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“A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa.”

São figuras de linguagem identificáveis no fragmento acima, EXCETO:
  • A: Antítese.
  • B: Ironia.
  • C: Metáfora.
  • D: Perífrase.

Do moderno ao pós-moderno
Frei Betto / 14/05/2017 - 06h00


A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa.

Pouco afeitos ao delírio e à poesia, não prestamos atenção à crítica romântica da modernidade – Byron, Rimbaud, Burckhardt, Nietzsche e Jarry. Agora, olhamos em volta e o que vemos? As ruínas do Muro de Berlim, a Estátua da Liberdade tendo o mesmo efeito no planeta que o Cristo do Corcovado na vida cristã dos cariocas, o desencanto com a política, o ceticismo frente aos valores.

Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentária, o sincretismo do olhar, a disseminação, a ruptura e a dispersão. O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação.

O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.

Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e o estético. Que análise de realidade previu a volta da Rússia à sociedade de classes? Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade e pluralismo.

A desconfiança da razão nos impele ao esotérico, ao espiritualismo de consumo imediato, ao hedonismo consumista, em progressiva mimetização generalizada de hábitos e costumes. Estamos em pleno naufrágio ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas.

Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos.

Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte.

A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização.

(Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/do-moderno-ao-p%C3%B3s-moderno-1.464377. Acesso 05 jan. 2018)

Chama-se neologismo formal ao emprego de palavras novas, derivadas ou formadas de outras já existentes, na mesma língua ou não, e de neologismo semântico à atribuição de novos sentidos a palavras já existentes na língua. No trecho a seguir, o autor lançou mão de um neologismo, expediente facultado pela língua portuguesa, com determinada intenção comunicativa.

“Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos.”

Com o composto criado, a argumentação do autor se baseia no recurso a uma formação lexical resultante de:
  • A: recurso à intertextualidade (por meio de uma alusão).
  • B: recurso à metalinguagem (por meio da redefinição de um conceito).
  • C: um processo de analogia (por meio da extensão metafórica do sentido).
  • D: uso de estrangeirismo (por um processo linguístico denominado idiotismo).

I – O vocábulo “bandeiras”, plurissignificativo, aqui é utilizado referencialmente e substitui, metonimicamente, o sentido de “ideais”, “frentes ou propostas de luta”.
II – A expressão “transformam-se em gravatas estampadas” assume valor pejorativo, em contraposição ao elemento que o antecedeu na argumentação.
III – O autor endossa e defende a tese dos politicamente incorretos, que apregoam a busca de uma sociedade equilibrada.

Estão INCORRETA as assertivas:
  • A: I e II, apenas.
  • B: I e III, apenas.
  • C: II e III, apenas.
  • D: I, II, III.

Com relação ao emprego dos pronomes destacados, assinale a afirmativa INCORRETA:
  • A: O emprego do demonstrativo “neste” está inadequado; o autor deveria ter utilizado o pronome “nesse”.
  • B: O emprego do pronome relativo “onde” desvia-se da norma prescrita, visto que não retoma constituinte que indica espaço físico.
  • C: O pronome pessoal oblíquo “nos” poderia ser substituído pela forma tônica “a nós”.
  • D: O pronome pessoal oblíquo átono “-lo” retoma, adequadamente, o substantivo “país”, dito na frase anterior.

Do moderno ao pós-moderno
Frei Betto / 14/05/2017 - 06h00


A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa.

Pouco afeitos ao delírio e à poesia, não prestamos atenção à crítica romântica da modernidade – Byron, Rimbaud, Burckhardt, Nietzsche e Jarry. Agora, olhamos em volta e o que vemos? As ruínas do Muro de Berlim, a Estátua da Liberdade tendo o mesmo efeito no planeta que o Cristo do Corcovado na vida cristã dos cariocas, o desencanto com a política, o ceticismo frente aos valores.

Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentária, o sincretismo do olhar, a disseminação, a ruptura e a dispersão. O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação.

O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.

Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e o estético. Que análise de realidade previu a volta da Rússia à sociedade de classes? Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade e pluralismo.

