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No terceiro parágrafo, ao definir uma calçada como um lugar utilitário, o cronista está considerando
  • A: o modo pelo qual os latinos impuseram aos franceses uma valorização das calçadas.
  • B: uma possível razão da vantagem econômica dos americanos sobre os povos que zanzam.
  • C: o motivo pelo qual os espanhóis passaram a defender a razão de seu hábito preferido.
  • D: uma espécie de atitude suspeita que marcaria o comportamento dos italianos.
  • E: a prática do loitering tal como é adotada hoje em dia pela maioria dos franceses.

Em relação ao sentido do verbo inglês to loiter e de sua forma loitering, o cronista considera que essas expressões
  • A: junto aos povos latinos designam um modo de se desperdiçar o tempo.
  • B: não encontram tradução sequer aproximativa para o português ou outra língua românica.
  • C: têm significação inteiramente subjetiva, dependendo tão somente de quem as usa.
  • D: têm um significado que varia de país para país, o que impede seu reconhecimento.
  • E: referem-se a uma prática social de peso e valor diversos em diferentes países.

Nessa crônica carregada de humor, Luis Fernando Verissimo vale-se de certas marcas atribuídas a certas culturas, quando acredita, por exemplo, que
  • A: a prática do loitering acabou por reduzir o prazer que os franceses já tiveram em conversar nas calçadas dos cafés.
  • B: o loitering é um comportamento típico dos povos anglo-saxões, que assim se diferenciariam dos povos latinos.
  • C: uma sanção muito rigorosa da prática do loitering resultaria em pena de reclusão para parte bastante significativa da população italiana.
  • D: a vantagem econômica dos povos latinos sobre os europeus deriva do fato de que aqueles pouco desenvolvem o hábito do loitering.
  • E: a classificação do loitering como contravenção impediu que os espanhóis desenvolvessem o mesmo hábito dos italianos.

Considere esta frase:
O que diferencia um abusivo loitering de uma apenas inocente ausência de movimento depende da interpretação do guarda. Uma nova, correta e coerente redação dessa frase poderia assim se constituir: A depender da interpretação do guarda,
  • A: se estabelece a distinção entre o abuso do loitering e a mera falta de movimento.
  • B: o abusivo loitering e a ingênua falta de movimentação seriam indiferentes.
  • C: tanto seria inocente o loitering como abusiva a simples falta de movimentação.
  • D: diferenciariam-se tanto uma prática inocente como uma ação abusiva do loitering.
  • E: ainda que fosse inocente a ausência de movimento, poderia ser abusivo o loitering.

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas da tirinha.
  • A: Você é ... Me encontra ... te
  • B: Tu és ... Me encontre ... lhe
  • C: Você é ... Encontre-me ... lhe
  • D: Tu és ... Me encontras ... te
  • E: Você é ... Encontra-me ... te

O acento indicativo da crase está empregado de acordo com a norma-padrão na seguinte frase reescrita:
  • A: Butiá refere-se à uma fruta pequena, pouco maior que uma bola de gude.
  • B: Há quem ache que exista uma “aristocracia global”, transmitindo sua fortuna de geração à geração.
  • C: Nem todas as riquezas ocorrem devido às heranças.
  • D: Muitas doações se devem à filantropos do mundo todo.
  • E: Quando as pessoas começarão à se preocupar com a base da pirâmide?

Bilionários
Fernando Schüler

No auge da brabeza global pela compra do Twitter, por Erlon Musk, li um curioso argumento, dito por um ativista de redes sociais. Segundo ele, toda vez que Musk fica mais rico, a humanidade ficaria mais pobre. Na sua cabeça, a riqueza global deve ser como uma espécie de bolo gigante, de modo que, se algum guloso pega um naco muito grande para si, sobra menos para os demais. Uma deputada resolveu ser mais direta: bilionários “nem deveriam existir”, disse ela. Me caiu os butiá dos bolso*, como se diz lá no Sul. O que o sujeito faria, exatamente, se abrisse uma empresa e ela começasse a crescer? Se, vendendo sua participação, outros ficassem bilionários? Por que ele continuaria investindo e fazendo negócios? Por esporte? Desconfio que não ia funcionar.

