Questões

Filtrar por:

limpar filtros

Foram encontradas 1121 questões.
“De acordo com o jornal Deming Headlight, uma brasileira morreu de fome e sede ao tentar entrar clandestinamente nos Estados Unidos. Agentes da fronteira do estado do Novo México encontraram o corpo dela nessa semana.


A família da vítima confirmou ao jornal O Globo que ela se chama Lenilda dos Santos e tinha 49 anos. De acordo com o relato dos familiares, ela cruzou a fronteira dos EUA com o México, no entanto, acabou ficando para trás, sem água nem comida em pleno deserto, porque ficou cansada. O grupo prometeu que voltaria para dar ajuda, porém isso não aconteceu.


Lenilda ainda conseguiu falar com a família por mensagens de celular, inclusive com compartilhamento de localização. Ela parou de responder e, então, eles solicitaram ajuda às autoridades do Novo México, estado no sudoeste dos EUA.” (Catraca Livre, 17/09/2021)

A frase abaixo, retirada do texto, que mostra um erro gramatical é:
  • A: “A família da vítima confirmou ao jornal O Globo que ela se chama Lenilda dos Santos e tinha 49 anos”;
  • B: “De acordo com o relato dos familiares, ela cruzou a fronteira dos EUA com o México, no entanto, acabou ficando para trás, sem água nem comida em pleno deserto”;
  • C: “Lenilda ainda conseguiu falar com a família por mensagens de celular, inclusive com compartilhamento de localização”;
  • D: “O grupo prometeu que voltaria para dar ajuda, porém isso não aconteceu”;
  • E: “Agentes da fronteira do estado do Novo México encontraram o corpo dela nessa semana”.

O afogado mais bonito do mundo

Sou antropófago. Devoro livros. Quem me ensinou foi Murilo Mendes: livros são feitos com a carne e o sangue dos que os escreveram. Os hábitos de antropófago determinam a maneira como escolho livros. Só leio livros escritos com sangue. Depois que os devoro, deixam de pertencer ao autor. São meus porque circulam na minha carne e no meu sangue.

É o caso do conto “O Afogado Mais Bonito do Mundo”, de Gabriel García Márquez. Ele escreveu. Eu li e devorei. Agora é meu. Eu o reconto.

É sobre uma vila de pescadores perdida em nenhum lugar, o enfado misturado com o ar, cada novo dia já nascendo velho, as mesmas palavras ocas, os mesmos gestos vazios, os mesmos corpos opacos, a excitação do amor sendo algo de que ninguém mais se lembrava...

Aconteceu que, num dia como todos os outros, um menino viu uma forma
estranha flutuando longe no mar. E ele gritou. Todos correram. Num lugar como
aquele até uma forma estranha é motivo de festa. E ali ficaram na praia, olhando,
esperando. Até que o mar, sem pressa, trouxe a coisa e a colocou na areia, para o
desapontamento de todos: era um homem morto.

Todos os homens mortos são parecidos porque há apenas uma coisa a se
fazer com eles: enterrar. E, naquela vila, o costume era que as mulheres
preparassem os mortos para o sepultamento. Assim, carregaram o cadáver para
uma casa, as mulheres dentro, os homens fora. E o silêncio era grande enquanto o
limpavam das algas e liquens, mortalhas verdes do mar.

Mas, repentinamente, uma voz quebrou o silêncio. Uma mulher balbuciou:
“Se ele tivesse vivido entre nós, ele teria de ter curvado a cabeça sempre ao
entrar em nossas casas. Ele é muito alto...”.

Todas as mulheres, sérias e silenciosas, fizeram sim com a cabeça.

De novo o silêncio foi profundo, até que uma outra voz foi ouvida. Outra mulher... “Fico pensando em como teria sido a sua voz... Como o sussurro da brisa? Como o trovão das ondas? Será que ele conhecia aquela palavra secreta que, quando pronunciada, faz com que uma mulher apanhe uma flor e a coloque no cabelo?” E elas sorriram e olharam umas para as outras.

De novo o silêncio. E, de novo, a voz de outra mulher... “Essas mãos... Como são grandes! Que será que fizeram? Brincaram com crianças? Navegaram mares? Travaram batalhas? Construíram casas? Essas mãos: será que elas sabiam deslizar sobre o rosto de uma mulher, será que elas sabiam abraçar e acariciar o seu corpo?”

