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Foram encontradas 45 questões.
Nas frases abaixo há locuções prepositivas iniciadas por A; assinale a frase em que a locução sublinhada tem seu valor semântico corretamente indicado.
  • A: À força de conceder direito a todos, a democracia é o regime que mata com mais segurança e bondade. / modo.
  • B: Deus está geralmente a favor dos batalhões grandes contra os pequenos. / meio.
  • C: Eu não sou tão pacifista a ponto de não entrar numa guerra pela paz. / exclusão
  • D: A democracia é a arte e a ciência de administrar o circo a partir da jaula dos macacos. / lugar de origem.
  • E: Eu lia, cada manhã, duas ou três páginas do código civil,a fim de ser sempre natural. / direcionamento.

Assinale a alternativa em que o emprego da vírgula está em conformidade com a norma-padrão de pontuação da língua portuguesa.
  • A: Nos últimos anos as escolas, deixaram de receber matrícula de milhares de crianças.
  • B: Acredita-se que, creches e pré-escolas teriam os maiores índices de vagas não ocupadas.
  • C: Apesar de tudo, os problemas da educação fundamental são menos preocupantes.
  • D: Apenas algo próximo de um terço das crianças, está regularmente matriculado em creches.
  • E: Outro dado assustador refere-se, ao número de estudantes que não está na série adequada.

Assinale a alternativa em que as vírgulas foram empregadas pela mesma razão que em − Em 2012, em Cambridge, um grupo de cientistas lançou um documento...
  • A: Vocês, queridas leitoras e estimados leitores, apresentam sangue quente, como este articulista. (1º parágrafo)
  • B: Você conhece alguma norma jurídica, ou condenação moral, contra empresas que eliminam ratos? (5º parágrafo)
  • C: A Espanha aprovou lei que proíbe venda, em lojas, de animais de estimação. (5º parágrafo)
  • D: Ratos, cachorros e felinos são mamíferos de sangue quente, inteligentes... (7º parágrafo)
  • E: Apenas indiquei nossas ambiguidades, não para diminuir a proteção e a sensibilidade em relação a alguns seres vivos, mas para ampliá-las. (10º parágrafo)

Assinale a alternativa em que, na posição na qual a vírgula foi inserida na primeira oração, a redação está em conformidade com a norma-padrão de pontuação.
  • A: Por muito, tempo a descrevemos como atributo exclusivamente humano.
  • B: Por muito tempo, a descrevemos como atributo exclusivamente humano.
  • C: Por muito tempo a, descrevemos como atributo exclusivamente humano.
  • D: Por muito tempo a descrevemos, como atributo exclusivamente humano.
  • E: Por muito tempo a descrevemos como atributo exclusivamente, humano.

Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida.2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

Considere as frases do 2o e 3o parágrafos, respectivamente:

• Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha.

• Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras...

Assinale a alternativa em que as formas pronominais que substituem os temos destacados atendem à norma padrão de uso dos pronomes e de colocação pronominal.
  • A: ... estes filhos ou netos nunca lhes viram. / ... os jovens europeus não lhes conhecem...
  • B: ... estes filhos ou netos nunca lhes viram. / ... os jovens europeus não conhecem-nas...
  • C: ... estes filhos ou netos nunca os viram. / ... os jovens europeus não as conhecem...
  • D: ... estes filhos ou netos nunca viram-nos. / ... os jovens europeus não lhes conhecem...
  • E: ... estes filhos ou netos nunca viram-lhes. / ... os jovens europeus não conhecem-lhes...

Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida.2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

O termo destacado na frase do 1o parágrafo – Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres... – exprime circunstância de
  • A: modo, tendo como equivalente o termo “desavergonhadamente”.
  • B: dúvida, tendo como equivalente o termo “indiferentemente”.
  • C: negação, tendo como equivalente o termo “irresolutamente”.
  • D: afirmação, tendo como equivalente o termo “indistintamente”.
  • E: intensidade, tendo como equivalente o termo “involuntariamente”.

Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida.2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

Considere a passagem do penúltimo parágrafo:
• Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação.

Assinale a alternativa em que, com a substituição dos verbos destacados, a redação atende à norma-padrão de regência verbal.
  • A: Não vou me demorar das reflexões de Serres acerca das possibilidades de tratar às novas exigências da educação.
  • B: Não vou me ocupar para as reflexões de Serres acerca das possibilidades de resolver das novas exigências da educação.
  • C: Não vou me prender nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de governar das novas exigências da educação.
  • D: Não vou me dedicar das reflexões de Serres acerca das possibilidades de cuidar as novas exigências da educação.
  • E: Não vou me ocupar com as reflexões de Serres acerca das possibilidades de conduzir as novas exigências da educação.

Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida.2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

Para o autor do texto, os mais jovens, apesar de
  • A: pouco habituados a viver na natureza, empregam eficazmente a tecnologia de comunicação para compreenderem o espaço em que vivem.
  • B: optarem por uma formação mediada pelas tecnologias, ela lhes propicia experiências do mesmo nível das que tinham as gerações anteriores.
  • C: beneficiados pela paz e pelos avanços científicos, têm a formação prejudicada por se valerem de meios que os privam de vivenciar a realidade.
  • D: relativamente adaptados às experiências do mundo virtual, ainda não estão de fato preparados para usar o atual potencial tecnológico.
  • E: serem criticados por terem uma relação muito estreita com os computadores, tiram enorme benefício dessa relação no que respeita à aprendizagem.

Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida.2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

Considerando a relação de sentido que estabelece no contexto do 3o parágrafo, a expressão destacada na frase – ... visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos... – pode ser adequadamente substituída pelo seguinte termo:
  • A: como
  • B: porém
  • C: quando
  • D: todavia
  • E: enquanto

Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida. 2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

O autor do texto traz uma reflexão sobre
  • A: os desafios para despertar nas pessoas de idade mais avançada o interesse por tecnologias que poderiam aproximá-las dos mais jovens.
  • B: os limites da credibilidade de pontos de vista estreitamente fundamentados a partir de conclusões de estudos realizados por terceiros.
  • C: a vantagem que os mais jovens extraem das tecnologias de comunicação para conhecer melhor que gerações passadas a própria realidade social.
  • D: a incapacidade dos filósofos da atualidade de compreender a realidade que os cerca com a mesma agudeza que o faziam os pensadores antigos.
  • E: a maneira como as novas tecnologias de comunicação produziram uma profunda mudança de comportamento, observável na sociedade atual.

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