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Terrorismo lógico
Antônio Prata

Said e Chérif Kouachi eram descendentes de imigrantes. Said e Chérif Kouachi são suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", na França. Se não houvesse imigrantes na França, não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo".

Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Zinedine Zidane é filho de argelinos. Zinedine Zidane é terrorista.

Zinedine Zidane é filho de argelinos. Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Said e Chérif Kouachi sabiam jogar futebol.

Muçulmanos são uma minoria na França. Membros de uma minoria são suspeitos do ataque terrorista. Olha aí no que dá defender minoria...

A esquerda francesa defende minorias. Membros de uma minoria são suspeitos pelo ataque terrorista. A esquerda francesa é culpada pelo ataque terrorista.

A extrema direita francesa demoniza os imigrantes. O ataque terrorista fortalece a extrema direita francesa. A extrema direita francesa está por trás do ataque terrorista.

Marine Le Pen é a líder da extrema direita francesa. "Le Pen" é "O Caneta", se tomarmos o artigo em francês e o substantivo em inglês. Eis aí uma demonstração de apoio da extrema direita francesa à liberdade de expressão – e aos erros de concordância nominal.

(Este último parágrafo não fez muito sentido. Os filmes do David Lynch não fazem muito sentido. Este último parágrafo é um filme do David Lynch.)

O "Charlie Hebdo" zoava Maomé. Eu zoo negão, zoo as bichinhas, zoo gorda, zoo geral! "Je suis Charlie!"

Humoristas brasileiros fazem piada racista, e as pessoas os criticam. "Charlie Hebdo" fez piada com religião, e terroristas o atacam. Criticar piada racista é terrorismo.

Numa democracia, é desejável que as pessoas sejam livres para se expressar. Algumas dessas expressões podem ofender indivíduos ou grupos. Numa democracia, é desejável que indivíduos ou grupos sejam ofendidos.

O "Charlie Hebdo" foi atacado por terroristas. A editora Abril foi pichada por meia dúzia de jacus. A editora Abril é Charlie.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. "Black blocs" usam gorros pretos. "Black blocs" são terroristas.

"Black blocs" não são terroristas. A polícia os trata como terroristas. Os "black blocs" têm o direito de tocar o terror.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. Drones não usam gorros pretos. Ataques com drones não são terrorismo.

Ataques com drones matam inocentes mundo afora. O "Ocidente" usa drones. É justificável o terror contra o "Ocidente".

O ataque terrorista contra o "Charlie Hebdo" foi no dia 7/1. A derrota brasileira para a Alemanha foi por 7 x 1. O 7 e o 1 devem ser imediatamente presos e submetidos a "técnicas reforçadas de interrogatório", tais como simulação de afogamento, privação de sono e alimentação via retal. Por via das dúvidas, o 6 e o 8 e o 0 e o 2 também.

Todo abacate é verde. O Incrível Hulk é verde. O Incrível Hulk é um abacate.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2015/01/1573334-terrorismo-logico.shtml. Acesso em: 2 fev. 2015.)

Observe os excertos retirados do texto, atentando para os itens grifados.

I. [...] não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo".
II. Marine Le Pen é a líder da extrema direita francesa.
III. Ataques com drones matam inocentes mundo afora.
IV. É justificável o terror contra o "Ocidente".

Exercem a mesma função sintática os itens grifados em:
  • A: I e II.
  • B: I e III.
  • C: I e IV.
  • D: II e III.
  • E: III e IV.

Terrorismo lógico
Antônio Prata

Said e Chérif Kouachi eram descendentes de imigrantes. Said e Chérif Kouachi são suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", na França. Se não houvesse imigrantes na França, não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo".

Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Zinedine Zidane é filho de argelinos. Zinedine Zidane é terrorista.

Zinedine Zidane é filho de argelinos. Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Said e Chérif Kouachi sabiam jogar futebol.

Muçulmanos são uma minoria na França. Membros de uma minoria são suspeitos do ataque terrorista. Olha aí no que dá defender minoria...

A esquerda francesa defende minorias. Membros de uma minoria são suspeitos pelo ataque terrorista. A esquerda francesa é culpada pelo ataque terrorista.

A extrema direita francesa demoniza os imigrantes. O ataque terrorista fortalece a extrema direita francesa. A extrema direita francesa está por trás do ataque terrorista.

Marine Le Pen é a líder da extrema direita francesa. "Le Pen" é "O Caneta", se tomarmos o artigo em francês e o substantivo em inglês. Eis aí uma demonstração de apoio da extrema direita francesa à liberdade de expressão – e aos erros de concordância nominal.

(Este último parágrafo não fez muito sentido. Os filmes do David Lynch não fazem muito sentido. Este último parágrafo é um filme do David Lynch.)

