Questões

Filtrar por:

limpar filtros

Foram encontradas 320 questões.
Atenção: Leia a crônica “A casadeira”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.

1. Testemunhei ontem, na loja de Copacabana, um acontecimento banal e maravilhoso. A senhora sentou-se na banqueta e cruzou elegantemente as pernas. O vendedor, agachado, calçou-lhe o par de sapatos. Ela se ergueu, ensaiou alguns passos airosos em frente do espelho, mirou-se, remirou-se, voltou à banqueta. O sapato foi substituído por outro. Seguiu-se na mesma autocontemplação, e o novo par de sapatos foi experimentado, e nova verificação especular. Isso, infinitas vezes. No semblante do vendedor, nem cansaço, nem impaciência. Explica-se: a cliente não refugava os sapatos experimentados. Adquiria-os todos. Adquiriu dozes pares, se bem contei.
2. − Ela está fazendo sua reforma de base? − perguntei a outro vendedor, que sorriu e esclareceu:
3. − A de base e a civil. Vai se casar pela terceira vez.
4. − Coitada... Vocação de viúva.
5. − Não é isso, senhor. Os dois primeiros maridos estão vivos. É casadeira, sabe como é?
6. Não me pareceu que, para casar pela terceira vez, ela tivesse necessidade de tanto calçamento. Oito ou nove pares seriam talvez para irmãs de pé igual ao seu, que ficaram em casa? Hipótese boba, que formulei e repeli incontinente. Ninguém neste mundo tem pé igual ao de ninguém, nem sequer ao de si mesmo, quanto mais ao da irmã. Daí avancei para outra hipótese mais plausível. Aquela senhora, na aparência normal, devia ter pés suplementares, Deus me perdoe, e usava-os dois de cada vez, recolhendo os demais mediante uma organização anatômica (ou eletrônica) absolutamente inédita. Observei-a com atenção e zelo científico, na expectativa de movimento menos controlado, que denunciasse o segredo. Nada disso. Até onde se podia perceber, eram apenas duas pernas, e bem agradáveis, terminando em dois exclusivos pés, de esbelto formato.
7. Assim, a coleção era mesmo para casar − e fiquei conjeturando que o casamento é uma rara coisa, exigindo a todo instante que a mulher troque de sapato, não se sabe bem para quê − a menos que os vá perdendo no afã de atirá-los sobre o marido, e eles (não o marido) sumam pela janela do apartamento.
8. A senhora pagou − não em dinheiro ou cheque, mas com um sorriso que mandava receber num lugar bastante acreditado, pois já reparei que as maiores compras são sempre pagas nele, e aos comerciantes agrada-lhes o sistema. As caixas de sapato adquiridas foram transportadas para o carro, estacionado em frente à loja. Mentiria se dissesse que eram doze carros monumentais, com doze motoristas louros, de olhos azuis. Não. Era um carro só, simplesinho, sem motorista, nem precisava dele, pois logo se percebeu sua natureza de teleguiado. Sem manobra, flechou no espaço e sumiu, levando a noiva e seus doze pares de França, perdão! de sapatos. Eu preveni que o caso era banal e maravilhoso.


(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras, 2020)

O termo que qualifica o substantivo na expressão acontecimento banal (1º parágrafo) tem sentido oposto àquele que qualifica o substantivo em:
  • A: rara coisa (7º parágrafo).
  • B: nova verificação (1º parágrafo).
  • C: zelo científico (6º parágrafo).
  • D: aparência normal (6º parágrafo).
  • E: exclusivos pés (6º parágrafo).

“Um relato honesto se desenrola melhor se o fazem sem rodeios.”

Assinale a frase a seguir em que o vocábulo melhor desempenha a mesma função que na frase acima.
  • A: A melhor frase é sempre dita em particular.
  • B: A engenhosidade é o sal da conversação, não seu melhor alimento.
  • C: As palavras são mais misteriosas que o melhor acontecimento.
  • D: Quando os bens circulam melhor, as pessoas são mais felizes.
  • E: Das palavras insignificantes nasce a melhor demanda.

Nas opções a seguir foram destacados termos formados por adjetivo + substantivo. Assinale a frase a seguir em que a troca de posição dessas palavras entre si não modifica o significado expresso.
  • A: A melhor maneira de ter uma boa ideia é ter várias ideias.
  • B: A mente humana, uma vez ampliada por uma nova ideia, nunca mais volta a seu tamanho original.
  • C: As melhores ideias são propriedades de todos.
  • D: As diversas ideias que temos devem ser compartilhadas.
  • E: Nossas diferentes ideias sobrevivem mais facilmente.

