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      A indústria do espírito

JORDI SOLER – 23 DEZ 2017 - 21:00

O filósofo Daniel Dennett propõe uma fórmula para alcançar a felicidade: “Procure algo mais importante que você e dedique sua vida a isso”.

Essa fórmula vai na contracorrente do que propõe a indústria do espírito no século XXI, que nos diz que não há felicidade maior do que essa que sai de dentro de si mesmo, o que pode ser verdade no caso de um monge tibetano, mas não para quem é o objeto da indústria do espírito, o atribulado cidadão comum do Ocidente que costuma encontrar a felicidade do lado de fora, em outra pessoa, no seu entorno familiar e social, em seu trabalho, em um passatempo, etc. [...]

A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso tempo, cresceu exponencialmente nos últimos anos, é só ver a quantidade de instrutores e pupilos de mindfulness e de ioga que existem ao nosso redor. Mindfulness e ioga em sua versão pop para o Ocidente, não precisamente as antigas disciplinas praticadas pelos mestres orientais, mas um produto prático e de rápida aprendizagem que conserva sua estética, seu merchandising e suas toxinas culturais. [...]

Frente ao argumento de que a humanidade, finalmente, tomou consciência de sua vida interior, por que demoramos tanto em alcançar esse degrau evolutivo?, proporia que, mais exatamente, a burguesia ocidental é o objetivo de uma grande operação mercantil que tem mais a ver com a economia do que com o espírito, a saúde e a felicidade da espécie humana. [...]

A indústria do espírito é um produto das sociedades industrializadas em que as pessoas já têm muito bem resolvidas as necessidades básicas, da moradia à comida até o Netflix e o Spotify. Uma vez instalada no angustiante vazio produzido pelas necessidades resolvidas, a pessoa se movimenta para participar de um grupo que lhe procure outra necessidade.

Esse crescente coletivo de pessoas que cavam em si mesmas buscando a felicidade já conseguiu instalar um novo narcisismo, um egocentrismo new age, um egoísmo raivosamente autorreferencial que, pelo caminho, veio alterar o famoso equilíbrio latino de mens sana in corpore sano, desviando-o descaradamente para o corpo. [...]

Esse inovador egocentrismo new age encaixa divinamente nessa compulsão contemporânea de cultivar o físico, não importa a idade, de se antepor o corpore à mens. Ao longo da história da humanidade o objetivo havia sido tornar-se mais inteligente à medida que se envelhecia; os idosos eram sábios, esse era seu valor, mas agora vemos sua claudicação: os idosos já não querem ser sábios, preferem estar robustos e musculosos, e deixam a sabedoria nas mãos do primeiro iluminado que se preste a dar cursos. [...]

Parece que o requisito para se salvar no século XXI é inscrever-se em um curso, pagar a alguém que nos diga o que fazer com nós mesmos e os passos que se deve seguir para viver cada instante com plena consciência. Seria saudável não perder de vista que o objetivo principal dessas sessões pagas não é tanto salvar a si mesmo, mas manter estável a economia do espírito que, sem seus milhões de subscritores, regressaria ao nível que tinha no século XX, aquela época dourada do hedonismo suicida, em que o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.

(Adaptado de: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/26/opinion/1506452714_976157.html>. Acesso em 27 mar. 2018)




Sobre tipologia e gêneros textuais, assinale a alternativa correta.

  • A: O texto “A indústria do espírito” apresenta, majoritariamente, a tipologia narrativa, a qual tipicamente emprega verbos no pretérito, como é possível notar neste excerto: “A indústria do espírito, uma das operações mercantis mais bem-sucedidas de nosso t
  • B: Não há um número definido de tipologias textuais, uma vez que elas surgem e desaparecem conforme as necessidades sociodiscursivas de determinada comunidade.
  • C: O segundo parágrafo do texto “Aindústria do espírito” é composto por períodos simples, típicos da tipologia injuntiva.
  • D: A maneira com que o texto “A indústria do espírito” se inicia, utilizando uma citação, é comum no gênero textual carta aberta.
  • E: O texto “A indústria do espírito” é um exemplar do gênero textual artigo de opinião.



Disponível em: <http://www.jopbj.blogspot.com/2016/01/calvin-e-manipulacao-da-midia.html>. Acesso em: 10/fev./2019




Quanto às escolhas lexicais no texto, assinale a alternativa correta. 

  • A: O pronome demonstrativo “esta” está inadequado por ter função anafórica.
  • B: No segundo quadrinho, “obrigado” deveria estar flexionado no feminino para concordar com “artificialidade das soluções rápidas”.
  • C: O termo “poderoso da mídia de massa” classifica-se como um aposto.
  • D: Por se tratar de um gênero textual informal, a linguagem utilizada por Calvin é inadequada.
  • E: O pronome demonstrativo “esta” é adequado por fazer referência espacial a um objeto próximo do falante.

