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                             Ao mar
      Choveu dias e depois amanheceu. Joel chegou à janela e olhou o quintal: estava tudo inundado! Joel vestiu-se rapidamente, disse adeus à mãe, embarcou numa tábua e pôs-se a remar. Hasteou no mastro uma bandeira com a estrela de David...
      O barco navegava mansamente. As noites se sucediam, estreladas. No cesto de gávea* Joel vigiava e pensava em todos os esplêndidos aventureiros.
      – A la mar! A la mar! – gritava Joel entoando cânticos ancestrais. Despertando pela manhã, alimentava-se de peixes exóticos; escrevia no diário de bordo e ficava a contemplar as ilhas. Os nativos viam-no passar – um ser taciturno, distante, nas águas, distante do céu. Certa vez – uma tempestade! Durou sete horas. Mas não o venceu, não o venceu!
      E os monstros? Que dizer deles, se nunca ninguém os viu?
      Joel remava afanosamente; às vezes, parava só para comer e escrever no diário de bordo. Um dia, disse em voz alta: “Mar, animal rumorejante!” Achou bonita esta frase; até anotou no diário. Depois, nunca mais falou.
      À noite, Joel sonhava com barcos e mares, e ares e céus, e ventos e prantos, e rostos escuros, monstros soturnos. Que dizer destes monstros, se nunca ninguém os viu?
      – Joel, vem almoçar! – gritava a mãe.
      Joel viajava ao largo; perto da África.
                                             (Moacyr Scliar, Os melhores contos. Adaptado)
* lugar, no topo dos mastros de embarcações antigas, de onde um marinheiro perscrutava o horizonte, para avistar terra



No conto, narra-se
  • A: a longa travessia de Joel pelo mar, até chegar à África, onde relembra seus valores ancestrais, sendo que a passagem – Os nativos viam-no passar... – mostra a sua relação com os povos que povoam a sua imaginação.
  • B: a separação de Joel e sua família, quando ele decide ir em busca de suas origens que estão além-mar, sendo que a passagem – ... disse adeus à mãe... – exemplifica essa ruptura que representa para ambos um mal necessário.
  • C: o devaneio de Joel, que se enfeitiça ao entoar os cânticos ancestrais e sai a navegar sem rumo pelo mar, sendo que a passagem – E os monstros? Que dizer deles, se nunca ninguém os viu? – sugere a inexistência real dos monstros.
  • D: a brincadeira de Joel, que simula uma viagem pelos mares com tempestade e monstros a serem enfrentados, sendo que a passagem – Joel vestiu-se rapidamente... – denota o seu desejo de logo aproveitar o novo cenário que se formou.
  • E: o receio de Joel em atravessar o mar, que se contrapunha à sua íntima vontade de viver sob perigo, sendo que a passagem – ... e rostos escuros, monstros soturnos. – comprova a ideia de que ele objetiva derrotar esses monstros.

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