Aí todas elas riram que riram, suas faces vermelhas, e se surpreenderam ao perceber que o enterro estava se transformando numa ressurreição: sonhos esquecidos, que pensavam mortos, retornavam, cinzas virando fogo, os corpos vivos de novo e os rostos opacos brilhando com a luz da alegria.

Os maridos, de fora, observavam o que estava acontecendo e ficaram com ciúmes do afogado, ao perceberem que um morto tinha um poder que eles mesmos não tinham mais. E pensaram nos sonhos que nunca haviam tido, nos poemas que nunca haviam escrito, nos mares que nunca tinham navegado, nas mulheres que nunca haviam desejado.

A história termina dizendo que finalmente enterraram o morto. Mas a aldeia nunca mais foi a mesma.

ALVES, R. Sobre como da morte brota a vida. F. de São Paulo. Cotidiano. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 20 abr. 2023. Adaptado

O trecho do texto em que a vírgula tem a mesma função dos dois pontos empregados em “Todos os homens mortos são parecidos porque há apenas uma coisa a se fazer com eles: enterrar” (parágrafo 5) é:
  • A: “Depois que os devoro, deixam de pertencer ao autor.” (parágrafo 1)
  • B: “Aconteceu que, num dia como todos os outros, um menino viu uma forma estranha flutuando longe no mar.” (parágrafo 4)
  • C: “E o silêncio era grande enquanto o limpavam das algas e liquens, mortalhas verdes do mar.” (parágrafo 5)
  • D: “Se ele tivesse vivido entre nós, ele teria de ter curvado a cabeça sempre ao entrar em nossas casas.” (parágrafo 6)
  • E: “Todas as mulheres, sérias e silenciosas, fizeram sim com a cabeça.” (parágrafo 7)

1 Acho que fol o Hemingway quem disse que olhava
cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela
última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro
4 escritor quem disse. Essa ideia de olhar pela última vez tem
algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê
que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha
7 acabado como acabou.
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver,
disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
10 O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Ve
não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você
vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos
13 cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
16 Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu
caminho, você não sabe. De tanto ver, você não về. Sei de
um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall
19 do prédio do seu escritório. Lá estava sempre,
pontualissimo, o mesmo porteiro. Dava-the bom-dia e as
vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.
22 Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia?
Não fazia a minima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser
25 notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar
estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também
que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos
28 e thes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente,
coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança ve o que o adulto não vê. Tem olhos
31 atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é
capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê.
Há pal que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu
34 a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se
gastam no dia a dia, opacos. É por al que se instala no
coração o monstro da indiferença.

Otto Lara Renende Vista Cansada. Internet [com adaptações]

Considerando os aspectos linguísticos e as ideias do texto, julgue o item.

Estariam mantidas a correção gramatical e a coerência do texto caso o ponto final empregado após o termo “porta” (linha 15) fosse substituído pelo sinal de ponto e vírgula, feito o devido ajuste de letras maiúsculas e minúsculas no período.
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Acho que fol o Hemingway quem disse que olhava
cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela
última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro
4 escritor quem disse. Essa ideia de olhar pela última vez tem
algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê
que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha
7 acabado como acabou.
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver,
disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
10 O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Ve
não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você
vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos
13 cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
16 Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu
caminho, você não sabe. De tanto ver, você não về. Sei de
um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall
19 do prédio do seu escritório. Lá estava sempre,
pontualissimo, o mesmo porteiro. Dava-the bom-dia e as
vezes lhe passava um recado ou uma correspondência.
22 Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia?
Não fazia a minima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser
25 notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar
estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também
que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos
28 e thes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente,
coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança ve o que o adulto não vê. Tem olhos
31 atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é
capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê.
Há pal que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu
34 a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se
gastam no dia a dia, opacos. É por al que se instala no
coração o monstro da indiferença.

Otto Lara Renende Vista Cansada. Internet [com adaptações]

Considerando os aspectos linguísticos e as ideias do texto, julgue o item.

