Questões

Filtrar por:

limpar filtros

Foram encontradas 46 questões.
(Bill Watterson. O mundo é mágico: as aventuras de Calvin e Haroldo, 2010)

Leia a tira para responder à questão.

A partir da leitura da tira, é correto afirmar que seu efeito de humor deriva principalmente do fato de que
  • A: a insistência do pai em ajudar acaba por levar o garoto a ver na bicicleta uma ameaça a sua segurança e a querer descartá-la.
  • B: a reação do garoto ao medo de andar de bicicleta parece excessiva, com falas sobre a morte e o desejo de se livrar para sempre da bicicleta.
  • C: o pai zomba do medo do filho no último quadro ao tentar convencê-lo de que ele deve mudar seus objetivos.
  • D: o pai segue segurando a bicicleta do filho apesar de este manifestar claramente a sua aversão à bicicleta.
  • E: o filho se contradiz ao afirmar que deseja andar de bicicleta e, ao mesmo tempo, que isso o faz sentir medo de morrer.

(Bill Watterson. O mundo é mágico: as aventuras de Calvin e Haroldo, 2010)

No contexto em que foram empregados, os vocábulos “iminência” e “desmantelar” possuem como sinônimos, respectivamente:
  • A: proximidade e desmanchar.
  • B: dúvida e desmontar.
  • C: véspera e abalar.
  • D: superioridade e desfazer.
  • E: aniquilação e abolir.

(Bill Watterson. O mundo é mágico: as aventuras de Calvin e Haroldo, 2010)

Leia a tira para responder à questão.

Assinale a alternativa em que a frase da tira foi alterada em conformidade com a norma-padrão de colocação pronominal.
  • A: O seu equilíbrio vai melhorar se você soltar-se.
  • B: Me deixa tenso a iminência da morte, eu admito!
  • C: Eu admito que deixa-me tenso a iminência da morte!
  • D: Se concentre no seu objetivo.
  • E: Pois eu não o vou mudar.

Leia o texto para responder à questão.

Flor-de-maio

Entre tantas notícias do jornal – o crime de Sacopã, o disco voador em Bagé, a nova droga antituberculosa, o andaime que caiu, o homem que matou outro com machado e com foice, o possível aumento do pão – há uma pequenina nota de três linhas, que nem todos os jornais publicaram. É assinada pelo senhor diretor do Jardim Botânico, e diz que a partir do dia 27 vale a pena visitar o Jardim, porque a planta chamada “flor-de-maio” está, efetivamente, em flor.

Meu primeiro movimento, ao ler esse delicado convite, foi deixar a mesa da redação e me dirigir ao Jardim Botânico, contemplar a flor e cumprimentar a administração do horto pelo feliz evento. Mas havia ainda muita coisa para ler e escrever, telefonemas a dar, providências a tomar.

Suspiro e digo comigo mesmo – que amanhã acordarei cedo e irei. Digo, mas não acredito, ou pelo menos desconfio que esse impulso que tive ao ler a notícia ficará no que foi – um impulso de fazer uma coisa boa e simples, que se perde no meio da pressa e da inquietação dos minutos que voam.

No fundo, a minha secreta esperança é de que estas linhas sejam lidas por alguém – uma pessoa melhor do que eu, alguma criatura correta e simples que tire dessa crônica a sua substância, a informação precisa e preciosa: no dia 27 em diante as “flores-de-maio” do Jardim Botânico estão gloriosamente em flor. E que utilize essa informação saindo de casa e indo diretamente ao Jardim Botânico ver a “flor-de-maio”.

A partir da leitura da crônica, é correto afirmar que a notícia sobre o desabrochar da flor-de-maio
  • A: surpreendeu o autor que, por não se interessar por plantas, procura passar adiante os detalhes a quem se interesse pelo assunto.
  • B: não foi considerada pelos jornais como algo importante e, portanto, não foi publicada em nenhum meio de comunicação no dia certo.
  • C: fez o autor se dirigir imediatamente ao Jardim Botânico para cumprimentar o responsável por este acontecimento.
  • D: foi, segundo o autor, o único fato importante daquele dia, embora os jornais tenham se concentrado em assuntos mais banais.
  • E: motivou o desejo do autor de ir ao Jardim Botânico para testemunhar algo de belo e emocionante que aconteceu na cidade.

Leia o texto para responder à questão.

