Questões

Filtrar por:

limpar filtros

Foram encontradas 1 questões.




O apanhador de desperdícios

 

Uso a palavra para compor meus silêncios.

Não gosto das palavras fatigadas de informar.

Dou mais respeito

às que vivem de barriga no chão

tipo água pedra sapo.

Entendo bem o sotaque das águas

Dou respeito às coisas desimportantes

e aos seres desimportantes.

Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade

das tartarugas mais que a dos mísseis.

Tenho em mim um atraso de nascença.

Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.

Tenho abundância de ser feliz por isso.

Meu quintal é maior do que o mundo.

Sou um apanhador de desperdícios:

Amo os restos

como as boas moscas.

Queria que a minha voz tivesse um formato

de canto.

Porque eu não sou da informática:

eu sou da invencionática.

Só uso a palavra para compor meus silêncios.


                                                                         BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.



 
Em “Tenho em mim um atraso de nascença”, percebe-se que o eu lírico






  • A: valoriza coisas simples, como insetos, passarinhos, restos, em detrimento dos avanços tecnológicos, representados por aviões, mísseis, informática.
  • B: revela condições desiguais de acesso à tecnologia, pela falta de oportunidades das pessoas simples no mundo da velocidade e da informática.
  • C: compara a velocidade das tartarugas a dos mísseis para que o leitor reflita sobre os benefícios que a tecnologia trouxe para a sociedade.
  • D: apresenta dificuldades em sua criação poética por não conseguir compor seus silêncios em formato de canto.
  • E: critica a banalização das palavras, marcada pela escolha da linguagem simples, que subestima e fadiga o leitor.

Exibindo de 1 até 1 de 1 questões.