)

No trecho ─ O Brasil só tem a ganhar, sobretudo do ponto de vista do desenvolvimento da cidadania. ─ o advérbio em destaque indica que
  • A: a soberania brasileira depende da sobreposição de ganhos financeiros.
  • B: a partir da cidadania brasileira, questões econômicas serão resolvidas.
  • C: os ganhos econômicos dependem do empenho dos cidadãos brasileiros.
  • D: a cidadania desenvolverá as questões financeiras acima de tudo.
  • E: a conquista de valores cidadãos beneficiará o país de modo especial.

Texto CB1A1-I

Desde que o almirante Pedro Álvares Cabral oficialmente descobriu a Terra de Santa Cruz, em abril de 1500, o primeiro português a estabelecer uma marca na história mineral do Brasil foi Martim Afonso de Souza. Depois de fundar a pequena vila de São Vicente, no litoral de São Paulo, a primeira base estabelecida na América portuguesa, no ano de 1531, ele tentou descobrir ouro, prata e pedras preciosas antes de sua partida para Lisboa. Esse plano visava confirmar notícias trazidas por quatro homens de sua comitiva sobre a existência de minas abundantes em ouro e prata na região do Rio Paraguai. Sob essa orientação, três expedições foram realizadas, todas em 1531: nas montanhas ao longo da costa do Rio de Janeiro, ao sul do estado de São Paulo e no Rio da Prata, mais ao sul.
No entanto, as primeiras iniciativas para descoberta de metais e pedras preciosas em terras brasileiras falharam, devido às dificuldades daquela época. Apesar disso, o desejo de descobrir riquezas minerais se manteve entre os habitantes da nova colônia, estimulados pela corte portuguesa, que oferecia promessas de honra e reconhecimento para aqueles que encontrassem tais riquezas.
Durante todo o século XVI, os portugueses usaram recursos financeiros, trabalho, soldados, artesãos de todos os tipos (cortadores, mineiros, construtores e até mesmo engenheiros estrangeiros) nos trabalhos de pesquisa das expedições, sob a supervisão dos governadores. Mas, infelizmente, o que foi encontrado não estava à altura do que foi despendido. Mesmo os mais positivos resultados tiveram pouco significado econômico, tanto em termos de quantidade quanto de teor dos metais. Os depósitos eram, além de pobres, localizados em lugares remotos. Concluindo, quase candidamente, que as descobertas naquele século eram desapontadoras, o governador-geral Diogo de Meneses Sequeira escreveu uma carta ao rei, afirmando que “sua Alteza precisa acreditar que as atuais minas do Brasil são compostas por açúcar e pau-brasil, muito lucrativos e com os quais o Tesouro e sua Alteza não precisam gastar um simples centavo”.

Iran F. Machado e Silvia F. de M. Figueirôa. 500 anos de mineração no Brasil: breve histórico. Parte I. In: Brasil Mineral. São Paulo, n.º 186, p. 44-47, ago./2000 (com adaptações).

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item que se segue.

No trecho “construtores e até mesmo engenheiros estrangeiros” (terceiro parágrafo), a expressão “até mesmo” está empregada com o mesmo sentido do advérbio "sobretudo".
  • A: Certo.
  • B: Errado.

Em “Um cenário que já podemos imaginar é a produção e comercialização de uma vacina eficaz contra a covid-19”, o vocábulo “já” foi empregado com o sentido de
  • A: primeiramente.
  • B: antecipadamente.
  • C: prontamente.
  • D: inicialmente.
  • E: anteriormente.

Em “[…] tudo expresso de maneira tão sutil que pega as mínimas ondulações do pensamento do homem […]”, o advérbio de intensidade “tão” introduz uma relação de sentido explicativa entre as orações da frase.
  • A: Certo.
  • B: Errado.

Conto de você fica ressoando na memória



De: Carlos Drummond de Andrade

Para: Lygia Fagundes Telles



Contemporâneo de Lygia Fagundes Telles e 21 anos mais velho que ela, Drummond pôde acompanhar a trajetória de uma das maiores contistas da literatura brasileira e tecer considerações sobre a obra da amiga. É o que faz nesta carta em que comenta os contos de O jardim selvagem, publicado no ano anterior.



