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Foram encontradas 24771 questões.
1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Julgue o item, que consistem em propostas de substituição para vocábulos e trechos destacados do texto, no que se refere à correção gramatical e à coerência das ideias do texto.

“de que” (linha 4) por da qual
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Julgue o item, que consistem em propostas de substituição para vocábulos e trechos destacados do texto, no que se refere à correção gramatical e à coerência das ideias do texto.

“esta” (linha 8) por essa
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Julgue o item, que consistem em propostas de substituição para vocábulos e trechos destacados do texto, no que se refere à correção gramatical e à coerência das ideias do texto.

“falar com um número excessivo de pessoas” (linha 11) por falar com um grande número de pessoas
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Julgue o item, que consistem em propostas de substituição para vocábulos e trechos destacados do texto, no que se refere à correção gramatical e à coerência das ideias do texto.

“torturante” (linha 13) por excruciante
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Julgue o item, que consistem em propostas de substituição para vocábulos e trechos destacados do texto, no que se refere à correção gramatical e à coerência das ideias do texto.

“dele” (linha 33) por seu
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Julgue o item, que consistem em propostas de substituição para vocábulos e trechos destacados do texto, no que se refere à correção gramatical e à coerência das ideias do texto.

“fujamos” (linha 34) por Fujamos
  • A: Certo
  • B: Errado

1 Leio a reclamação de um repórter irritado que
precisava falar com um delegado e lhe disseram que o homem
havia ido tomar um cafezinho. Ele esperou longamente, e
4 chegou à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro
tomando café.
Tinha razão o rapaz de ficar zangado. Mas com um
7 pouco de imaginação e bom humor podemos pensar que uma
das delícias do gênio carioca é exatamente esta frase:
– Ele foi tomar café.
10 A vida é triste e complicada. Diariamente é preciso
falar com um número excessivo de pessoas. O remédio é ir
tomar um “cafezinho”. Para quem espera nervosamente, esse
13 “cafezinho” é qualquer coisa infinita e torturante.
Depois de esperar duas ou três horas dá vontade de
dizer:
16 – Bem cavalheiro, eu me retiro. Naturalmente o Sr.
Bonifácio morreu afogado no cafezinho.
Ah, sim, mergulhemos de corpo e alma no cafezinho.
19 Sim, deixemos em todos os lugares este recado simples e
vago:
– Ele saiu para tomar um café e disse que volta já.
22 Quando a Bem-amada vier com seus olhos tristes e
perguntar:
– Ele está?
25 – Alguém dará o nosso recado sem endereço.
Quando vier o amigo e quando vier o credor, e
quando vier o parente, e quando vier a tristeza, e quando a
28 morte vier, o recado será o mesmo:
– Ele disse que ia tomar um cafezinho…
Podemos, ainda, deixar o chapéu. Devemos até
31 comprar um chapéu especialmente para deixá-lo. Assim dirão:
– Ele foi tomar um café. Com certeza volta logo.
O chapéu dele está aí…
34 Ah! fujamos assim, sem drama, sem tristeza, fujamos assim. A vida é complicada demais. Gastamos muito
pensamento, muito sentimento, muita palavra. O melhor é
37 não estar.
Quando vier a grande hora de nosso destino nós
teremos saído há uns cinco minutos para tomar um café.
40 Vamos, vamos tomar um cafezinho.

Rubem Braga. O Conde e o passarinho & Morro do isolamento. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.156-7.

Julgue o item, que consistem em propostas de substituição para vocábulos e trechos destacados do texto, no que se refere à correção gramatical e à coerência das ideias do texto.

“há” (linha 39) por a
  • A: Certo
  • B: Errado

Julgue o item, considerando a correção gramatical dos trechos apresentados e a adequação da linguagem à correspondência oficial.



Solicitamos a essa chefia para instruir os novos técnicos administrativos a realizar serviços operacionais e administrativos, tendo em vista o funcionamento deste Conselho, conforme às regras e procedimentos estabelecidos.
  • A: Certo
  • B: Errado

Julgue o item, considerando a correção gramatical dos trechos apresentados e a adequação da linguagem à correspondência oficial.



