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Um homem sem perna, agarrando-se numa muleta, parou diante dela e disse:
– Moça, me dá um dinheiro para eu comer?
“Socorro!!!” gritou para si mesma ao ver a enorme ferida na perna do homem. “Socorre-me, Deus”, disse baixinho. Estava exposta àquele homem. Estava completamente exposta. Se tivesse marcado com “seu” José na saída da Avenida Atlântica, o hotel onde ficava o cabeleireiro não permitiria que “essa gente” se aproximasse. Mas na Avenida Copacabana tudo era possível: pessoas de toda a espécie. Pelo menos de espécie diferente da dela. “Da dela?” “Que espécie de ela era para ser ‘da dela’?” Pensamento do mendigo: “essa dona de cara pintada com estrelinhas douradas na testa, ou não me dá ou me dá muito pouco”. Ocorreu-lhe então, um pouco cansado: “ou dará quase nada”.
Ela estava espantada: como praticamente não andava na rua – era de carro de porta a porta – chegou a pensar: ele vai me matar? Estava atarantada e perguntou:
– Quanto é que se costuma dar?
– O que a pessoa pode dar e quer dar – respondeu o mendigo espantadíssimo.
Ela, que não pagava salão de beleza, o gerente deste mandava cada mês sua conta para a secretária de seu marido. “Marido”. Ela pensou: o marido o que faria com o mendigo? Sabia que: nada. Eles não fazem nada. E ela – ela era “eles” também. Perguntou:
– Quinhentos cruzeiros basta? É só o que eu tenho.
O mendigo olhou-a espantado.
– Está rindo de mim, moça?
– Eu?? Não estou não, eu tenho mesmo os quinhentos na bolsa...
Abriu-a, tirou a nota e estendeu-a humildemente ao homem, quase lhe pedindo desculpas. O homem perplexo. E depois rindo, mostrando as gengivas quase vazias:
– Olhe – disse ele –, ou a senhora é muito boa ou não está bem da cabeça... Mas, aceito, não vá dizer depois que a roubei, ninguém vai me acreditar.
– Eu não tenho trocado, só tenho essa nota de quinhentos.
(Clarice Lispector, “A Bela e a Fera ou a Ferida Grande Demais”.
O primeiro beijo e outros contos. Fragmento)

Assinale a alternativa em que o enunciado é coerente com o sentido do texto e as palavras estão grafadas e acentuadas de acordo com a norma-padrão.
  • A: O homem pára em frente a mulher e lhe pede algum dinheiro. Diante de sua exitação, ele pensa: “ela dará quase nada”. E isso realmente ocorre com a nota de quinhentos.
  • B: A mulher estava espantada: praticamente não andava a pé (aquele dia era uma excessão) – era de carro de porta a porta. Chegou a pensar que o homem a mataria.
  • C: Paralizado diante da mulher, o homem pensa: “não sou bem vindo, essa dona de cara pintada com estrelinhas douradas na testa, ou não me dá ou me dá muito pouco”.
  • D: A mulher entendia que a infraestrutura do hotel onde ficava o cabeleireiro, na Avenida Atlântica, atraía um público mais confiável do que o da Avenida Copacabana.
  • E: O homem falou: “ou a senhora é muito boa ou não está bem da cabeça... Mas, aceito, não vá dizer depois que a roubei, pois as pessoas não crêem em um homem como eu”.

Dizer não com clareza é uma das primeiras habilidades adquiridas pelos seres humanos. No início da vida, muito antes de aprenderem a falar, os bebês já são capazes de deixar claro que estão descontentes com a temperatura da água do banho, ou que já saciaram a fome e não querem mais mamar. Nada disso, no entanto, impede que, quando cresçam, muitas pessoas sejam incapazes de negar um pedido, não importa de onde venha. A maioria, pelo jeito: estudo conduzido pelo departamento de psicologia comportamental da prestigiada Universidade Cornell, nos Estados Unidos, concluiu que as pessoas são mais afeitas a dizer sim do que não. Ao longo de quinze anos, a pesquisadora Vanessa Bohns realizou experimentos sociais com cerca de 15 000 pessoas, seguindo um mesmo roteiro: sua equipe abordava estranhos na rua e pedia que fizessem alguma coisa inesperada.

A dificuldade de negar ajuda ou pedido tem raízes na pré- história, quando se percebeu que as chances de sobrevivência eram maiores se as pessoas se organizassem em bandos e colaborassem umas com as outras do que se vagassem sozinhas por ambientes inóspitos e cheios de perigo. “Agindo em conjunto, a humanidade se mostrou capaz de obter ganhos para sua sobrevivência. Por isso, se uma pessoa lhe pede um favor, a reação natural é colaborar com ela”, explica Ariovaldo Silva Júnior, neurocientista da UFMG. Nos tempos modernos, esse condicionamento virou, em algumas pessoas, motivo de enorme angústia, sintoma de um distúrbio conhecido como ansiedade de insinuação. O problema se manifesta cada vez que o indivíduo se vê, de alguma forma, forçado a fazer algo que não quer, apenas para não se sentir rejeitado pelos pares. Albert Einstein, um dos mais brilhantes angustiados, escreveu: “Toda vez que diz sim querendo dizer não, morre um pedaço de você”.
(Matheus Deccache e Ricardo Ferraz, Palavrinha difícil. Veja, 23.02.2022. Adaptado)

