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Assinale a opção em que, nos segmentos indicados, deverá ocorrer crase:
  • A: Outros autores relacionam a ideia de equilíbrio a concepção a qual Cortella se referiu, ou seja, aquela de avaliação, pesagem, balanceamento.
  • B: O autor deixa claro que é preciso a toda pessoa que deseja ser bom profissional em cargo de liderança fortalecer aquela equipe a qual tem a sua disposição.
  • C: Segundo o autor, quem chega a alguma situação limite, como um infarto, passa a se cuidar, dedica-se a caminhar e a fazer outros exercícios.
  • D: Para o articulista, aquela perturbação que abale a integridade da vida de uma pessoa e impeça a ela de ser autêntica deve ser evitada.

Tomando como referência as prescrições da gramática normativa, atente para os excertos do artigo lido e respectivas análises. A seguir, assinale a opção que contém afirmação INCORRETA:
  • A: “Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.” → É inadequado o uso do ponto final separando a segunda oração adjetiva do seu núcleo, o pronome “aquilo”.
  • B: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.  Está adequado o uso do ponto e vírgula separando constituintes do aposto enumerativo, o qual é indicado pelos dois pontos.
  • C: “Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar.”  É inadequada a ausência da vírgula que deveria ocorrer após a oração adverbial deslocada para o início da sentença.
  • D: “Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulneráveis.”  Está inadequado o uso de vírgula separando o sujeito composto (você e eu) do predicado a ele referente – “ficamos muito vulneráveis”.

A ordem CORRETA da segunda coluna, de cima para baixo, é:
  • A: IV – III – I – II
  • B: III – II – IV – I
  • C: II – IV – I – III
  • D: I – II – III – IV

Vida e carreira: um equilíbrio possível? (Mário Sérgio Cortella)

12, novembro, 2012. 0Em artigo, Mário Sérgio Cortella introduz o tema que apre-sentará na Estação de Conhecimento CBN Young Professionals.

        Gosto demais do que um dia escreveu o britânico Beda, o Venerável, lá no século VIII: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.

        Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que re-parte competências, de modo a fortalecer a equipe e demonstrar ambição (querer mais) em vez de ganância (querer só para si, a qualquer custo).

       É necessário também “praticar o que se ensina”, de forma a deixar clara a coerência de postura, o equilíbrio entre o dito e o feito, e a disposição para assumir com segurança aquilo que adota como correto.

       Por fim, o mais importante, “perguntar o que se ignora”, pois corre perigo aquele ou aquela que não demonstrar que está sempre em estado de atenção (em vez de estado de tensão) para ampliar capacidades e assumir a humildade (sem subserviência) de compreender e viver aquilo que Sócrates, na Grécia clássica, nos advertiu: “Só sei que nada sei”, ou seja, só sei que nada sei por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa ainda vir a saber.

        Afinal, os projetos e metas em qualquer organização são apenas um hori-zonte que funciona especialmente para sinalizar quais são as possibilidades e li-mites de progressão; no entanto, horizontes não são obstáculos e sim fronteiras.

        Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa e, por isso, é um “fazer” em vez de ser um “receber”. Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movi-mento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.

         Em 2007, a Brasilprev pediu-me uma pequena reflexão sobre equilíbrio na vida pessoal e profissional; eu o chamei de “Ô balancê, balancê…”. e agora aqui o retomo. Balancê? Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar. Quando, em 1936, Braguinha e Alberto Ribeiro compuse-ram essa marchinha de carnaval, não poderiam supor que mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio entre vida profissional e vida pessoal: “Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê, balancê”.

         “Acho que estou precisando colocar as coisas na balança e ver como con-sigo lidar melhor com a minha vida no trabalho e a minha vida particular.” Tem ouvido muito isso? Tem pensado muito nisso? Ainda bem; é sinal de sanidade. Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa. Todas as vezes nas quais se tem a sensação de se ser “dois”, isto é, de existir de forma dividida, desponta o perigo de se ter de escolher um entre am-bos e relegar o outro. A questão vital não é dividir-se, mas, isso sim, repartir-se. Pode parecer óbvio: quando se divide, há uma diminuição; quando se reparte, há uma multiplicação. Em outras palavras: se me divido entre duas atividades, vem sofrimento; se me reparto, vem equilíbrio.

           Não por acaso, a palavra “equilíbrio” está ligada à ideia de pesar, avaliar, aferir e, portanto, colocar na balança. A expressão latina “aequilibrium” tem a sua origem em equ (igual) e libra (balança). Balancear as dimensões vitais favorece uma mente sadia; afinal, a vida profissional é parte da vida pessoal, e não toda ela. Não deve pesar mais, nem menos. Terá a gravidade (em múltiplos sentidos) que for obtida pelo honesto valor que a ela for atribuído.

          O que não dá é ficar só balançando sem sair do lugar; harmonia é cons-trução planejada e persistente, em vez de pura espera.