Observe os pronomes oblíquos destacados no texto abaixo.
Como já se sabia, o ser humano adapta-se rapidamente a novas condições de vida. O que a pesquisa da felicidade nos ensinou foi o fato de a nossa capacidade de adaptação ser ainda maior do que se imaginava. Acostumamo-nos a quase tudo e há coisas das quais nunca nos enfadamos.
Segundo a norma culta, é possível inverter a colocação do pronome apenas em
  • A: sabia-se.
  • B: se adapta.
  • C: imaginava-se.
  • D: Nos acostumamos.
  • E: enfadamo-nos.


Sobre os sentidos e os aspectos linguísticos do texto, é correto afirmar que





  • A: há uma crítica explícita do autor em relação à ingenuidade do povo, que acredita em mentiras como se fossem verdades.
  • B: o tom de ironia não pode ser vislumbrado na crônica.
  • C: a utilização da conjunção “E”, no início de diversas frases do texto, exerce função gramatical, sem interferir nos aspectos discursivos e estilísticos do texto.
  • D: no trecho “E tudo nasceu na forma mais poética possível, com os mitos — e não vamos falar de presidentes aqui — às lendas [...]”, os travessões foram utilizados para demarcar uma oração que contém uma locução verbal predicando um objeto indireto.
  • E: não há referências, sequer implícitas, ao momento político vivido no Brasil na atualidade.

Em qual das sentenças abaixo, o pronome lhe(s) substitui adequadamente a expressão entre parênteses?
  • A: Ela lhe jurou que não compraria mais celular. (ao filho)
  • B: Troquei-lhes várias vezes e não dei sorte. (os celulares)
  • C: Os celulares lhe enlouquecem diariamente. (a autora)
  • D: Recebia-lhes e não sabia o que queriam dizer. (as contas telefônicas).
  • E: Ligo-lhe somente quando tenho uma emergência. (o celular).


Mundo de mentira
Paulo Pestana
            Tem muita gente que implica com mentira, esquecendo-se de que as melhores histórias do mundo nascem delas: algumas cabeludas, outras mais inocentes, sempre invenções da mente, fruto da criatividade — ou do aperto, dependendo da situação.

Ademais, se fosse tão ruim estaria na lista das pedras que Moisés recebeu aos pés do monte Sinai, entre as 10 coisas mais feias da humanidade, todas proibidas e que levam ao inferno; ficou de fora.

A mentira não está nem entre os pecados capitais, que aliás eram ofensas bem antes de Cristo nascer, formando um rol de virtudes avessas, para controlar os instintos básicos da patuleia. Eram leis. E é preciso lembrar também que ninguém colocou a mentira entre os pecados veniais; talvez, seja por isso que o mundo minta tanto, hoje em dia.

E tudo nasceu na forma mais poética possível, com os mitos — e não vamos falar de presidentes aqui — às lendas, narrativas fantásticas que serviam para educar ou entreter. Entre tantas notícias falsas, há muitas lendas que, inclusive, explicam por que fazemos tanta festa para o ano que começa.

Os japoneses, por exemplo, contam que um velhinho, na véspera do ano-novo, não conseguiu vender os chapéus que fabricava e colocou-os na cabeça de seis estátuas de pedra; chegou em casa coberto de neve e sem um tostão. No dia seguinte, recebeu comida farta e dinheiro das próprias estátuas, para mostrar que a bondade é sempre reconhecida e recompensada.

Os brasileiros vestem roupas brancas na passagem do ano, mas poucos sabem que esta é uma tradição recente, de pouco mais de 50 anos, e que veio do candomblé, mais precisamente da cultura yorubá, com os irúnmolés’s funfun — as divindades do branco. E atenção: para eles, o regente de 2019 é Ogum, o guerreiro, orixá associado às forças armadas, ao mesmo tempo impiedoso, impaciente e amável. Ogunhê!

Mas na minha profunda ignorância eu não conhecia a lenda da Noite de São Silvestre, que marca a passagem do ano. E assim foi-me contada pelo Doutor João, culto advogado, entre suaves goles de vinho — um Quinta do Crasto Douro (sorry, periferia, diria o Ibrahim Sued).

Disse-me ele: ao ver a Virgem Maria desolada contemplando o Oceano Atlântico, São Silvestre se aproximou para consolá-la, quando ela disse que estava com saudades da Atlântida, o reino submerso por Deus, em resposta aos desafios e à soberba de seu soberano e dos pecados de seu povo.