O "Charlie Hebdo" zoava Maomé. Eu zoo negão, zoo as bichinhas, zoo gorda, zoo geral! "Je suis Charlie!"

Humoristas brasileiros fazem piada racista, e as pessoas os criticam. "Charlie Hebdo" fez piada com religião, e terroristas o atacam. Criticar piada racista é terrorismo.

Numa democracia, é desejável que as pessoas sejam livres para se expressar. Algumas dessas expressões podem ofender indivíduos ou grupos. Numa democracia, é desejável que indivíduos ou grupos sejam ofendidos.

O "Charlie Hebdo" foi atacado por terroristas. A editora Abril foi pichada por meia dúzia de jacus. A editora Abril é Charlie.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. "Black blocs" usam gorros pretos. "Black blocs" são terroristas.

"Black blocs" não são terroristas. A polícia os trata como terroristas. Os "black blocs" têm o direito de tocar o terror.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. Drones não usam gorros pretos. Ataques com drones não são terrorismo.

Ataques com drones matam inocentes mundo afora. O "Ocidente" usa drones. É justificável o terror contra o "Ocidente".

O ataque terrorista contra o "Charlie Hebdo" foi no dia 7/1. A derrota brasileira para a Alemanha foi por 7 x 1. O 7 e o 1 devem ser imediatamente presos e submetidos a "técnicas reforçadas de interrogatório", tais como simulação de afogamento, privação de sono e alimentação via retal. Por via das dúvidas, o 6 e o 8 e o 0 e o 2 também.

Todo abacate é verde. O Incrível Hulk é verde. O Incrível Hulk é um abacate.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2015/01/1573334-terrorismo-logico.shtml. Acesso em: 2 fev. 2015.)

Todas as alternativas a seguir apresentam sugestões de reformulação do texto, entre parênteses, em consonância com a norma padrão do português, EXCETO:
  • A: A extrema direita francesa demoniza os imigrantes. (Os imigrantes são demonizados pela ex-trema direita francesa.)
  • B: A polícia os trata como terroristas. (A polícia trata-os como terroristas.)
  • C: O "Charlie Hebdo" foi atacado por terroristas. (Terroristas atacaram o "Charlie Hebdo".)
  • D: O ataque terrorista contra o "Charlie Hebdo" foi no dia 7/1. (O ataque terrorista contra o "Char-lie Hebdo" deu-se em 7/1.)
  • E: Se não houvesse imigrantes na França, não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo". (Não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo", se não houvessem imigrantes na França.)

Terrorismo lógico
Antônio Prata

Said e Chérif Kouachi eram descendentes de imigrantes. Said e Chérif Kouachi são suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", na França. Se não houvesse imigrantes na França, não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo".

Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Zinedine Zidane é filho de argelinos. Zinedine Zidane é terrorista.

Zinedine Zidane é filho de argelinos. Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Said e Chérif Kouachi sabiam jogar futebol.

Muçulmanos são uma minoria na França. Membros de uma minoria são suspeitos do ataque terrorista. Olha aí no que dá defender minoria...

A esquerda francesa defende minorias. Membros de uma minoria são suspeitos pelo ataque terrorista. A esquerda francesa é culpada pelo ataque terrorista.

A extrema direita francesa demoniza os imigrantes. O ataque terrorista fortalece a extrema direita francesa. A extrema direita francesa está por trás do ataque terrorista.

Marine Le Pen é a líder da extrema direita francesa. "Le Pen" é "O Caneta", se tomarmos o artigo em francês e o substantivo em inglês. Eis aí uma demonstração de apoio da extrema direita francesa à liberdade de expressão – e aos erros de concordância nominal.

(Este último parágrafo não fez muito sentido. Os filmes do David Lynch não fazem muito sentido. Este último parágrafo é um filme do David Lynch.)

O "Charlie Hebdo" zoava Maomé. Eu zoo negão, zoo as bichinhas, zoo gorda, zoo geral! "Je suis Charlie!"

Humoristas brasileiros fazem piada racista, e as pessoas os criticam. "Charlie Hebdo" fez piada com religião, e terroristas o atacam. Criticar piada racista é terrorismo.

Numa democracia, é desejável que as pessoas sejam livres para se expressar. Algumas dessas expressões podem ofender indivíduos ou grupos. Numa democracia, é desejável que indivíduos ou grupos sejam ofendidos.

O "Charlie Hebdo" foi atacado por terroristas. A editora Abril foi pichada por meia dúzia de jacus. A editora Abril é Charlie.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. "Black blocs" usam gorros pretos. "Black blocs" são terroristas.

"Black blocs" não são terroristas. A polícia os trata como terroristas. Os "black blocs" têm o direito de tocar o terror.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. Drones não usam gorros pretos. Ataques com drones não são terrorismo.