Na linha 33, o emprego de uma vírgula após o vocábulo “pai” justificar-se-ia por separar a oração “que nunca viu o próprio filho”, que é adjetiva explicativa.
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Considerando os aspectos linguísticos e as ideias do texto, julgue o item.

Estariam preservados os sentidos e a correção gramatical do texto caso o sinal de ponto final empregado à linha 6 fosse substituído por vírgula, feito o devido ajuste de letras maiúsculas e minúsculas.
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Considerando os aspectos linguísticos e as ideias do texto, julgue o item.

Estariam preservados os sentidos e a correção gramatical do texto caso fosse inserida uma vírgula imediatamente depois do vocábulo “horas” (linha 14).
  • A: Certo
  • B: Errado

Atenção: Para responder à questão, leia a crônica O lendário país do recall, de Moacyr Scliar.

1. Leitora manda boneca para recall e não a recebe de volta. Como explicar para uma criança que seus brinquedos foram embora há três meses e não voltaram? (Cotidiano, 25/02/2008)

2. “Minha querida dona: quem lhe escreve sou eu, a sua fiel e querida boneca, que você não vê há três meses. Sei que você sente muitas saudades, porque eu também sinto saudades de você. Lembro de você me pegando no colo, me chamando de filhinha, me dando papinha... Você era, e é, minha mãezinha querida, e é por isso que estou lhe mandando esta carta, por meio do cara que assina esta coluna e que, sendo escritor, acredita nas coisas da imaginação.

3. Posso lhe dizer, querida, que vivi uma tremenda aventura, uma aventura que em vários momentos me deixou apavorada. Porque tive de viajar para o distante país do recall. Aposto que você nem sabia da existência desse lugar; eu, pelo menos, não sabia. Para lá fui enviada. Não só eu: bonecas defeituosas, ursinhos idem, eletrodomésticos que não funcionavam e peças de automóvel quebradas. Nós todos ali, na traseira de um gigantesco caminhão que andava, andava sem parar. Finalmente chegamos, e ali estávamos, no misterioso e, para mim, assustador país do recall. Um homem nos recebeu e anunciou, muito secamente, que o nosso destino em breve seria traçado: as bonecas que tivessem conserto seriam consertadas e mandadas de volta para os donos; quanto tempo isso levaria era imprevisível, mas três meses era o mínimo. Uma boneca que estava do meu lado, a Liloca, perguntou, com os olhos arregalados, o que aconteceria a quem não tivesse conserto. O homem não disse nada, mas seu sorriso sinistro falava por si.

4. Passamos a noite num enorme pavilhão destinado especialmente às bonecas. Éramos centenas ali, algumas com probleminhas pequenos (um braço fora do lugar, por exemplo), outras já num estado lamentável. Estava muito claro que para várias de nós não haveria volta.

5. Naquela noite conversei muito com minha amiga Liloca − sim, querida dona, àquela altura já éramos amigas. O infortúnio tinha nos unido. Outras bonecas juntaram-se a nós e logo formamos um grande grupo. Estávamos preocupadas com o que poderia nos suceder. De repente a Liloca gritou: ‘Mas gente, nós não somos obrigados a aceitar isso! Vamos fazer alguma coisa!’. Nós a olhamos, espantadas: fazer alguma coisa? Mas fazer o quê? Liloca tinha uma resposta: vamos tomar o poder. Vamos nos apossar do país do recall.

6. No começo aquilo nos pareceu absurdo. Mas Liloca sabia do que estava falando. A mãe da dona dela tinha sido uma militante revolucionária e sempre falava nisso, na necessidade de mudar o mundo, de dar o poder aos mais fracos. Ora, dizia Liloca, ninguém mais fraco do que nós, pobres, desamparados e defeituosos brinquedos. Não deveríamos aguardar resignadamente que decidissem o que fazer com a gente.

7. De modo, querida dona, que estamos aqui preparando a revolução. Breve estaremos governando o país do recall. Mas não se preocupe, eu a convidarei para me visitar. Você poderá vir a qualquer hora. E não precisará de recall para isso.


