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Leia com atenção o texto de Albert Camus: “Não há vida sem diálogo. E, na maior parte do mundo, o diálogo está sendo substituído pela polêmica. O século XX é o século da polêmica e do insulto. Ela se trava entre as nações e os indivíduos e ocupa o espaço que era anteriormente ocupado pelo diálogo de reflexão. Milhares de vozes, dia e noite, praticando cada uma de seu lado um monólogo tumultuado, derramam sobre as pessoas uma torrente de palavras mistificadoras, ataques, defesas, exaltações...[...] Não há vida sem persuasão. E a história moderna não conhece nada além da intimidação”.



O texto abaixo que exemplifica o caso da intimidação do leitor é:
  • A: A sociedade atual, marcada pelo avanço científico e tecnológico, abriu caminhos para novas relações culturais, sociais e econômicas. Não sendo um mundo descolado de um contexto mais amplo, a escola não se constitui como um espaço inerte às tensões da sociedade. Exige-lhe mudanças nas formas de relações e interações, ao tratamento da informação e construção de conhecimentos que permitam a seus estudantes desvelar e participar ativamente na realidade;
  • B: É papel do abrigo reintegrar crianças e adolescentes institucionalizados a suas famílias, além de atuar visando à transformação da realidade vivida pela maioria das famílias que recorrem aos seus serviços. Dessa forma, os abrigos, suas diretorias, seus técnicos e funcionários atuarão de forma construtiva nas diversas etapas da reintegração, processo esse que sempre envolve a recuperação da autoestima, do valor e da dignidade da família;
  • C: Falar sobre diversidade na Educação Infantil ainda parece ser um tabu. Para algumas famílias, vários fatores podem complicar esse diálogo, geralmente influenciados por crenças pessoais que acabam interferindo nas percepções. Não é diferente para algumas professoras ou professores, que acabam evitando essa conversa pelos mesmos motivos, ou ainda, por não saberem muito bem como lidar com questões relacionadas à diversidade nas composições familiares;
  • D: Em um momento sócio-histórico no qual ecologia, sustentabilidade e educação ambiental perderam o status de temas emergentes e palavras de ordem para se tornarem fatores essenciais à sobrevivência humana, é fundamental investigar o que nossas escolas ensinam em termos de relações pessoa-ambiente;
  • E: A Educação Inclusiva surge praticamente como uma alternativa de socialização para pessoas excluídas da sociedade que viviam apenas no meio familiar. Muitas crianças com algum tipo de deficiência, há pouco tempo, não podiam participar e interagir ativamente do processo de ensino e aprendizagem no ambiente escolar junto com as crianças ditas “normais”. A partir de manifestações sociais, declarações e direitos garantidos em leis pode-se dizer que houve alteração nesse cenário.

Em uma tarde ensolarada, estou no portão da escola recebendo as crianças como todos os dias. De repente, um carro para em frente ao portão. Um menino de quatro anos chega à porta da escola com o telefone nas mãos, assistindo desenho ou jogando (não foi possível identificar), tão concentrado que nem percebe que chegou à escola. A mãe chama e ele não atende. Então, ela pega o telefone das mãos do filho e ele começa a reclamar, chorando e exaltado, querendo o telefone novamente. A mãe pede ao filho para parar de chorar e de “fazer birra”, mas este não a atende. Para parar de ouvir a reclamação do filho, ela então vai ao carro, busca o tablet e deixa que o filho o leve para a escola.

Diário de bordo, 26 de fevereiro de 2018.



Sobre a estrutura desse pequeno texto, retirado de um estudo sobre a Tecnologia e a Educação Infantil, a afirmativa adequada é que se trata de um texto:
  • A: argumentativo, em que se procura, por meio de uma estrutura narrativa, condenar o mau emprego da tecnologia nas escolas;
  • B: narrativo, de que o narrador participa somente como observador e que pode servir de exemplo para a condenação de um mau processo educativo familiar;
  • C: narrativo, de que o narrador participa com opiniões sobre o narrado, em tom condenatório da tecnologia atual;
  • D: meramente descritivo de uma cena presenciada por um observador isento, cena essa que mostra características da sociedade atual;
  • E: argumentativo, em que o argumentador se utiliza da presença de um tablet para a condenação dos games infantis como não educativos.