Esclareço que, para mim, não está certo os levantamentos de dados referentes a assuntos técnicos administrativos, a fim de serem utilizados por terceiros interessados nos dados necessários ao seu controle, então não concordo com a sua iniciativa.
  • A: Certo
  • B: Errado

Atenção: Para responder à questão, leia a crônica O lendário país do recall, de Moacyr Scliar.

1. Leitora manda boneca para recall e não a recebe de volta. Como explicar para uma criança que seus brinquedos foram embora há três meses e não voltaram? (Cotidiano, 25/02/2008)

2. “Minha querida dona: quem lhe escreve sou eu, a sua fiel e querida boneca, que você não vê há três meses. Sei que você sente muitas saudades, porque eu também sinto saudades de você. Lembro de você me pegando no colo, me chamando de filhinha, me dando papinha... Você era, e é, minha mãezinha querida, e é por isso que estou lhe mandando esta carta, por meio do cara que assina esta coluna e que, sendo escritor, acredita nas coisas da imaginação.

3. Posso lhe dizer, querida, que vivi uma tremenda aventura, uma aventura que em vários momentos me deixou apavorada. Porque tive de viajar para o distante país do recall. Aposto que você nem sabia da existência desse lugar; eu, pelo menos, não sabia. Para lá fui enviada. Não só eu: bonecas defeituosas, ursinhos idem, eletrodomésticos que não funcionavam e peças de automóvel quebradas. Nós todos ali, na traseira de um gigantesco caminhão que andava, andava sem parar. Finalmente chegamos, e ali estávamos, no misterioso e, para mim, assustador país do recall. Um homem nos recebeu e anunciou, muito secamente, que o nosso destino em breve seria traçado: as bonecas que tivessem conserto seriam consertadas e mandadas de volta para os donos; quanto tempo isso levaria era imprevisível, mas três meses era o mínimo. Uma boneca que estava do meu lado, a Liloca, perguntou, com os olhos arregalados, o que aconteceria a quem não tivesse conserto. O homem não disse nada, mas seu sorriso sinistro falava por si.

4. Passamos a noite num enorme pavilhão destinado especialmente às bonecas. Éramos centenas ali, algumas com probleminhas pequenos (um braço fora do lugar, por exemplo), outras já num estado lamentável. Estava muito claro que para várias de nós não haveria volta.

5. Naquela noite conversei muito com minha amiga Liloca − sim, querida dona, àquela altura já éramos amigas. O infortúnio tinha nos unido. Outras bonecas juntaram-se a nós e logo formamos um grande grupo. Estávamos preocupadas com o que poderia nos suceder. De repente a Liloca gritou: ‘Mas gente, nós não somos obrigados a aceitar isso! Vamos fazer alguma coisa!’. Nós a olhamos, espantadas: fazer alguma coisa? Mas fazer o quê? Liloca tinha uma resposta: vamos tomar o poder. Vamos nos apossar do país do recall.

6. No começo aquilo nos pareceu absurdo. Mas Liloca sabia do que estava falando. A mãe da dona dela tinha sido uma militante revolucionária e sempre falava nisso, na necessidade de mudar o mundo, de dar o poder aos mais fracos. Ora, dizia Liloca, ninguém mais fraco do que nós, pobres, desamparados e defeituosos brinquedos. Não deveríamos aguardar resignadamente que decidissem o que fazer com a gente.

7. De modo, querida dona, que estamos aqui preparando a revolução. Breve estaremos governando o país do recall. Mas não se preocupe, eu a convidarei para me visitar. Você poderá vir a qualquer hora. E não precisará de recall para isso.


(Adaptado de: Moacyr Scliar. Histórias que os jornais não contam. Porto Alegre: L&PM, 2018)

Na construção de sua crônica, Moacyr Scliar recorre fundamentalmente à seguinte figura de linguagem:
  • A: hipérbole.
  • B: eufemismo.
  • C: personificação.
  • D: antítese.
  • E: pleonasmo.

Exibindo de 2941 até 2950 de 24771 questões.