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“A universidade esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel; deram-mo com a solenidade do estilo, após os anos da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades - principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico estróina¹, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das constituições escritas. No dia em que a universidade me atestou, em pergaminho, uma ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma carta de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade. Guardei-o, deixei as margens do Mondego, e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de influir, de gozar, de viver - de prolongar a universidade pela vida adiante…”

¹Estróina = Irresponsável

(ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Saraiva, 2011)





Quando Machado de Assis escreveu este texto, utilizou de linguagem simples e coloquial à época, pois sua intenção não era produzir uma forma de literatura exclusiva, mas, sim, acessível. Não obstante, com o passar do tempo, o linguajar utilizado pelo autor hoje parece muito mais formal e rebuscado do que aquele que se costuma utilizar nos textos contemporâneos. Ainda assim, mesmo que alguns termos nos pareçam estranhos, esta obra do século XIX nos é até hoje compreensível, bastando que tenhamos algum domínio da norma culta.

Tendo isto em vista, assinale a alternativa abaixo que resume o texto de maneira mais apropriada.

  • A: Este texto foca nas experiências da juventude do narrador, versando sobre romances, libertinagem e o início de sua carreira profissional de diplomata na Europa Oriental.
  • B: Neste texto, o narrador nos diz que, apesar de ter sido um ótimo aluno, não recebeu qualquer reconhecimento acadêmico pelos seus pares na Europa senão enquanto boêmio.
  • C: Este texto versa sobre os anos em que o narrador esteve estudando em seu exílio em Portugal, relatando que a tristeza pelas dificuldades financeiras só desaparecia quando participava de festas.
  • D: Vivendo a vida universitária intensamente, o narrador nos mostra que esteve profundamente envolvido com a política acadêmica e foca nas explicações do mesmo acerca do que chamou de “romantismo prático” e “liberalismo teórico”.
  • E: Neste texto, o narrador fala sobre sua performance na universidade e pondera saudosamente o aproveitamento que teve de sua vida universitária, concluindo, por fim, que gostaria que o restante de sua existência fosse como uma continuidade daquela época.

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