A desconfiança da razão nos impele ao esotérico, ao espiritualismo de consumo imediato, ao hedonismo consumista, em progressiva mimetização generalizada de hábitos e costumes. Estamos em pleno naufrágio ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas.

Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos.

Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte.

A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização.

(Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/do-moderno-ao-p%C3%B3s-moderno-1.464377. Acesso 05 jan. 2018)

Anteponha V (verdadeiro) ou F (falso) às asserções, levando em consideração a argumentação do articulista:

( ) Para o autor, a crença no racionalismo, base da reflexão que sustentava a contraposição a dogmas e possibilitava a liberdade, hoje foi suplantada pela incerteza de uns, e pela alienação de outros.
( ) Segundo o autor, na contemporaneidade, o caráter de imediatismo e individualismo da nossa sociedade é fruto do sincretismo religioso do povo brasileiro e da falta de conhecimento da história do Brasil.
( ) A globalização, que se constitui como fenômeno inescapável, apresenta tanto aspectos positivos quanto negativos: no âmbito dos avanços tecnológicos, ao mesmo tempo aproxima e isola pessoas; no econômico, promove grande circula-ção monetária para uns e desigualdades gritantes, para outros povos.
( ) Em decorrência do apagamento de fronteiras culturais e econômicas, notam-se interferências nos preceitos morais dos diversos grupos sociais, sobretudo dos países “colonizados”.
( ) Para Frei Betto, o ceticismo e o hedonismo consumista, marcantes no mundo pós-moderno, construíram uma nova postura ética, uma nova utopia que rejeita o “politicamente incorreto”.

A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
  • A: F – F – V – F – F
  • B: F – V – F – V – V
  • C: V – F – V – F – V
  • D: V – F – V – V – F

Do moderno ao pós-moderno
Frei Betto / 14/05/2017 - 06h00


A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa.

Pouco afeitos ao delírio e à poesia, não prestamos atenção à crítica romântica da modernidade – Byron, Rimbaud, Burckhardt, Nietzsche e Jarry. Agora, olhamos em volta e o que vemos? As ruínas do Muro de Berlim, a Estátua da Liberdade tendo o mesmo efeito no planeta que o Cristo do Corcovado na vida cristã dos cariocas, o desencanto com a política, o ceticismo frente aos valores.

Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentária, o sincretismo do olhar, a disseminação, a ruptura e a dispersão. O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação.

O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.

Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e o estético. Que análise de realidade previu a volta da Rússia à sociedade de classes? Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade e pluralismo.

A desconfiança da razão nos impele ao esotérico, ao espiritualismo de consumo imediato, ao hedonismo consumista, em progressiva mimetização generalizada de hábitos e costumes. Estamos em pleno naufrágio ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas.

Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos.

Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte.

A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização.

(Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/do-moderno-ao-p%C3%B3s-moderno-1.464377. Acesso 05 jan. 2018)

São vários os interdiscursos que “dialogam” no artigo de opinião de Frei Betto, como fonte de evidências para sua argumentação. Abaixo se apontaram alguns deles, com uma exemplificação. Assinale a opção em que NÃO haja correspondência entre a nomeação e a exemplificação:
  • A: Econômico: “Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos”.
  • B: Político: “... e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei”.
  • C: Religioso: “Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade e pluralismo.”
  • D: Tecnológico: “Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa”.

SEJA GENTIL

Lya Luft

De volta ao Brasil para votar, depois de muito necessárias férias, que há séculos não tirávamos, entrei num turbilhão que, de longe, mesmo com internet, não me parecia tão nocivo. Mas foi pior do que eu pensava: raiva, ódio, insultos, calúnias, intolerância absoluta, mentiras, dissolução de laços bem bonitos e dignos entre amigos e família – por causa da política. Dos políticos. De nós mesmos, que nos tornamos raivosos, intolerantes, capazes das mais loucas afirmações. Expressamos nessa batalha muito de nossas mágoas e frustrações.

