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Faz o plural como palavra-chave, com dupla possibilidade de flexão, o composto
  • A: lugar-comum
  • B: guarda-roupa
  • C: aço-liga
  • D: amor-perfeito
  • E: abaixo-assinado

 SOMOS OS MAIORES INIMIGOS DE NOSSA POSSIBILIDADE DE PENSAR

                                                                                                  Contardo Calligaris

Um ano atrás, decidi seguir os conselhos de meu filho e abri uma conta no Facebook. A conta é no nome da cachorra pointer que foi minha grande companheira nos anos 1970 e funciona assim: ninguém sabe que é minha conta, não tenho amigos, não posto nada e não converso com ninguém. Uso o Face apenas para selecionar um “feed” de notícias, que são minha primeira leitura rápida de cada dia.

Meu plano era acordar e verificar imediatamente os editoriais e as chamadas dos jornais, sites, blogs que escolhi e, claro, percorrer a opinião de meus colunistas preferidos, nos EUA e na Europa. Alguns links eu abriria, mas sem usurpar excessivamente o tempo dedicado à leitura do jornal, que acontece depois, enquanto tomo meu café.

Tudo ótimo, no melhor dos mundos. Até o dia em que me dei conta do seguinte: sem que esta fosse minha intenção, eu tinha selecionado só a mídia que pensa como eu – ou quase. Meu dia começava excessivamente feliz, com a sensação de que eu vivia (até que enfim) na paz de um consenso universal.

Mesmo na minha juventude, eu nunca tinha conhecido um tamanho sentimento de unanimidade. Naquela época, eu lia “L’Unità” e, a cada dia, identificava-me com o editorial. Não havia propriamente colunistas: a linguagem usada no jornal inteiro já continha e propunha uma visão do mundo. Ora, junto com “L’Unità” eu sempre lia mais um jornal – o “Corriere della Sera”, se eu estivesse em Milão, o “Journal de Genève”, em Genebra, e o “Le Monde”, em Paris. Nesses segundos jornais, eu verificava os fatos (não dava para acreditar nem mesmo no lado da gente) e assim esbarrava nos colunistas – em geral laicos e independentes, sem posições partidárias ou religiosas definidas.

Em sua grande maioria, eles não escreviam para convencer o leitor: preferiam levantar dúvidas, inclusive neles mesmos. E era isso que eu apreciava.

Hoje, os colunistas desse tipo ainda existem, embora sejam poucos. Eles estão mais na imprensa tradicional; na internet, duvidar não é uma boa ideia, porque é preciso criar e alimentar os consensos do “feed” do Face.

O “feed” do Face, elogiado por muitos por ser uma espécie de jornal sob medida, transforma-se, para cada um, numa voz única, um jornal que apresenta apenas uma visão, piorado por uma falsa sensação de pluralidade (produzida pelo número de links).

A gente se queixa que a mídia estaria difundindo uma versão única e parcial de fatos e ideias, mas a realidade é pior: não são os conglomerados, somos nós que, ao confeccionar um jornal de nossas notícias preferidas, criamos nosso próprio isolamento e vivemos nele. Como sempre acontece, somos nossos piores censores, os maiores inimigos de nossa possibilidade de pensar.

De um lado, o leitor do “feed” não se informa para saber o que aconteceu e decidir o que pensar, ele se informa para fazer grupo, para fazer parte de um consenso. Do outro, o comentarista escreve, sobretudo para ser integrado nesses consensos e para se tornar seu porta-voz. O resultado é uma escrita extrema, em que os escritores competem por leitores tanto mais polarizados que eles conseguiram excluir de seu “jornal” as notícias e as ideias com as quais eles poderiam não concordar: leitores à procura de quem pensa como eles.

Claro, que não é um caso de ignorância completa, mas a internet potencializa a vontade de se perder na opinião do grupo e de não pensar por conta própria. Essa vontade é a mesma que tínhamos no meu tempo de juventude – se não cresceu. O que temos, na verdade, é uma paixão pelo consenso.