Observe a acentuação das palavras início, bebês, raízes, inóspitos, e assinale a alternativa que apresenta, pela ordem, as palavras acentuadas segundo as mesmas regras de acentuação dessas.
  • A: incrível, você, saúde, líquido
  • B: intempérie, até, saída, intrépido
  • C: cínico, amém, cuíca, gênio
  • D: constância, sabê-lo, ríspido, catástrofe
  • E: hífen, lê, bíceps, inícios

Especialistas deveriam se impor pela competência, não pelo lobby*

Nesta semana eu quase recobrei minha fé na humanidade.

Com a retomada das aulas presenciais, perguntei a meu filho David, que cursa duas faculdades, como ele faria com a educação física. O menino me olhou como se eu viesse de Saturno e me explicou, para minha surpresa, que a educação física não é mais disciplina obrigatória no ensino superior. Ao contrário do que acontecia no meu tempo, a molecada não precisa mais submeter-se às aulas de Educação Física para obter seu diploma.

Não me entendam mal. Sou um entusiasta da atividade física. Há mais de 20 anos corro quase que diariamente. E recomendo a todos que se mexam, se possível sob a orientação de um profissional. Mas sou veementemente contrário ao hábito corporativista, tão disseminado por aqui, de sequestrar o poder do Estado para criar reservas de mercado.

Acredito em ciência e estudo. Vale a pena procurar um especialista. Mas fazê-lo deve ser uma escolha, não uma obrigatoriedade. Numa sociedade funcional, você recorre aos serviços de um profissional, seja o educador físico, o advogado ou qualquer outro, porque ele oferece um saber e uma experiência que lhe interessam, não porque a lei o obriga a fazê-lo. Em outras palavras, os especialistas deveriam se impor por sua competência, não por seus lobbies.

O leitor atento deve ter percebido que enfiei um “quase” ali no começo do texto. Embora tenha ficado feliz ao descobrir que a educação física não é mais requisito para um diploma universitário, ao investigar melhor como isso aconteceu, fiquei com a impressão de que a desobrigatoriedade não veio porque legisladores e conselheiros ficaram mais sábios, mas porque o lobby dos donos de faculdade é mais forte que o dos professores de educação física.

*Lobby: atividade de pressão de um grupo organizado sobre políticos e poderes públicos, que visa exercer sobre estes qualquer influência ao seu alcance.

(Hélio Schwartsman. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ helioschwartsman/2022/03/especialistas-deveriam-se-impor pelacompetencia-nao-pelo-lobby.shtml. 18.03.2022. Adaptado

São todas acentuadas em atendimento à mesma regra de acentuação gráfica as seguintes palavras extraídas do texto:
  • A: obrigatória; experiência; sábios.
  • B: possível; hábito; ciência.
  • C: fé; obrigatória; possível.
  • D: você; competência; sábios.
  • E: fé; física; competência.

Com relação a aspectos linguísticos do texto, julgue o item.

Os vocábulos “saúde” (linha 5) e “País” (linha 2) são acentuados graficamente de acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.
  • A: CERTO
  • B: ERRADO

Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
  • A: Vou à Brasília dos meus sonhos.
  • B: Pretendo viajar a Paraíba.
  • C: Ele gosta de bife à cavalo.
  • D: Ele tem dinheiro à valer.

Palavras que possuem a mesma pronúncia (podendo ou não ter a mesma grafia), mas que possuem significados diferentes são chamadas de
  • A: sinônimos
  • B: antônimos
  • C: parônimos
  • D: homônimos

Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamente por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
  • A: Vou à Brasília dos meus sonhos.
  • B: Pretendo viajar a Paraíba.
  • C: Ele gosta de bife à cavalo
  • D: Ele tem dinheiro à valer.

Assinale a alternativa em que a palavra deve receber o acento circunflexo, de forma correta:
  • A: Vôo
  • B: Crêem
  • C: Enjôo
  • D: Pôde

Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto apresentado, julgue os itens seguintes.

Em “sua eficácia é atribuída à sua fatalidade, não à sua intensidade visível” (segundo parágrafo), o emprego do acento indicativo de crase é facultativo em ambas as ocorrências.
  • A: CERTO
  • B: ERRADO

Para atender aos padrões de escrita formal do português, observando-se a norma-padrão, o acento grave indicativo da crase deve ser empregado em:
  • A: A paisagem a qual descrevi me deslumbra até hoje.
  • B: Não havia ninguém na rua quando a manhã se descortinou
  • C: Meu irmão demonstrava surpresa sempre que via as grades.
  • D: A velha senhora tem o olhar atento as belas paisagens da cidade
  • E: Minha percepção sobre o Rio mudou a partir da visão daquela senhora.

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