Mas, inesperadamente, no Face, encontro uma imagem linda, comovente, quase irreal neste mundo que anda pra lá de besta: uma camiseta, um elefante (meu bicho preferido), com flores atrás de uma orelha, óculos coloridos, e a legenda (estou traduzindo): “NUM MUNDO EM QUE VOCÊ PODE SER QUALQUER COISA, SEJA GENTIL”. Ou, se quiserem, seja bondoso. Tolerante. Humano.

A violência desde sempre me assusta: não precisa ser a física, de um tapa, um empurrão, uma voz alterada, mas a emocional, da acusação injusta, da invencionice maligna, da desconsideração com humanidade, cortesia, e democracia – ah, a palavra tão usada, mal usada, abusada.

Os que a defendem são muitas vezes os mais intolerantes, arrogantes e ignorantes que não conhecem nem medem o peso das palavras (dizia meu pai, “o pior burro é o burro falante”): correto é só o que eu penso, bom é só o que eu faço, o resto é tudo bandido, fascista, maldoso, ignorante, explorador de pobres e desvalidos, pisa em cima da cultura, despreza a saúde etc, etc, etc. (Poderia ser uma linha inteira de etcs.)

Basta refletir um pouco, abrir olhos e orelhas, ver que estamos numa situaçãolimite. Este pobre país nunca esteve tão por baixo, com tantos miseráveis, doentes não atendidos, podridão em vez de saneamento (sem falar na podridão moral), desrespeito, precariedade em vez de infraestrutura, cultura muito esquisita, e a maioria sem saber o que pensar. Ou começando a pensar, o que é bom. Pois andam acontecendo mudanças no país, e há quem comece a respirar: será mesmo, será?

Então resolvi hoje falar dessa camiseta, desse elefantinho, dessa gentileza que deveria ser o habitual, e acho que não é. Na maioria das vezes, em família, amigos, trabalho, não acontece muito e, quando ocorre, até nos admiramos: olha só, que cara educado, bondoso, camarada. A gente se sente bem com ele, e não é artificial, nem imposto. O beijo de bom-dia em casa, alguma indagação sobre como foi a noite, ou a festa, ou como poderá ser a prova na escola, o novo amigo, ou o ombro que ontem doía tanto. Pequenas, miúdas coisas que fazem a vida, uma vida boa, uma vida humana como deveria ser: pausas para respirar, para se olhar, para escutar... para reencontrar com prazer.

Claro que a vida não é esse mar de rosas e risos. Mas pode ser, muito mais vezes do que tem sido. Podemos tentar viver e conviver, e votar, e torcer, e trabalhar, estudar, viajar, comer, dormir, sem o incrível estresse da raiva, do xingamento, do insulto, e dos maus desejos e da desinformação fatal.

Viva o elefantinho que nos propõe: neste vasto mundo em que você pode fazer tantas coisas, seja bondoso, seja gentil. Be kind.

Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/lya-luft/noticia/2018/10/seja-gentil-
cjn6v2p4a04so01pi6ynu3w4v.html
Acesso em 11 nov. 2018

Em: “[...] o resto é tudo bandido, fascista, maldoso, ignorante, explorador de pobres e desvalidos [...]”, o termo destacado exerce a função de
  • A: complemento nominal.
  • B: objeto indireto.
  • C: adjunto adnominal.
  • D: adjunto adverbial.

SEJA GENTIL

Lya Luft

De volta ao Brasil para votar, depois de muito necessárias férias, que há séculos não tirávamos, entrei num turbilhão que, de longe, mesmo com internet, não me parecia tão nocivo. Mas foi pior do que eu pensava: raiva, ódio, insultos, calúnias, intolerância absoluta, mentiras, dissolução de laços bem bonitos e dignos entre amigos e família – por causa da política. Dos políticos. De nós mesmos, que nos tornamos raivosos, intolerantes, capazes das mais loucas afirmações. Expressamos nessa batalha muito de nossas mágoas e frustrações.