As lágrimas da Virgem Maria — transformadas em pérolas — caíram no oceano; e uma delas deu origem à Ilha da Madeira — chamada Pérola do Atlântico, na modesta visão dos locais — ao mesmo tempo em que surgiram misteriosas luzes no céu, que se repetiriam por anos a fio; e é por isso que festejamos a chegada do ano-novo com fogos de artifício.

Aliás, agora inventaram fogo de artifício sem barulho para não incomodar os cachorros. A próxima jogada politicamente correta será lançar fogos sem luz para não perturbar as corujas buraqueiras. E isso está longe de ser lenda: é só um mundo mais chato.

Disponível em: <http://df.divirtasemais.com.br/app/noticia/mais-lei-tor/2018/12/28/noticia-mais-leitor,160970/cronica-de-paulo-pestana>. Acesso em: 18 fev. 2019.




O texto apresentado é considerado uma crônica devido a diversos fatores, EXCETO por

  • A: apresentar vocabulário variado e expressivo de acordo com a intenção do autor.
  • B: abordar aspectos da vida social e quotidiana.
  • C: não utilizar a 1ª pessoa do discurso em todo o texto.
  • D: apresentar marcas de subjetividade – discursos na 1ª e na 3ª pessoa.
  • E: apresentar intertextualidades.

Em qual das sentenças abaixo, o pronome lhe(s) substitui adequadamente a expressão entre parênteses?
  • A: Ela lhe jurou que não compraria mais celular. (ao filho)
  • B: Troquei-lhes várias vezes e não dei sorte. (os celulares)
  • C: Os celulares lhe enlouquecem diariamente. (a autora)
  • D: Recebia-lhes e não sabia o que queriam dizer. (as contas telefônicas).
  • E: Ligo-lhe somente quando tenho uma emergência. (o celular).

O conhecimento ___________ se referia o profissional, se faz presente nas pessoas ___________ valores não são materiais.

Assinale a opção que, segundo o registro culto e formal da língua, preenche as lacunas acima.
  • A: que – que
  • B: que – cujos os
  • C: a que – cujos
  • D: o qual – de cujos
  • E: o qual – para quem

O termo destacado na sentença é substituído corretamente pelo pronome da expressão ao lado, de acordo com a norma-padrão em:
  • A: “A Internet não usa papel (...)" (L. 4) – não o usa.
  • B: “(...) faz isso com o imediatismo do telefone." (L. 8) – faz-lo como imediatismo do telefone.
  • C: “(...) permitia às pessoas (...)" (L. 18) – Permita-as.
  • D: “(...) em que reinava a Rainha Vitória (...)" (L. 34) – Em que reinava-a.
  • E: “(...) provocou a maior revolução (...)" (L. 35) – provocou-lhe.


Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1904.

Meu caro Nabuco,

Tão longe, e em outro meio, chegou-lhe a notícia da minha grande desgraça, e você expressou a sua simpatia por um telegrama. A única palavra com que lhe agradeci é a mesma que ora lhe mando, não sabendo outra que possa dizer tudo o que sinto e me acabrunha. Foi-se a melhor parte da minha vida e aqui estou eu só no mundo. Note que a solidão não me é enfadonha, antes me é grata, porque é um modo de viver com ela, ouvi-la, assistir aos mil cuidados que essa companheira de 35 anos de casados tinha comigo; mas não há imaginação que não acorde, e a vigília aumenta a falta da pessoa amada. Éramos velhos, e eu contava morrer antes dela, o que seria um grande favor; primeiro, porque não acharia a ninguém que melhor me ajudasse a morrer; segundo, porque ela deixa alguns parentes que a consolariam das saudades, e eu não tenho nenhum. Os meus são os amigos, e verdadeiramente são os melhores; mas a vida os dispersa, no espaço, nas preocupações do espírito e na própria carreira que a cada um cabe. Aqui me fco por ora na mesma casa, no mesmo aposento, com os mesmos adornos seus. Tudo lembra-me a minha meiga Carolina.

Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me esperará.
Não posso, caro amigo, responder agora à sua carta de 8 de outubro; recebi-a dias depois do falecimento de minha mulher, e você compreende que apenas posso falar deste fundo golpe.
Até outra e breve; então lhe direi o que convém ao assunto daquela carta que, pelo afeto e sinceridade, chegou à hora dos melhores remédios. Aceite este abraço do triste amigo velho

Machado de Assis

Adaptado de http://bagagemclandestina.blogspot.com.br/2008/08/meu- caro-nabuco.html



A linguagem utilizada no texto é
  • A: predominantemente coloquial.
  • B: predominantemente jornalística.
  • C: mistura proporcionalmente linguagem coloquial e formal.
  • D: predominantemente argumentativa.
  • E: predominantemente formal.

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