Entre consensos opostos, obviamente, não há diálogo nem argumentos, só ódio.

Em suma, provavelmente, o resultado último da informação à la carte (que a internet e o “feed” facilitam) será a polarização e o tribalismo.

Eu mesmo me surpreendo: em geral, acho chatérrimos os profetas do apocalipse, que estão com medo de que o mundo se torne líquido ou coisa que valha. Mas, por uma vez, a contemporaneidade me deixa, digamos, pensativo.

Texto adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalli-garis/2016/09/1817706-somos-os-maiores-inimigos-de-nossa-possibili-dade-de-pensar.shtml




Em relação ao excerto “Alguns links eu abriria, mas sem usurpar excessivamente o tempo dedicado à leitura do jornal, que acontece depois, enquanto tomo meu café.”, assinale a alternativa correta.





  • A: O verbo “abriria” é intransitivo e possui sujeito simples cujo núcleo se encontra no pronome “eu”.
  • B: O vocábulo “excessivamente” caracteriza-se por modificar a intensidade do substantivo “o tempo”
  • C: A palavra “enquanto” introduz uma oração subordinada adverbial proporcional.
  • D: A conjunção adversativa “mas” funciona, nesse caso, como conjunção aditiva e poderia, sem prejuízos sintáticos e semânticos, ser substituída pela conjunção “e”
  • E: O “que” tem função anafórica e retoma “leitura do jornal”, funcionando como sujeito.

A palavra atendimento (L. 6) é o substantivo ligado à ação do verbo atender. 

Qual verbo tem o substantivo ligado à sua ação com a mesma terminação (-mento)?
  • A: Crescer
  • B: Escrever
  • C: Ferver
  • D: Pretender
  • E: Querer

De acordo com as regras de pontuação da Língua Portuguesa, um dos empregos da vírgula é a separação de uma expressão ou oração adverbial antecipada.
O trecho do Texto I que exemplifica esse tipo de uso é:
  • A: “Certamente o kit essencial inclui peças de roupas, celular, cartões de crédito, móveis" (L. 2-3)
  • B: “Se dinheiro não for um empecilho, a lista pode aumentar." (L. 8-9)
  • C: “Nosso objetivo é tornar a vida mais fácil e confortável, mas muitas vezes acabamos reféns" (L. 13-14)
  • D: “quantas não são apenas desperdícios de espaço, de dinheiro e de tempo?" (L. 21-22)
  • E: “Minimalismo é viver com o essencial, e cada pessoa decide o que é essencial para si." (L. 46-47)

“Essa também será a incidência de ‘vida’ e ‘amor’ (dez vezes cada uma).” ( l. 7-8 )

O substantivo incidência vem do verbo incidir . Dos verbos a seguir, o único que segue esse mesmo paradigma é
  • A: abranger
  • B: devolver
  • C: incinerar
  • D: perceber
  • E: iludir

No trecho do Texto III “hoje Facebook, Twitter, Orkut e mensagens de texto permitem que os adolescentes e jovens de 20 e poucos anos se conectem sem rodas." (L. 15-18), as vírgulas são empregadas para separar elementos de uma enumeração, assim como em:
  • A: “necessidades de consumo que já não os convencem e, muito menos, os satisfazem." (L. 5-7)
  • B: “Há poucas décadas, o carro representava, para muitas gerações, o ideal de liberdade." (L. 8-9)
  • C: “com ruas congestionadas, doenças respiratórias, atropelamentos e falta de espaço para as pessoas nas cidades" (L. 9-11)
  • D: “uma das principais montadoras de automóvel do mundo, para reconquistar prestígio com o pessoal de 20 e poucos anos, pretende desenvolver estratégias" (L. 20-22)
  • E: “jovens que também já mudaram e, agora, estão sonhando, mas de olhos bem abertos" (L. 34-36)