Um personagem de um célebre romance francês é enunciador do seguinte discurso:



“O que teria eu que fazer para demonstrar a utilidade da agricultura? Quem provê nossas necessidades? Quem fornece nossos alimentos? Não é o agricultor? O agricultor, senhores, que semeia nossos campos com sua mão laboriosa, faz nascer o trigo, que, triturado por engenhosas máquinas, dá origem à farinha, que, transportada para o padeiro, produz alimento para o pobre e para o rico. Não é também o agricultor que gera nossas roupas, engordando os seus rebanhos, nas nossas pastagens? Porque, como nos vestiríamos, como nos alimentaríamos sem o agricultor?”



Sobre a estrutura argumentativa desse pequeno texto, a única afirmativa correta é:
  • A: a tese do texto se apoia num conjunto de seis argumentos, construídos em forma de perguntas para os ouvintes;
  • B: a estruturação desse texto em dois segmentos argumentativos é marcada pela presença do conector “também”;
  • C: a tese do texto é de base social, configurada na frase “produz alimento para o pobre e para o rico”;
  • D: a tentativa de convencimento dos ouvintes é realizada por meio de apelos econômicos, ligados a fatores de produção e consumo;
  • E: a argumentação desse texto se apoia no valor histórico da agricultura e da pecuária, na eficiente tecnologia da época e em exemplos retirados do cotidiano.

Uma das falhas mais comuns na formulação de um texto é o fato de ser vago, ou seja, sem o apoio devido para as ideias expressas. Os textos abaixo mostram estratégias diversas como técnicas de apoio às ideias veiculadas; o texto que tem corretamente indicada essa estratégia é:
  • A: “Em toda a natureza, o meio lógico de defender-se contra a debilidade é a adaptação. A debilidade, como todas as coisas deste mundo, não é um conceito absoluto. Tem-se debilidade somente diante de uma força superior e contrária. Uma lebre, sem águias que a persigam desde o alto, sem cães nem caçadores, rodeada de outras lebres tão inofensivas quanto ela, não teria necessidade de desenvolver seus meios de fuga” / o apoio da ideia “meio lógico de defender-se contra a debilidade” é feito por meio de informações científicas;
  • B: “O automóvel ecológico Opel Twin é um veículo protótipo desenhado com a finalidade de reduzir o consumo de combustível e a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera. O objetivo, em cifras: um veículo que não consuma mais de 3,5 litros de combustível por cada 100 quilômetros” / a ideia de “automóvel ecológico” vem apoiada por dados cuja autenticidade é de fácil comprovação;
  • C: “Cresci no Brooklyn; era um menino tímido e gaguejava muito. Na escola, me aterrorizava o fato de ter que tomar a palavra diante do grupo. Naqueles dias em que sabia que teria que falar em público, fingia mal-estar, ficava de costas para a turma e alguém lia a minha composição. Meus companheiros faziam pouco de mim” / a ideia da identificação do autor do texto é apoiada por descrições de caráter visual;
  • D: “Estava sentada sobre o tapete, diante da janela aberta e fiquei olhando a paisagem, enquanto cantarolava a frase e a desfazia. Estava entardecendo. Passavam umas nuvens rosáceas que, sem sentir, mudavam o perfil, de consistência e de cor” / o objeto da descrição é construído por meio do relato de experiências pessoais;
  • E: “O lugar, bastante sombrio, era sórdido. Era simplesmente miserável e triste, como qualquer uma dessas humildes celas dos presídios públicos. Somente duas aberturas: a janela diminuta e a portinhola para o corredor” / o apoio para a caracterização do lugar é feito por meio de exemplos.

Observe o texto expositivo a seguir.

