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Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida.2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

Para o autor do texto, os mais jovens, apesar de
  • A: pouco habituados a viver na natureza, empregam eficazmente a tecnologia de comunicação para compreenderem o espaço em que vivem.
  • B: optarem por uma formação mediada pelas tecnologias, ela lhes propicia experiências do mesmo nível das que tinham as gerações anteriores.
  • C: beneficiados pela paz e pelos avanços científicos, têm a formação prejudicada por se valerem de meios que os privam de vivenciar a realidade.
  • D: relativamente adaptados às experiências do mundo virtual, ainda não estão de fato preparados para usar o atual potencial tecnológico.
  • E: serem criticados por terem uma relação muito estreita com os computadores, tiram enorme benefício dessa relação no que respeita à aprendizagem.

Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida.2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

Considerando a relação de sentido que estabelece no contexto do 3o parágrafo, a expressão destacada na frase – ... visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos... – pode ser adequadamente substituída pelo seguinte termo:
  • A: como
  • B: porém
  • C: quando
  • D: todavia
  • E: enquanto

Uma geração de extraterrestres

Penso que Michel Serres seja a mente filosófica mais aguda na França de hoje e, como todo bom filósofo, é capaz de dedicar-se também à reflexão sobre a atualidade. Uso despudoradamente (à exceção de alguns comentários pessoais) um belíssimo artigo de Serres publicado em março de 2010 que recorda coisas que, para os leitores mais jovens, dizem respeito aos filhos e, para nós, mais velhos, aos netos.

Só para começar, estes filhos ou netos nunca viram um porco, uma vaca, uma galinha. Os novos seres humanos não estão mais habituados a viver na natureza, e só conhecem as cidades. Trata-se de uma das maiores revoluções antropológicas depois do neolítico* .

Há mais de sessenta anos, os jovens europeus não conhecem guerras, beneficiam-se de uma medicina avançada e não sofrem como sofreram seus antepassados. Então, que obras literárias poderão apreciar, visto que não conheceram a vida rústica, as colheitas, os monumentos aos caídos, as bandeiras dilaceradas pelas balas inimigas, a urgência vital de uma moral?

Foram formados por meios de comunicação concebidos por adultos que reduziram a sete segundos o tempo de permanência de uma imagem e a quinze segundos o tempo de resposta às perguntas. São educados pela publicidade que exagera nas abreviações e nas palavras estrangeiras e faz com que percam o senso da língua materna. A escola não é mais o local da aprendizagem e, habituados aos computadores, esses jovens vivem boa parte da sua vida no virtual. Nós vivíamos num espaço métrico perceptível, e eles vivem num espaço irreal onde vizinhanças e distâncias não fazem mais a menor diferença.

Não vou me deter nas reflexões de Serres acerca das possibilidades de administrar as novas exigências da educação. Em todo caso, sua panorâmica nos fala de um período semelhante, pela subversão total, ao da invenção da escrita e, séculos depois, da imprensa. Só que estas novas técnicas hodiernas mudam em grande velocidade. Por que não estávamos preparados para esta transformação?

Serres conclui que talvez a culpa seja também dos filósofos, que, por profissão, deveriam prever as mudanças dos saberes e das práticas e não o fizeram de maneira suficiente porque, “empenhados na política de todo dia, não viram chegar a contemporaneidade”. Não sei se Serres tem toda razão, mas alguma ele tem.

*Última divisão da Idade da Pedra, caracterizada pelo desenvolvimento da agricultura e a domesticação de animais.

(Umberto Eco. Pape Satàn aleppe: crônicas de uma sociedade líquida. 2 ed. – Rio de Janeiro: Record, 2017. Excerto adaptado)

O autor do texto traz uma reflexão sobre
  • A: os desafios para despertar nas pessoas de idade mais avançada o interesse por tecnologias que poderiam aproximá-las dos mais jovens.
  • B: os limites da credibilidade de pontos de vista estreitamente fundamentados a partir de conclusões de estudos realizados por terceiros.
  • C: a vantagem que os mais jovens extraem das tecnologias de comunicação para conhecer melhor que gerações passadas a própria realidade social.
  • D: a incapacidade dos filósofos da atualidade de compreender a realidade que os cerca com a mesma agudeza que o faziam os pensadores antigos.
  • E: a maneira como as novas tecnologias de comunicação produziram uma profunda mudança de comportamento, observável na sociedade atual.

