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Trata-se da transcrição de diálogo entre dois comentaristas (C1 e C2, nessa ordem) no âmbito de uma discussão ocorrida em um canal de notícias na TV a cabo sobre o desastre da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais:
— Até onde se sabe, tem um laudo atestando que a barragem era segura né?
— Sim, as investigações consideram esse laudo, como uma foto. Ele apresenta como a barragem estava em setembro ou dezembro do ano passado.
— Isso que cê tá falando é importante. Mas também temos de pensar se esse laudo não foi assinado por um engenheiro canetinha. Sabe o que é um engenheiro canetinha?
— Claro. É aquele que assina sem nem mesmo ir no lugar. Era muito famoso no passado, quando teve uma epidemia de acidentes de elevador. Também pode ser esse o caso nessa terrível tragédia.
Desconsiderando-se as ocorrências de “canetinha”, a transcrição do diálogo apresenta marcas de oralidade em
  • A: uma única frase.
  • B: apenas duas frases.
  • C: apenas três frases.
  • D: apenas quatro frases.
  • E: pelo menos cinco frases.

Uma variedade linguística vale o que valem na sociedade os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas e sociais. Esta afirmação é válida, evidentemente, em termos “internos’’, quando confrontamos variedades de uma mesma língua, e em termos “externos’’ pelo prestígio das línguas no plano internacional.
                 (GNERRE, Maurizio. Linguagem. escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 6-7.)
Para o autor do texto, que tipo de relação se pode estabelecer entre uma variedade linguística e os seus falantes?
  • A: Toda variedade linguística tem falantes que vivem em sociedade numa relação harmoniosa.
  • B: Dependendo do valor dos falantes na sociedade, sua variedade linguística é mais respeitada.
  • C: Dependendo do valor da variedade linguística, os falantes são mais respeitados na sociedade.
  • D: Independentemente do valor da variedade linguística, todo falante tem de ser respeitado na sociedade.
  • E: Independentemente do valor dos falantes na sociedade, toda variedade linguística tem a mesma importância cultural.

Dito e feito
Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me der mais uma vez reaparecendo regularmente em jornal. É uma espécie de palco, ou picadeiro, em que me exponho, faço cabriolas e gatimonhas, executo as pelotiquices de costume.
Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenha feito outra coisa. Andei como um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando, como se fosse pela primeira vez.
E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal. Começar é sempre difícil, deixa a gente meio sem jeito, não sabendo o que dizer, como no início de um namoro: dá licença de falar com você? posso acompanhá-la? E pronto: admitida a abordagem, quer dizer agora?
Pois então, sejam minhas primeiras palavras um rápido improviso de saudação aos leitores, um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em frente.
                                                  (SABINO, Fernando. Livro aberto. Rio de Janeiro: Record, 2001, p.458.)
Há uma marca de oralidade na seguinte passagem da crônica.
  • A: “E agora aqui estou, realmente pela primeira vez neste jornal”.
  • B: “Olhando para trás, percebo que na vida quase não tenho feito outra coisa’’.
  • C: “...um abraço aos novos colegas, lembranças aos meus familiares – e vamos em frente’’.
  • D: “Não deixa de ser uma estranha sensação, esta de me ver mais uma vez reaparecendo regularmente em jornal’’.
  • E: “Andei com um saltimbanco por vários jornais e revistas, sempre recomeçando, como se fosse pela primeira vez’’.