          Para que harmonia, então?

          Como um dia desenvolvi no meu livro Qual é a Tua Obra? (Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética) publicado pela Editora Vozes: Cui-dado, a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo. A segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado.

         O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felici-dade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao es-sencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é fundamental.

         O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.

         Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a fraterni-dade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso, ter coragem. Coragem não é a ausência de medo. Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulne-ráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.

          E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo es-perançar”. Tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que re-solva, espero que funcione.” Isso não é esperança.

           Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao importante em vez de ao urgente.

           Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade, de escolha. Quando eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver, ele arruma um tempo. O médico dizia “você não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele infartar e sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.

             Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial?

(Fonte: Portal HSM. Texto completo disponível em http://www.shermarketing.com.br/vida-e-carreira-um-equilibrio-possivel-mario-sergio-cortella/. Acesso em 11/01/2018)

 

Atente para o fragmento para responder às questões 6 e 7:

“Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulneráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.”

Sobre o conectivo “que”, sublinhado acima, verifica-se que desempenha a mesma função sintática destacada na opção:
  • A: “Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena.”
  • B: “Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene.”
  • C: “Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes?”
  • D: “Tem gente que tem esperança do verbo esperar.”

Vida e carreira: um equilíbrio possível? (Mário Sérgio Cortella)

12, novembro, 2012. 0Em artigo, Mário Sérgio Cortella introduz o tema que apre-sentará na Estação de Conhecimento CBN Young Professionals.

        Gosto demais do que um dia escreveu o britânico Beda, o Venerável, lá no século VIII: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.

        Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que re-parte competências, de modo a fortalecer a equipe e demonstrar ambição (querer mais) em vez de ganância (querer só para si, a qualquer custo).

       É necessário também “praticar o que se ensina”, de forma a deixar clara a coerência de postura, o equilíbrio entre o dito e o feito, e a disposição para assumir com segurança aquilo que adota como correto.

       Por fim, o mais importante, “perguntar o que se ignora”, pois corre perigo aquele ou aquela que não demonstrar que está sempre em estado de atenção (em vez de estado de tensão) para ampliar capacidades e assumir a humildade (sem subserviência) de compreender e viver aquilo que Sócrates, na Grécia clássica, nos advertiu: “Só sei que nada sei”, ou seja, só sei que nada sei por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa ainda vir a saber.

        Afinal, os projetos e metas em qualquer organização são apenas um hori-zonte que funciona especialmente para sinalizar quais são as possibilidades e li-mites de progressão; no entanto, horizontes não são obstáculos e sim fronteiras.

        Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa e, por isso, é um “fazer” em vez de ser um “receber”. Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movi-mento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.

         Em 2007, a Brasilprev pediu-me uma pequena reflexão sobre equilíbrio na vida pessoal e profissional; eu o chamei de “Ô balancê, balancê…”. e agora aqui o retomo. Balancê? Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar. Quando, em 1936, Braguinha e Alberto Ribeiro compuse-ram essa marchinha de carnaval, não poderiam supor que mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio entre vida profissional e vida pessoal: “Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê, balancê”.

         “Acho que estou precisando colocar as coisas na balança e ver como con-sigo lidar melhor com a minha vida no trabalho e a minha vida particular.” Tem ouvido muito isso? Tem pensado muito nisso? Ainda bem; é sinal de sanidade. Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa. Todas as vezes nas quais se tem a sensação de se ser “dois”, isto é, de existir de forma dividida, desponta o perigo de se ter de escolher um entre am-bos e relegar o outro. A questão vital não é dividir-se, mas, isso sim, repartir-se. Pode parecer óbvio: quando se divide, há uma diminuição; quando se reparte, há uma multiplicação. Em outras palavras: se me divido entre duas atividades, vem sofrimento; se me reparto, vem equilíbrio.

           Não por acaso, a palavra “equilíbrio” está ligada à ideia de pesar, avaliar, aferir e, portanto, colocar na balança. A expressão latina “aequilibrium” tem a sua origem em equ (igual) e libra (balança). Balancear as dimensões vitais favorece uma mente sadia; afinal, a vida profissional é parte da vida pessoal, e não toda ela. Não deve pesar mais, nem menos. Terá a gravidade (em múltiplos sentidos) que for obtida pelo honesto valor que a ela for atribuído.

          O que não dá é ficar só balançando sem sair do lugar; harmonia é cons-trução planejada e persistente, em vez de pura espera.

          Para que harmonia, então?

          Como um dia desenvolvi no meu livro Qual é a Tua Obra? (Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética) publicado pela Editora Vozes: Cui-dado, a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo. A segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado.

         O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felici-dade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao es-sencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é fundamental.

         O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.

         Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a fraterni-dade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso, ter coragem. Coragem não é a ausência de medo. Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulne-ráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.