Há uma enorme confusão aí sobre como se gera valor e como alguém se torna um bilionário, em uma economia de mercado. O bilionário que eu mais ajudo a ser um bilionário é Jeff Bezos. Não compro ações, mas livros, em sua loja virtual. Eu poderia comprar ali na livraria do bairro, que segura as pontas como pode, mas acabo não me dando ao trabalho. Às vezes penso que estou sendo egoísta fazendo isso. Em todo caso, ao menos no que me diz respeito, a teoria daquele ativista não funciona. A cada vez que eu compro um livro lá, Bezos fica mais rico e eu de bem com a vida.

Há quem ache que exista uma “aristocracia global”, transmitindo sua fortuna de geração em geração. De fato, há muita gente que herda sua fortuna. Não vejo problema nisso. Há os que investem ainda mais, geram ainda mais riqueza, e outros torram tudo. Me lembro das histórias de pessoa gastando até o último centavo e batendo as botas sem um vintém, num hotel de luxo. Há os que ganham pelo casamento, como a ex-mulher do Bezos, Mackenzie Scott, que se tornou uma das mais ativas filantropas do planeta. Semanas atrás, doou 27 milhões de reais à ONG brasileira Gerando Falcões, focada em criar oportunidades para jovens de menor renda.

A primeira coisa interessante a discutir sobre os bilionários é sobre como foi obtido o dinheiro. Se o sujeito cria uma empresa inovadora, oferecendo algo que melhore a vida das pessoas, temos mais é que contar a sua história em nossas escolas e inspirar mais jovens nessa direção. Foi o que fez Pedro Franceschi, guri carioca de 25 anos que criou uma fintech** inovadora, de cartões de crédito. E este ano consta lá da lista dos mais ricos, da Forbes, com 1,5 bilhão. Vai fazer o que com Pedro? Pedir a ele que devolva meio bilhão? Pedir para ele se aposentar? De minha parte, acho o oposto. É bom que ele exista, e que o seu sucesso sirva de exemplo. Ideias inovadoras fazem o mundo andar para a frente.

O que realmente deveríamos combater é a riqueza obtida da fraude, dos privilégios criados para alguns.

O que realmente deveríamos fazer é mudar o disco. Em vez do ranço contra quem inova e gera valor, perder o sono com o que se passa na base da pirâmide. Perguntar como é possível, em pleno 2022, que um quarto da população viva em situação de pobreza ou extrema pobreza e que ensinemos menos de 5% do que nossos alunos deveriam saber de matemática, nas redes públicas, no fim do ensino médio, depois imaginando que eles terão boas chances no mercado de trabalho.

É preciso olhar para a frente, em vez de tomar, todo santo dia, o veneno das velhas ideias.
(Revista Veja, 11 de maio de 2022. Adaptado)

* Me caiu os butiá dos bolso = expressão regionalista típica do Rio Grande do Sul. Usa-se para dizer que a pessoa está impressionada, assustada.
** fintech = termo que surgiu da união das palavras “financial” e “technology” = tecnologia e inovação aplicadas na solução de serviços financeiros.

Assinale a alternativa que descreve corretamente o fato linguístico.
  • A: Na frase – Me caiu os butiá dos bolso... (1º parágrafo) –, há incorreção quanto à colocação pronominal, à concordância verbal e à nominal.
  • B: A passagem – ... bilionários “nem deveriam existir”... (1º parágrafo) – permanece correta com a seguinte alteração – ... bilionários “nem deveria existir”...
  • C: Na frase dita por uma deputada – ... bilionários “nem deveriam existir”... (1º parágrafo) –, o termo nem exprime uma justificativa.
  • D: Os advérbios exatamente (1º parágrafo) e realmente (5º parágrafo) – têm, respectivamente, o sentido de verdadeiramente e inicialmente.
  • E: Está de acordo com a norma-padrão a seguinte construção: Me lembro das histórias de pessoa gastando até o último centavo... (3º parágrafo)

Assinale a alternativa em que a frase reescrita conserva a concordância verbal de acordo com a norma-padrão.
  • A: Existe os que ganham pelo casamento
  • B: Grande parte das fortunas vêm de herança e de casamentos.
  • C: Haverão ricos que, com ideias inovadoras, farão o mundo andar para a frente.
  • D: Os bilionários tem contribuído para gerar mais riquezas
  • E: A teoria de alguns ativistas condenam os bilionários.

