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Texto 1

Gato por lebre


Imagine que você está no supermercado ou na farmácia, na seção que vende leite em pó. Ao avaliar as marcas disponíveis, vê que, em algumas latas, o rótulo destaca que o produto é fonte de cálcio, ferro e zinco, além de conter um “mix” de vitaminas. Parece uma boa opção para crianças, certo? No entanto, se comprar esse produto pensando que é leite, você estará levando gato por lebre. Embora a embalagem seja muito semelhante à do leite em pó, esse produto é, na verdade, um composto lácteo – mistura de leite (51% no mínimo, de acordo com a legislação - Instrução Normativa 28/2007, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e de ingredientes diversos, como soro de leite, óleos vegetais, açúcar e substâncias químicas para dar sabor, aroma, aumentar a durabilidade etc., chamadas de aditivos alimentares.
Mais grave é o risco de confusão com fórmulas infantis e fórmulas de seguimento, alimentos artificiais substitutos do leite materno, indicados para recém-nascidos de até 6 meses e para bebês entre 6 meses e 1 ano de idade, respectivamente. “Embora não exista produto industrializado que se equipare aos benefícios e à proteção à saúde da mãe e do bebê proporcionados pelo aleitamento materno, as fórmulas infantis e de seguimento são desenvolvidas para suprir as necessidades nutricionais do bebê quando a amamentação não é possível”, explica Rosana de Divitiis, ex-presidente e atual conselheira da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN, na sigla em inglês) no Brasil.
O composto lácteo, ao contrário, não deve ser oferecido para crianças com menos de 1 ano. Porém, a IBFAN detectou problemas na oferta desses produtos, que podem levar o consumidor a erro em relação à sua composição e para quem ele é indicado.
Em 2017, a organização fez novamente seu monitoramento anual do cumprimento da legislação que visa a proteger o direito à amamentação no Brasil, a chamada NBCal, composta por resoluções, portarias e pela Lei Federal no 11.265/2006, regulamentada pelo Decreto no 8.552/2015. A norma reúne regras sobre rotulagem, comercialização e publicidade de uma série de produtos que podem atrapalhar o aleitamento materno, desde alimentos (leites artificiais, outros produtos lácteos e papinhas, por exemplo) a acessórios como chupetas, mamadeiras e bicos.

Adaptado de: https://idec.org.br/materia/gato-por-lebre-0. Acesso em: 13 fev. 2022.

Assinale a alternativa que classifica corretamente o recurso empregado no trecho “(51% no mínimo, de acordo com a legislação - Instrução Normativa 28/2007, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)”, do Texto 1.
  • A: Trata-se de intertextualidade explícita, com teor explicativo.
  • B: Trata-se de intertextualidade implícita, com teor crítico
  • C: Trata-se de discurso direto em primeira pessoa, apenas.
  • D: Trata-se de discurso direto em terceira pessoa, apenas.
  • E: Trata-se tanto de discurso direto em terceira pessoa quanto de intertextualidade implícita, com teor irônico.

Memória de longe

Ao longo da vida, nossas lembranças não apenas se renovam, segundo os fatos que vão acontecendo. A faculdade da memória, em seu misterioso processo, muda de natureza. Na velhice, a memória costuma priorizar as lembranças mais antigas segundo necessidades novas. É o que confirma o caso seguinte.
Meu muito velho vizinho estava morrendo. Ciente de seu estado, pediu que chamassem o filho longínquo, que há tanto tempo estava sem ver, já perdera a conta dos anos. Chamaram, e o filho José se pôs a caminho, ele mesmo, seu filho predileto, o filho Zezito. E o José enfim chegou de sua longa viagem de avião, respondendo contristado ao apelo paterno. Surgiu no quarto penumbroso, achegou-se ao leito, os cabelos e os bigodes já grisalhando contra a luz do abajur.
A filha alertou o velho:
– Olha, aí, pai, o Zezito chegou. Pertinho de você.
O velho entreabriu os olhos turvos e já ia estendendo um braço, quando então o recolheu, murmurando num tom irritado:
– Esse aí não é o Zezito, não! Cadê o Zezito?
Horas depois o velho vizinho partiu. Sem se despedir de ninguém, nem mesmo do menino que há tanto, tanto tempo perdera de vista.

(Jesualdo Calixto, inédito)


Atente para esta construção:
A filha alertou o velho: – Olha aí, pai, o Zezito chegou. Pertinho de você.
Transpondo-se para o discurso indireto, esta passagem deverá ficar: A filha alertou o pai que
  • A: olhasse o Zezito, que chegara e estava pertinho dele.
  • B: chegara o Zezito, que o olhasse pertinho, pai.
  • C: olhe para o Zezito que chegou, pertinho de você.
  • D: ali chegara o Zezito, que olhe ele pertinho de você.
  • E: o Zezito chegou, pai, aí pertinho de você.