          E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo es-perançar”. Tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que re-solva, espero que funcione.” Isso não é esperança.

           Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao importante em vez de ao urgente.

           Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade, de escolha. Quando eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver, ele arruma um tempo. O médico dizia “você não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele infartar e sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.

             Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial?

(Fonte: Portal HSM. Texto completo disponível em http://www.shermarketing.com.br/vida-e-carreira-um-equilibrio-possivel-mario-sergio-cortella/. Acesso em 11/01/2018)

 

Atente para o fragmento para responder às questões 6 e 7:

“Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulneráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.”

Nesse fragmento, encontram-se conectivos que estabelecem as relações semânticas indicadas abaixo, EXCETO:
  • A: Causalidade.
  • B: Comparação.
  • C: Concessão.
  • D: Condicionalidade.

Vida e carreira: um equilíbrio possível? (Mário Sérgio Cortella)

12, novembro, 2012. 0Em artigo, Mário Sérgio Cortella introduz o tema que apre-sentará na Estação de Conhecimento CBN Young Professionals.

        Gosto demais do que um dia escreveu o britânico Beda, o Venerável, lá no século VIII: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.

        Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que re-parte competências, de modo a fortalecer a equipe e demonstrar ambição (querer mais) em vez de ganância (querer só para si, a qualquer custo).

       É necessário também “praticar o que se ensina”, de forma a deixar clara a coerência de postura, o equilíbrio entre o dito e o feito, e a disposição para assumir com segurança aquilo que adota como correto.

       Por fim, o mais importante, “perguntar o que se ignora”, pois corre perigo aquele ou aquela que não demonstrar que está sempre em estado de atenção (em vez de estado de tensão) para ampliar capacidades e assumir a humildade (sem subserviência) de compreender e viver aquilo que Sócrates, na Grécia clássica, nos advertiu: “Só sei que nada sei”, ou seja, só sei que nada sei por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa ainda vir a saber.

        Afinal, os projetos e metas em qualquer organização são apenas um hori-zonte que funciona especialmente para sinalizar quais são as possibilidades e li-mites de progressão; no entanto, horizontes não são obstáculos e sim fronteiras.

        Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa e, por isso, é um “fazer” em vez de ser um “receber”. Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movi-mento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.

         Em 2007, a Brasilprev pediu-me uma pequena reflexão sobre equilíbrio na vida pessoal e profissional; eu o chamei de “Ô balancê, balancê…”. e agora aqui o retomo. Balancê? Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar. Quando, em 1936, Braguinha e Alberto Ribeiro compuse-ram essa marchinha de carnaval, não poderiam supor que mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio entre vida profissional e vida pessoal: “Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê, balancê”.

         “Acho que estou precisando colocar as coisas na balança e ver como con-sigo lidar melhor com a minha vida no trabalho e a minha vida particular.” Tem ouvido muito isso? Tem pensado muito nisso? Ainda bem; é sinal de sanidade. Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa. Todas as vezes nas quais se tem a sensação de se ser “dois”, isto é, de existir de forma dividida, desponta o perigo de se ter de escolher um entre am-bos e relegar o outro. A questão vital não é dividir-se, mas, isso sim, repartir-se. Pode parecer óbvio: quando se divide, há uma diminuição; quando se reparte, há uma multiplicação. Em outras palavras: se me divido entre duas atividades, vem sofrimento; se me reparto, vem equilíbrio.

           Não por acaso, a palavra “equilíbrio” está ligada à ideia de pesar, avaliar, aferir e, portanto, colocar na balança. A expressão latina “aequilibrium” tem a sua origem em equ (igual) e libra (balança). Balancear as dimensões vitais favorece uma mente sadia; afinal, a vida profissional é parte da vida pessoal, e não toda ela. Não deve pesar mais, nem menos. Terá a gravidade (em múltiplos sentidos) que for obtida pelo honesto valor que a ela for atribuído.

          O que não dá é ficar só balançando sem sair do lugar; harmonia é cons-trução planejada e persistente, em vez de pura espera.

          Para que harmonia, então?

          Como um dia desenvolvi no meu livro Qual é a Tua Obra? (Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética) publicado pela Editora Vozes: Cui-dado, a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo. A segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado.

         O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felici-dade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao es-sencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é fundamental.

         O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.

         Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a fraterni-dade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso, ter coragem. Coragem não é a ausência de medo. Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulne-ráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.

          E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo es-perançar”. Tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que re-solva, espero que funcione.” Isso não é esperança.

           Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao importante em vez de ao urgente.

           Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade, de escolha. Quando eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver, ele arruma um tempo. O médico dizia “você não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele infartar e sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.

             Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial?