Flor-de-maio

Entre tantas notícias do jornal – o crime de Sacopã, o disco voador em Bagé, a nova droga antituberculosa, o andaime que caiu, o homem que matou outro com machado e com foice, o possível aumento do pão – há uma pequenina nota de três linhas, que nem todos os jornais publicaram. É assinada pelo senhor diretor do Jardim Botânico, e diz que a partir do dia 27 vale a pena visitar o Jardim, porque a planta chamada “flor-de-maio” está, efetivamente, em flor.

Meu primeiro movimento, ao ler esse delicado convite, foi deixar a mesa da redação e me dirigir ao Jardim Botânico, contemplar a flor e cumprimentar a administração do horto pelo feliz evento. Mas havia ainda muita coisa para ler e escrever, telefonemas a dar, providências a tomar.

Suspiro e digo comigo mesmo – que amanhã acordarei cedo e irei. Digo, mas não acredito, ou pelo menos desconfio que esse impulso que tive ao ler a notícia ficará no que foi – um impulso de fazer uma coisa boa e simples, que se perde no meio da pressa e da inquietação dos minutos que voam.

No fundo, a minha secreta esperança é de que estas linhas sejam lidas por alguém – uma pessoa melhor do que eu, alguma criatura correta e simples que tire dessa crônica a sua substância, a informação precisa e preciosa: no dia 27 em diante as “flores-de-maio” do Jardim Botânico estão gloriosamente em flor. E que utilize essa informação saindo de casa e indo diretamente ao Jardim Botânico ver a “flor-de-maio”.

Ir só, no fim da tarde, ver a “flor-de-maio”; aproveitar a única notícia boa de um dia inteiro de jornal, fazer a coisa mais bela e emocionante de um dia inteiro da cidade imensa. Se entre vós houver essa criatura, e ela souber por mim a notícia, e for, então eu vos direi que nem tudo está perdido; que a humanidade possivelmente ainda poderá ser salva, e que às vezes ainda vale a pena escrever uma crônica.

(Rubem Braga. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1992, Adaptado)

Leia o texto para responder à questão.

Flor-de-maio

Entre tantas notícias do jornal – o crime de Sacopã, o disco voador em Bagé, a nova droga antituberculosa, o andaime que caiu, o homem que matou outro com machado e com foice, o possível aumento do pão – há uma pequenina nota de três linhas, que nem todos os jornais publicaram. É assinada pelo senhor diretor do Jardim Botânico, e diz que a partir do dia 27 vale a pena visitar o Jardim, porque a planta chamada “flor-de-maio” está, efetivamente, em flor.

Meu primeiro movimento, ao ler esse delicado convite, foi deixar a mesa da redação e me dirigir ao Jardim Botânico, contemplar a flor e cumprimentar a administração do horto pelo feliz evento. Mas havia ainda muita coisa para ler e escrever, telefonemas a dar, providências a tomar.

Suspiro e digo comigo mesmo – que amanhã acordarei cedo e irei. Digo, mas não acredito, ou pelo menos desconfio que esse impulso que tive ao ler a notícia ficará no que foi – um impulso de fazer uma coisa boa e simples, que se perde no meio da pressa e da inquietação dos minutos que voam.

No fundo, a minha secreta esperança é de que estas linhas sejam lidas por alguém – uma pessoa melhor do que eu, alguma criatura correta e simples que tire dessa crônica a sua substância, a informação precisa e preciosa: no dia 27 em diante as “flores-de-maio” do Jardim Botânico estão gloriosamente em flor. E que utilize essa informação saindo de casa e indo diretamente ao Jardim Botânico ver a “flor-de-maio”.

Ir só, no fim da tarde, ver a “flor-de-maio”; aproveitar a única notícia boa de um dia inteiro de jornal, fazer a coisa mais bela e emocionante de um dia inteiro da cidade imensa. Se entre vós houver essa criatura, e ela souber por mim a notícia, e for, então eu vos direi que nem tudo está perdido; que a humanidade possivelmente ainda poderá ser salva, e que às vezes ainda vale a pena escrever uma crônica.

(Rubem Braga. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1992, Adaptado)

A respeito das reflexões feitas pelo autor no texto, é correto afirmar que ele
  • A: considera que vale a pena escrever crônicas se elas servirem para inspirar as pessoas a priorizarem, em seu cotidiano, um acontecimento belo como o florescimento de uma flor-de-maio.
  • B: vê os leitores como pessoas superiores por não terem tantos compromissos diários que tomam tempo, como textos para ler e escrever e telefonemas para fazer.
  • C: se mostra sarcástico ao afirmar que a humanidade poderá ser salva se todos os jornais passarem a noticiar os nascimentos das flores em vez de dar notícias ruins.
  • D: julga que a queda de um andaime e o aumento do preço do pão fazem as pessoas se recolherem em suas casas, enquanto a notícia sobre o nascimento de uma flor as leva a saírem.
  • E: se mostra orgulhoso por ser o único a notar o nascimento da flor-de-maio e contar o fato para os leitores, ainda que ele não tenha condições de visitar o Jardim Botânico.