Texto 1

Vejamos, agora, o que nos diz Machado de Assis sobre a autópsia: “Li um termo de autópsia. Nunca deixo de ler esses documentos, não para aprender anatomia, mas para verificar ainda uma vez como a língua científica é diferente da literária. Nesta, a imaginação vai levando as palavras belas e brilhantes, faz imagens sobre imagens, adjetiva tudo, usa e abusa de reticências, se o autor gosta delas. Naquela, tudo é seco, exato e preciso. O hábito externo é externo, o interno é interno; cada fenômeno, cada osso, é designado por um vocábulo único. A cavidade torácica, a cavidade abdominal, a hipóstase cadavérica, a tetania, cada um desses lugares e fenômenos não pode receber duas apelações, sob pena de não ser ciência.” (Adaptado. A Semana, 1830)

Machado de Assis nos diz no texto 1 que a linguagem literária adjetiva muito; a frase abaixo que exemplifica de modo mais claro essa afirmação, por conter maior número de vocábulos classificados como adjetivos, é:
  • A: Devem-se considerações aos vivos; aos mortos deve-se apenas a verdade;
  • B: Um cadáver é o produto final; nós somos apenas a matéria-prima;
  • C: A vida é agradável e a morte é tranquila. O problema é a transição;
  • D: A morte é uma vida vivida. A vida é uma morte que chega;
  • E: A morte não é o fim. Sempre resta a briga interminável pelo espólio.

No trecho, “[...] (a) a quantidade de mão de obra disponível e sua qualificação média; (b) o estoque de capital físico empregado ajustado a sua qualidade”, do Texto 2, os elementos em destaque são
  • A: morfologicamente advérbios, sintaticamente complementos nominais.
  • B: morfologicamente deverbais, sintaticamente sujeitos.
  • C: morfologicamente locuções adjetivas, sintaticamente adjuntos adnominais.
  • D: morfologicamente locuções prepositivas, sintaticamente adjuntos adverbiais.
  • E: morfologicamente locuções conjuntivas, sintaticamente predicativos dos sujeitos.

Todas as expressões destacadas, nos trechos das alternativas a seguir, são formadas por um substantivo e um adjetivo, respectivamente, EXCETO
  • A: “O que determina no médio e longo prazo o desempenho econômico de um país [...]”.
  • B: “Para haver crescimento continuadodo PIB [...]”. C
  • C: “[...] determinada pelos fatores de produção disponíveis.”.
  • D: “Quanto mais acurada for a mensuração [...]”“Quanto mais acurada for a mensuração [...]”
  • E: “Mas, mesmo nos países desenvolvidos [...]”.

Nas frases abaixo, os adjetivos sublinhados estão relacionados à ideia de “movimento”.

Assinale a opção na qual o adjetivo foi selecionado adequadamente para o contexto da frase.
  • A: Assim que a orquestra iniciou a valsa, os formandos começaram a dançar com movimentos frenéticos.
  • B: Os soldados, perfeitamente perfilados, exibiam uma marcha ritmada.
  • C: O passante sofreu um ataque e caiu ao chão com movimentos oscilantes.
  • D: O pêndulo do relógio mostrava um movimento giratório.O pêndulo do relógio mostrava um movimento giratório.
  • E: O mar se chocava contra as rochas com força convulsiva.

Em todas as frases abaixo ocorre a presença do adjetivo “bom” / “boa” com diferentes sentidos.



Assinale a frase em que há a indicação de um sinônimo inadequado para esse adjetivo.
  • A: Uma boa risada é um raio de sol na casa / barulhenta.
  • B: É um prazer navegar com bom tempo / estável.
  • C: Aquele apartamento está sendo vendido por bom preço / barato.
  • D: Acho que esse vestido está bom nela / bem ajustado.
  • E: Aquele aluno tem uma boa letra / legível.

