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Envelhecer
Vá um homem envelhecendo, e caia na tolice de pensar que envelhece por inteiro - famosa tolice. Alguém já notou: envelhecemos nisto, não naquilo; este trecho ainda é verde, aquele outro já quase apodrece; aqui há seiva estuando, além é coisa murcha.
A infância não volta, mas não vai - fica recolhida, como se diz de certas doenças. Pode dar um acesso. Outro dia sofri um ataque não de infância, mas de adolescência: precipitei-me célere, árdego*, confuso. Meus olhos estavam úmidos e ardiam; mãos trêmulas; os demônios me apertavam a garganta; eu me sentia inibido, mas agia com estranha velocidade por fora. Exatamente o contrário do que convém a um senhor de minha idade e condição.
Pior é o ataque de infância: o respeitável cavalheiro de repente começa a agir como um menino bobo. Será que só eu sou assim, ou os outros disfarçam melhor?
*árdego: impetuoso.
(BRAGA, Rubem. Recado de primavera. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 71)
O emprego da pontuação e a observância do sinal de crase estão adequados na frase:
  • A: Quando se está à envelhecer, as nossas sensações boas ou más, parecem confundir-se em nosso espírito.
  • B: Não se tribute as nossas experiências desafortunadas, a responsabilidade maior de um penoso envelhecimento.
  • C: Em meio aquelas boas horas da infância, sempre havia alguma suspeita, de que tudo logo acabaria.
  • D: Quem diria, que a proporção que o tempo passa, mais retornos imaginários experimentamos à outras idades?
  • E: Corresse o tempo de modo uniforme, como alguns acreditam, não voltaríamos às mais antigas sensações.

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