Questões

Filtrar por:

limpar filtros

Foram encontradas 1 questões.
Leia o texto para responder à questão.

O “flâneur” é uma figura ligada a um tempo, um lugar e uma pessoa. O tempo é meado do século 19. O lugar é Paris, após as grandes reformas urbanas. A pessoa é o poeta Charles Baudelaire. Incensado pelo filósofo Walter Benjamin, o “flâneur” virou um ícone das contradições da modernidade após as grandes reformas urbanas.
Caminhar sem destino desafiava o utilitarismo. Andar devagar desafiava a eficiência. Observar tudo sem comprar nada desafiava o capitalismo.
Com o tempo, a palavra se soltou das amarras e ganhou novos usos. Flanar é andar sem destino, coletando experiências. E esse sentido pode ser a chave para explorar uma cidade contemporânea, seja ela desconhecida, seja ela onde você mora.
Para mim, as melhores caminhadas são sempre em cidades antigas. Assim é em Roma ou na pequena San Gimignano, onde sentei para comer uma pizza e ganhei amigos para a vida inteira. Em Nara, a antiga capital japonesa, saí de um restaurante e dei de cara com um veadinho, pulando feliz entre as ruas vazias.
Mesmo no lugar onde moro, São Paulo, às vezes consigo ter essa sensação de andar por uma cidade desconhecida, apenas por virar numa rua em vez de seguir em frente. Ao chegar a uma praça que nunca vi, serei recompensado com a visão de crianças brincando, adultos entrando numa academia de bairro, uma pessoa lendo um inesperado livro no ponto de ônibus e talvez até um vendedor de milho verde.
Ao planejar seus passeios, brasileiros sempre se preocupam — com razão — com a segurança. Nas suas caminhadas, cada um vai montar sua estratégia e andar onde se sente confortável. Você vai se perder, mas vai encontrar o caminho. E, de quebra, vai chegar ao final uma pessoa um pouquinho diferente.

(Mauro Calliari, “A arte de flanar, um convite para aproveitar as pequenas coisas que as cidades oferecem”. https://www1.folha.uol.com.br, 07.07.2023. Adaptado)

No primeiro parágrafo, ao afirmar que “o ‘flâneur’ virou um ícone das contradições da modernidade após as grandes reformas urbanas”, o autor considera que isso decorre
  • A: da visão própria do ‘flâneur’ em relação ao espaço das cidades, que opõe à visão utilitarista e capitalista da sociedade.
  • B: da maneira orgânica e planejada como o ‘flâneur’ concebe a sua existência em um espaço pessoal ou coletivo.
  • C: da intenção deliberada do ‘flâneur’ em harmonizar-se com as transformações que vinham impor-se nas grandes cidades.
  • D: do recurso do ‘flâneur’ ao desafio à eficiência, ainda que viesse a aceitar com placidez as grandes reformas urbanas.
  • E: do modelo de interação humana em que o ‘flâneur’ vive de forma desconstruída, aceitando o novo cenário urbano.

Exibindo de 1 até 1 de 1 questões.