“Meu filho, universitário do curso de Biologia, foi obrigado a fazer um estágio em uma pequeníssima cidade do interior do Rio Grande do Sul. Hospedou-se no único hotel da cidade cuja dona lhe disse logo à chegada: – Só troco a roupa de cama uma vez a cada quinze dias! – Não quero saber de lixo nos corredores do meu hotel! Havia coisas piores: os vasos sanitários não tinham tampa, o papel higiênico eram pequenos pedaços de folhas de jornais... Apesar das dificuldades, conseguiu fazer um bom estágio numa granja do local e o gerente lhe declarou que ele se tinha mostrado um bom estudante, que poderia voltar quando quisesse, mas, Deus me livre, não era a intenção dele.” Falando dos vários tipos de discurso, é correto afirmar que:
  • A: a frase de discurso direto “Só troco a roupa de cama uma vez a cada quinze dias” pode ser passada para discurso indireto: “Ela disse que só trocaria a roupa de cama uma vez a cada quinze dias”;
  • B: a frase de discurso direto “Não quero saber de lixo nos corredores do meu hotel” pode ser adequadamente modificada para discurso indireto do seguinte modo: “Ela disse que não queria saber de lixo nos corredores do meu hotel”;
  • C: a frase de discurso indireto “o gerente lhe declarou que se tinha mostrado um bom estudante” poderia ser colocada em discurso direto: “– Você se mostrava um bom estudante”;
  • D: a frase de discurso indireto “o gerente lhe declarou que poderia voltar quando quisesse” poderia ser colocada em discurso direto: “– Você pode voltar quando queira”;
  • E: a frase “Deus me livre” é exemplo do que se denomina discurso indireto livre.

A nuvem
− “Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever uma semana inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar!”

E meu amigo falou de água, telefone, conta de luz, carne, batata, transporte, custo de vida, buracos na rua etc. etc. etc.

Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, grávido de razões. Mas que posso fazer? Até que tenho reclamado muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou roubado: quem é que vai aguentar me ler? Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal, mas em termos.

Além disso, a verdade não está apenas nos buracos da rua e outras mazelas. Não é verdade que as amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas vermelhas voando no ar? E ficaria demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando de mim? Ah, bem sei que esses encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. São caprichos de certa fase. Mas que importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e gravemente; sem melancolia, porque sem ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta na brisa, que se tinge um instante de púrpura sobre as cinzas do meu crepúsculo.

E olhem só que tipo estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. Deixe a nuvem, olhe para o chão – e seus tradicionais buracos.
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana! Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, pp. 179-180)

Atente para esta passagem em discurso direto:
– Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever sem reclamar – disse meu amigo,

Transpondo a passagem acima para o discurso indireto, ela deverá ficar: Meu amigo me disse que
  • A: se admirava pelo modo como eu, morando nesta cidade, conseguia escrever sem reclamar.
  • B: ficaria admirado de mim, morando nesta cidade, conseguindo escrever sem reclamar
  • C: me admirava por eu morar nesta cidade escrevendo sem lhe reclamar.
  • D: admiro muito que você more nesta cidade e consiga escrever sem reclamar.
  • E: eu era de admirar, uma vez que morando nesta cidade, como é que alguém fica sem reclamar?

Em todas as opções abaixo, há a passagem de uma frase de discurso direto para o discurso indireto.

Assinale a opção em que essa modificação foi feita de forma adequada.
  • A: “Todos os alunos devem trazer amanhã o exercício já respondido”, disse o professor; / o professor disse que todos deviam trazer amanhã o exercício já respondido
  • B: “Ontem não houve aula, por isso a prova será transferida para a próxima terça-feira”, informou o inspetor; / o inspetor informou que, como ontem não houve aula, a prova seria transferida para a próxima terça-feira.
  • C: “No final do ano, eu já terei terminado minha tese de mestrado”, disse meu filho; / Meu filho disse que, no final do ano seguinte, ele teria terminado a sua tese de mestrado.
  • D: “Teremos muito trabalho hoje” disse o gerente da loja; / O gerente da loja disse que teriam muito trabalho naquele dia.
  • E: “Vá direto agora mesmo para a coordenação de disciplina”, ordenou a professora; / A professora ordenou ao aluno que ele fosse rapidamente para a coordenação de disciplina.

O texto abaixo é um fragmento do conto “O homem que sabia javanês”, do escritor brasileiro Lima Barreto

Em uma confeitaria, certa vez, ao meu amigo Castro, contava eu as partidas que havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver.

Houve mesmo, uma dada ocasião, quando estive em Manaus, em que fui obrigado a esconder a minha qualidade de bacharel, para mais confiança obter dos clientes, que afluíam ao meu escritório de feiticeiro e adivinho. Contava eu isso.

