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A frase que apresenta todas as vírgulas corretamente empregadas, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, é:
  • A: A menina que descobriu o chicle, também experimentou, a possibilidade da eternidade.
  • B: São consideradas maravilhosas, aquelas histórias de príncipes e fadas, que vivem eternamente.
  • C: Aproveitou, a textura, o sabor docinho do chicle, e ainda o comparou com o mundo impossível da eternidade.
  • D: Muitas crianças, quando se deparam com o desconhecido, passam a fantasiar sobre ele na tentativa de entendê-lo.
  • E: Quando as crianças sonham, em serem príncipes, princesas e fadas, elas fantasiam sobre viverem felizes para sempre.

Em que frase o verbo está flexionado, quanto a número e pessoa, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa?
  • A: No texto, relacionam-se aos chicles a ideia de eternidade.
  • B: Referiu-se à eternidade, sem se dar conta, as duas meninas.
  • C: Enganam-se a respeito da eternidade aqueles que creem nela.
  • D: Todos os anos, consome-se muitas balas e chicletes em todo o país.
  • E: Em muitas culturas, defendem-se calorosamente a existência da eternidade.

A frase que guarda o mesmo sentido do trecho “Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.” (l. 50-52) é:
  • A: Até que não suportei mais, e, como atravessei o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
  • B: Até que não suportei mais, e, já que atravessei o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
  • C: Até que não suportei mais, e, para que atravessasse o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
  • D: Até que não suportei mais, e, embora atravessasse o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
  • E: Até que não suportei mais, e, quando atravessei o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

No texto, foram empregadas as palavras aí (l. 31) e ótimo (l. 35), ambas acentuadas graficamente.
Duas outras palavras corretamente acentuadas pelos mesmos motivos que aí e ótimo são, respectivamente,
  • A: juíz e ébano
  • B: Icaraí e rítmo
  • C: caquís e incrédulo
  • D: país e sonâmbulo
  • E: abacaxí e econômia

A frase em que a palavra ou expressão destacada respeita as regras ortográficas e gramaticais da norma padrão é:
  • A: As crianças querem estar aonde a fantasia está.
  • B: Queremos saber por que a ideia de eternidade nos fascina.
  • C: O gosto adocicado do chicle mau acaba e queremos outro.
  • D: Nada como balas e chicletes durante uma seção de cinema.
  • E: A ideia de viver para sempre persegue o homem a séculos.

Assim como no trecho “E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.” (l. 35-36), a colocação do pronome respeita a norma-padrão da língua portuguesa, em:
  • A: Pediria-lhes para considerar a possibilidade da eternidade.
  • B: A curiosidade não leva-nos a atitudes bobas e despropositadas.
  • C: O prazer que experimenta-se com o sabor dos doces é enorme.
  • D: Poucos se impressionam com a descoberta da possibilidade da eternidade.
  • E: Nos perguntamos até quando vamos sonhar com uma vida eterna de prazer.

LISPECTOR, Clarice. Medo da eternidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, Caderno B, p.2, 6 jun. 1970.


No trecho “Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!” (l. 54-55), o segundo período apresenta, em relação à informação explicitada no primeiro, uma noção de
  • A: causa
  • B: condição
  • C: consequência
  • D: modo
  • E: tempo

A narradora do texto experimenta um sentimento de perplexidade diante da ideia de eternidade.
Esse sentimento se revela, explicitamente, no seguinte trecho:
  • A: “Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava.” (l. 4-5)
  • B: “quase não podia acreditar no milagre.” (l. 18-19)
  • C: “Perder a eternidade? Nunca.” (l. 33)
  • D: “Acabou-se o docinho. E agora?” (l. 37)
  • E: “Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade.” (l. 47-48)

LISPECTOR, Clarice. Medo da eternidade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, Caderno B, p.2, 6 jun. 1970.


No texto, a narradora suscita a reflexão acerca da eternidade a partir da
  • A: mentira que pregara na chegada à escola.
  • B: limitação que a falta de dinheiro lhe impunha.
  • C: descoberta de que o chicle não acabaria nunca.
  • D: relação afetiva que havia entre a ela e sua irmã.
  • E: satisfação que o gosto adocicado do chicle proporcionava.

Uma cena

É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa época qualquer, mas no outono. Outono no Rio. O ar é fino, quase frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu já é de um azul escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conseguiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas praias, por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele trecho, onde as amendoeiras trançam suas copas, ainda é quase madrugada.

Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol.

É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua cadeira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco movimento, não passa quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem pessoas. O que há mais é o movimento dos porteiros e dos pássaros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conversando sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora das gaiolas.

Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sentada muito ereta, com seu vestido estampado, de corte simples, suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar quem surja. No braço da cadeira de plástico branco, sua mão repousa, mas também parece pronta a erguer- -se num aceno, quando alguém passar.

É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os dias. Parece coisa de antigamente.

Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placidamente em sua cadeira na calçada, observando as manhãs, está atrás das grades.

Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem vir aqui, ao voltar só teve um choque: as grades. Nada mais o impressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre as árvores crescidas no Aterro, sobre o excesso de gente e carros, tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de certa forma já me acostumara à paisagem gradeada, fiquei sem saber o que dizer.

Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora. Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira para que ela se sente, junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil pintado com tinta cor de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que mesmo sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico, que prende, constrange, restringe. Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores.

SEIXAS, Heloisa. Contos mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2001

Esse texto, que se inicia a partir do cotidiano de uma velha senhora que tem por hábito sentar-se na calçada observando as manhãs, constrói uma crítica
  • A: ao abandono dos idosos que, na velhice, se veem sozinhos, sem o apoio e o carinho de sua família.
  • B: ao excesso de pessoas e carros nas ruas, que somente é percebido por quem se afasta da cidade por um tempo e retorna.
  • C: às cenas diárias que repetem costumes do passado, que há muito já deveriam ter sido abandonados pela população.
  • D: às grades, que hoje dominam o cenário das cidades e que foram sendo colocadas aos poucos ao redor de todos nós.
  • E: às autoridades de segurança pública, que não atuam em prol do direito de ir e vir, sem riscos, da população.

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