Exagero? Se você se recusa a ler ou escrever porque acha chato, inútil, obsoleto ou por qualquer outro motivo, faça o seguinte teste: tente explicar, no duro, qual é realmente a diferença entre você e um analfabeto – além, naturalmente, da capacidade de ler letreiros, assinar seu nome num pedaço de papel e outras miudezas. Vamos ver quem consegue.
A maré está na vazante. A substituição do alfabeto por sinais como “rsrsrs” ou “kkkkk”, por exemplo, adiantou alguma coisa para melhorar os índices atuais de inteligência ou de cultura? Não parece. O tempo ganho com essa economia ortográfica não resultou no aumento da produtividade mental de ninguém – não levou à produção mais ideias, digamos, ou de ideias melhores do que as que vemos por ai. Esse tipo de conquista, que aumenta o volume do som, mas não melhora a voz do cantor, só confunde ainda mais a linha divisória entre alfabetizados e analfabetos. Eis aí um fenômeno da vida moderna: a universalização da ignorância.
Não deveria ser assim. Como todos sabem, a “mobilidade”, a “nuvem”, a comunhão entre 1 bilhão de pessoas numa rede social e outras conquistas extremas da “conectividade” provocaram uma “revolução dentro da revolução” e outros prodígios. Não se consegue traduzir direito essa linguagem para o português comum; só nos garantem que a internet vem fazendo cair cada vez mais as barreiras entre quem tem e quem não tem “conhecimento”. Mas, a impressão é de que tais barreiras podem estar caindo do lado errado – ou seja, os que têm conhecimento vão ficando cada vez mais parecidos com os que não têm.
(GUZZO, J. R. Revista VEJA, n.2377, 11/06/2014, p.100-1.)
Qual das alternativas contém dois exemplos de economia ortográfica que não serviriam para reforçar os argumentos do jornalista?
  • A: vc – ñ (=você & Não).
  • B: blz – q (=beleza & que).
  • C: pq – td (= porque & tudo).
  • D: etc. – zzzz (=etcétera & dormindo).
  • E: prof. – tel. (=professor & telefone).

A regência verbal e o emprego do sinal indicativo de crase estão em conformidade com a norma-padrão da língua em:
  • A: É preciso dar atenção à ela.
  • B: Ele criticou à certas convenções.
  • C: O médico tentou dissuadi-lo à trabalhar.
  • D: Lá deu vida àquelas obras literárias.
  • E: Karl defendia à uma revolução.

A concordância das palavras está em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa em:
  • A: A dona de casa não suportava ver sujo ou desorganizado seus móveis, vidros e cristais.
  • B: Costumava ser constante a insatisfação da dona de casa com os maus hábitos do marido.
  • C: As almofadas do sofá da sala fora de seu lugar de origem tirava a senhora do sério.
  • D: A dona de casa não gostava de jornais por achar que suas folhas continha fungos e outras sujeiras.
  • E: Para desespero da mulher, os pés do marido estavam frequentemente colocado em cima dos móveis.



Leia o texto para responder à questão.

                                                    O Marajá

      A família toda ria de dona Morgadinha e dizia que ela estava sempre esperando a visita de alguém ilustre. Dona Morgadinha não podia ver uma coisa fora do lugar, uma ponta de poeira em seus móveis ou uma mancha em seus vidros e cristais. Gemia baixinho quando alguém esquecia um sapato no corredor, uma toalha no quarto ou – ai, ai, ai – uma almofada fora do sofá da sala. Baixinha, resoluta, percorria a casa com uma flanela na mão, o olho vivo contra qualquer incursão do pó, da cinza, do inimigo nos seus domínios.
       Dona Morgadinha era uma alma simples. Não lia jornal, não lia nada. Achava que jornal sujava os dedos e livro juntava mofo e bichos. O marido de dona Morgadinha, que ela amava com devoção apesar do seu hábito de limpar a orelha com uma tampa de caneta Bic, estabelecera um limite para sua compulsão por limpeza. Ela não podia entrar em sua biblioteca. Sua jurisdição acabava na porta. Ali dentro só ele podia limpar, e nunca limpava. E, nas raras vezes em que dona Morgadinha chegava à porta do escritório proibido para falar com o marido, esse fazia questão de desafiá-la. Botava os pés em cima dos móveis. Atirava os sapatos longe. Uma vez chegara a tirar uma meia e jogar em cima da lâmpada só para ver a cara da mulher. Sacudia a ponta do charuto sobre um cinzeiro cheio e errava deliberadamente o alvo. Dona Morgadinha então fechava os olhos e, incapaz de se controlar, lustrava com a sua flanela o trinco da porta.



