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Um problema no estudo da violência é sua relação com a racionalidade. Os atos violentos mais graves, praticados com requintes de crueldade, são vistos pela mídia e pela opinião pública como atos irracionais. Ora, se a violência é irracional, não é por ser obra de um ser desprovido de razão, mas por ser, paradoxalmente, o produto de uma razão perigosamente racional. É o que ocorre quando certos mecanismos racionais, como a simplificação, que reduz tudo a um único princípio explicativo, e a polarização, que vê a realidade como feita unicamente de elementos antagônicos e irreconciliáveis, deixam o indivíduo sem alternativas. Esses mecanismos traduzem a racionalidade de uma razão incapaz de lidar com os antagonismos, as diferenças e a diversidade.

Portanto, o problema que levanta a violência é muito menos o da irracionalidade do que o de uma racionalidade repleta de “razões” para não se deter diante de limites estabelecidos pela própria razão humana. É a razão que, amplificando os conflitos, reduzindo as alternativas ao impasse e superdimensionando os defeitos dos outros, cria os cenários em que florescem as ideologias legitimadoras da violência. Em outras palavras, o problema da violência está intimamente ligado ao problema das relações sociais, em que a existência do outro aparece como ameaça real ou imaginária. O que mais espanta na violência, quando ela é razão de espanto, é a sua dramaturgia, a exposição da crueldade ao estado puro. É, pois, o caráter aparentemente absurdo dessa dramaturgia que confere à violência o status de irracionalidade. No entanto, as razões dessa irracionalidade raramente são explicitadas e, frequentemente, deixam de existir quando o recipiente de atos violentos é o “inimigo”.
Angel Pino. Violência, educação e sociedade: um olhar sobre o Brasil contemporâneo. In: Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100, p. 763-785, out./2007 (com adaptações).

Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma proposta de reescrita do trecho “Ora, se a violência é irracional, não é por ser obra de um ser desprovido de razão, mas por ser, paradoxalmente, o produto de uma razão perigosamente racional.”, do texto CG1A1-I. Assinale a opção em que a proposta apresentada mantém a correção gramatical e a coerência do texto.
  • A: Ora, se a violência é irracional paradoxalmente, não é por susceder de feitos realizados por alguém destituido de razão, mas sim por ser fruto de uma razão perigosamente racional.
  • B: Ora, se a violência é irracional, é por estar enraizada em conduta de ser irracional que atua de forma paradoxalmente atrelada a razão.
  • C: Ora, se a violência é irracional, não é que se tenha fundamento no que um ser irracional cometeu, mas por se originar paradoxalmente em uma razão que está estranhamente baseada no perigo.
  • D: Ora, se a violência é irracional, isso ocorre porque é, paradoxalmente, resultado da ação de quem baseia-se de forma perigosa, no contraste entre o racional e o irracional
  • E: Ora, se a violência é irracional, não é por resultar de ações de um ser irracional, e, sim, por ser, paradoxalmente, fruto do exercício de uma razão cuja racionalidade é perigosa.

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