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Embora também se prestem à lupa antiquária do historiador de ideias, elas conseguem de algum modo driblar o tempo e falar diretamente aos espíritos vivos das novas gerações. (2º parágrafo)

Considerando o contexto, este trecho pode ser reescrito, sem prejuízo para o seu sentido, do seguinte modo:
  • A: As obras científicas, por se prestarem também à lupa antiquária do historiador de ideias, conseguem de algum modo driblar o tempo e falar diretamente aos espíritos vivos das novas gerações.
  • B: As obras filosóficas, ainda que também se prestem à lupa antiquária do historiador de ideias, conseguem de algum modo driblar o tempo e falar diretamente aos espíritos vivos das novas gerações.
  • C: As ideias do historiador, não obstante também se prestem à sua lupa antiquária, conseguem de algum modo driblar o tempo e falar diretamente aos espíritos vivos das novas gerações.
  • D: As obras científicas, posto que também se prestam à lupa antiquária do historiador de ideias, conseguem de algum modo driblar o tempo e falar diretamente aos espíritos vivos das novas gerações.
  • E: As obras filosóficas, na medida em que também se prestam à lupa antiquária do historiador de ideias, conseguem de algum modo driblar o tempo e falar diretamente aos espíritos vivos das novas gerações.

Para responder à questão, considere o trecho do livro O elogio do vira-lata e outros ensaios, de Eduardo Giannetti.

A ciência destrói o seu passado. Os clássicos da literatura científica, como os tratados hipocráticos, o Le Monde de Descartes ou a Philosophia Botanica de Lineu, foram obras que marcaram época, mas que a passagem do tempo reduziu à condição de peças de antiquário e objeto de interesse restrito a especialistas em história da ciência. Nenhum cientista que se preze aprende o seu ofício destrinchando os clássicos de sua disciplina.

Com a filosofia é diferente. Os clássicos da literatura filosófica, como os diálogos platônicos, as Meditações de Descartes ou o Leviatã de Hobbes, são obras que parecem dotadas do dom da eterna juventude. Embora também se prestem à lupa antiquária do historiador de ideias, elas conseguem de algum modo driblar o tempo e falar diretamente aos espíritos vivos das novas gerações. A filosofia, como a arte, não enterra o seu passado.

A diferença, é certo, resulta em parte da ausência de um critério bem definido de progresso na história da filosofia. Mas não é só. A consciência da nossa ignorância cresce de mãos dadas com o avanço do saber científico. Como observa com certa malícia Adam Smith na Teoria dos Sentimentos Morais, ao comentar a dificuldade de refutar conclusivamente teorias no campo da ética, a progressividade das ciências naturais também reflete a sua maior vulnerabilidade e propensão ao erro.

(GIANNETTI, Eduardo. O elogio do vira-lata e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2018)

De acordo com o autor,
  • A: a diferença entre ciência e filosofia restringe-se à ausência de um critério bem fundamentado do que seja progresso.
  • B: a ausência de um critério bem definido do que seja progresso acabou por extrapolar o âmbito da filosofia, contaminando a literatura científica.
  • C: a literatura filosófica, ao assumir de forma irrestrita a ideia de progressividade, acabou por alcançar o rigor e a consistência característicos da ciência.
  • D: o avanço do saber científico acabará por resgatar a contribuição decisiva dos clássicos da literatura científica.
  • E: a ausência de uma concepção rigorosa de progressividade no âmbito da filosofia é uma razão pela qual obras filosóficas parecem resistir à passagem do tempo.

Pessoa que já serviu na polícia secreta de Londres e de New York tem anunciado nos nossos diários que oferece os seus préstimos para descobrir coisas furtadas ou perdidas. Não publica o nome; prova de que é realmente um ex-secreta* inglês ou americano. A primeira ideia do ex-secreta local seria imprimir o nome, com indicação da residência. Não há ofício que não traga louros, e os louros fizeram-se para os olhos dos homens. Não tenho perdido nada, nem por furto, nem por outra via; deixo de recorrer aos préstimos do anunciante, mas aproveito esta coluna para recomendá-los aos meus amigos e leitores.

Pois que a fortuna trouxe às nossas plagas um perfeito conhecedor do ofício, erro é não aproveitá-lo. Não se perdem somente objetos: perdem-se também vidas, nem sempre se sabe quem é que as leva. Ora, conquanto não se achem as vidas perdidas, importa conhecer as causas da perda, quando escapam à ação da lei ou da autoridade. Não foi assassínio, mas suicídio, o dessa Ambrosina Cananeia, que deixou a vida esta semana. Era uma pobre mulher trabalhadeira, com dois filhos adolescentes e mãe valetudinária**; morava nos fundos de uma estalagem da rua da Providência. O filho era empregado, a filha aprendia a fazer flores... Não sei se te lembras do acontecimento: tais são os casos de sangue destes dias que é natural vir o fastio e ir-se a memória. Pois fica lembrado.

A causa do suicídio não foi a pobreza, ainda que a pessoa fosse pobre. Nem desprezo de homem, nem ciúmes. A carta deixada dizia em começo: “Vou dar-te a última prova de amizade... É impossível mais tolerar a vida por tua causa; deixando eu de existir, você deixa de sofrer.” Você é uma mocinha de dezesseis anos, vizinha, dizem que bonita, amiga da morta. Segundo a carta, a mocinha era castigada por motivo daquela afeição, tudo de mistura com um casamento que lhe queriam impor.