Mas, inesperadamente, no Face, encontro uma imagem linda, comovente, quase irreal neste mundo que anda pra lá de besta: uma camiseta, um elefante (meu bicho preferido), com flores atrás de uma orelha, óculos coloridos, e a legenda (estou traduzindo): “NUM MUNDO EM QUE VOCÊ PODE SER QUALQUER COISA, SEJA GENTIL”. Ou, se quiserem, seja bondoso. Tolerante. Humano.

A violência desde sempre me assusta: não precisa ser a física, de um tapa, um empurrão, uma voz alterada, mas a emocional, da acusação injusta, da invencionice maligna, da desconsideração com humanidade, cortesia, e democracia – ah, a palavra tão usada, mal usada, abusada.

Os que a defendem são muitas vezes os mais intolerantes, arrogantes e ignorantes que não conhecem nem medem o peso das palavras (dizia meu pai, “o pior burro é o burro falante”): correto é só o que eu penso, bom é só o que eu faço, o resto é tudo bandido, fascista, maldoso, ignorante, explorador de pobres e desvalidos, pisa em cima da cultura, despreza a saúde etc, etc, etc. (Poderia ser uma linha inteira de etcs.)

Basta refletir um pouco, abrir olhos e orelhas, ver que estamos numa situaçãolimite. Este pobre país nunca esteve tão por baixo, com tantos miseráveis, doentes não atendidos, podridão em vez de saneamento (sem falar na podridão moral), desrespeito, precariedade em vez de infraestrutura, cultura muito esquisita, e a maioria sem saber o que pensar. Ou começando a pensar, o que é bom. Pois andam acontecendo mudanças no país, e há quem comece a respirar: será mesmo, será?

Então resolvi hoje falar dessa camiseta, desse elefantinho, dessa gentileza que deveria ser o habitual, e acho que não é. Na maioria das vezes, em família, amigos, trabalho, não acontece muito e, quando ocorre, até nos admiramos: olha só, que cara educado, bondoso, camarada. A gente se sente bem com ele, e não é artificial, nem imposto. O beijo de bom-dia em casa, alguma indagação sobre como foi a noite, ou a festa, ou como poderá ser a prova na escola, o novo amigo, ou o ombro que ontem doía tanto. Pequenas, miúdas coisas que fazem a vida, uma vida boa, uma vida humana como deveria ser: pausas para respirar, para se olhar, para escutar... para reencontrar com prazer.

Claro que a vida não é esse mar de rosas e risos. Mas pode ser, muito mais vezes do que tem sido. Podemos tentar viver e conviver, e votar, e torcer, e trabalhar, estudar, viajar, comer, dormir, sem o incrível estresse da raiva, do xingamento, do insulto, e dos maus desejos e da desinformação fatal.

Viva o elefantinho que nos propõe: neste vasto mundo em que você pode fazer tantas coisas, seja bondoso, seja gentil. Be kind.

Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/lya-luft/noticia/2018/10/seja-gentil-
cjn6v2p4a04so01pi6ynu3w4v.html
Acesso em 11 nov. 2018

A vírgula foi empregada para separar aposto ou elemento explicativo em:
  • A: “Podemos tentar viver e conviver, e votar, e torcer [...]”.
  • B:De volta ao Brasil para votar, depois de muito necessárias férias, que há séculos não tirávamos [...]”.
  • C: “De nós mesmos, que nos tornamos raivosos, intolerantes, capazes das mais loucas afirmações”.
  • D: “Basta refletir um pouco, abrir olhos e orelhas, ver que estamos numa situação limite”.

SEJA GENTIL

Lya Luft

De volta ao Brasil para votar, depois de muito necessárias férias, que há séculos não tirávamos, entrei num turbilhão que, de longe, mesmo com internet, não me parecia tão nocivo. Mas foi pior do que eu pensava: raiva, ódio, insultos, calúnias, intolerância absoluta, mentiras, dissolução de laços bem bonitos e dignos entre amigos e família – por causa da política. Dos políticos. De nós mesmos, que nos tornamos raivosos, intolerantes, capazes das mais loucas afirmações. Expressamos nessa batalha muito de nossas mágoas e frustrações.

