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Morte de uma baleia

Em minutos espalhara-se a notícia: uma baleia no Leme e outra no Leblon haviam surgido na arrebentação de onde tinham tentado sair sem, no entanto, poder voltar. Eram descomunais apesar de apenas filhotes. Todos foram ver. Eu não fui: sobre a mais próxima de mim, corria o boato de que ela agonizava já há oito horas e que até atirar nela haviam atirado mas ela continuava agonizando e sem morrer.

Senti um horror diante do que contavam e que talvez não fossem estritamente os fatos reais, mas a lenda já estava formada em torno do extraordinário que enfim, enfim! acontecia, pois, por pura sede de vida melhor, estamos sempre à espera do extraordinário que talvez nos salve de uma vida contida. Se fosse um homem que estivesse agonizando na praia durante oito horas, nós o santificaríamos, tanto precisamos de crer no que é impossível. Não.
Não fui vê-la: detesto a morte.

(LISPECTOR, Clarice. Crônicas para jovens: do Rio de Janeiro e seus personagens. Rio de Janeiro: Rocco jovens leitores, 2011. Excerto adaptado)

Conforme a autora,
  • A: a decisão de não ir até onde estaria a baleia se deve primordialmente à sua descrença em boatos disseminados pelo povo.
  • B: o horror que lhe causava a história da morte da baleia tem em sua origem o mistério que rodeia a vida desses animais.
  • C: o episódio da baleia agonizante se agarrando à vida remete à forma como a vida é desprovida de sentido para a humanidade.
  • D: a atenção dada ao acontecido com a baleia se deve à nossa receptividade a eventos que nos tirem da vida comum.
  • E: a reação popular à morte da baleia espelha o descaso com que agimos em situações parecidas envolvendo pessoas.

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