O meu amigo ouvia-me calado, embevecido, gostando daquele meu Gil Blas¹ vivido, até que, em uma pausa da conversa, ao esgotarmos os copos, observou a esmo:
— Tens levado uma vida bem engraçada, Castelo!
— Só assim se pode viver... Isto de uma ocupação única: sair de casa a certas horas, voltar a outras, aborrece, não achas? Não sei como me tenho aguentado lá, no consulado!
— Cansa-se; mas, não é disso que me admiro. O que me admira, é que tenhas corrido tantas aventuras aqui, neste Brasil imbecil e burocrático.
— Qual! Aqui mesmo, meu caro Castro, se podem arranjar belas páginas de vida. Imagina tu que eu já fui professor de javanês!
— Quando? Aqui, depois que voltaste do consulado?
— Não; antes. E, por sinal, fui nomeado cônsul por isso.
— Conta lá como foi. Bebes mais cerveja?
— Bebo. Mandamos buscar mais outra garrafa, enchemos os copos, e continuei:
— Eu tinha chegado havia pouco ao Rio estava literalmente na miséria. Vivia fugido de casa de pensão em casa de pensão, sem saber onde e como ganhar dinheiro, quando li no Jornal do Comércio o anúncio seguinte:

"Precisa-se de um professor de língua javanesa. Cartas, etc." Ora, disse cá comigo, está ali uma colocação que não terá muitos concorrentes; se eu capiscasse quatro palavras, ia apresentar-me. Saí do café e andei pelas ruas, sempre a imaginar-me professor de javanês, ganhando dinheiro, andando de bonde e sem encontros desagradáveis com os "cadáveres". Insensivelmente dirigi-me à Biblioteca Nacional. Não sabia bem que livro iria pedir; mas, entrei, entreguei o chapéu ao porteiro, recebi a senha e subi. Na escada, acudiu-me pedir a Grande Encyclopédie, letra J, a fim de consultar o artigo relativo a Java e à língua javanesa. Dito e feito. Fiquei sabendo, ao fim de alguns minutos, que Java era uma grande ilha do arquipélago de Sonda, colônia holandesa, e o javanês, língua aglutinante do grupo maleo-polinésico, possuía uma literatura digna de nota e escrita em caracteres derivados do velho alfabeto hindu. [...]
¹ um romance francês do século XVIII

O discurso direto, presente no texto, apresenta todas as marcas linguísticas de interlocução listadas abaixo, exceto
  • A: verbos flexionados na segunda pessoa.
  • B: uso reiterado de adjetivos subjetivos.
  • C: emprego da função sintática vocativo.
  • D: presença de interrogativas diretas.

“Estou no Céu?”, ele poderia muito bem se perguntar, “Ou, talvez, no Inferno?”

Caso o autor do texto optasse por usar o discurso indireto, o segmento acima deveria apresentar a seguinte construção: Ele poderia muito bem se perguntar
  • A: consigo mesmo: onde estou, este é o Céu ou o Inferno?
  • B: se estou no Céu, ou no Inferno, quem sabe?
  • C: aonde estaria eu, se no Céu, talvez, ou no Inferno.
  • D: onde estaria, se no Céu, ou se no Inferno.
  • E: onde haverá de estar: no Céu ou no Inferno?

“Qual é a verdadeira extensão da vida humana?” é um exemplo de frase em discurso direto que, se colocada em discurso indireto, deveria estar reescrita do seguinte modo: “Ele perguntou qual era a verdadeira extensão da vida humana”.

Assinale a pergunta a seguir que está corretamente reescrita em discurso indireto.
  • A: Qual é o seu nome? / Ele perguntou qual era o nome dela.
  • B: Onde Pedro foi ontem? / Ele perguntou onde Pedro ia ontem.
  • C: Bernardo chegará amanhã? / Ele perguntou se Bernardo chegava amanhã.
  • D: Eles foram ontem ao cinema? / Ele perguntou se eles vão ontem ao cinema.
  • E: Qual o preço pago pelo livro? / Ele perguntou qual seria o preço pago pelo livro.

“Um dia que outro contei para a Mãe que tinha visto / um passarinho a mastigar um pedaço de vento.” (versos 44 e 45)

Ao se transpor o trecho acima para o discurso direto, a locução verbal sublinhada assume a seguinte forma:
  • A: viu
  • B: vejo
  • C:
  • D: vi
  • E: via

“o menino disse que queria passar para as / palavras suas peraltagens” (versos 31 e 32)

Transposto para o discurso direto, o trecho acima assume a seguinte redação: O menino disse:
  • A: − Quero passar suas peraltagens para as palavras.
  • B: − Quis passar suas peraltagens para as palavras.
  • C: − Quisera passar minhas peraltagens para as palavras.
  • D: − Quero passar minhas peraltagens para as palavras.
  • E: − Quis passar minhas peraltagens para as palavras.

Exibindo de 11 até 20 de 27 questões.