Por uma vida mais longa



Terra, novembro/2003

“Qual é a verdadeira extensão da vida humana? Estaremos caminhando para uma vida sem limites? Essas são as questões colocadas na reportagem de capa desta edição de Terra, um detalhado trabalho do jornalista Celso Arnaldo Araújo, duas vezes ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo na área de ciências. As conclusões são impressionantes e evidentes. Com o aprimoramento da medicina, da bioengenharia e da genética, a tendência é que, em meados do século XXI, a expectativa de vida do ser humano ultrapasse os cem anos. E pode ir mais longe.

Se na Idade Média um homem de 30 anos já era um ancião, hoje já se pode pensar que, com alguns cuidados e muita tecnologia, você pode viver muito mais que seus antepassados.

O impacto da longevidade humana será, sem dúvida, um dos temas da agenda do planeta ainda neste século, mas, ainda que isso represente um problema social e previdenciário, não deixa de ser alvissareiro imaginar que o ser humano terá mais tempo para aproveitar sua existência e talvez não seja uma utopia pensar que, diante dessa perspectiva, o homem passe a cuidar melhor da Terra em que viverá por mais tempo.”



Esse texto – que apresenta um futuro artigo da revista – mostra uma falha em sua composição, que pode ser identificada do seguinte modo:
  • A: o tema não aparece suficientemente desenvolvido e apoiado, sendo preciso um acréscimo de alguns parágrafos com as informações necessárias;
  • B: as relações lógicas entre os parágrafos não estão claramente estabelecidas, o que torna necessária a presença de conectores lógicos apropriados;
  • C: o título escolhido não obedece a um princípio básico, que é o de refletir, em poucas palavras, o tema e a finalidade do texto, atrair a atenção do leitor e sugerir o conteúdo da exposição;
  • D: o texto não mostra uma conclusão evidente, levando à necessidade de acrescentarem-se ideias, detalhes ou dados que destaquem o tema, sem repeti-lo com as mesmas palavras;
  • E: algumas palavras ou informações podem ser desconhecidas para os leitores da revista, sendo aconselhável o acréscimo de definições ou explicações ou a substituição de palavras técnicas ou raras por outras mais conhecidas.

“Naquele verão de 2021, o grupo de turistas se aglomerou à porta da Matriz, ao redor do guia, que, naquele momento, lhes passava informações importantes para a adequada visualização daquele monumento. A enorme porta de madeira chamou logo a atenção, mas o interior do templo, com suas imagens barrocas, levou, em seguida, emoção a todos os que têm olhos para ver. Na saída, os comentários reclamavam do pouco tempo de visita a locais tão belos, mas o mês de janeiro estava no fim e o trabalho já se anunciava.”



Esse pequeno texto traz um conjunto de elementos encarregados de situações temporais; sobre esse aspecto, a única afirmação inadequada é:
  • A: há indicações diretas e precisas de localização temporal, como no caso de “o mês de janeiro estava no fim”;
  • B: alguns objetos, como as imagens barrocas, localizam indiretamente a época da Matriz;
  • C: algumas ações podem trazer implicitamente ideia de tempo, como a expressão “Na saída”;
  • D: os termos “logo” e “em seguida” dão indicações de tempo posterior, de forma precisa;
  • E: o termo “naquele momento” tem referência cronológica em função da situação narrada.

Em todos os segmentos abaixo, foram suprimidos os conectores lógicos que faziam ligações entre os segmentos.



A opção em que um conector lógico estabelece uma relação lógica adequada ao contexto, independentemente de modificações na construção, é:
  • A: O viajante não percorreria mais o trajeto de trem, pois os vagões estavam muito cheios / havia, entre os passageiros, rumores de greve; - além de que;
  • B: Esse filme referido aqui foi fantástico e digno de todos os elogios feitos / o começo da trama se desenrolou lentamente; - visto que;
  • C: Em matéria de segurança nas estradas, trata-se mais de educar o público / é preciso criar consciência dos perigos; - portanto;
  • D: Como ser aprovado neste concurso? Estudando muito / estudando metódica e organizadamente; - e assim;
  • E: João não estava presente no recinto. Ele está doente / ele não encontrou o endereço; - ou seja.

Leia o texto abaixo, publicado em jornal algum tempo atrás:



Tecnologia e família

São inegáveis as mudanças positivas que a internet trouxe para a vida de muitas famílias em nosso país e no mundo, como a possibilidade de trabalho e educação a distância e uma intensa vida social.