Mas, inesperadamente, no Face, encontro uma imagem linda, comovente, quase irreal neste mundo que anda pra lá de besta: uma camiseta, um elefante (meu bicho preferido), com flores atrás de uma orelha, óculos coloridos, e a legenda (estou traduzindo): “NUM MUNDO EM QUE VOCÊ PODE SER QUALQUER COISA, SEJA GENTIL”. Ou, se quiserem, seja bondoso. Tolerante. Humano.

A violência desde sempre me assusta: não precisa ser a física, de um tapa, um empurrão, uma voz alterada, mas a emocional, da acusação injusta, da invencionice maligna, da desconsideração com humanidade, cortesia, e democracia – ah, a palavra tão usada, mal usada, abusada.

Os que a defendem são muitas vezes os mais intolerantes, arrogantes e ignorantes que não conhecem nem medem o peso das palavras (dizia meu pai, “o pior burro é o burro falante”): correto é só o que eu penso, bom é só o que eu faço, o resto é tudo bandido, fascista, maldoso, ignorante, explorador de pobres e desvalidos, pisa em cima da cultura, despreza a saúde etc, etc, etc. (Poderia ser uma linha inteira de etcs.)

Basta refletir um pouco, abrir olhos e orelhas, ver que estamos numa situaçãolimite. Este pobre país nunca esteve tão por baixo, com tantos miseráveis, doentes não atendidos, podridão em vez de saneamento (sem falar na podridão moral), desrespeito, precariedade em vez de infraestrutura, cultura muito esquisita, e a maioria sem saber o que pensar. Ou começando a pensar, o que é bom. Pois andam acontecendo mudanças no país, e há quem comece a respirar: será mesmo, será?

Então resolvi hoje falar dessa camiseta, desse elefantinho, dessa gentileza que deveria ser o habitual, e acho que não é. Na maioria das vezes, em família, amigos, trabalho, não acontece muito e, quando ocorre, até nos admiramos: olha só, que cara educado, bondoso, camarada. A gente se sente bem com ele, e não é artificial, nem imposto. O beijo de bom-dia em casa, alguma indagação sobre como foi a noite, ou a festa, ou como poderá ser a prova na escola, o novo amigo, ou o ombro que ontem doía tanto. Pequenas, miúdas coisas que fazem a vida, uma vida boa, uma vida humana como deveria ser: pausas para respirar, para se olhar, para escutar... para reencontrar com prazer.

Claro que a vida não é esse mar de rosas e risos. Mas pode ser, muito mais vezes do que tem sido. Podemos tentar viver e conviver, e votar, e torcer, e trabalhar, estudar, viajar, comer, dormir, sem o incrível estresse da raiva, do xingamento, do insulto, e dos maus desejos e da desinformação fatal.

Viva o elefantinho que nos propõe: neste vasto mundo em que você pode fazer tantas coisas, seja bondoso, seja gentil. Be kind.

Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/lya-luft/noticia/2018/10/seja-gentil-
cjn6v2p4a04so01pi6ynu3w4v.html
Acesso em 11 nov. 2018

O articulador sintático pode ser substituído adequadamente pela palavra ou expressão indicada entre parênteses, EXCETO em:
  • A: “A violência desde sempre me assusta: não precisa ser a física, de um tapa, um empurrão, uma voz alterada, mas a emocional, da acusação injusta [...]”. (porém)
  • B: “De volta ao Brasil para votar, depois de muito necessárias férias, que há séculos não tirávamos, entrei num turbilhão que, de longe, mesmo com internet [...]”. (mas)
  • C: “Ou, se quiserem, seja bondoso”. (caso)
  • D: “Pequenas, miúdas coisas que fazem a vida, uma vida boa, uma vida humana como deveria ser: pausas para respirar, para se olhar [...]”. (a fim de)

SEJA GENTIL

Lya Luft

De volta ao Brasil para votar, depois de muito necessárias férias, que há séculos não tirávamos, entrei num turbilhão que, de longe, mesmo com internet, não me parecia tão nocivo. Mas foi pior do que eu pensava: raiva, ódio, insultos, calúnias, intolerância absoluta, mentiras, dissolução de laços bem bonitos e dignos entre amigos e família – por causa da política. Dos políticos. De nós mesmos, que nos tornamos raivosos, intolerantes, capazes das mais loucas afirmações. Expressamos nessa batalha muito de nossas mágoas e frustrações.