Rio de Janeiro, 28 [de] janeiro [de] 1966

Lygia querida,



Sabe que ganhei de Natal […] um livro de contos [1] no qual o meu santo nome aparece no ofertório de uma das histórias mais legais, intitulada “A chave”, em que por trás da chave há um casal velho-com-moça e uma outra mulher na sombra, tudo expresso de maneira tão sutil que pega as mínimas ondulações do pensamento do homem, inclusive esta, feroz: chateado de tanta agitação animal da esposa, com o corpo sempre em movimento, o velho tem um relâmpago: “A perna quebrada seria uma solução…” Por sinal que comparei o texto do livro com o texto do jornal de há três anos, e verifiquei o minucioso trabalho de polimento que o conto recebeu. Parece escrito de novo, mais preciso e ao mesmo tempo mais vago, essa vaguidão que é um convite ao leitor para aprofundar a substância, um dizer múltiplo, quase feito de silêncio. Sim, ficou ainda melhor do que estava, mas alguma coisa da primeira versão foi sacrificada, e é esse o preço da obra acabada: não se pode aproveitar tudo que veio do primeiro jato, o autor tem de escolher e pôr de lado alguma coisa válida.

O livro está perfeito como unidade na variedade, a mão é segura e sabe sugerir a história profunda sob a história aparente. Até mesmo um conto passado na China[2] você consegue fazer funcionar, sem se perder no exotismo ou no jornalístico. Sua grande força me parece estar no psicologismo oculto sob a massa de elementos realistas, assimiláveis por qualquer um. Quem quer simplesmente uma estória tem quase sempre uma estória. Quem quer a verdade subterrânea das criaturas, que o comportamento social disfarça, encontra-a maravilhosamente captada por trás da estória. Unir as duas faces, superpostas, é arte da melhor. Você consegue isso.

Ciao, amiga querida. Desejo para você umas férias tranquilas, bem virgilianas. O abraço e a saudade do

Carlos

[1] N.S.: Trata-se de O jardim selvagem, livro de contos de Lygia publicado em 1965. [2] N.S.: Referência ao conto “Meia-noite em ponto em Xangai”, incluído em O jardim selvagem.



Adaptado de https://www.correioims.com.br/carta/conto-de-vocefica-ressoando-na-memoria/. Acesso em 20/09/2021.

Considerando os aspectos linguísticos do texto de apoio e os sentidos por eles expressos, julgue o seguinte item.



No trecho “[…] com o texto do jornal de três anos […]”, o verbo há poderia ser substituído por a, desde que o advérbio “atrás” fosse acrescido ao final da expressão, mantendo-se, assim, as relações de sentido pretendidas pelo texto original.
  • A: Certo.
  • B: Errado.

O cadeado

Por: Ana Cristina Vieira de Souza (Cris da Rocha)



Um dia o cadeado resolveu não abrir. Como não era de boa qualidade, enferrujou. Tentaram abrir: apertaram, viraram de um lado para o outro, até que a chave emperrou. [...] Não se contendo, ao invés de retirar a chave de dentro do cadeado, apertaram mais e mais até a chave quebrar e, na pressa de abrir o cadeado para entrar, ficaram do lado de fora até que se pudesse encontrar alguém para cortar o cadeado e dinheiro para comprar um novo [...].

Às vezes somos que nem a história simples do cadeado, queremos ser mais felizes, alegres, satisfeitos e gentis com a vida, mas passamos esse tempo repetindo os mesmos erros, entrando e saindo sempre pela mesma porta, empurrando os mesmos problemas ao invés de tentarmos soluções. [...] Nem sempre conseguimos a coragem suficiente para desapegar daquilo que não traz mais alegria de viver e que faz da vida um espetáculo que não nos encanta. [...] Há um momento, depois de todo o esforço, que o cadeado deve ser descartado com a chave e tudo. Jogue fora até acorrente que ajuda a trancar o portão e, mesmo que demore, compre tudo novo e aproveite das oportunidades que a vida vai te dar. Construa tudo com novas emoções e cuide para que seus sentimentos não enferrujem.


Adaptado de: https://psicologiaacessivel.net/2018/04/03/ocadeado/. Acesso em 23 abr. 2021.

