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 A quem pertence um país e quem tem o direito de morar nele? Com um passado incomparável e camadas históricas extraordinariamente variadas, inclusive em seus momentos de fluxo e refluxo populacional, a Itália já fechou o debate. A lotação está esgotada. Foram mais de 180000 pessoas, na maioria absoluta vindas da África, no ano passado. Até organizações humanitárias dizem que não dá mais para acomodar gente em cidadezinhas minúsculas, vilarejos medievais ou bairros distantes de uma metrópole como Roma.
      As ondas humanas criaram situações sem precedentes. As ONGs para as quais sempre cabem muitos mais tornaram-se colaboradoras dos traficantes que ganham com o comércio de gente, um escândalo ético espantoso. Começaram a fazer o bem e se transformaram em parte integrante de um processo de imensa perversidade, cujos promotores praticam abusos indescritíveis. Embora cruel, o sistema é de uma eficiência impressionante. Até os botes de borracha, cujos passageiros pagam para ser resgatados por navios de ONGs, da Marinha italiana ou de outros países europeus, são fabricados especificamente para esse tipo de transporte. Cada passagem custa por volta de 1500 euros, ou 5500 reais. O negócio foi calculado em 390 milhões de dólares no ano passado.
      A questão dos grandes deslocamentos humanos vindos do mundo pobre, encrencado, conflagrado ou simplesmente com menos benefícios sociais, em direção ao mundo rico, já provocou conhecidas reações políticas, das quais a mais estrondosa foi a eleição de Donald Trump. A palavra-chave no fenômeno atual é benefícios. Ao contrário dos imigrantes que vieram para o Novo Mundo, entre os quais tantos de nossos antepassados, com uma malinha, muitos carimbos nos documentos e esperança de emprego, as ondas humanas atuais chegam aos países ricos com abrigo, saúde e educação providos pelo Estado de bem-estar social. Organizações supranacionais, como a própria União Europeia, também têm verbas para dar garantias inimagináveis pelos imigrantes do passado. O problema, como sabemos, é que o dinheiro não aparece magicamente nos cofres dos Estados ou seus avatares.
        (Vilma Gryzinski, Lotou ou ainda cabe mais? Veja, 26.07.2017. Adaptado)



Um aspecto contraditório que a autora aponta na ação das ONGs, no contexto dos refugiados que chegam por mar à Itália, é que
  • A: o acolhimento sem limites acaba por incrementar a ação eticamente condenável de lucrar com o que acaba sendo um verdadeiro tráfico de pessoas.
  • B: a expectativa de colaborar com as populações acuadas encontra obstáculo no preço cobrado pelo transporte marítimo sem garantia de sucesso.
  • C: essas organizações não medem esforços para combater a ação dos comerciantes de gente, recusando-se a acolher os que pagam alto preço pela travessia.
  • D: discordar dos abusos praticados pelos traficantes não chega a ser uma ação efetiva, pois parte das ONGs não tem como fiscalizar o resgate dos imigrantes.
  • E: elas não abrem mão de agir para o bem dessas populações desassistidas, empregando, para isso, recursos vultosos de que não dispõem.

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