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Foram encontradas 41 questões.
Conheço infantes que falam o que não devem, porque dizem a verdade. Crianças e bêbados, já foi escrito, possuem estranho compromisso com o verídico.
Anos atrás, uma amiga decidiu carregar um pouco na tradição familiar. Ela me disse que acabava de retornar “da fazenda” do pai. A filha que nos escutava (tinha algo como 10 anos) quase gritou: “Fazenda, mãe? Aquilo não é nem sítio!”. Menina inconveniente, desagradável, pouco educada e, como descobri depois, mais exata na descrição da propriedade rural. Era mais uma casinha cercada de árvores singelas do que um latifúndio.
A pessoa que abre a boca de forma inconveniente, revelando contradições e trazendo à luz inconsistências, pode ser um … boquirroto. Também empregamos o termo para designar quem não guarda segredo. Quando o objeto da indiscrição não somos nós, nada mais divertido do que esse ser. Funciona como a criança do conto A Roupa Nova do Rei (de Hans Andersen): diz o que todos viam e tinham medo de trazer a público. O indiscreto libera demônios coletivos reprimidos pelo medo e pela inconveniência.
Aprendi muito cedo que a liberdade de expressão, quando anunciada, é um risco. Aprendi que o cuidado deve ser redobrado diante do convite à sinceridade. Existem barreiras intransponíveis, pontos cegos, muralhas impenetráveis no mundo humano. Uma delas é a situação em que uma pergunta envolve uma crença fundamental da pessoa.
Minha iluminada amiga e meu onisciente amigo: invejo-os. Se vocês dizem o que querem, na hora que desejam, vocês têm uma ou todas as seguintes características: riqueza extrema, poder político enorme, tamanho físico intimidador, equipe de segurança numerosa, total estabilidade afetiva, autonomia diante do mundo, saúde plena e coragem épica. Sem nenhuma das oito características anteriores, eu, humilde mortal, prometo, lacanianamente*, dizer-lhes a verdade que vocês estão preparados para ouvir. Da mesma forma, direi a minha verdade: limitada, cheia de impurezas e concepções equivocadas, ou seja, a que eu estou preparado para enunciar. O demônio é o pai da mentira, porque ele não é onipotente. A verdade total pertence a Deus. Nós? Adeus e alguma esperança...

(Leandro Karnal, O boquirroto. Diário da Região, 19.06.2022. Adaptado)

* Referência ao psicanalista Jacques Lacan.

É correto afirmar que o autor entende que as manifestações infantis
  • A: são incapazes de contradizer os adultos, pois estes as contestam no momento certo.
  • B: são indiscretas e divertidas quando se dirigem à pessoa que ouve a fofoca.
  • C: podem revelar verdades incômodas que o mundo adulto reconhece, mas evita expressar.
  • D: são parte do imaginário da criança, razão pela qual é difícil esconder a verdade destas.
  • E: demonstram incapacidade de respeitar o próximo e revelam imaturidade.

Conheço infantes que falam o que não devem, porque dizem a verdade. Crianças e bêbados, já foi escrito, possuem estranho compromisso com o verídico.
Anos atrás, uma amiga decidiu carregar um pouco na tradição familiar. Ela me disse que acabava de retornar “da fazenda” do pai. A filha que nos escutava (tinha algo como 10 anos) quase gritou: “Fazenda, mãe? Aquilo não é nem sítio!”. Menina inconveniente, desagradável, pouco educada e, como descobri depois, mais exata na descrição da propriedade rural. Era mais uma casinha cercada de árvores singelas do que um latifúndio.
A pessoa que abre a boca de forma inconveniente, revelando contradições e trazendo à luz inconsistências, pode ser um … boquirroto. Também empregamos o termo para designar quem não guarda segredo. Quando o objeto da indiscrição não somos nós, nada mais divertido do que esse ser. Funciona como a criança do conto A Roupa Nova do Rei (de Hans Andersen): diz o que todos viam e tinham medo de trazer a público. O indiscreto libera demônios coletivos reprimidos pelo medo e pela inconveniência.
Aprendi muito cedo que a liberdade de expressão, quando anunciada, é um risco. Aprendi que o cuidado deve ser redobrado diante do convite à sinceridade. Existem barreiras intransponíveis, pontos cegos, muralhas impenetráveis no mundo humano. Uma delas é a situação em que uma pergunta envolve uma crença fundamental da pessoa.
Minha iluminada amiga e meu onisciente amigo: invejo-os. Se vocês dizem o que querem, na hora que desejam, vocês têm uma ou todas as seguintes características: riqueza extrema, poder político enorme, tamanho físico intimidador, equipe de segurança numerosa, total estabilidade afetiva, autonomia diante do mundo, saúde plena e coragem épica. Sem nenhuma das oito características anteriores, eu, humilde mortal, prometo, lacanianamente*, dizer-lhes a verdade que vocês estão preparados para ouvir. Da mesma forma, direi a minha verdade: limitada, cheia de impurezas e concepções equivocadas, ou seja, a que eu estou preparado para enunciar. O demônio é o pai da mentira, porque ele não é onipotente. A verdade total pertence a Deus. Nós? Adeus e alguma esperança...

