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                                                                                   Meu bem, meu mal
 
        Na psicologia social, há uma definição de comportamento conhecida como “licença moral”. É o consentimento que autoriza as pessoas que praticam uma boa ação a compensá-la com o avesso. Dito de outro modo: quando alguém está certo de ter feito o bem, com compaixão e generosidade, pode sentir-se liberado para fazer o mal, com posturas egoístas, preconceituosas, antiéticas e – que surpresa! – até corruptas. No mundo corporativo, em que se aplaudem as companhias que cultivam valores morais e éticos, com doações e responsabilidade social, os desvios costumam cair como baldes de água fria e decepção – e estão longe de representar uma raridade. “No Brasil, muitas das empresas que são investigadas em esquemas de corrupção têm o seu instituto e sua fundação com ações filantrópicas, mas ao mesmo tempo estão envolvidas em conluio setorial, cartel implícito ou formas de ganhar recursos de bancos públicos”, diz o professor Sérgio Lazzarini, colunista de VEJA.
        Esse fenômeno acaba de receber amparo acadêmico. Um trabalho realizado pelos economistas John List e Fatemeh Momeni, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, põe em xeque a tese da benevolência como uma postura inquebrantável. O estudo revela que trabalhar para uma empresa socialmente responsável pode motivar os empregados a agir de forma exatamente oposta em outras searas. Eles se tornam irresponsáveis, mais propensos a trapacear. Para os autores, o gesto de bondade deflagra uma espécie de crédito para praticar desvios em outros contextos.
        Mas, afinal de contas, todas as pessoas que doam trapaceiam? É atávico? Não necessariamente. A construção psicológica que diz que, “se fiz um bem, posso então relaxar e fazer algo errado” não é aplicada a todos, de modo incondicional. Há regras morais claras, muitas vezes jogadas para debaixo do tapete, mas que nunca deixam de incomodar, silenciosamente. Diz a psicóloga e professora Denise Ramos: “Nenhum corrupto é inconsciente. A pessoa sempre sabe o que está fazendo”. O nó, descoberto pelos professores de Chicago, é que, numa brincadeira com o batido adágio, assim como não há mal que dure para sempre, também não há bem que se eternize. É uma pena. Mas é humano, demasiadamente humano.
                                                                                             (Natália Cuminale. Veja, 07.03.2018. Adaptado)





Observe o emprego de dois-pontos e do travessão duplo na seguinte passagem:

(I) Dito de outro modo: quando alguém está certo de ter feito o bem, com compaixão e generosidade, pode sentir-se liberado para fazer o mal, com posturas egoístas, preconceituosas, antiéticas e (II) – que surpresa! – até corruptas.

É correto afirmar que, com esses sinais de pontuação, a autora tem o objetivo de

  • A: em (I) introduzir uma informação nova no contexto; em (II) expressar antecipadamente a reação que o leitor terá diante do assunto tratado.
  • B: em (I e II) explicar uma passagem anterior obscura, levando o leitor a concordar com os pontos de vista dela.
  • C: em (I) apresentar uma nova versão para fato anteriormente relatado; em (II) expressar a possibilidade de seu ponto de vista chocar o leitor.
  • D: em (I) detalhar uma ideia anteriormente expressa; em (II) intercalar a expressão de uma reação pessoal diante do comportamento que comenta.
  • E: em (I e II) apontar a possibilidade de os fatos serem contraditórios, embora estejam associados pela ideia de corrupção.

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