(Fonte: Portal HSM. Texto completo disponível em http://www.shermarketing.com.br/vida-e-carreira-um-equilibrio-possivel-mario-sergio-cortella/. Acesso em 11/01/2018)

 

O artigo de opinião de Cortella, em sua forma escrita (e abstraindo-se o fato de que se trata de texto escrito para ser proferido em uma palestra), se analisado do ponto de vista estrito das prescrições da gramática normativa, traz alguns deslizes. Atente para os comentários feitos sobre alguns aspectos formais do texto. Identifi-que-os com V ou F conforme sejam verdadeiros ou falsos.

( ) “Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa....”.
“Performance” é um substantivo emprestado da língua inglesa, cujo significado é “desempenho”. No trecho destacado, faltou paralelismo à construção, isto é, os dois membros terem [verbo + substantivo]. Além disso, o verbo exigir deveria concordar no plural, já que os dois constituintes do sujeito composto não são sinônimos.

( )“E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que resolva, espero que funcione.” Isso não é esperança.” “E es-perança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que resolva, espero que funcione.” Isso não é esperança.”
Neste fragmento, há uma necessária repetição de itens lexicais (verbo esperar / espera / esperança), o que deu maior coesão ao texto. Além disso, a retomada anafórica está incorreta: o autor deveria ter usado o demonstrativo “isto”.

( )“Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movimento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.”
O verbo “lembrar” não teve atendida a regência correta (lembrar-se de que); além disso, deveria haver próclise obrigatoriamente em “sem se conformar”, visto que há palavra atrativa.

( )“Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao essencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não re-solve.”
Nota-se a falta de harmonia de tratamento do interlocutor / leitor: o autor alterna o uso do pronome pessoal reto de 2ª pessoa (tu) com o pronome de tratamento da 3ª pessoa (você), a fim de ampliar o grau de persuasão de sua argumentação. Segundo as prescrições normativas, trata-se de fenômeno usual, cabível mesmo em textos formais.

A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
  • A: F – V – V – F
  • B: V – F – F – F
  • C: V – F – F – V
  • D: V – V – F – F

Vida e carreira: um equilíbrio possível? (Mário Sérgio Cortella)

12, novembro, 2012. 0Em artigo, Mário Sérgio Cortella introduz o tema que apre-sentará na Estação de Conhecimento CBN Young Professionals.

        Gosto demais do que um dia escreveu o britânico Beda, o Venerável, lá no século VIII: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.

        Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que re-parte competências, de modo a fortalecer a equipe e demonstrar ambição (querer mais) em vez de ganância (querer só para si, a qualquer custo).

       É necessário também “praticar o que se ensina”, de forma a deixar clara a coerência de postura, o equilíbrio entre o dito e o feito, e a disposição para assumir com segurança aquilo que adota como correto.

       Por fim, o mais importante, “perguntar o que se ignora”, pois corre perigo aquele ou aquela que não demonstrar que está sempre em estado de atenção (em vez de estado de tensão) para ampliar capacidades e assumir a humildade (sem subserviência) de compreender e viver aquilo que Sócrates, na Grécia clássica, nos advertiu: “Só sei que nada sei”, ou seja, só sei que nada sei por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa ainda vir a saber.

        Afinal, os projetos e metas em qualquer organização são apenas um hori-zonte que funciona especialmente para sinalizar quais são as possibilidades e li-mites de progressão; no entanto, horizontes não são obstáculos e sim fronteiras.

        Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa e, por isso, é um “fazer” em vez de ser um “receber”. Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movi-mento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.

         Em 2007, a Brasilprev pediu-me uma pequena reflexão sobre equilíbrio na vida pessoal e profissional; eu o chamei de “Ô balancê, balancê…”. e agora aqui o retomo. Balancê? Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar. Quando, em 1936, Braguinha e Alberto Ribeiro compuse-ram essa marchinha de carnaval, não poderiam supor que mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio entre vida profissional e vida pessoal: “Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê, balancê”.

         “Acho que estou precisando colocar as coisas na balança e ver como con-sigo lidar melhor com a minha vida no trabalho e a minha vida particular.” Tem ouvido muito isso? Tem pensado muito nisso? Ainda bem; é sinal de sanidade. Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa. Todas as vezes nas quais se tem a sensação de se ser “dois”, isto é, de existir de forma dividida, desponta o perigo de se ter de escolher um entre am-bos e relegar o outro. A questão vital não é dividir-se, mas, isso sim, repartir-se. Pode parecer óbvio: quando se divide, há uma diminuição; quando se reparte, há uma multiplicação. Em outras palavras: se me divido entre duas atividades, vem sofrimento; se me reparto, vem equilíbrio.

           Não por acaso, a palavra “equilíbrio” está ligada à ideia de pesar, avaliar, aferir e, portanto, colocar na balança. A expressão latina “aequilibrium” tem a sua origem em equ (igual) e libra (balança). Balancear as dimensões vitais favorece uma mente sadia; afinal, a vida profissional é parte da vida pessoal, e não toda ela. Não deve pesar mais, nem menos. Terá a gravidade (em múltiplos sentidos) que for obtida pelo honesto valor que a ela for atribuído.