Ataques com drones matam inocentes mundo afora. O "Ocidente" usa drones. É justificável o terror contra o "Ocidente".

O ataque terrorista contra o "Charlie Hebdo" foi no dia 7/1. A derrota brasileira para a Alemanha foi por 7 x 1. O 7 e o 1 devem ser imediatamente presos e submetidos a "técnicas reforçadas de interrogatório", tais como simulação de afogamento, privação de sono e alimentação via retal. Por via das dúvidas, o 6 e o 8 e o 0 e o 2 também.

Todo abacate é verde. O Incrível Hulk é verde. O Incrível Hulk é um abacate.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2015/01/1573334-terrorismo-logico.shtml. Acesso em: 2 fev. 2015.)

Todas as alternativas abaixo trazem reformulações de trechos do texto sem comprometimento da orientação de sentido original, EXCETO em:
  • A: "Black blocs" não são terroristas, mas a polícia os trata como terroristas.
  • B: Humoristas brasileiros fazem piada racista, por isso as pessoas os criticam.
  • C: Numa democracia, é desejável que as pessoas sejam livres para se expressar, ainda que algumas dessas expressões possam ofender indivíduos ou grupos.
  • D: Said e Chérif Kouachi eram descendentes de imigrantes e são suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", na França.
  • E: Said e Chérif Kouachi, que são suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos, tal como Zinedine Zidane.

Terrorismo lógico
Antônio Prata

Said e Chérif Kouachi eram descendentes de imigrantes. Said e Chérif Kouachi são suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", na França. Se não houvesse imigrantes na França, não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo".

Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Zinedine Zidane é filho de argelinos. Zinedine Zidane é terrorista.

Zinedine Zidane é filho de argelinos. Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Said e Chérif Kouachi sabiam jogar futebol.

Muçulmanos são uma minoria na França. Membros de uma minoria são suspeitos do ataque terrorista. Olha aí no que dá defender minoria...

A esquerda francesa defende minorias. Membros de uma minoria são suspeitos pelo ataque terrorista. A esquerda francesa é culpada pelo ataque terrorista.

A extrema direita francesa demoniza os imigrantes. O ataque terrorista fortalece a extrema direita francesa. A extrema direita francesa está por trás do ataque terrorista.

Marine Le Pen é a líder da extrema direita francesa. "Le Pen" é "O Caneta", se tomarmos o artigo em francês e o substantivo em inglês. Eis aí uma demonstração de apoio da extrema direita francesa à liberdade de expressão – e aos erros de concordância nominal.

(Este último parágrafo não fez muito sentido. Os filmes do David Lynch não fazem muito sentido. Este último parágrafo é um filme do David Lynch.)

O "Charlie Hebdo" zoava Maomé. Eu zoo negão, zoo as bichinhas, zoo gorda, zoo geral! "Je suis Charlie!"

Humoristas brasileiros fazem piada racista, e as pessoas os criticam. "Charlie Hebdo" fez piada com religião, e terroristas o atacam. Criticar piada racista é terrorismo.

Numa democracia, é desejável que as pessoas sejam livres para se expressar. Algumas dessas expressões podem ofender indivíduos ou grupos. Numa democracia, é desejável que indivíduos ou grupos sejam ofendidos.

O "Charlie Hebdo" foi atacado por terroristas. A editora Abril foi pichada por meia dúzia de jacus. A editora Abril é Charlie.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. "Black blocs" usam gorros pretos. "Black blocs" são terroristas.

"Black blocs" não são terroristas. A polícia os trata como terroristas. Os "black blocs" têm o direito de tocar o terror.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. Drones não usam gorros pretos. Ataques com drones não são terrorismo.

Ataques com drones matam inocentes mundo afora. O "Ocidente" usa drones. É justificável o terror contra o "Ocidente".

O ataque terrorista contra o "Charlie Hebdo" foi no dia 7/1. A derrota brasileira para a Alemanha foi por 7 x 1. O 7 e o 1 devem ser imediatamente presos e submetidos a "técnicas reforçadas de interrogatório", tais como simulação de afogamento, privação de sono e alimentação via retal. Por via das dúvidas, o 6 e o 8 e o 0 e o 2 também.

Todo abacate é verde. O Incrível Hulk é verde. O Incrível Hulk é um abacate.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2015/01/1573334-terrorismo-logico.shtml. Acesso em: 2 fev. 2015.)

Do ponto de vista do gênero, o texto é:
  • A: um conto.
  • B: um texto de lógica filosófica.
  • C: uma crônica.
  • D: uma notícia.
  • E: uma piada.

Terrorismo lógico
Antônio Prata

Said e Chérif Kouachi eram descendentes de imigrantes. Said e Chérif Kouachi são suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", na França. Se não houvesse imigrantes na França, não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo".

Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Zinedine Zidane é filho de argelinos. Zinedine Zidane é terrorista.

Zinedine Zidane é filho de argelinos. Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Said e Chérif Kouachi sabiam jogar futebol.

Muçulmanos são uma minoria na França. Membros de uma minoria são suspeitos do ataque terrorista. Olha aí no que dá defender minoria...

A esquerda francesa defende minorias. Membros de uma minoria são suspeitos pelo ataque terrorista. A esquerda francesa é culpada pelo ataque terrorista.

A extrema direita francesa demoniza os imigrantes. O ataque terrorista fortalece a extrema direita francesa. A extrema direita francesa está por trás do ataque terrorista.

Marine Le Pen é a líder da extrema direita francesa. "Le Pen" é "O Caneta", se tomarmos o artigo em francês e o substantivo em inglês. Eis aí uma demonstração de apoio da extrema direita francesa à liberdade de expressão – e aos erros de concordância nominal.

(Este último parágrafo não fez muito sentido. Os filmes do David Lynch não fazem muito sentido. Este último parágrafo é um filme do David Lynch.)

O "Charlie Hebdo" zoava Maomé. Eu zoo negão, zoo as bichinhas, zoo gorda, zoo geral! "Je suis Charlie!"

Humoristas brasileiros fazem piada racista, e as pessoas os criticam. "Charlie Hebdo" fez piada com religião, e terroristas o atacam. Criticar piada racista é terrorismo.

Numa democracia, é desejável que as pessoas sejam livres para se expressar. Algumas dessas expressões podem ofender indivíduos ou grupos. Numa democracia, é desejável que indivíduos ou grupos sejam ofendidos.

O "Charlie Hebdo" foi atacado por terroristas. A editora Abril foi pichada por meia dúzia de jacus. A editora Abril é Charlie.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. "Black blocs" usam gorros pretos. "Black blocs" são terroristas.

"Black blocs" não são terroristas. A polícia os trata como terroristas. Os "black blocs" têm o direito de tocar o terror.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. Drones não usam gorros pretos. Ataques com drones não são terrorismo.

Ataques com drones matam inocentes mundo afora. O "Ocidente" usa drones. É justificável o terror contra o "Ocidente".

O ataque terrorista contra o "Charlie Hebdo" foi no dia 7/1. A derrota brasileira para a Alemanha foi por 7 x 1. O 7 e o 1 devem ser imediatamente presos e submetidos a "técnicas reforçadas de interrogatório", tais como simulação de afogamento, privação de sono e alimentação via retal. Por via das dúvidas, o 6 e o 8 e o 0 e o 2 também.

Todo abacate é verde. O Incrível Hulk é verde. O Incrível Hulk é um abacate.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2015/01/1573334-terrorismo-logico.shtml. Acesso em: 2 fev. 2015.)

Em “Este último parágrafo não fez muito sentido”, o enunciador remete o leitor
  • A: à falta de coerência da direita francesa.
  • B: à quantidade de inferências que o parágrafo demanda ao leitor.
  • C: aos aludidos problemas formais dos discursos de Marine Le Pen.
  • D: aos filmes herméticos do diretor David Lynch.
  • E: às relações e conclusões estabelecidas com o sobrenome de Marine Le Pen

Terrorismo lógico
Antônio Prata

Said e Chérif Kouachi eram descendentes de imigrantes. Said e Chérif Kouachi são suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", na França. Se não houvesse imigrantes na França, não teria havido ataque ao "Charlie Hebdo".

Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Zinedine Zidane é filho de argelinos. Zinedine Zidane é terrorista.

Zinedine Zidane é filho de argelinos. Said e Chérif Kouachi, suspeitos do ataque ao jornal "Charlie Hebdo", eram filhos de argelinos. Said e Chérif Kouachi sabiam jogar futebol.

Muçulmanos são uma minoria na França. Membros de uma minoria são suspeitos do ataque terrorista. Olha aí no que dá defender minoria...

A esquerda francesa defende minorias. Membros de uma minoria são suspeitos pelo ataque terrorista. A esquerda francesa é culpada pelo ataque terrorista.

A extrema direita francesa demoniza os imigrantes. O ataque terrorista fortalece a extrema direita francesa. A extrema direita francesa está por trás do ataque terrorista.

Marine Le Pen é a líder da extrema direita francesa. "Le Pen" é "O Caneta", se tomarmos o artigo em francês e o substantivo em inglês. Eis aí uma demonstração de apoio da extrema direita francesa à liberdade de expressão – e aos erros de concordância nominal.

(Este último parágrafo não fez muito sentido. Os filmes do David Lynch não fazem muito sentido. Este último parágrafo é um filme do David Lynch.)