No fragmento “fazer um safári, frequentar uma praia de nudismo, comer algo exótico (um baiacu venenoso, por exemplo), visitar um vulcão ativo” (l 16-18), são palavras de classes gramaticais diferentes
  • A: “praia” e “ativo”
  • B: “venenoso” e “exótico"
  • C: “baiacu” e “nudismo”
  • D: “ativo” e “exótico"
  • E: “safári” e “vulcão”

Em qual dos períodos abaixo, a troca de posição entre a palavra sublinhada e o substantivo a que se refere mantém o sentido?
  • A: Algum autor desejava a minha opinião sobre o seu trabalho.
  • B: O mesmo porteiro me entregou o pacote na recepção do hotel.
  • C: Meu pai procurou uma certa pessoa para me entregar o embrulho.
  • D: Contar histórias é uma prazerosa forma de aproximar os indivíduos.
  • E: Grandes poemas épicos servem para perpetuar a cultura de um povo.


A BELEZA E A ARTE NÃO CONSTITUEM NENHUMA GARANTIA MORAL

                                                                                          Contardo Calligaris

Gostei muito de “Francofonia”, de Aleksandr Sokurov. Um jeito de resumir o filme é este: nossa civilização é um navio cargueiro avançando num mar hostil, levando contêineres repletos dos objetos expostos nos grandes museus do mundo. Será que o esplendor do passado facilita nossa navegação pela tempestade de cada dia? Será que, carregados de tantas coisas que nos parecem belas, seremos capazes de produzir menos feiura? Ou, ao contrário, os restos do passado tornam nosso navio menos estável, de forma que se precisará jogar algo ao mar para evitar o naufrágio?
Essa discussão já aconteceu. Na França de 1792, em plena Revolução, a Assembleia emitiu um decreto pelo qual não era admissível expor o povo francês à visão de “monumentos elevados ao orgulho, ao preconceito e à tirania” – melhor seria destruí-los. Nascia assim o dito vandalismo revolucionário – que continua.
Os guardas vermelhos da Revolução Cultural devastaram os monumentos históricos da China.
O Talibã destruiu os Budas de Bamiyan (séculos 4 e 5). Em Palmira, Síria, o Estado Islâmico destruiu os restos do templo de Bel (de quase 2.000 anos atrás). A ideia é a seguinte: se preservarmos os monumentos das antigas ideias, nunca teremos a força de nos inventarmos de maneira radicalmente livre.
Na mesma Assembleia francesa de 1792, também surgiu a ideia de que não era preciso destruir as obras, elas podiam ser conservadas como patrimônio “artístico” ou “cultural” – ou seja, esquecendo sua significação religiosa, política e ideológica.
Sentado no escuro do cinema, penso que nós não somos o navio, somos os contêineres que ele carrega: um emaranhado de esperanças, saberes, intuições, dúvidas, lamentos, heranças, obrigações e gostos. Tudo dito belamente: talvez o belo artístico surja quando alguém consegue sintetizar a nossa complexidade num enigma, como o sorriso de “Mona Lisa”.
Os vândalos dirão que a arte não tem o poder de redimir ou apagar a ignomínia moral. Eles têm razão: a estátua de um deus sanguinário pode ser bela sem ser verdadeira nem boa. Será que é possível apreciá-la sem riscos morais?
Não sei bem o que é o belo e o que é arte. Mas, certamente, nenhum dos dois garante nada.
Por exemplo, gosto muito de um quadro de Arnold Böcklin, “A Ilha dos Mortos”, obra imensamente popular entre o século 19 e 20, que me evoca o cemitério de Veneza, que é, justamente, uma ilha, San Michele. Agora, Hitler tinha, em sua coleção particular, a terceira versão de “A Ilha dos Mortos”, a melhor entre as cinco que Böcklin pintou. Essa proximidade com Hitler só não me atormenta porque “A Ilha dos Mortos” era também um dos quadros preferidos de Freud (que chegou a sonhar com ele).
Outro exemplo: Hitler pintava, sobretudo aquarelas, que retratam edifícios austeros e solitários, e que não são ruins; talvez comprasse uma, se me fosse oferecida por um jovem artista pelas ruas de Viena. Para mim, as aquarelas de Hitler são melhores do que as de Churchill. Pela pior razão: há, nelas, uma espécie de pressentimento trágico de que o mundo se dirigia para um banho de sangue.
É uma pena a arte não ser um critério moral. Seria fácil se as pessoas que desprezamos tivessem gostos estéticos opostos aos nossos. Mas, nada feito.
Os nazistas queimavam a “arte degenerada”, mas só da boca para fora. Na privacidade de suas casas, eles penduraram milhares de obras “degeneradas” que tinham pretensamente destruído. Em Auschwitz, nas festinhas clandestinas só para SS, os nazistas pediam que a banda dos presos tocasse suingue e jazz – oficialmente proibidos.
Para Sokurov, o museu dos museus é o Louvre. Para mim, sempre foi a Accademia, em Veneza. A cada vez que volto para lá, desde a infância, medito na frente de três quadros, um dos quais é “A Tempestade”, do Giorgione. Com o tempo, o maior enigma do quadro se tornou, para mim, a paisagem de fundo, deserta e inquietante. Pintado em 1508, “A Tempestade” inaugura dois séculos que produziram mais beleza do que qualquer outro período de nossa história. Mas aquele fundo, mais tétrico que uma aquarela de Hitler, lembra-me que os dois séculos da beleza também foram um triunfo de guerra, peste e morte – Europa afora.
É isto mesmo: infelizmente, a arte não salva.