          O que não dá é ficar só balançando sem sair do lugar; harmonia é cons-trução planejada e persistente, em vez de pura espera.

          Para que harmonia, então?

          Como um dia desenvolvi no meu livro Qual é a Tua Obra? (Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética) publicado pela Editora Vozes: Cui-dado, a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo. A segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado.

         O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felici-dade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao es-sencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é fundamental.

         O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.

         Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a fraterni-dade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso, ter coragem. Coragem não é a ausência de medo. Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulne-ráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.

          E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo es-perançar”. Tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que re-solva, espero que funcione.” Isso não é esperança.

           Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao importante em vez de ao urgente.

           Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade, de escolha. Quando eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver, ele arruma um tempo. O médico dizia “você não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele infartar e sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.

             Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial?

(Fonte: Portal HSM. Texto completo disponível em http://www.shermarketing.com.br/vida-e-carreira-um-equilibrio-possivel-mario-sergio-cortella/. Acesso em 11/01/2018)

 

Atente para o fragmento destacado e as asserções feitas sobre ele. Anteponha V (verdadeiro) ou F (falso) a cada afirmativa:

O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, soli-dariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felicidade. Isso é essencial.

( ) A fim de dar maior clareza e legibilidade, o verbo “ser”, na segunda ocorrência, poderia ter sido substituído por “haver” ou “existir”.
( ) O aposto é um termo acessório da oração, para a gramática tradicional. No excerto em foco, o aposto enumerativo é prescindível para a compreensão do argumento exposto pelo autor.
( ) A dupla negativa é uma construção proibida pela norma padrão, visto que impede a correta compreensão do enunciado, como ocorre no caso do fragmento destacado.
( ) O vocábulo “essencial” assume diferentes funções no trecho destacado: na primeira oração, é adjetivo substantivado (por meio de um processo denominado derivação imprópria ou conversiva) e integra o sujeito; na última oração, integra o predicado (é um predicativo).
  • A: F – F – V – F
  • B: F – V – F – V
  • C: V – F – F – V
  • D: V – F – V – F

Vida e carreira: um equilíbrio possível? (Mário Sérgio Cortella)

12, novembro, 2012. 0Em artigo, Mário Sérgio Cortella introduz o tema que apre-sentará na Estação de Conhecimento CBN Young Professionals.

        Gosto demais do que um dia escreveu o britânico Beda, o Venerável, lá no século VIII: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.

        Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que re-parte competências, de modo a fortalecer a equipe e demonstrar ambição (querer mais) em vez de ganância (querer só para si, a qualquer custo).

       É necessário também “praticar o que se ensina”, de forma a deixar clara a coerência de postura, o equilíbrio entre o dito e o feito, e a disposição para assumir com segurança aquilo que adota como correto.

       Por fim, o mais importante, “perguntar o que se ignora”, pois corre perigo aquele ou aquela que não demonstrar que está sempre em estado de atenção (em vez de estado de tensão) para ampliar capacidades e assumir a humildade (sem subserviência) de compreender e viver aquilo que Sócrates, na Grécia clássica, nos advertiu: “Só sei que nada sei”, ou seja, só sei que nada sei por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa ainda vir a saber.

        Afinal, os projetos e metas em qualquer organização são apenas um hori-zonte que funciona especialmente para sinalizar quais são as possibilidades e li-mites de progressão; no entanto, horizontes não são obstáculos e sim fronteiras.

        Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa e, por isso, é um “fazer” em vez de ser um “receber”. Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movi-mento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.

         Em 2007, a Brasilprev pediu-me uma pequena reflexão sobre equilíbrio na vida pessoal e profissional; eu o chamei de “Ô balancê, balancê…”. e agora aqui o retomo. Balancê? Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar. Quando, em 1936, Braguinha e Alberto Ribeiro compuse-ram essa marchinha de carnaval, não poderiam supor que mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio entre vida profissional e vida pessoal: “Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê, balancê”.

         “Acho que estou precisando colocar as coisas na balança e ver como con-sigo lidar melhor com a minha vida no trabalho e a minha vida particular.” Tem ouvido muito isso? Tem pensado muito nisso? Ainda bem; é sinal de sanidade. Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa. Todas as vezes nas quais se tem a sensação de se ser “dois”, isto é, de existir de forma dividida, desponta o perigo de se ter de escolher um entre am-bos e relegar o outro. A questão vital não é dividir-se, mas, isso sim, repartir-se. Pode parecer óbvio: quando se divide, há uma diminuição; quando se reparte, há uma multiplicação. Em outras palavras: se me divido entre duas atividades, vem sofrimento; se me reparto, vem equilíbrio.