O "Charlie Hebdo" zoava Maomé. Eu zoo negão, zoo as bichinhas, zoo gorda, zoo geral! "Je suis Charlie!"

Humoristas brasileiros fazem piada racista, e as pessoas os criticam. "Charlie Hebdo" fez piada com religião, e terroristas o atacam. Criticar piada racista é terrorismo.

Numa democracia, é desejável que as pessoas sejam livres para se expressar. Algumas dessas expressões podem ofender indivíduos ou grupos. Numa democracia, é desejável que indivíduos ou grupos sejam ofendidos.

O "Charlie Hebdo" foi atacado por terroristas. A editora Abril foi pichada por meia dúzia de jacus. A editora Abril é Charlie.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. "Black blocs" usam gorros pretos. "Black blocs" são terroristas.

"Black blocs" não são terroristas. A polícia os trata como terroristas. Os "black blocs" têm o direito de tocar o terror.

Os terroristas que atacaram o jornal "Charlie Hebdo" usavam gorros pretos. Drones não usam gorros pretos. Ataques com drones não são terrorismo.

Ataques com drones matam inocentes mundo afora. O "Ocidente" usa drones. É justificável o terror contra o "Ocidente".

O ataque terrorista contra o "Charlie Hebdo" foi no dia 7/1. A derrota brasileira para a Alemanha foi por 7 x 1. O 7 e o 1 devem ser imediatamente presos e submetidos a "técnicas reforçadas de interrogatório", tais como simulação de afogamento, privação de sono e alimentação via retal. Por via das dúvidas, o 6 e o 8 e o 0 e o 2 também.

Todo abacate é verde. O Incrível Hulk é verde. O Incrível Hulk é um abacate.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2015/01/1573334-terrorismo-logico.shtml. Acesso em: 2 fev. 2015.)

Leia as considerações abaixo, sobre o texto.

I. Os recursos de construção recorrentemente adotados em cada parágrafo do texto atuam diretamente na construção da ironia.
II. O texto toma como objeto central de reflexão os ataques terroristas na França.
III. Em alguns parágrafos do texto, revela-se, de forma explícita, a defesa do autor ao combate ao terror do Ocidente.
IV. Subjaz ao texto uma crítica à fragilidade das generalizações e conclusões apressadas ou inconsistentes.

Está CORRETO apenas o que se afirma em:
  • A: I e II.
  • B: I e IV.
  • C: II.
  • D: II e III.
  • E: III e IV.

DÉMODÉ*
Mário Viana

Na próxima faxina, vai ser preciso empurrar para o fundo do armário os barquinhos de maionese, os picles espetados no repolho e as taças de coquetel de camarão. Com jeitinho, também cabem o bilboquê e o ioiô que apitava. É necessário espaço para acomodar tudo aquilo que sai de moda. Por exemplo: as expressões “com licença”, “por favor” e “obrigado” estão, todas, caindo no mais completo desuso, feito uma calça de Tergal ou uma camisa Volta ao Mundo.

Atualmente, gentileza só gera gentileza em fotinho de rede social. Na real, o que vale de verdade é a versão urbana da lei da selva. Incontáveis vezes, sou pego de surpresa na sala do cinema ou do teatro por uma pessoa plantada de pé, ao meu lado, esperando que eu abra caminho para sua passagem. Eu cedo e ela passa, sem emitir um som. Faz sentido: se não pede licença, a criatura não sabe agradecer. Nos ônibus e metrôs também há o bônus da mochila, cada vez maior e mais pesada. Deduzo que todas elas são recheadas de livros, cadernos, pares de tênis, roupa de frio, marmita, duas melancias, um bote inflável (nunca se sabe quando a chuva vem) e, desconfio ainda, o corpo embalsamado do bicho de estimação. Só isso explica a corcova sólida e intransponível que bloqueia corredores a qualquer hora do dia ou da noite. Nem adianta apelar para a antiga fórmula do “com licença”. Ela perdeu o significado.

Outro item fadado à vala comum dos esquecidos é a letra R, usada no final de algumas palavras para significar o infinitivo de um verbo. Fazer, beijar, gostar, perder, seguir — você sabe que são verbos justamente por causa da última letra. Pois não é que as redes sociais, mancomunadas com a baixa qualidade do ensino, estão aniquilando a função do R? No Twitter, é um verdadeiro festival de “vou faze bolo pq o Zé vem me visita”.

Para decifrar alguns posts — marcados também pela absoluta ausência de vírgulas, acentos e pontos —, é preciso anos de estágio nos livros de José Saramago e Valter Hugo Mãe. Apegar-se à ortografia tradicional é perda de tempo e beira a caretice reclamar. Uma vez, corrigi alguém no Twitter e fui espinafrado até a última geração. “O Twitter é meu e eu escrevo do jeito que quise” — sem o R, claro. Não se trata de ataque nostálgico. O tempo dos objetos passa, a língua tem lá sua dinâmica e até mesmo as fórmulas de etiqueta mudam conforme o tempo ou o lugar — até hoje, os chineses arrotam para mostrar que gostaram da refeição. Mas prefiro acreditar que um pouco de gentileza sem pedantismo nunca vai fazer mal a ninguém.

