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[Vocação de professor]
Escritor nas horas vagas, sou professor por vocação e destino. “A quem os deuses odeiam, fazem-no pedagogo”, diz o antigo provérbio; assim, pois, dando minhas aulas há tantos anos, talvez esteja expiando algum crime que ignoro, cometido porventura nalguma existência anterior. Apesar disso, não tenho maiores queixas de um ofício que, mantendo-me sempre no meio dos moços, me dá a ilusão de envelhecer menos rapidamente do que aqueles que passam a vida inteira entre adultos solenes e estereotipados.
Outra vantagem da minha profissão principal é fornecer material copioso para a profissão acessória. Se fosse ficcionista, que mina não teria à mão no mundo da adolescência, mina ainda insuficientemente explorada e cheia de tesouros! Mas, como não sou ficcionista, utilizo-me desse cabedal apenas para observação e reflexão; às vezes o aproveito nalgum monólogo inócuo, como este.
(Adaptado de: RÓNAI, Paulo. Como aprendi o Português e outras aventuras. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2014, p. 109)
Há emprego de voz passiva e adequada articulação entre tempos e modos verbais na frase:
  • A: Não lhe havendo estendido os deuses outra pena, o autor teria de amargar a condição de pedagogo.
  • B: Se quisesse se valer de sua condição de professor, o escritor poderá ter aproveitado seu convívio com os jovens.
  • C: Caso fosse dada ao professor a oportunidade da criação literária, proveitoso material é que não lhe faltaria.
  • D: Uma vez que lhe coubesse aproveitar melhor a companhia dos jovens, o autor terá sabido convertê-la em ficção.
  • E: Havendo desprezado o ódio dos deuses, ao professor coubera redimir-se de algum modo no exercício desse ofício

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