Considere as seguintes frases do texto:

• A primeira foi um luxo: "Itinerário de Pasárgada", de Manuel Bandeira, em 1954. (2o parágrafo)

• Não "essenciais", as livrarias cariocas estão fechadas para cumprir o recesso sanitário. (4o parágrafo)

No contexto em que são empregadas, as aspas (" ") atendem, respectivamente, ao propósito de
  • A: distinguir uma citação do restante do texto; realçar ironicamente uma expressão.
  • B: realçar ironicamente uma expressão; indicar o título de uma obra.
  • C: indicar o título de uma obra; acentuar o valor significativo de uma palavra.
  • D: distinguir uma citação do restante do texto; assinalar inflexão de natureza emocional.
  • E: assinalar inflexão de natureza emocional; distinguir uma citação do restante do texto.

Assinale a alternativa em que, na frase redigida a partir do texto, o acento indicativo da crase está em conformidade com a norma-padrão da língua.
  • A: No início desse ano, a Livraria São José cessou às atividades.
  • B: O tradicional sebo não pôde resistir à forte queda das vendas.
  • C: A livraria não teria como sobreviver à um ano de pandemia.
  • D: A loja organizava eventos dedicados à alguns renomados escritores.
  • E: A Amazon impôs mudanças à toda editora com que faz parceria.

Conforme o autor, a Livraria São José, sebo mais antigo do Rio de Janeiro,
  • A: simboliza a resistência da cultura, ao se manter ativa enquanto outros setores são severamente prejudicados pela pandemia.
  • B: deve sua ruína a sucessivos eventos extravagantes, sem relação com a literatura, cujo único fim era o de atrair frequentadores ilustres.
  • C: erra ao recusar-se a fechar suas portas para obedecer às medidas sanitárias de contenção da pandemia impostas pelo poder público.
  • D: foi por muitos anos um local privilegiado de difusão cultural, o que não impediu que sucumbisse ao oportunismo do comércio online.
  • E: constitui a amostra viva da incapacidade do comércio brasileiro de sair da condição de atraso e inserir-se na realidade do mundo atual.

O termo destacado na frase do 2o parágrafo – ... não se sabe se pelos autores ou se pelas “madrinhas” deles, beldades como Tônia Carrero e Odette Lara. – é empregado pelo autor para expressar, em sentido
  • A: próprio, a ideia de que as duas mulheres eram frequentadoras assíduas do local.
  • B: figurado, a ideia de que as duas mulheres esbanjavam muito dinheiro na livraria.
  • C: próprio, a ideia de que as duas mulheres eram amáveis com os visitantes do local.
  • D: figurado, a ideia de que as duas mulheres se destacavam pela beleza física.
  • E: próprio, a ideia de que as duas mulheres tinham uma postura presunçosa.

Nesse texto, o autor analisa um dos assuntos também tratado no texto anterior, destacando
  • A: a falta de ações governamentais de contenção à rápida disseminação do vírus responsável pela pandemia.
  • B: a escassez de opções de lazer para uma população cuja pandemia obriga a permanecer encerrada em suas casas.
  • C: a forma como o comércio online indiretamente alavancou as vendas de livros, beneficiando sobretudo as lojas físicas.
  • D: as vantagens do comércio online frente ao hábito primitivo e dispendioso de procurar objetos em lojas físicas.
  • E: o papel decisivo de uma das grandes empresas de vendas online para a ruína do comércio físico tradicional.

Assinale a alternativa que reescreve trecho do último parágrafo em conformidade com a norma-padrão de concordância verbal e nominal.
  • A: As plataformas de vendas online costuma praticar uma política de preços muito agressiva.
  • B: Os descontos agressivos oferecido pelas plataformas online resultaram em aumento das vendas.
  • C: O comércio de livros praticado pelas gigantes virtuais impõem dificuldades às livrarias físicas.
  • D: As grandes empresas de comércio online conseguem oferecer ao cliente condições muito mais atraentes.
  • E: As editoras estão se unindo pela defesa da adoção de preços fixos a todo livro recém-lançados.

O termo destacado na frase do último parágrafo – O setor tem, por motivos como esse, voltado a se aglutinar em torno da ideia de uma lei... – forma uma expressão que enuncia
  • A: a causa de o setor aglutinar-se em torno da ideia de uma lei.
  • B: oposição à aglutinação do setor em torno da ideia de uma lei.
  • C: o modo de o setor aglutinar-se em torno da ideia de uma lei.
  • D: o tempo da aglutinação do setor em torno da ideia de uma lei.
  • E: a finalidade de o setor aglutinar-se em torno da ideia de uma lei.

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