Creio que o acesso aos recursos da internet nem sempre tem consequências positivas. É frequente ver que os adolescentes e jovens – por estarem diante da tela do computador – invertem perigosamente seus horários, perdem horas de sono e, basicamente, deixam de relacionar-se com amigos e membros da família.

É verdade que a internet é um instrumento que possibilita uma nova forma de relação interpessoal, mas esta é muito diferente da relação íntima, cara a cara, que se dá no âmbito familiar. Por isso, a perda da noção de contacto físico e emocional – que no mundo da rede é substituído pela transmissão e interação virtual – poderia afetar as relações familiares.

O lar é um espaço privilegiado onde rapidamente podemos detectar as consequências do uso abusivo da rede, com claras repercussões no conjunto do entorno familiar. Todos devíamos preparar-nos para o grande desafio do novo milênio, que é o de tentar integrar os incríveis progressos científicos e tecnológicos, aqui representados pela internet, de modo que possam ampliar os limites da experiência humana sem desumanizá-la, mas enriquecendo-a e aprofundando-a.



Sobre o texto acima, é correto afirmar que:
  • A: a tese defendida pelo autor do texto é a de que a internet traz consigo a perda de contato com a realidade;
  • B: o autor utiliza a estratégia argumentativa de exemplificação no primeiro e segundo parágrafos do texto;
  • C: o terceiro parágrafo apresenta uma ideia de concessão positiva para a internet, desacompanhada de qualquer refutação;
  • D: a relação argumentativa de causa/consequência está presente no último período do texto;
  • E: no primeiro período do último parágrafo, o autor do texto apela argumentativamente para um testemunho de autoridade, apoiado na experiência pessoal.

Todas as opções abaixo mostram uma tese, seguida de um argumento; a opção em que o argumento NÃO é adequado à tese é:
  • A: tese: Este sabão em pó é o melhor do mercado / ele retira todas as manchas e obtém uma brancura ímpar;
  • B: tese: O futebol é o melhor esporte de todos / os jogadores formam uma equipe solidária e lutam por uma vitória comum;
  • C: tese: É preciso conservar as florestas / as árvores fornecem madeira, indispensável a construções;
  • D: tese: A prancha à vela é um esporte ideal / ele permite brincar com os elementos naturais, como a água e o vento, sem prejudicá-los;
  • E: tese: É preciso proibir o trânsito de veículos nos grandes centros / é preciso preservar os monumentos que o gás dos escapamentos prejudica para que as gerações futuras possam contemplá-los.

Em uma de suas crônicas, Rubem Braga tece os seguintes comentários sobre o padre Feijó, figura importante de nossa história: “...quanta mediocridade, quanta incoerência! Não era homem excepcional nem pela inteligência nem pela cultura. Não teve, diante dos problemas do Brasil, nenhuma visão mais larga nem penetrante; não nos legou, nem mesmo aos homens do Segundo Império, nenhuma ideia mais alta ou mais justa para levar adiante. Teimoso e limitado, tinha dois ou três projetos que defendeu até a velhice, e nenhum deles de maior mérito”.



Temos aqui o exemplo de um argumento ad hominem, ou seja, uma argumentação crítica contra uma pessoa.

O tipo de argumento ad hominem que é adequado ao texto de Rubem Braga é aquele que:
  • A: repousa sobre uma incoerência ou inconsistência de ordem formal: a incompatibilidade ou a contradição lógica entre diferentes elementos argumentativos;
  • B: consiste em colocar em discussão a posição mantida por uma pessoa em virtude de traços de sua personalidade nas suas relações sociais;
  • C: não procura desacreditar uma ideia em função de um aspecto negativo da pessoa que a formula, mas se prende diretamente a marcas negativas da própria pessoa;
  • D: marca a reprovação de alguém por ter mudado de ideia, mudando de política geral ou de partido político;
  • E: pretende destacar a contradição entre o dizer e o fazer, tendo um comportamento incompatível com o discurso que apresenta.

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