Escrever certo deveria ser princípio fundamental para quem gosta de se comunicar. Ironicamente, nunca se escreveu tanto no mundo: nas ruas, salas de espera, ônibus, em qualquer lugar, há sempre alguém mandando um torpedo no seu smartphone do último tipo. Às vezes, chego ao fim do dia exausto de ter “conversado” com gente do mundo inteiro. Espantado, eu me dou conta de não ter aberto a boca. Foi tudo por escrito — e-mail, post, Twitter, torpedo. Se isso acontecer com você, faça como eu: cante alto, solte um palavrão, fale qualquer coisa sem sentido, principalmente se estiver sozinho em casa. Apenas ouça o som que sai da sua garganta. Impeça que sua voz, feia ou bonita, vire um item fora de moda.

Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/cronica-demode-mario-viana/ Acesso em: 13 set. 2018. *Démodé: fora de moda

*Démodé: fora de moda

I. Daqui ___ alguns anos estaremos sem água, se não mudarmos de postura.
II ___ dias que não o vemos.
III Todos chegaram ___ tempo.

A alternativa que preenche corretamente as lacunas das orações é
  • A: a - à - a
  • B: à - a - a
  • C: a - a - há
  • D: a - há - a

DÉMODÉ*
Mário Viana

Na próxima faxina, vai ser preciso empurrar para o fundo do armário os barquinhos de maionese, os picles espetados no repolho e as taças de coquetel de camarão. Com jeitinho, também cabem o bilboquê e o ioiô que apitava. É necessário espaço para acomodar tudo aquilo que sai de moda. Por exemplo: as expressões “com licença”, “por favor” e “obrigado” estão, todas, caindo no mais completo desuso, feito uma calça de Tergal ou uma camisa Volta ao Mundo.

Atualmente, gentileza só gera gentileza em fotinho de rede social. Na real, o que vale de verdade é a versão urbana da lei da selva. Incontáveis vezes, sou pego de surpresa na sala do cinema ou do teatro por uma pessoa plantada de pé, ao meu lado, esperando que eu abra caminho para sua passagem. Eu cedo e ela passa, sem emitir um som. Faz sentido: se não pede licença, a criatura não sabe agradecer. Nos ônibus e metrôs também há o bônus da mochila, cada vez maior e mais pesada. Deduzo que todas elas são recheadas de livros, cadernos, pares de tênis, roupa de frio, marmita, duas melancias, um bote inflável (nunca se sabe quando a chuva vem) e, desconfio ainda, o corpo embalsamado do bicho de estimação. Só isso explica a corcova sólida e intransponível que bloqueia corredores a qualquer hora do dia ou da noite. Nem adianta apelar para a antiga fórmula do “com licença”. Ela perdeu o significado.

Outro item fadado à vala comum dos esquecidos é a letra R, usada no final de algumas palavras para significar o infinitivo de um verbo. Fazer, beijar, gostar, perder, seguir — você sabe que são verbos justamente por causa da última letra. Pois não é que as redes sociais, mancomunadas com a baixa qualidade do ensino, estão aniquilando a função do R? No Twitter, é um verdadeiro festival de “vou faze bolo pq o Zé vem me visita”.

Para decifrar alguns posts — marcados também pela absoluta ausência de vírgulas, acentos e pontos —, é preciso anos de estágio nos livros de José Saramago e Valter Hugo Mãe. Apegar-se à ortografia tradicional é perda de tempo e beira a caretice reclamar. Uma vez, corrigi alguém no Twitter e fui espinafrado até a última geração. “O Twitter é meu e eu escrevo do jeito que quise” — sem o R, claro. Não se trata de ataque nostálgico. O tempo dos objetos passa, a língua tem lá sua dinâmica e até mesmo as fórmulas de etiqueta mudam conforme o tempo ou o lugar — até hoje, os chineses arrotam para mostrar que gostaram da refeição. Mas prefiro acreditar que um pouco de gentileza sem pedantismo nunca vai fazer mal a ninguém.

Escrever certo deveria ser princípio fundamental para quem gosta de se comunicar. Ironicamente, nunca se escreveu tanto no mundo: nas ruas, salas de espera, ônibus, em qualquer lugar, há sempre alguém mandando um torpedo no seu smartphone do último tipo. Às vezes, chego ao fim do dia exausto de ter “conversado” com gente do mundo inteiro. Espantado, eu me dou conta de não ter aberto a boca. Foi tudo por escrito — e-mail, post, Twitter, torpedo. Se isso acontecer com você, faça como eu: cante alto, solte um palavrão, fale qualquer coisa sem sentido, principalmente se estiver sozinho em casa. Apenas ouça o som que sai da sua garganta. Impeça que sua voz, feia ou bonita, vire um item fora de moda.

Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/cronica-demode-mario-viana/ Acesso em: 13 set. 2018. *Démodé: fora de moda

*Démodé: fora de moda

Todos os termos destacados têm natureza adverbial, EXCETO em:
  • A: “Se isso acontecer com você, faça como eu: cante alto, solte um palavrão [...].”
  • B: “Faz sentido: se não pede licença, a criatura não sabe agradecer.”
  • C: “É necessário espaço para acomodar tudo aquilo que sai de moda.”
  • D:Atualmente, gentileza só gera gentileza em fotinho de rede social.”

DÉMODÉ*
Mário Viana

Na próxima faxina, vai ser preciso empurrar para o fundo do armário os barquinhos de maionese, os picles espetados no repolho e as taças de coquetel de camarão. Com jeitinho, também cabem o bilboquê e o ioiô que apitava. É necessário espaço para acomodar tudo aquilo que sai de moda. Por exemplo: as expressões “com licença”, “por favor” e “obrigado” estão, todas, caindo no mais completo desuso, feito uma calça de Tergal ou uma camisa Volta ao Mundo.

Atualmente, gentileza só gera gentileza em fotinho de rede social. Na real, o que vale de verdade é a versão urbana da lei da selva. Incontáveis vezes, sou pego de surpresa na sala do cinema ou do teatro por uma pessoa plantada de pé, ao meu lado, esperando que eu abra caminho para sua passagem. Eu cedo e ela passa, sem emitir um som. Faz sentido: se não pede licença, a criatura não sabe agradecer. Nos ônibus e metrôs também há o bônus da mochila, cada vez maior e mais pesada. Deduzo que todas elas são recheadas de livros, cadernos, pares de tênis, roupa de frio, marmita, duas melancias, um bote inflável (nunca se sabe quando a chuva vem) e, desconfio ainda, o corpo embalsamado do bicho de estimação. Só isso explica a corcova sólida e intransponível que bloqueia corredores a qualquer hora do dia ou da noite. Nem adianta apelar para a antiga fórmula do “com licença”. Ela perdeu o significado.

Outro item fadado à vala comum dos esquecidos é a letra R, usada no final de algumas palavras para significar o infinitivo de um verbo. Fazer, beijar, gostar, perder, seguir — você sabe que são verbos justamente por causa da última letra. Pois não é que as redes sociais, mancomunadas com a baixa qualidade do ensino, estão aniquilando a função do R? No Twitter, é um verdadeiro festival de “vou faze bolo pq o Zé vem me visita”.

Para decifrar alguns posts — marcados também pela absoluta ausência de vírgulas, acentos e pontos —, é preciso anos de estágio nos livros de José Saramago e Valter Hugo Mãe. Apegar-se à ortografia tradicional é perda de tempo e beira a caretice reclamar. Uma vez, corrigi alguém no Twitter e fui espinafrado até a última geração. “O Twitter é meu e eu escrevo do jeito que quise” — sem o R, claro. Não se trata de ataque nostálgico. O tempo dos objetos passa, a língua tem lá sua dinâmica e até mesmo as fórmulas de etiqueta mudam conforme o tempo ou o lugar — até hoje, os chineses arrotam para mostrar que gostaram da refeição. Mas prefiro acreditar que um pouco de gentileza sem pedantismo nunca vai fazer mal a ninguém.

Escrever certo deveria ser princípio fundamental para quem gosta de se comunicar. Ironicamente, nunca se escreveu tanto no mundo: nas ruas, salas de espera, ônibus, em qualquer lugar, há sempre alguém mandando um torpedo no seu smartphone do último tipo. Às vezes, chego ao fim do dia exausto de ter “conversado” com gente do mundo inteiro. Espantado, eu me dou conta de não ter aberto a boca. Foi tudo por escrito — e-mail, post, Twitter, torpedo. Se isso acontecer com você, faça como eu: cante alto, solte um palavrão, fale qualquer coisa sem sentido, principalmente se estiver sozinho em casa. Apenas ouça o som que sai da sua garganta. Impeça que sua voz, feia ou bonita, vire um item fora de moda.

Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/cronica-demode-mario-viana/ Acesso em: 13 set. 2018. *Démodé: fora de moda

*Démodé: fora de moda

A posição do pronome oblíquo é facultativa em:
  • A: “Não se trata de ataque nostálgico.”
  • B: “Ironicamente, nunca se escreveu tanto no mundo: nas ruas, salas de espera, ônibus, em qualquer lugar [...].”
  • C: “Espantado, eu me dou conta de não ter aberto a boca.”
  • D: “Escrever certo deveria ser princípio fundamental para quem gosta de se comunicar.”