Bilionários
Fernando Schüler

No auge da brabeza global pela compra do Twitter, por Erlon Musk, li um curioso argumento, dito por um ativista de redes sociais. Segundo ele, toda vez que Musk fica mais rico, a humanidade ficaria mais pobre. Na sua cabeça, a riqueza global deve ser como uma espécie de bolo gigante, de modo que, se algum guloso pega um naco muito grande para si, sobra menos para os demais. Uma deputada resolveu ser mais direta: bilionários “nem deveriam existir”, disse ela. Me caiu os butiá dos bolso*, como se diz lá no Sul. O que o sujeito faria, exatamente, se abrisse uma empresa e ela começasse a crescer? Se, vendendo sua participação, outros ficassem bilionários? Por que ele continuaria investindo e fazendo negócios? Por esporte? Desconfio que não ia funcionar.

Há uma enorme confusão aí sobre como se gera valor e como alguém se torna um bilionário, em uma economia de mercado. O bilionário que eu mais ajudo a ser um bilionário é Jeff Bezos. Não compro ações, mas livros, em sua loja virtual. Eu poderia comprar ali na livraria do bairro, que segura as pontas como pode, mas acabo não me dando ao trabalho. Às vezes penso que estou sendo egoísta fazendo isso. Em todo caso, ao menos no que me diz respeito, a teoria daquele ativista não funciona. A cada vez que eu compro um livro lá, Bezos fica mais rico e eu de bem com a vida.

Há quem ache que exista uma “aristocracia global”, transmitindo sua fortuna de geração em geração. De fato, há muita gente que herda sua fortuna. Não vejo problema nisso. Há os que investem ainda mais, geram ainda mais riqueza, e outros torram tudo. Me lembro das histórias de pessoa gastando até o último centavo e batendo as botas sem um vintém, num hotel de luxo. Há os que ganham pelo casamento, como a ex-mulher do Bezos, Mackenzie Scott, que se tornou uma das mais ativas filantropas do planeta. Semanas atrás, doou 27 milhões de reais à ONG brasileira Gerando Falcões, focada em criar oportunidades para jovens de menor renda.

A primeira coisa interessante a discutir sobre os bilionários é sobre como foi obtido o dinheiro. Se o sujeito cria uma empresa inovadora, oferecendo algo que melhore a vida das pessoas, temos mais é que contar a sua história em nossas escolas e inspirar mais jovens nessa direção. Foi o que fez Pedro Franceschi, guri carioca de 25 anos que criou uma fintech** inovadora, de cartões de crédito. E este ano consta lá da lista dos mais ricos, da Forbes, com 1,5 bilhão. Vai fazer o que com Pedro? Pedir a ele que devolva meio bilhão? Pedir para ele se aposentar? De minha parte, acho o oposto. É bom que ele exista, e que o seu sucesso sirva de exemplo. Ideias inovadoras fazem o mundo andar para a frente.

O que realmente deveríamos combater é a riqueza obtida da fraude, dos privilégios criados para alguns.

O que realmente deveríamos fazer é mudar o disco. Em vez do ranço contra quem inova e gera valor, perder o sono com o que se passa na base da pirâmide. Perguntar como é possível, em pleno 2022, que um quarto da população viva em situação de pobreza ou extrema pobreza e que ensinemos menos de 5% do que nossos alunos deveriam saber de matemática, nas redes públicas, no fim do ensino médio, depois imaginando que eles terão boas chances no mercado de trabalho.

É preciso olhar para a frente, em vez de tomar, todo santo dia, o veneno das velhas ideias.
(Revista Veja, 11 de maio de 2022. Adaptado)

* Me caiu os butiá dos bolso = expressão regionalista típica do Rio Grande do Sul. Usa-se para dizer que a pessoa está impressionada, assustada.
** fintech = termo que surgiu da união das palavras “financial” e “technology” = tecnologia e inovação aplicadas na solução de serviços financeiros.

Segundo ele, toda vez que Musk fica mais rico ... (1º parágrafo)
...se algum guloso pega um naco muito grande para si ... (1º parágrafo)
Há os que ganham pelo casamento, como a ex-mulher de Bezos ... (3º parágrafo)

As conjunções destacadas expressam, correta e respectivamente, relações de sentido de
  • A: conformidade; explicação; comparação
  • B: comparação; condição; exemplificação.
  • C: explicação; conclusão; comparação.
  • D: conformidade; condição; exemplificação.
  • E: comparação; conclusão; conformidade

