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[Beleza e propaganda]
A crescente padronização do ideal de beleza feminina foi um dos efeitos imprevistos da popularização da fotografia, das revistas de grande circulação e do cinema a partir do início do século XX. Não é à toa que esse movimento coincide com a decolagem e vertiginosa ascensão da indústria da beleza (hoje um mercado com receita global acima de 200 bilhões de dólares). Como vender “a esperança dentro de um pote?"
As estratégias variam ao infinito, porém a mais diabólica e (possivelmente) eficaz dentre todas - verdadeira premissa oculta do marketing da beleza - foi explicitada com brutal franqueza, em 1953, pelo então presidente da megavarejista de cosméticos americana Allied Stores: “O nosso negócio é fazer as mulheres infelizes com o que têm".
O atiçar cirúrgico da insegurança estética e a exploração metódica das hesitações femininas no universo da beleza abrem as portas ao infinito. Os números e lucros do setor reluzem, mas quem estimará a soma de todo o mal-estar causado pelo massacre diuturno de um padrão ideal de beleza?
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 104-105)
A estratégia exposta com brutal franqueza pelo presidente da Allied Stores (2º parágrafo) consiste em admitir que
  • A: a indução a um sentimento de insuficiência e de mal-estar nas mulheres é o método próprio da indústria da beleza.
  • B: os insistentes gastos das mulheres com produtos de beleza dão origem aos altos investimentos desse setor industrial.
  • C: um mau negócio seria provocar nas mulheres alguma obsessão por um ideal de beleza que não têm como atingir.
  • D: um bom negócio implica sempre uma satisfação objetiva dos anseios dos clientes, despertados por um produto.
  • E: a ansiedade feminina deve ser canalizada para os produtos que efetivamente possam satisfazer a mulher de imediato.

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