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Atenção: Leia a crônica “Cobrança”, de Moacyr Scliar, para responder às questões

1. “Cobrador usa intimidação como estratégia. Empresas de cobrança usam técnicas abusivas, como tornar pública a dívida.”
(Cotidiano, 10.09.2001)
2. Ela abriu a janela e ali estava ele, diante da casa, caminhando de um lado para outro. Carregava um cartaz, cujos dizeres
atraíam a atenção dos passantes: “Aqui mora uma devedora inadimplente.”
3. − Você não pode fazer isso comigo − protestou ela.
4. − Claro que posso − replicou ele. − Você comprou, não pagou. Você é uma devedora inadimplente. E eu sou cobrador. Por diversas
vezes tentei lhe cobrar, você não pagou.
5. − Não paguei porque não tenho dinheiro. Esta crise...
6. − Já sei − ironizou ele. − Você vai me dizer que por causa daquele ataque lá em Nova York seus negócios ficaram prejudicados.
Problema seu, ouviu? Problema seu. Meu problema é lhe cobrar. E é o que estou fazendo.
7. − Mas você podia fazer isso de uma forma mais discreta...
8. − Negativo. Já usei todas as formas discretas que podia. Falei com você, expliquei, avisei. Nada. Você fazia de conta que nada
tinha a ver com o assunto. Minha paciência foi se esgotando, até que não me restou outro recurso: vou ficar aqui, carregando este
cartaz, até você saldar sua dívida.
9. Neste momento começou a chuviscar.
10. − Você vai se molhar − advertiu ela. − Vai acabar ficando doente.
11. Ele riu, amargo:
12. − E daí? Se você está preocupada com minha saúde, pague o que deve.
13. − Posso lhe dar um guarda-chuva...
14. − Não quero. Tenho de carregar o cartaz, não um guarda-chuva.
15. Ela agora estava irritada:
16. − Acabe com isso, Aristides, e venha para dentro. Afinal, você é meu marido, você mora aqui.
17. − Sou seu marido − retrucou ele − e você é minha mulher, mas eu sou cobrador profissional e você, devedora. Eu a avisei:
não compre essa geladeira, eu não ganho o suficiente para pagar as prestações. Mas não, você não me ouviu. E agora o pessoal lá
da empresa de cobrança quer o dinheiro. O que quer você que eu faça? Que perca meu emprego? De jeito nenhum. Vou ficar aqui
até você cumprir sua obrigação.
18. Chovia mais forte, agora. Borrada, a inscrição tornara-se ilegível. A ele, isso pouco importava: continuava andando de um
lado para outro, diante da casa, carregando o seu cartaz.
(Adaptado de: SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002)

Em relação aos apelos da mulher, Aristides mostra-se
  • A: desconfiado.
  • B: envergonhado.
  • C: inflexível.
  • D: reticente.
  • E: compassivo.

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