Como é o gigantesco 'túnel magnético' que envolve o sistema solar, segundo pesquisadores

Galáxias possuem campo magnético; descoberta pode ajudar a entender como essas regiões do espaço funcionam

BBC NEWS BRASIL

Nosso sistema solar está envolto em um gigantesco "túnel magnético" que liga duas vastas regiões de nossa galáxia que pareciam estar desconectadas.

Essa é a conclusão de um estudo recente na área dos campos magnéticos do cosmos, uma característica do nosso universo sobre a qual ainda existem muitas perguntas sem resposta.

Essa descoberta de uma equipe da Universidade de Toronto (Canadá) pode ser útil para entender melhor como os campos magnéticos do universo funcionam e como eles afetam o comportamento e a evolução das galáxias.

"Este modelo tem implicações para o desenvolvimento de um modelo holístico de campos magnéticos em galáxias", escrevem os autores do estudo.

O que foi descoberto e como isso pode ajudar a melhorar nossa compreensão do universo?

CAMPOS CONECTADOS

A investigação foi focada em duas estruturas gigantescas da nossa Via Láctea conhecidas como "Esporão Polar Norte" (NPS, na sigla em inglês) e "Região do Ventilador" (Fan).

O Esporão Polar Norte é uma enorme faixa de gás quente que emite raios-X e ondas de rádio.

Por sua vez, a Região do Ventilador é uma área altamente polarizada, cujo campo elétrico se abre no formato de um ventilador. Ambas as regiões são visíveis através de radiotelescópios e, da Terra, estão localizadas em lados opostos do espaço.

Até agora, essas duas estruturas foram estudadas individualmente, mas o trabalho da Universidade de Toronto mostra pela primeira vez que elas estão conectadas por um "túnel" dentro do qual nosso sistema solar está localizado.

"Os campos magnéticos não existem isoladamente", diz Jennifer West, pesquisadora em magnetismo de galáxias no Instituto Dunlap de Astronomia e Física da Universidade de Toronto e principal autora do estudo.

"Todos eles precisam se conectar uns aos outros. Portanto, o próximo passo é entender melhor como esse campo magnético local se conecta tanto ao campo magnético galáctico de maior escala quanto aos campos magnéticos de menor escala do nosso Sol e da Terra." [...]
(Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/04/como-e-o gigantescotunel-magnetico-que-envolve-o-sistema-solar segundopesquisadores.shtml. Acesso em 20/04/2022)

Em todas as passagens abaixo são destacados exemplos de pronomes relativos, exceto em:
  • A: “duas vastas regiões de nossa galáxia que pareciam estar desconectadas” (1º§).
  • B: “uma característica do nosso universo sobre a qual ainda existem muitas perguntas” (2º§).
  • C: “O Esporão Polar Norte é uma enorme faixa de gás quente que emite raios-X” (7º§).
  • D: “a Região do Ventilador é uma área altamente polarizada, cujo campo elétrico” (8º§).
  • E: “mas o trabalho da Universidade de Toronto mostra pela primeira vez que elas estão conectadas” (9º§).

Como é o gigantesco 'túnel magnético' que envolve o sistema solar, segundo pesquisadores

Galáxias possuem campo magnético; descoberta pode ajudar a entender como essas regiões do espaço funcionam

BBC NEWS BRASIL

Nosso sistema solar está envolto em um gigantesco "túnel magnético" que liga duas vastas regiões de nossa galáxia que pareciam estar desconectadas.

Essa é a conclusão de um estudo recente na área dos campos magnéticos do cosmos, uma característica do nosso universo sobre a qual ainda existem muitas perguntas sem resposta.

Essa descoberta de uma equipe da Universidade de Toronto (Canadá) pode ser útil para entender melhor como os campos magnéticos do universo funcionam e como eles afetam o comportamento e a evolução das galáxias.

"Este modelo tem implicações para o desenvolvimento de um modelo holístico de campos magnéticos em galáxias", escrevem os autores do estudo.

O que foi descoberto e como isso pode ajudar a melhorar nossa compreensão do universo?

CAMPOS CONECTADOS

A investigação foi focada em duas estruturas gigantescas da nossa Via Láctea conhecidas como "Esporão Polar Norte" (NPS, na sigla em inglês) e "Região do Ventilador" (Fan).