(Leandro Karnal, O boquirroto. Diário da Região, 19.06.2022. Adaptado)

* Referência ao psicanalista Jacques Lacan.

Segundo o autor,
  • A: guardar segredos é atitude coerente dos que priorizam a sinceridade.
  • B: o boquirroto não consegue nos impressionar com suas intrigas.
  • C: não existe verdade na fala do boquirroto, pois ele cria boatos.
  • D: a sinceridade é um risco quando desafia convicções de outrem.
  • E: falar sem censura é privilégio dos que se certificam da verdade.

Assinale a alternativa em que o termo destacado no enunciado retoma informação anterior.
  • A: Ela me disse que acabava de retornar “da fazenda” do pai.
  • B: Adeus e alguma esperança.
  • C: A verdade total pertence a Deus.
  • D: ... (tinha algo como 10 anos) ...
  • E: Minha iluminada amiga e meu onisciente amigo: invejo-os.

Assinale a alternativa em que o trecho entre parênteses substitui o destacado, apresentando emprego correto do sinal indicativo de crase.
  • A: Também se aplica o termo a quem não guarda segredo. (… àquele que não guarda segredo).
  • B: A pessoa que abre a boca de forma inconveniente, revelando contradições (dando à conhecer contradições).
  • C: … prometo, lacanianamente, dizer-lhes a verdade que vocês estão preparados para ouvir. (… à qual vocês estão preparados para ouvir).
  • D: A verdade total pertence a Deus. (… entregamos à Deus).
  • E: … diz o que todos viam e tinham medo de trazer a público. (mostrar à todo mundo).

Observe as ocorrências de dois-pontos nas passagens a seguir.

•  Funciona como a criança do conto A Roupa Nova do Rei (de Hans Andersen): diz o que todos viam e tinham medo de trazer a público. – 3o parágrafo
•  Minha iluminada amiga e meu onisciente amigo: invejo-os. – último parágrafo

Assinale a alternativa em que se justifica, correta e respectivamente, o emprego de dois-pontos.
  • A: Introduzir um esclarecimento; marcar o vocativo.
  • B: Introduzir uma citação; expressar um questionamento.
  • C: Introduzir um esclarecimento; marcar uma justificativa.
  • D: Inserir uma referência literária; destacar uma definição.
  • E: Inserir o ponto de vista do autor; marcar o vocativo.

Conheço infantes que falam o que não devem, porque dizem a verdade. Crianças e bêbados, já foi escrito, possuem estranho compromisso com o verídico.
Anos atrás, uma amiga decidiu carregar um pouco na tradição familiar. Ela me disse que acabava de retornar “da fazenda” do pai. A filha que nos escutava (tinha algo como 10 anos) quase gritou: “Fazenda, mãe? Aquilo não é nem sítio!”. Menina inconveniente, desagradável, pouco educada e, como descobri depois, mais exata na descrição da propriedade rural. Era mais uma casinha cercada de árvores singelas do que um latifúndio.
A pessoa que abre a boca de forma inconveniente, revelando contradições e trazendo à luz inconsistências, pode ser um … boquirroto. Também empregamos o termo para designar quem não guarda segredo. Quando o objeto da indiscrição não somos nós, nada mais divertido do que esse ser. Funciona como a criança do conto A Roupa Nova do Rei (de Hans Andersen): diz o que todos viam e tinham medo de trazer a público. O indiscreto libera demônios coletivos reprimidos pelo medo e pela inconveniência.
Aprendi muito cedo que a liberdade de expressão, quando anunciada, é um risco. Aprendi que o cuidado deve ser redobrado diante do convite à sinceridade. Existem barreiras intransponíveis, pontos cegos, muralhas impenetráveis no mundo humano. Uma delas é a situação em que uma pergunta envolve uma crença fundamental da pessoa.
Minha iluminada amiga e meu onisciente amigo: invejo-os. Se vocês dizem o que querem, na hora que desejam, vocês têm uma ou todas as seguintes características: riqueza extrema, poder político enorme, tamanho físico intimidador, equipe de segurança numerosa, total estabilidade afetiva, autonomia diante do mundo, saúde plena e coragem épica. Sem nenhuma das oito características anteriores, eu, humilde mortal, prometo, lacanianamente*, dizer-lhes a verdade que vocês estão preparados para ouvir. Da mesma forma, direi a minha verdade: limitada, cheia de impurezas e concepções equivocadas, ou seja, a que eu estou preparado para enunciar. O demônio é o pai da mentira, porque ele não é onipotente. A verdade total pertence a Deus. Nós? Adeus e alguma esperança...