(Adaptado de: Moacyr Scliar. Histórias que os jornais não contam. Porto Alegre: L&PM, 2018)

Verifica-se o emprego de vírgulas para separar um vocativo no seguinte trecho:
  • A: Uma boneca que estava do meu lado, a Liloca, perguntou, com os olhos arregalados, o que aconteceria a quem não tivesse conserto.
  • B: Aposto que você nem sabia da existência desse lugar; eu, pelo menos, não sabia.
  • C: Nós todos ali, na traseira de um gigantesco caminhão que andava, andava sem parar.
  • D: De modo, querida dona, que estamos aqui preparando a revolução.
  • E: Ora, dizia Liloca, ninguém mais fraco do que nós, pobres, desamparados e defeituosos brinquedos.

Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.
  • A: Era charmosa; tinha olhos castanhos, sonhadores; cabelos ondulados, belíssimos; sorriso iluminado, de mulher feliz.
  • B: Um pedreiro caiu ontem, no início da tarde, do andaime, em que trabalhava quando, emboçava a parte externa do 16.º andar, do edifício.
  • C: O fato de existir o dinheiro como meio de trocas, possibilita às pessoas a dedicação a atividades específicas, o que contribui sobremaneira, para o desenvolvimento da sociedade.
  • D: Preciso te contar o que aconteceu comigo Juliana. Sofri uma grande decepção amorosa, meu coração está partido! Emagreci, só sei chorar, minha mãe, está desconsolada com meu estado...

Atenção: Para responder a questão, baseie-se no texto abaixo.

Lembrança de Orides

A conhecida quadrinha abaixo, de uma cantiga de roda que alguns de nós já teremos cantado nas ruas da infância, é tomada como epígrafe do livro Helianto (1973), de Orides Fontela:

“Menina, minha menina
Faz favor de entrar na roda
Cante um verso bem bonito
Diga adeus e vá-se embora”

Contextualizada no livro e na densa poesia de Orides, a quadrinha se redimensiona: fala de nosso efêmera ocupação do centro da vida, da necessidade de ali entoarmos nosso canto antes de partirmos para sempre. A quadrinha, cantada por Orides, ganha um halo trágico e duramente belo, soma a voz pessoal e o destino de todos.
Trata-se, enfim, de pontuar nossa passagem pela vida com algum verso bem bonito antes da despedida derradeira. Trata-se, em outras palavras, de justificar o tempo que temos para viver construindo alguma coisa que sirva a alguém.
A menina Orides soube fazer cantar sua entrada na roda da vida em tom ao mesmo tempo alto e meditativo, e o deixou vibrando para nós. Será essa, talvez, a contribuição maior dos poetas: elevar nossa vida à altura que nos fazem chegar suas palavras – mesmo que seja a altura singela de uma cantiga de roda, que Orides registrou, aliás, no modo de seu fatalismo íntimo.

(Deolindo Setúbal, a publicar)

É inteiramente regular a pontuação da frase:
  • A: Não obstante, essa cantiga tomada por Orides como epígrafe de um poema, seja uma celebração, a poeta viu nela, com seus olhos líricos a sombra de um sentido trágico.
  • B: Não obstante essa cantiga, tomada por Orides, como epígrafe de um poema seja uma celebração, a poeta viu nela com seus olhos líricos, a sombra de um sentido trágico.
  • C: Não obstante, essa cantiga tomada, por Orides como epígrafe, de um poema, seja uma celebração, a poeta viu nela com seus olhos líricos, a sombra de um sentido trágico.
  • D: Não obstante essa cantiga, tomada por Orides como epígrafe de um poema, seja uma celebração, a poeta viu nela, com seus olhos líricos, a sombra de um sentido trágico.
  • E: Não obstante essa cantiga, tomada por Orides como epígrafe, de um poema seja uma celebração, a poeta viu nela com seus olhos líricos a sombra de um sentido trágico.

Verifica-se o emprego de vírgula para separar um vocativo no seguinte trecho:
  • A: Falava pouco e ria muito, um riso de fato diminutivo, nascido de reservados solilóquios, quase sempre extemporâneo.
  • B: Nestor, em suma, teve a meninice normal de um filho de funcionário público em nosso tempo.
  • C: − Vagabundo, não, professor.
  • D: − É porque estou com meu pezinho machucado, respondeu com doçura o Risadinha.
  • E: Foi um precursor de Cantinflas e, a despeito da opinião do leitor, nós lhe achávamos uma graça de doer a barriga.

Exibindo de 91 até 100 de 1121 questões.