O Esporão Polar Norte é uma enorme faixa de gás quente que emite raios-X e ondas de rádio.

Por sua vez, a Região do Ventilador é uma área altamente polarizada, cujo campo elétrico se abre no formato de um ventilador. Ambas as regiões são visíveis através de radiotelescópios e, da Terra, estão localizadas em lados opostos do espaço.

Até agora, essas duas estruturas foram estudadas individualmente, mas o trabalho da Universidade de Toronto mostra pela primeira vez que elas estão conectadas por um "túnel" dentro do qual nosso sistema solar está localizado.

"Os campos magnéticos não existem isoladamente", diz Jennifer West, pesquisadora em magnetismo de galáxias no Instituto Dunlap de Astronomia e Física da Universidade de Toronto e principal autora do estudo.

"Todos eles precisam se conectar uns aos outros. Portanto, o próximo passo é entender melhor como esse campo magnético local se conecta tanto ao campo magnético galáctico de maior escala quanto aos campos magnéticos de menor escala do nosso Sol e da Terra." [...]
(Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/04/como-e-o gigantescotunel-magnetico-que-envolve-o-sistema-solar segundopesquisadores.shtml. Acesso em 20/04/2022)

Considerando o contexto em que está inserida, a palavra destacada, em “‘Este modelo tem implicações para o desenvolvimento de um modelo holístico de campos magnéticos em galáxias’" (4º§), tem como significado a ideia de:
  • A: restrição
  • B: sofisticação
  • C: precariedade
  • D: totalidade
  • E: consenso

Como é o gigantesco 'túnel magnético' que envolve o sistema solar, segundo pesquisadores

Galáxias possuem campo magnético; descoberta pode ajudar a entender como essas regiões do espaço funcionam

BBC NEWS BRASIL

Nosso sistema solar está envolto em um gigantesco "túnel magnético" que liga duas vastas regiões de nossa galáxia que pareciam estar desconectadas.

Essa é a conclusão de um estudo recente na área dos campos magnéticos do cosmos, uma característica do nosso universo sobre a qual ainda existem muitas perguntas sem resposta.

Essa descoberta de uma equipe da Universidade de Toronto (Canadá) pode ser útil para entender melhor como os campos magnéticos do universo funcionam e como eles afetam o comportamento e a evolução das galáxias.

"Este modelo tem implicações para o desenvolvimento de um modelo holístico de campos magnéticos em galáxias", escrevem os autores do estudo.

O que foi descoberto e como isso pode ajudar a melhorar nossa compreensão do universo?

CAMPOS CONECTADOS

A investigação foi focada em duas estruturas gigantescas da nossa Via Láctea conhecidas como "Esporão Polar Norte" (NPS, na sigla em inglês) e "Região do Ventilador" (Fan).

O Esporão Polar Norte é uma enorme faixa de gás quente que emite raios-X e ondas de rádio.

Por sua vez, a Região do Ventilador é uma área altamente polarizada, cujo campo elétrico se abre no formato de um ventilador. Ambas as regiões são visíveis através de radiotelescópios e, da Terra, estão localizadas em lados opostos do espaço.

Até agora, essas duas estruturas foram estudadas individualmente, mas o trabalho da Universidade de Toronto mostra pela primeira vez que elas estão conectadas por um "túnel" dentro do qual nosso sistema solar está localizado.

"Os campos magnéticos não existem isoladamente", diz Jennifer West, pesquisadora em magnetismo de galáxias no Instituto Dunlap de Astronomia e Física da Universidade de Toronto e principal autora do estudo.

"Todos eles precisam se conectar uns aos outros. Portanto, o próximo passo é entender melhor como esse campo magnético local se conecta tanto ao campo magnético galáctico de maior escala quanto aos campos magnéticos de menor escala do nosso Sol e da Terra." [...]
(Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2022/04/como-e-o gigantescotunel-magnetico-que-envolve-o-sistema-solar segundopesquisadores.shtml. Acesso em 20/04/2022)

O texto é predominantemente expositivo. Sobre ele é correto afirmar que:
  • A: não são empregados termos técnicos ou expressões científicas a fim de facilitar a compreensão da mensagem.
  • B: a referência a institutos de pesquisas e a pesquisadores torna restrita e frágil a abordagem do assunto
  • C: o emprego do pronome possessivo de primeira pessoa, como em “Nosso sistema solar” (1º§), não invalida o caráter objetivo do artigo.
  • D: a presença de citações transcritas entre aspas ilustra exemplos de passagens injuntivas no corpo do artigo
  • E: ao se apontar a conclusão do estudo, no início do texto, os pesquisadores dão por encerrados os trabalhos na área de magnetismo.