(Luis Fernando Veríssimo. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. Adaptado)




Assinale a alternativa em que há emprego de palavra ou expressão em sentido figurado.
  • A: Dona Morgadinha não podia ver uma coisa fora do lugar...
  • B: Dona Morgadinha era uma alma simples.
  • C: ... achava que jornal sujava os dedos e livro juntava mofo e bichos.
  • D: Ali dentro só ele podia limpar, e nunca limpava.
  • E: Uma vez chegara a tirar uma meia e jogar em cima da lâmpada...

Assinale a alternativa em que o acento indicativo da crase está empregado em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa.
  • A: À visita de alguém ilustre parecia ser sempre aguardada por Dona Morgadinha.
  • B: À qualquer sinal de mancha nos vidros e cristais, punha-se a reclamar baixinho.
  • C: À vista do menor sinal de poeira, a mulher percorria a casa com uma flanela na mão.
  • D: À busca constante por limpeza e organização era o objetivo diário de dona de casa.
  • E: À devoção de Dona Morgadinha pelo marido esbarrava nos maus hábitos do homem.

Assinale a alternativa que completa, corretamente, as lacunas do trecho.

Se as ideias de Abranches ____________ a ser adotadas, talvez elas ___________ a ordem estabelecida. E, se os governos ___________ o avanço das mudanças climáticas, talvez haja esperanças para o futuro da humanidade.
  • A: vierem, subvertem, deterem
  • B: virem, subvertam, deterem
  • C: vierem, subvertam, detiverem
  • D: vierem, subvertam, deterem
  • E: virem, subvertem, detiverem




 Leia o texto “Ser perspicaz no trabalho” para responder a questão.

As redes sociais, as mensagens eletrônicas e o bate-papo on-line têm dado novos horizontes ao trabalho contemporâneo, mas cobram um preço alto: tornam mais evidentes as fragilidades de comunicação dos profissionais do mercado. Saber como e quando falar com colegas de trabalho, superiores hierárquicos, clientes e fornecedores nem sempre é de conhecimento notório dos brasileiros.

Segundo especialistas, uma das armadilhas é confundir o ambiente mais livre da internet com as exigências da vida profissional. Outra preocupação é com o tempo que vai ser gasto com cada uma das conversas, por isso o desafio é conseguir se comunicar de forma clara e objetiva, com o cuidado de transmitir todas as informações necessárias, sem prolongar inutilmente a troca de mensagens.

Para a professora de língua portuguesa Íris Gardino, é essencial saber qual é o grau de formalidade necessário para os comunicados de trabalho. “Normalmente, as pessoas não recebem qualquer formação para lidar com essas situações. Alguns exageram em formalismos desnecessários e outros acabam escrevendo como se estivessem em um bate-papo com amigos.”

Ela cita como informalidade excessiva o hábito que as pessoas desenvolvem na internet de abreviar o maior número de palavras possível, de empregar termos vagos e imprecisos e de usar formatações de texto menos convencionais, como o uso indiscriminado de fontes, cores de letras, caixa alta e itálico. O problema, segundo a professora, é que muitos profissionais não desenvolvem a habilidade de escrever de forma correta e coerente e ficam dependentes de ferramentas, como os revisores de texto, que apresentam falhas.

Já Celi Langhi, professora na área de gestão de pessoas, chama a atenção para os profissionais que diante de outros colegas muitas vezes se concentram apenas na parte verbal do discurso, mas esquecem que o gestual e a expressão corporal deles no momento em que estão falando também vão gerar uma interpretação para quem está ouvindo a mensagem. “Um elogio feito de maneira displicente pode ser interpretado como uma ironia e vai causar o efeito inverso do pretendido”, exemplifica a especialista.

(Leonardo Fuhrmann. Revista Língua Portuguesa, janeiro de 2014. Adaptado)





Considere a frase reescrita com base nas ideias do texto.

As pessoas precisam de orientação para saber detectar o grau de formalidade adequado aos comunicados de trabalho, entretanto elas normalmente não recebem qualquer orientação desse gênero.

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o pronome que substitui corretamente a expressão destacada e está adequadamente colocado na frase encontra-se na alternativa:

  • A: … não a recebem.
  • B: … não recebem-na.
  • C: … não lhe recebem.
  • D: … não o recebem.
  • E: … não recebem-no.

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