(Leandro Karnal, O boquirroto. Diário da Região, 19.06.2022. Adaptado)

* Referência ao psicanalista Jacques Lacan.

A alternativa em que o trecho destacado está reescrito de acordo com a norma-padrão de colocação do pronome átono é:
  • A: Falam o que não devem porque dizem a verdade / dizem-na.
  • B: Também empregamos o termo / empregamo-lo.
  • C: Da mesma forma, direi a minha verdade/ direi-a.
  • D: A pessoa que abre a boca de forma inconveniente / abre-a.
  • E: Crianças e bêbados, já foi escrito, possuem estranho compromisso / possuem-no.

(Alexandre Beck. Armandinho. Disponível em: www.google.com.br.)

Conheço infantes que falam o que não devem, porque dizem a verdade. Crianças e bêbados, já foi escrito, possuem estranho compromisso com o verídico.
Anos atrás, uma amiga decidiu carregar um pouco na tradição familiar. Ela me disse que acabava de retornar “da fazenda” do pai. A filha que nos escutava (tinha algo como 10 anos) quase gritou: “Fazenda, mãe? Aquilo não é nem sítio!”. Menina inconveniente, desagradável, pouco educada e, como descobri depois, mais exata na descrição da propriedade rural. Era mais uma casinha cercada de árvores singelas do que um latifúndio.
A pessoa que abre a boca de forma inconveniente, revelando contradições e trazendo à luz inconsistências, pode ser um … boquirroto. Também empregamos o termo para designar quem não guarda segredo. Quando o objeto da indiscrição não somos nós, nada mais divertido do que esse ser. Funciona como a criança do conto A Roupa Nova do Rei (de Hans Andersen): diz o que todos viam e tinham medo de trazer a público. O indiscreto libera demônios coletivos reprimidos pelo medo e pela inconveniência.
Aprendi muito cedo que a liberdade de expressão, quando anunciada, é um risco. Aprendi que o cuidado deve ser redobrado diante do convite à sinceridade. Existem barreiras intransponíveis, pontos cegos, muralhas impenetráveis no mundo humano. Uma delas é a situação em que uma pergunta envolve uma crença fundamental da pessoa.
Minha iluminada amiga e meu onisciente amigo: invejo-os. Se vocês dizem o que querem, na hora que desejam, vocês têm uma ou todas as seguintes características: riqueza extrema, poder político enorme, tamanho físico intimidador, equipe de segurança numerosa, total estabilidade afetiva, autonomia diante do mundo, saúde plena e coragem épica. Sem nenhuma das oito características anteriores, eu, humilde mortal, prometo, lacanianamente*, dizer-lhes a verdade que vocês estão preparados para ouvir. Da mesma forma, direi a minha verdade: limitada, cheia de impurezas e concepções equivocadas, ou seja, a que eu estou preparado para enunciar. O demônio é o pai da mentira, porque ele não é onipotente. A verdade total pertence a Deus. Nós? Adeus e alguma esperança...

(Leandro Karnal, O boquirroto. Diário da Região, 19.06.2022. Adaptado)

* Referência ao psicanalista Jacques Lacan.

É correto afirmar que entre a tira e o texto de Leandro Karnal há uma relação temática centrada na
  • A: crítica à educação permissiva dada às crianças.
  • B: abordagem da espontaneidade própria das crianças.
  • C: desmistificação dos preconceitos arraigados na cultura.
  • D: especulação acerca das reais intenções das crianças.
  • E: sugestão de comportamentos censuráveis em adultos e crianças.

O termo destacado funciona como:
  • A: Elemento de coesão referencial.
  • B: Operador argumentativo.
  • C: Índice de indeterminação do sujeito.
  • D: Elemento de desambiguação.
  • E: Partícula expletiva.

Assinale a alternativa que contém um elemento inequivocamente associado ao texto narrativo paradidático:
  • A: É destinado ao público infantil.
  • B: Habitualmente prescinde do narrador onisciente.
  • C: Implica aprofundamento conceitual de um tema.
  • D: Orienta o leitor sobre alguma ação.
  • E: Aborda temas históricos.

Na primeira estrofe do poema de Patativa do Assaré, temos que
  • A: o emprego da redondilha menor é característicos dos gêneros populares.
  • B: o emprego irregular da redondilha maior afasta o exemplo da tradição popular.
  • C: o uso do decassílabo representa a adesão do poeta à simplicidade do canto do povo.
  • D: o verso hendecassílabo preserva, parcialmente, a sonoridade da redondilha menor.
  • E: o verso alexandrino atesta o veio clássico, ou erudito, dominado pelo autor.

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