           Não por acaso, a palavra “equilíbrio” está ligada à ideia de pesar, avaliar, aferir e, portanto, colocar na balança. A expressão latina “aequilibrium” tem a sua origem em equ (igual) e libra (balança). Balancear as dimensões vitais favorece uma mente sadia; afinal, a vida profissional é parte da vida pessoal, e não toda ela. Não deve pesar mais, nem menos. Terá a gravidade (em múltiplos sentidos) que for obtida pelo honesto valor que a ela for atribuído.

          O que não dá é ficar só balançando sem sair do lugar; harmonia é cons-trução planejada e persistente, em vez de pura espera.

          Para que harmonia, então?

          Como um dia desenvolvi no meu livro Qual é a Tua Obra? (Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética) publicado pela Editora Vozes: Cui-dado, a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo. A segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado.

         O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felici-dade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao es-sencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é fundamental.

         O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.

         Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a fraterni-dade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso, ter coragem. Coragem não é a ausência de medo. Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulne-ráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.

          E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo es-perançar”. Tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que re-solva, espero que funcione.” Isso não é esperança.

           Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao importante em vez de ao urgente.

           Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade, de escolha. Quando eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver, ele arruma um tempo. O médico dizia “você não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele infartar e sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.

             Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial?

(Fonte: Portal HSM. Texto completo disponível em http://www.shermarketing.com.br/vida-e-carreira-um-equilibrio-possivel-mario-sergio-cortella/. Acesso em 11/01/2018)

 

Atente para os itens lexicais destacados e os sinônimos que lhes foram atribuídos. Assinale a opção em que a correspondência proposta esteja
INCORRETA:
  • A: “... capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que reparte competências...” → absortividade, acessibilidade.
  • B: “... mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio...”→ estacionária, cristalizada.
  • C: “Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa.” → nefasta, infesta.
  • D: “Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulneráveis.” → impassíveis, imperturbáveis.

Vida e carreira: um equilíbrio possível? (Mário Sérgio Cortella)

12, novembro, 2012. 0Em artigo, Mário Sérgio Cortella introduz o tema que apre-sentará na Estação de Conhecimento CBN Young Professionals.

        Gosto demais do que um dia escreveu o britânico Beda, o Venerável, lá no século VIII: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.

        Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que re-parte competências, de modo a fortalecer a equipe e demonstrar ambição (querer mais) em vez de ganância (querer só para si, a qualquer custo).

       É necessário também “praticar o que se ensina”, de forma a deixar clara a coerência de postura, o equilíbrio entre o dito e o feito, e a disposição para assumir com segurança aquilo que adota como correto.

       Por fim, o mais importante, “perguntar o que se ignora”, pois corre perigo aquele ou aquela que não demonstrar que está sempre em estado de atenção (em vez de estado de tensão) para ampliar capacidades e assumir a humildade (sem subserviência) de compreender e viver aquilo que Sócrates, na Grécia clássica, nos advertiu: “Só sei que nada sei”, ou seja, só sei que nada sei por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa ainda vir a saber.

        Afinal, os projetos e metas em qualquer organização são apenas um hori-zonte que funciona especialmente para sinalizar quais são as possibilidades e li-mites de progressão; no entanto, horizontes não são obstáculos e sim fronteiras.

        Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa e, por isso, é um “fazer” em vez de ser um “receber”. Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movi-mento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.

         Em 2007, a Brasilprev pediu-me uma pequena reflexão sobre equilíbrio na vida pessoal e profissional; eu o chamei de “Ô balancê, balancê…”. e agora aqui o retomo. Balancê? Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar. Quando, em 1936, Braguinha e Alberto Ribeiro compuse-ram essa marchinha de carnaval, não poderiam supor que mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio entre vida profissional e vida pessoal: “Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê, balancê”.

         “Acho que estou precisando colocar as coisas na balança e ver como con-sigo lidar melhor com a minha vida no trabalho e a minha vida particular.” Tem ouvido muito isso? Tem pensado muito nisso? Ainda bem; é sinal de sanidade. Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa. Todas as vezes nas quais se tem a sensação de se ser “dois”, isto é, de existir de forma dividida, desponta o perigo de se ter de escolher um entre am-bos e relegar o outro. A questão vital não é dividir-se, mas, isso sim, repartir-se. Pode parecer óbvio: quando se divide, há uma diminuição; quando se reparte, há uma multiplicação. Em outras palavras: se me divido entre duas atividades, vem sofrimento; se me reparto, vem equilíbrio.

           Não por acaso, a palavra “equilíbrio” está ligada à ideia de pesar, avaliar, aferir e, portanto, colocar na balança. A expressão latina “aequilibrium” tem a sua origem em equ (igual) e libra (balança). Balancear as dimensões vitais favorece uma mente sadia; afinal, a vida profissional é parte da vida pessoal, e não toda ela. Não deve pesar mais, nem menos. Terá a gravidade (em múltiplos sentidos) que for obtida pelo honesto valor que a ela for atribuído.