Durante toda a minha vida lidei mal com as demonstrações públicas de sofrimento. Sempre que tive que enfrentá-las, experimentei a inquietante sensação de que meu cérebro bloqueava a sensibilidade, inclusive em relação a mim mesmo. Lembro-me de que, quando minha mãe morreu no hospital, meu pai se jogou sobre seu corpo sem vida e começou a gritar. Sabia que ele a amara durante toda a sua vida de forma muito sincera, e eu mesmo estava tão aturdido pela dor que mal conseguia articular uma palavra, mas, mesmo assim, não pude evitar de sentir que toda a cena era extraordinariamente falsa, e aquilo me perturbou quase mais do que a morte em si. Logo parei de sentir, o quarto me pareceu maior e vazio, e na metade desse espaço pensei que todos nós tínhamos ficado rígidos como estátuas. A única coisa que eu era capaz de me repetir, sem parar, era: “Boa atuação, papai, que boa atuação, papai...”.

Quando vi aquela mulher gritando na praça, tive uma sensação parecida. O cabelo desgrenhado, as duas garotas quase adolescentes, os claros sinais de embriaguez... havia algo tão obsceno nela que nem sequer fiquei escandalizado com minha ausência de compaixão. Eu a olhava da janela do meu escritório como se a distância que nos separasse fosse cósmica. Ela gritava, e seus gritos não faziam sentido. Insultava alternadamente o prefeito e Camilo Ortiz, que deveria estar escutando tudo de sua cela. Eu me sentei e continuei trabalhando. A mulher se calou. Houve um silêncio inesperado e então começou a gritar de novo, mas de forma muito diferente: “Foram as crianças! Foram as crianças!”.
(BARBA, Andrés. República Luminosa. São Paulo: Todavia, 2018, p. 35)

Em “Eu a olhava da janela do meu escritório como se a distância que nos separasse fosse cósmica.” (2º§), percebe-se uma alteração de atitude do enunciador em relação aos verbos.

Tal alteração refere-se, principalmente à mudança:
  • A: do tempo verbal.
  • B: da voz do verbo.
  • C: da flexão de número.
  • D: do modo verbal.
  • E: da flexão de gênero.

Durante toda a minha vida lidei mal com as demonstrações públicas de sofrimento. Sempre que tive que enfrentá-las, experimentei a inquietante sensação de que meu cérebro bloqueava a sensibilidade, inclusive em relação a mim mesmo. Lembro-me de que, quando minha mãe morreu no hospital, meu pai se jogou sobre seu corpo sem vida e começou a gritar. Sabia que ele a amara durante toda a sua vida de forma muito sincera, e eu mesmo estava tão aturdido pela dor que mal conseguia articular uma palavra, mas, mesmo assim, não pude evitar de sentir que toda a cena era extraordinariamente falsa, e aquilo me perturbou quase mais do que a morte em si. Logo parei de sentir, o quarto me pareceu maior e vazio, e na metade desse espaço pensei que todos nós tínhamos ficado rígidos como estátuas. A única coisa que eu era capaz de me repetir, sem parar, era: “Boa atuação, papai, que boa atuação, papai...”.

Quando vi aquela mulher gritando na praça, tive uma sensação parecida. O cabelo desgrenhado, as duas garotas quase adolescentes, os claros sinais de embriaguez... havia algo tão obsceno nela que nem sequer fiquei escandalizado com minha ausência de compaixão. Eu a olhava da janela do meu escritório como se a distância que nos separasse fosse cósmica. Ela gritava, e seus gritos não faziam sentido. Insultava alternadamente o prefeito e Camilo Ortiz, que deveria estar escutando tudo de sua cela. Eu me sentei e continuei trabalhando. A mulher se calou. Houve um silêncio inesperado e então começou a gritar de novo, mas de forma muito diferente: “Foram as crianças! Foram as crianças!”.
(BARBA, Andrés. República Luminosa. São Paulo: Todavia, 2018, p. 35)

Deve-se considerar o valor semântico de um conectivo no contexto em que está sendo empregado. Desse modo, em “Ela gritava, e seus gritos não faziam sentido”, a conjunção destacada introduz um valor semântico:
  • A: adversativo
  • B: conclusivo
  • C: explicativo
  • D: alternativo
  • E: interrogativo

Exibindo de 1 até 10 de 46 questões.