Questões

Filtrar por:

limpar filtros

Foram encontradas 1 questões.
Vou-me Embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


Fonte: BANDEIRA, M., Bandeira a Vida Inteira, Editora Alumbramento, Rio de Janeiro, 1986. Adaptado.

Analisando as técnicas literárias empregadas por Manuel Bandeira no poema "Vou-me Embora pra Pasárgada", é possível identificar a presença de:
  • A: hipérbato, como recurso para enfatizar a ordem inversa da fuga para Pasárgada;
  • B: eufemismo, suavizando a gravidade do descontentamento com a realidade;
  • C: anáfora, na repetição de frases para reforçar a ideia de insatisfação e desejo de escapismo;
  • D: antítese, evidenciando o contraste entre a realidade vivida e o mundo idealizado de Pasárgada;
  • E: prosopopeia, dando características humanas a elementos da natureza presentes no texto.

Exibindo de 1 até 1 de 1 questões.