          O que não dá é ficar só balançando sem sair do lugar; harmonia é cons-trução planejada e persistente, em vez de pura espera.

          Para que harmonia, então?

          Como um dia desenvolvi no meu livro Qual é a Tua Obra? (Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética) publicado pela Editora Vozes: Cui-dado, a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo. A segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado.

         O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felici-dade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao es-sencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é fundamental.

         O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.

         Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a fraterni-dade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso, ter coragem. Coragem não é a ausência de medo. Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulne-ráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.

          E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo es-perançar”. Tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que re-solva, espero que funcione.” Isso não é esperança.

           Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao importante em vez de ao urgente.

           Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade, de escolha. Quando eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver, ele arruma um tempo. O médico dizia “você não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele infartar e sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.

             Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial?

(Fonte: Portal HSM. Texto completo disponível em http://www.shermarketing.com.br/vida-e-carreira-um-equilibrio-possivel-mario-sergio-cortella/. Acesso em 11/01/2018)

 

Cortella utiliza como estratégias para a construção de sua argumentação, EXCETO:
  • A: Interpelações ao leitor (ou leitora): “Você tem tempo? Se não tem, crie.”
  • B: Predomínio de registro formal: “Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes?”
  • C: Recurso à intertextualidade: “E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo esperançar”.”
  • D: Uso de metalinguagem: “Coragem é a capacidade de enfrentar o medo.”

Vida e carreira: um equilíbrio possível? (Mário Sérgio Cortella)

12, novembro, 2012. 0Em artigo, Mário Sérgio Cortella introduz o tema que apre-sentará na Estação de Conhecimento CBN Young Professionals.

        Gosto demais do que um dia escreveu o britânico Beda, o Venerável, lá no século VIII: “Há três caminhos para o fracasso: não ensinar o que se sabe; não praticar o que se ensina; não perguntar o que se ignora”.

        Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”, isto é, ter permeabilidade e ser reconhecido como alguém que re-parte competências, de modo a fortalecer a equipe e demonstrar ambição (querer mais) em vez de ganância (querer só para si, a qualquer custo).

       É necessário também “praticar o que se ensina”, de forma a deixar clara a coerência de postura, o equilíbrio entre o dito e o feito, e a disposição para assumir com segurança aquilo que adota como correto.

       Por fim, o mais importante, “perguntar o que se ignora”, pois corre perigo aquele ou aquela que não demonstrar que está sempre em estado de atenção (em vez de estado de tensão) para ampliar capacidades e assumir a humildade (sem subserviência) de compreender e viver aquilo que Sócrates, na Grécia clássica, nos advertiu: “Só sei que nada sei”, ou seja, só sei que nada sei por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa ainda vir a saber.

        Afinal, os projetos e metas em qualquer organização são apenas um hori-zonte que funciona especialmente para sinalizar quais são as possibilidades e li-mites de progressão; no entanto, horizontes não são obstáculos e sim fronteiras.

        Performance e “fazer” carreira exige atitude e iniciativa e, por isso, é um “fazer” em vez de ser um “receber”. Construir o equilíbrio d'as intenções com as condições é prioritário, sempre lembrando que o equilíbrio precisa ser em movi-mento (como na bicicleta), sem conformar-se com o sedutor e falso equilíbrio que se imagina atingir ao se ficar imóvel.

         Em 2007, a Brasilprev pediu-me uma pequena reflexão sobre equilíbrio na vida pessoal e profissional; eu o chamei de “Ô balancê, balancê…”. e agora aqui o retomo. Balancê? Por incrível que pareça esse termo francês significa, na dança, ficar apenas alternando um pé com o outro, mexendo o corpo para lá e para cá, mas, sem sair do lugar. Quando, em 1936, Braguinha e Alberto Ribeiro compuse-ram essa marchinha de carnaval, não poderiam supor que mais de 70 anos depois alguns de nós usaríamos a última estrofe como uma lamentação estagnante do desequilíbrio entre vida profissional e vida pessoal: “Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê, balancê”.

         “Acho que estou precisando colocar as coisas na balança e ver como con-sigo lidar melhor com a minha vida no trabalho e a minha vida particular.” Tem ouvido muito isso? Tem pensado muito nisso? Ainda bem; é sinal de sanidade. Qualquer perturbação que abale a integridade e autenticidade do que se vive é perniciosa. Todas as vezes nas quais se tem a sensação de se ser “dois”, isto é, de existir de forma dividida, desponta o perigo de se ter de escolher um entre am-bos e relegar o outro. A questão vital não é dividir-se, mas, isso sim, repartir-se. Pode parecer óbvio: quando se divide, há uma diminuição; quando se reparte, há uma multiplicação. Em outras palavras: se me divido entre duas atividades, vem sofrimento; se me reparto, vem equilíbrio.