Mas, inesperadamente, no Face, encontro uma imagem linda, comovente, quase irreal neste mundo que anda pra lá de besta: uma camiseta, um elefante (meu bicho preferido), com flores atrás de uma orelha, óculos coloridos, e a legenda (estou traduzindo): “NUM MUNDO EM QUE VOCÊ PODE SER QUALQUER COISA, SEJA GENTIL”. Ou, se quiserem, seja bondoso. Tolerante. Humano.

A violência desde sempre me assusta: não precisa ser a física, de um tapa, um empurrão, uma voz alterada, mas a emocional, da acusação injusta, da invencionice maligna, da desconsideração com humanidade, cortesia, e democracia – ah, a palavra tão usada, mal usada, abusada.

Os que a defendem são muitas vezes os mais intolerantes, arrogantes e ignorantes que não conhecem nem medem o peso das palavras (dizia meu pai, “o pior burro é o burro falante”): correto é só o que eu penso, bom é só o que eu faço, o resto é tudo bandido, fascista, maldoso, ignorante, explorador de pobres e desvalidos, pisa em cima da cultura, despreza a saúde etc, etc, etc. (Poderia ser uma linha inteira de etcs.)

Basta refletir um pouco, abrir olhos e orelhas, ver que estamos numa situaçãolimite. Este pobre país nunca esteve tão por baixo, com tantos miseráveis, doentes não atendidos, podridão em vez de saneamento (sem falar na podridão moral), desrespeito, precariedade em vez de infraestrutura, cultura muito esquisita, e a maioria sem saber o que pensar. Ou começando a pensar, o que é bom. Pois andam acontecendo mudanças no país, e há quem comece a respirar: será mesmo, será?

Então resolvi hoje falar dessa camiseta, desse elefantinho, dessa gentileza que deveria ser o habitual, e acho que não é. Na maioria das vezes, em família, amigos, trabalho, não acontece muito e, quando ocorre, até nos admiramos: olha só, que cara educado, bondoso, camarada. A gente se sente bem com ele, e não é artificial, nem imposto. O beijo de bom-dia em casa, alguma indagação sobre como foi a noite, ou a festa, ou como poderá ser a prova na escola, o novo amigo, ou o ombro que ontem doía tanto. Pequenas, miúdas coisas que fazem a vida, uma vida boa, uma vida humana como deveria ser: pausas para respirar, para se olhar, para escutar... para reencontrar com prazer.

Claro que a vida não é esse mar de rosas e risos. Mas pode ser, muito mais vezes do que tem sido. Podemos tentar viver e conviver, e votar, e torcer, e trabalhar, estudar, viajar, comer, dormir, sem o incrível estresse da raiva, do xingamento, do insulto, e dos maus desejos e da desinformação fatal.

Viva o elefantinho que nos propõe: neste vasto mundo em que você pode fazer tantas coisas, seja bondoso, seja gentil. Be kind.

Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/lya-luft/noticia/2018/10/seja-gentil-
cjn6v2p4a04so01pi6ynu3w4v.html
Acesso em 11 nov. 2018

Em: “[...] correto é só o que eu penso, bom é só o que eu faço, o resto é tudo bandido, fascista, maldoso, ignorante, explorador de pobres e desvalidos, pisa em cima da cultura, despreza a saúde etc, etc, etc.”, o termo o é, respectivamente:
  • A: artigo definido – artigo definido – artigo definido.
  • B: pronome demonstrativo – pronome demonstrativo – artigo definido.
  • C: pronome demonstrativo – pronome indefinido – pronome demonstrativo.
  • D: pronome indefinido – artigo definido – pronome indefinido.

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