Assinale a alternativa correta sobre o excerto “[...] repetindo os mesmos erros, entrando e saindo sempre pela mesma porta, empurrando os mesmos problemas [...]”.
  • A: Há uma convergência entre sintaxe e léxico, na medida em que ambos contribuem para a ideia de “repetição”
  • B: Os verbos estão no gerúndio porque denotam ações que ocorrem ao mesmo tempo em que o autor do texto as relata.
  • C: O termo “sempre” é um advérbio de intensidade, que intensifica as ações de entrar e sair.
  • D: Ele é constituído por três orações, sendo “entrando e saindo” uma locução verbal, isto é, dois verbos que indicam apenas uma ação.
  • E: As palavras “mesmos” e “mesma” pertencem à mesma classe e apresentam o mesmo emprego que o termo destacado em “Ela gosta mesmo de você”.

Um diálogo entre amigos:

- O Roberto já chegou aqui?

- Ainda está esperando os amigos no bar.
  • A: o advérbio indica que a ação terminará em breve;
  • B: o advérbio ainda indica que a ação está em processo;
  • C: o advérbio na primeira frase indica que Roberto chegou antes do previsto;
  • D: a segunda frase mostra que Roberto já chegou ao local;
  • E: os advérbios já e ainda se referem, respectivamente, a lugar e a tempo.

Leia a crônica de Marcos Rey para responder à questão.



Salas de espera

Mesmo com decoração agradável, ar-refrigerado, sorrisos de uma atendente sexy, ficar plantado numa sala de espera é mais chato do que campeonato de boliche. Seus personagens não são muito variados: crianças que não param de se mexer; enxeridos loucos pela intimidade das pessoas; leitores compulsivos de revistas...
Mas houve uma sala de espera terrível na minha vida. Precisava de emprego. Desesperadamente. Não fora o primeiro a chegar, sempre há os que chegam antes. Fiquei horas com os olhos fixos na porta da esperança. O mais madrugador entrou como se fosse dono do emprego, saiu de cabeça baixa, perdidão. O segundo, que levava à mão um currículo enorme, deixou a entrevista picando-o com ódio em mil pedacinhos.
Minha vez. Entrei trêmulo, pálido, derrotado. O empresário abriu os braços, sorrindo. Conhecia-me. Conhecia-o. Rodolfo! Não o sabia também dono daquilo! Meu dia de sorte!
– É você? Aqui está seu maior fã! Li dois livros seus. Minha mulher disse que sairá outro. Serei o primeiro a comprar.
Abraçados, senti que o mundo afinal acolhia este aquariano.
– Estava na sala de espera desde as 2, Rodolfo.
– Por que não mandou me avisar? Eu o receberia imediatamente. Não calcula como o admiro.
– Agora estou precisando de um emprego, amigo. A vida está dura.
– Dura? Está duríssima! Insuportável – confirmou, com uma pequena ressalva – mas não para os artistas. Vocês não sofrem nossos problemas. Devem rir da gente, reles homens de negócio. Como gostaria de ter talento para escrever! Viveria com pouco dinheiro, porém feliz. Eu aqui sou um mártir dos números.
– O que poderia me arranjar, Rodolfo? Estou encalacrado. Qualquer coisa serve – revelei humilde.
Ele lançou-me um olhar mais sábio do que compadecido:
– Eu não o desviaria de sua vocação com um empreguinho. Conserve-se fora da maldita engrenagem.
E confessou:
– Hoje ganhei o dia, vendo-o. Vou acompanhá-lo ao elevador.
– Mas Rodolfo...
– Faço questão.
(Coleção melhores crônicas – Marcos Rey.
Seleção Anna Maria Martins. Global, 2010. Adaptado)

Considere os trechos do texto.
•  ... ficar plantado numa sala de espera é mais chato do que campeonato de boliche. (1° parágrafo)
•  Precisava de emprego. Desesperadamente. (2° parágrafo)
Os termos destacados apresentam, respectivamente, as ideias de intensidade e de modo.

Assinale a alternativa em que os termos destacados também expressam, respectivamente, as mesmas ideias.
  • A: Seus personagens não são muito variados (1° parágrafo) / deixou a entrevista picando-o com ódio em mil pedacinhos (2° parágrafo).
  • B: Seus personagens não são muito variados (1° parágrafo) / Estava na sala de espera desde as 2, Rodolfo (6° parágrafo).
  • C: sempre há os que chegam antes (2° parágrafo) / Agora estou precisando de um emprego, amigo (8° parágrafo).
  • D: Eu não o desviaria de sua vocação (12° parágrafo) / Eu o receberia imediatamente (7° parágrafo).
  • E: Eu não o desviaria de sua vocação (12° parágrafo) / Viveria com pouco dinheiro, porém feliz (9° parágrafo).

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