           Não por acaso, a palavra “equilíbrio” está ligada à ideia de pesar, avaliar, aferir e, portanto, colocar na balança. A expressão latina “aequilibrium” tem a sua origem em equ (igual) e libra (balança). Balancear as dimensões vitais favorece uma mente sadia; afinal, a vida profissional é parte da vida pessoal, e não toda ela. Não deve pesar mais, nem menos. Terá a gravidade (em múltiplos sentidos) que for obtida pelo honesto valor que a ela for atribuído.

          O que não dá é ficar só balançando sem sair do lugar; harmonia é cons-trução planejada e persistente, em vez de pura espera.

          Para que harmonia, então?

          Como um dia desenvolvi no meu livro Qual é a Tua Obra? (Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética) publicado pela Editora Vozes: Cui-dado, a vida é muito curta para ser pequena. É preciso engrandecê-la. E, para isso, é preciso tomar cuidado com duas coisas: a primeira é que tem muita gente que cuida demais do urgente e deixa de lado o importante. Cuida da carreira, do dinheiro, do patrimônio, mas deixa o importante de lado. Depois não dá tempo. A segunda grande questão é gente que se preocupa muito com o fundamental e deixa o essencial de lado.

         O essencial é tudo aquilo que não pode não ser: amizade, fraternidade, solidariedade, sexualidade, religiosidade, lealdade, integridade, liberdade, felici-dade. Isso é essencial. Fundamental é tudo aquilo que te ajuda a chegar ao es-sencial. Fundamental é a tua ferramenta, como uma escada. Uma escada é algo que me ajuda a chegar a algum lugar. Ninguém tem uma escada para ficar nela. Dinheiro não é essencial. Dinheiro é fundamental. Sem ele, você tem problema, mas ele, em si, não resolve. Emprego é fundamental, carreira é fundamental.

         O essencial é o que não pode não ser. Essencial é aquilo que faz com que a vida não se apequene. Que faz com que a gente seja capaz de transbordar.

         Repartir vida. Repartir o essencial, a amizade, a amorosidade, a fraterni-dade, a lealdade. Repartir a capacidade de ter esperança e, para isso, ter coragem. Coragem não é a ausência de medo. Coragem é a capacidade de enfrentar o medo. O medo, assim como a dor, é um mecanismo de proteção que a natureza coloca para nós. Se você e eu não tivermos medo nem dor, ficamos muito vulne-ráveis. Porque a dor é um alerta e a dor nos prepara. É preciso coragem para que a nossa obra não se apequene. E, para isso, precisamos ter esperança.

          E, como dizia o grande Paulo Freire, “tem de ser esperança do verbo es-perançar”. Tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. “Ah, eu espero que dê certo, espero que re-solva, espero que funcione.” Isso não é esperança.

           Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. Esperançar é achar, de fato, que a vida é muito curta para ser pequena. E precisamos pensar se estamos nos dedicando ao importante em vez de ao urgente.

           Tem gente que diz: “Ah, mas eu não tenho tempo”. Atenção: tempo é uma questão de prioridade, de escolha. Quando eu digo que não tenho tempo para isso, estou dizendo que isso não é importante para mim. Cuidado, você já viu infartado que não tem tempo? Se ele sobreviver, ele arruma um tempo. O médico dizia “você não pode fazer isso, tem de andar todos os dias”. Se ele infartar e sobreviver, no outro dia você vai vê-lo, às 6 horas da manhã, andando. Se ele tinha tempo, que ele teve de arrumar agora, por que não fez isso antes? Você tem tempo? Se não tem, crie. Talvez precisemos rever as nossas prioridades.

             Será que estamos cuidando do urgente e deixando o importante de lado? Será que não estamos atrás do fundamental, em vez de ir em busca do essencial?

(Fonte: Portal HSM. Texto completo disponível em http://www.shermarketing.com.br/vida-e-carreira-um-equilibrio-possivel-mario-sergio-cortella/. Acesso em 11/01/2018)

 

I. Desde o início de sua argumentação, Cortella já vai indicando quem seria o destinatário preferencial de seu texto, como se pode ver em “Por isso, uma carreira a ser “turbinada” exige a capacidade de “ensinar o que se sabe”.”
II. Cortella estabelece o perfil de um profissional bem-sucedido a partir de con-traposições de atributos, como se vê, por exemplo, em: demonstrar ambição x demonstrar ganância; estar em estado de atenção x estado de tensão; assumir postura de humildade x postura de subserviência.
III. Com o uso do aforismo atribuído ao filósofo grego Sócrates, “Só sei que nada sei”, Cortella contradiz Beda, o Venerável, pois naturaliza e justifica a ignorância humana.

Estão CORRETAS as afirmações:
  • A: I e II, apenas.
  • B: I e III, apenas.
  • C: II e III, apenas.
  • D: I, II e III.

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