Texto CG1A1-I



Em 721, um concílio romano presidido pelo papa Gregório II proibiu o casamento com uma commater, isto é, a madrinha de um filho, ou a mãe de um filho de quem se fosse padrinho. Isso levou o papado a se alinhar com a legislação promulgada, algumas décadas antes, em Bizâncio. A adoção marcadamente rápida desses princípios sugere que o clero franco já sustentava concepções similares. Isso é ilustrado por um caso curioso contado por um clérigo franco anônimo, em 727. Ele censurava a maneira traiçoeira pela qual a infame concubina Fredegunda havia conseguido se tornar a esposa legal do rei Quilpérico. Durante uma longa ausência do rei, ela persuadira sua rival, a rainha Audovera, a tornar-se madrinha da própria filha recém-nascida. Assim, a ingênua Audovera foi subitamente transformada na commater de seu próprio marido, impossibilitando qualquer relação conjugal posterior e deixando o caminho livre para Fredegunda.

Essa artimanha mostra que, poucos anos após o concílio romano de 721, o autor anônimo e seu público estavam bem familiarizados com os impedimentos derivados do parentesco espiritual. Não fosse o caso, seria impossível acusar Fredegunda de seu ardiloso truque. As cartas do missionário Bonifácio conferem testemunho adicional a esse fato. Em 735, ele perguntou ao bispo escocês Pethlem se era permitido que alguém se casasse com uma viúva que era mãe de seu afilhado. “Todos os padres da Gália e na terra dos francos afirmavam que isso era um pecado grave”, escreveu ele. Soava-lhe estranho, já que ele nunca ouvira falar nisso antes. A questão devia preocupá-lo porque, no mesmo ano, escreveu a respeito para dois outros clérigos anglo-saxões. Evidentemente, o missionário até então não estava familiarizado com esse impedimento ao casamento, embora o clero continental, a quem ele se dirigia, considerasse a questão muito grave.



Mayke De Jong, Nos limites do parentesco: legislação anti-incesto

na Alta Idade Média ocidental (500-900). In: Jan Bremmer (Org.).

De Safo a Sade. Momentos na história da sexualidade.

Campinas: Papirus, 1995, p. 56-7 (com adaptações).

Em relação às estruturas morfossintáticas do texto CG1A1-I, julgue o próximo item.



No terceiro período do texto, o termo “marcadamente” qualifica o adjetivo “rápida”.
  • A: Certo
  • B: Errado

Texto CB1A1-II



A Amazônia vive uma situação de distorção e desequilíbrio em relação ao restante do Brasil. Por meio de suas usinas hidrelétricas, a região gera a importante fatia de 26% da energia elétrica consumida em todo o território nacional, mas, na Amazônia Legal, há 1 milhão de pessoas que não podem contar com luz — o fornecimento de energia ocorre em apenas algumas horas do dia, por meio de geradores. Outros 3 milhões de habitantes da região estão fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), que coordena e controla a produção e transmissão de energia elétrica e conecta usinas e consumidores. O fornecimento de energia a essa população é feito por usinas termelétricas a óleo diesel.

Amanda Schutze, coordenadora de avaliação de política pública da Climate Policy Initiative, organização focada em políticas ambientais e mudança climática, considera o SIN “magnífico” porque garante luz para o consumidor final ao gerenciar o transporte de eletricidade de um ponto com condições de ceder energia a outro que, por exemplo, enfrente problemas de racionamento em decorrência de períodos de seca.

Ao mesmo tempo, o sistema apresenta, na Amazônia Legal, uma grave distorção, visto que populações que vivem próximo de usinas hidrelétricas da região “não estão usufruindo dessa geração de energia, mas pessoas, como nós, no Sudeste, sim. Esta é uma caracterização de dois diferentes Brasis”, afirma a coordenadora.

O Projeto de Lei n.º 4.248/2020 estabelece o prazo de até o ano de 2025 para a universalização da energia elétrica nas regiões remotas da Amazônia. O texto do projeto, que está na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e Amazônia, recebeu parecer favorável do relator da comissão. Ainda não foi feita a votação.

Internet: (com adaptações).

Assinale a opção correta, acerca de aspectos linguísticos do texto CB1A1-II.
  • A: Estaria mantida a correção gramatical do texto caso a forma verbal “há” (segundo período do primeiro parágrafo) fosse substituída por existe.
  • B: Estaria mantida a ideia originalmente expressa no segundo período do primeiro parágrafo caso o termo “apenas” fosse deslocado para imediatamente depois de “geradores”.
  • C: O vocábulo “próximo” (terceiro parágrafo) está empregado no período como adjetivo, mas tem o mesmo significado da expressão adverbial nas proximidades.
  • D: Estariam mantidos os sentidos originais do último parágrafo do texto caso fosse inserido o vocábulo assim imediatamente depois do termo “Ainda” (último período).

Exibindo de 41 até 50 de 320 questões.