Bilionários
Fernando Schüler

No auge da brabeza global pela compra do Twitter, por Erlon Musk, li um curioso argumento, dito por um ativista de redes sociais. Segundo ele, toda vez que Musk fica mais rico, a humanidade ficaria mais pobre. Na sua cabeça, a riqueza global deve ser como uma espécie de bolo gigante, de modo que, se algum guloso pega um naco muito grande para si, sobra menos para os demais. Uma deputada resolveu ser mais direta: bilionários “nem deveriam existir”, disse ela. Me caiu os butiá dos bolso*, como se diz lá no Sul. O que o sujeito faria, exatamente, se abrisse uma empresa e ela começasse a crescer? Se, vendendo sua participação, outros ficassem bilionários? Por que ele continuaria investindo e fazendo negócios? Por esporte? Desconfio que não ia funcionar.

Há uma enorme confusão aí sobre como se gera valor e como alguém se torna um bilionário, em uma economia de mercado. O bilionário que eu mais ajudo a ser um bilionário é Jeff Bezos. Não compro ações, mas livros, em sua loja virtual. Eu poderia comprar ali na livraria do bairro, que segura as pontas como pode, mas acabo não me dando ao trabalho. Às vezes penso que estou sendo egoísta fazendo isso. Em todo caso, ao menos no que me diz respeito, a teoria daquele ativista não funciona. A cada vez que eu compro um livro lá, Bezos fica mais rico e eu de bem com a vida.

Há quem ache que exista uma “aristocracia global”, transmitindo sua fortuna de geração em geração. De fato, há muita gente que herda sua fortuna. Não vejo problema nisso. Há os que investem ainda mais, geram ainda mais riqueza, e outros torram tudo. Me lembro das histórias de pessoa gastando até o último centavo e batendo as botas sem um vintém, num hotel de luxo. Há os que ganham pelo casamento, como a ex-mulher do Bezos, Mackenzie Scott, que se tornou uma das mais ativas filantropas do planeta. Semanas atrás, doou 27 milhões de reais à ONG brasileira Gerando Falcões, focada em criar oportunidades para jovens de menor renda.

A primeira coisa interessante a discutir sobre os bilionários é sobre como foi obtido o dinheiro. Se o sujeito cria uma empresa inovadora, oferecendo algo que melhore a vida das pessoas, temos mais é que contar a sua história em nossas escolas e inspirar mais jovens nessa direção. Foi o que fez Pedro Franceschi, guri carioca de 25 anos que criou uma fintech** inovadora, de cartões de crédito. E este ano consta lá da lista dos mais ricos, da Forbes, com 1,5 bilhão. Vai fazer o que com Pedro? Pedir a ele que devolva meio bilhão? Pedir para ele se aposentar? De minha parte, acho o oposto. É bom que ele exista, e que o seu sucesso sirva de exemplo. Ideias inovadoras fazem o mundo andar para a frente.

O que realmente deveríamos combater é a riqueza obtida da fraude, dos privilégios criados para alguns.

O que realmente deveríamos fazer é mudar o disco. Em vez do ranço contra quem inova e gera valor, perder o sono com o que se passa na base da pirâmide. Perguntar como é possível, em pleno 2022, que um quarto da população viva em situação de pobreza ou extrema pobreza e que ensinemos menos de 5% do que nossos alunos deveriam saber de matemática, nas redes públicas, no fim do ensino médio, depois imaginando que eles terão boas chances no mercado de trabalho.

É preciso olhar para a frente, em vez de tomar, todo santo dia, o veneno das velhas ideias.
(Revista Veja, 11 de maio de 2022. Adaptado)

* Me caiu os butiá dos bolso = expressão regionalista típica do Rio Grande do Sul. Usa-se para dizer que a pessoa está impressionada, assustada.
** fintech = termo que surgiu da união das palavras “financial” e “technology” = tecnologia e inovação aplicadas na solução de serviços financeiros.

Nas passagens – ... Mackenzie Scott, que se tornou uma das mais ativas filantropas do planeta. (3º parágrafo) e Em vez do ranço contra quem inova... (6º parágrafo) –, os termos destacados significam, correta e respectivamente:
  • A: pessoas que têm profundo amor à humanidade; aversão.
  • B: pessoas que distinguem raças para doar; nojo.
  • C: pessoas que agem em favor de seu semelhante; vestígio.
  • D: pessoas que doam para causas importantes; polêmica.
  • E: pessoas que doam seu tempo a igrejas; ódio.

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