Texto adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2016/08/1806530-a-beleza-e-a-arte-nao-constituem-nenhuma-garantia-moral.shtml




Assinale a alternativa correta acerca dos excertos retirados do texto e comentados a seguir.

  • A: Em relação ao trecho “Sentado no escuro do cinema, penso que nós não somos o navio, somos os contêineres que ele carrega [...]”, os verbos destacados estão conjugados na primeira pessoa do plural e são complementados por objetos diretos, respectivamente,
  • B: Em relação ao trecho “Os nazistas queimavam a ‘arte degenerada’, mas só da boca para fora.” o verbo destacado está no plural, pois concorda com um sujeito composto e o mas trata-se de uma conjunção adversativa.
  • C: Em relação ao trecho “Para Sokurov, o museu dos museus é o Louvre. Para mim, sempre foi a Accademia, em Veneza.”, ambos os termos destacados tratam-se de conjunções que introduzem uma noção de finalidade.
  • D: Em relação ao trecho “[...] há, nelas, uma espécie de pressentimento trágico de que o mundo se dirigia para um banho de sangue.”, o verbo destacado não possui sujeito e nelas tratase de uma contração entre a preposição em e o pronome pessoal elas e indic
  • E: Em relação ao trecho “Pintado em 1508, ‘A Tempestade’ inaugura dois séculos que produziram mais beleza do que qualquer outro período de nossa história.”, o verbo destacado deveria estar conjugado no plural para concordar com a expressão “dois séculos”, f

A vírgula foi utilizada de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa em:
  • A: Nos últimos tempos, nota-se que bens de consumo como celulares e computadores, que eram artigos de luxo estão ao alcance do povo, da maioria da população.
  • B: É importante que, em todos os bairros das grandes e pequenas cidades a internet seja considerada o principal meio de comunicação existente na atualidade.
  • C: As novas tecnologias da comunicação e da informação, já existem há algum tempo e só nos últimos anos começaram a expandir e influenciar na vida da sociedade.
  • D: A internet não pode ser considerada uma ferramenta perfeita porque, se não for utilizada corretamente, acarreta consequências prejudiciais às pessoas.
  • E: O prestígio da internet é tão grande que, se ela desaparecesse muitas pessoas ficariam desempregadas pois empresas seriam fechadas.

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