DÉMODÉ*
Mário Viana

Na próxima faxina, vai ser preciso empurrar para o fundo do armário os barquinhos de maionese, os picles espetados no repolho e as taças de coquetel de camarão. Com jeitinho, também cabem o bilboquê e o ioiô que apitava. É necessário espaço para acomodar tudo aquilo que sai de moda. Por exemplo: as expressões “com licença”, “por favor” e “obrigado” estão, todas, caindo no mais completo desuso, feito uma calça de Tergal ou uma camisa Volta ao Mundo.

Atualmente, gentileza só gera gentileza em fotinho de rede social. Na real, o que vale de verdade é a versão urbana da lei da selva. Incontáveis vezes, sou pego de surpresa na sala do cinema ou do teatro por uma pessoa plantada de pé, ao meu lado, esperando que eu abra caminho para sua passagem. Eu cedo e ela passa, sem emitir um som. Faz sentido: se não pede licença, a criatura não sabe agradecer. Nos ônibus e metrôs também há o bônus da mochila, cada vez maior e mais pesada. Deduzo que todas elas são recheadas de livros, cadernos, pares de tênis, roupa de frio, marmita, duas melancias, um bote inflável (nunca se sabe quando a chuva vem) e, desconfio ainda, o corpo embalsamado do bicho de estimação. Só isso explica a corcova sólida e intransponível que bloqueia corredores a qualquer hora do dia ou da noite. Nem adianta apelar para a antiga fórmula do “com licença”. Ela perdeu o significado.

Outro item fadado à vala comum dos esquecidos é a letra R, usada no final de algumas palavras para significar o infinitivo de um verbo. Fazer, beijar, gostar, perder, seguir — você sabe que são verbos justamente por causa da última letra. Pois não é que as redes sociais, mancomunadas com a baixa qualidade do ensino, estão aniquilando a função do R? No Twitter, é um verdadeiro festival de “vou faze bolo pq o Zé vem me visita”.

Para decifrar alguns posts — marcados também pela absoluta ausência de vírgulas, acentos e pontos —, é preciso anos de estágio nos livros de José Saramago e Valter Hugo Mãe. Apegar-se à ortografia tradicional é perda de tempo e beira a caretice reclamar. Uma vez, corrigi alguém no Twitter e fui espinafrado até a última geração. “O Twitter é meu e eu escrevo do jeito que quise” — sem o R, claro. Não se trata de ataque nostálgico. O tempo dos objetos passa, a língua tem lá sua dinâmica e até mesmo as fórmulas de etiqueta mudam conforme o tempo ou o lugar — até hoje, os chineses arrotam para mostrar que gostaram da refeição. Mas prefiro acreditar que um pouco de gentileza sem pedantismo nunca vai fazer mal a ninguém.

Escrever certo deveria ser princípio fundamental para quem gosta de se comunicar. Ironicamente, nunca se escreveu tanto no mundo: nas ruas, salas de espera, ônibus, em qualquer lugar, há sempre alguém mandando um torpedo no seu smartphone do último tipo. Às vezes, chego ao fim do dia exausto de ter “conversado” com gente do mundo inteiro. Espantado, eu me dou conta de não ter aberto a boca. Foi tudo por escrito — e-mail, post, Twitter, torpedo. Se isso acontecer com você, faça como eu: cante alto, solte um palavrão, fale qualquer coisa sem sentido, principalmente se estiver sozinho em casa. Apenas ouça o som que sai da sua garganta. Impeça que sua voz, feia ou bonita, vire um item fora de moda.

Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/cronica-demode-mario-viana/ Acesso em: 13 set. 2018. *Démodé: fora de moda

*Démodé: fora de moda

A ideia expressa pelos termos destacados está corretamente identificada entre parênteses, EXCETO em:
  • A: “Faz sentido: se não pede licença, a criatura não sabe agradecer.” (condição)
  • B:Mas prefiro acreditar que um pouco de gentileza sem pedantismo nunca vai fazer mal a ninguém.” (oposição)
  • C: “O tempo dos objetos passa, a língua tem lá sua dinâmica e até mesmo as fórmulas de etiqueta mudam conforme o tempo ou o lugar [...].” (comparação)
  • D:Para decifrar alguns posts — marcados também pela absoluta ausência de vírgulas, acentos e pontos —, é preciso anos de estágio nos livros de José Saramago e Valter Hugo Mãe.” (finalidade)

Exibindo de 9201 até 9210 de 24771 questões.
Atuo no ensino da Língua Portuguesa para concurso público desde 2000.
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