O que é único, é esta amiga que se mata para que a outra não padeça. A outra era diariamente espancada, quase todos os vizinhos o sabiam pelos gritos e pelo pranto da vítima − “tudo por causa da nova amizade”. Não podendo atalhar o mal da amiga, Ambrosina buscou um veneno, meteu no seio as cartas da amiga e acabou com a vida em cinco minutos. “Adeus, Matilde; recebe o meu último suspiro”.

Os tempos, desde a antiguidade, têm ouvido suspiros desses, mas não são últimos. Que a morte de uma trouxesse a da outra, voluntária e terrível, não seria comum, mas confirmaria a amizade. As afeições grandes podem não suportar a viuvez. Quem eu quisera ouvir sobre isto era o ex-secreta de Londres e de New York, onde a polícia pode ser que penetre além do delito e suas provas, e passeie na alma da gente, como tu, por tua casa.

* secreta: agente secreto.
** valetudinário: que ou o que é de constituição física débil, doentia, sempre sujeito a enfermidades.

(Adaptado de: ASSIS, Machado de. Crônicas escolhidas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)

O cronista dirige-se explicitamente a seu leitor no seguinte trecho:
  • A: Não sei se te lembras do acontecimento: tais são os casos de sangue destes dias que é natural vir o fastio e ir-se a memória. (2° parágrafo)
  • B: Vou dar-te a última prova de amizade... É impossível mais tolerar a vida por tua causa; deixando eu de existir, você deixa de sofrer. (3° parágrafo)
  • C: Você é uma mocinha de dezesseis anos, vizinha, dizem que bonita, amiga da morta. (3° parágrafo)
  • D: Os tempos, desde a antiguidade, têm ouvido suspiros desses, mas não são últimos. (5° parágrafo)
  • E: Ora, conquanto não se achem as vidas perdidas, importa conhecer as causas da perda, quando escapam à ação da lei ou da autoridade. (2° parágrafo)

As palavras podem mudar de classe gramatical sem sofrer modificação em sua forma. A este processo de enriquecimento vocabular pela mudança de classe das palavras dá-se o nome de derivação imprópria.

(Celso Cunha. Gramática essencial, 2013. Adaptado.)

Verifica-se um exemplo de derivação imprópria no seguinte trecho:
  • A: A moça vivia confinada num salão (3° parágrafo).
  • B: Sua beleza saiu do corpo (4° parágrafo).
  • C: Não ousavam abranger o corpo inteiro (1° parágrafo).
  • D: A moça já não podia sair à rua (2° parágrafo).
  • E: Houve um engarrafamento monstro (2° parágrafo).

Nenhum cientista que se preze aprende o seu ofício destrinchando os clássicos de sua disciplina. (1° parágrafo)

O termo a que o pronome relativo da frase acima se refere é:
  • A: ciência.
  • B: cientistas.
  • C: obras.
  • D: época
  • E: especialistas.

Ela tomou a decisão ..... pouco tempo. Chegou...... conclusão de que não valia..... pena adiar a compra da geladeira.

Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas I, II e III do texto devem ser preenchidas, respectivamente, por:
  • A: há – à – a
  • B: há – à – à
  • C: a – à – a
  • D: há – a – a
  • E: a – à – à

A forma verbal em negrito deve sua flexão ao termo sublinhado em:
  • A: Foi a gota d’água. (8º parágrafo)
  • B: Mas este ano teve de desistir. (2º parágrafo)
  • C: A favor de ambas as coisas, o curso e a geladeira, havia argumentos. (3º parágrafo)
  • D: Foi então que encontrou a garrafa de champanhe. (9º parágrafo)
  • E: E aí intervinha outra vozinha (6º parágrafo)

Confere sentido hipotético ao enunciado o verbo sublinhado em:
  • A: A verdade é que ela precisava de uma geladeira nova (5º parágrafo)
  • B: Um dia ela ainda ingressaria no curso de administração (10º parágrafo)
  • C: Na manhã do terceiro dia sentiu um mau cheiro insuportável (7º parágrafo)
  • D: todos os dias estava jogando fora comida que estragara (5º parágrafo)
  • E: ela tratou de colocar ali os alimentos e as bebidas (9º parágrafo)

Verifica-se a supressão de um substantivo que pode ser inferido pelo contexto no seguinte trecho:
  • A: o dinheiro da inscrição − ajuda de um sobrinho − foi usado para pagar a prestação de uma nova. (2º parágrafo)
  • B: Como é que você vai se alimentar se a comida continuar estragando desse jeito? (6º parágrafo)
  • C: A favor de ambas as coisas, o curso e a geladeira, havia argumentos. (3º parágrafo)
  • D: Não foi uma decisão fácil, como se pode imaginar (3º parágrafo)
  • E: o homem do conserto a aconselhara a esquecer “aquele traste” (5º parágrafo)

Mantendo o sentido original, o trecho “Faça o curso”, sussurrava-lhe ao ouvido uma vozinha (6º parágrafo) assume a seguinte redação em discurso indireto: Uma vozinha
  • A: sussurrava-lhe ao ouvido: que faça o curso
  • B: sussurrou-lhe ao ouvido: − Faça o curso.
  • C: sussurrava-lhe ao ouvido que fizesse o curso.
  • D: que lhe sussurrava ao ouvido disse que fará o curso.
  • E: ao sussurrar-lhe ao ouvido disse que fizera o curso.

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Atuo no ensino da Língua Portuguesa para concurso público desde 2000.
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