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Considerando o papel que a mídia ocupa na política contemporânea, somos obrigados a perguntar: em que espécie de democracia estamos pensando quando desejamos que nossa sociedade seja democrática? Permitam que eu comece contrapondo duas concepções diferentes de democracia. Uma delas considera que uma sociedade democrática é aquela em que o povo dispõe de condições de participar de maneira significativa na condução de seus assuntos pessoais e na qual os canais de informação são acessíveis e livres. Se você consultar no dicionário o verbete “democracia”, encontrará uma definição parecida com essa.
      Outra concepção de democracia é aquela que considera que o povo deve ser impedido de conduzir seus assuntos pessoais e os canais de informação devem ser estreita e rigidamente controlados. Esta pode parecer uma concepção estranha de democracia, mas é importante entender que ela é a concepção predominante. Vou dizer algumas palavras sobre essa noção de democracia.
      Consideremos a primeira operação de propaganda governamental de nossa era, que aconteceu no governo de Woodrow Wilson, eleito presidente dos Estados Unidos em 1916, bem na metade da Primeira Guerra Mundial. A população estava extremamente pacifista e não via motivo algum que justificasse o envolvimento numa guerra europeia. O governo Wilson estava, na verdade, comprometido com a guerra e tinha de fazer alguma coisa a respeito disso. Foi constituída uma comissão de propaganda governamental, a Comissão Creel, que conseguiu, em seis meses, transformar uma população pacifista numa população que queria destruir tudo o que fosse alemão, entrar na guerra e salvar o mundo.
      Entre os que participaram ativa e entusiasticamente na campanha liderada por Wilson estavam intelectuais progressistas, que lançaram mão dos instrumentos mais diversos para conduzir à guerra uma população relutante, por meio do terror e da indução a um fanatismo xenófobo. Inventaram, por exemplo, que os hunos cometiam uma série de atrocidades, como arrancar os braços de bebês belgas, e toda sorte de fatos horripilantes que ainda podem ser encontrados em alguns livros de história.
(Noam Chomsky. Mídia: propaganda política e manipulação. Trad. Fernando Santos. São Paulo, Martins Fontes, 2013. Adaptado)



A expressão “fanatismo xenófobo”, no contexto do último parágrafo, refere-se
  • A: à adesão irrefletida da população ao discurso de intolerância que favoreceu a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial.
  • B: ao interesse do governo dos Estados Unidos em despertar no povo uma consciência política afinada com ideais antibelicistas.
  • C: ao esforço de intelectuais progressistas em explicar a situação de guerra contrapondo as vantagens e as desvantagens do conflito armado.
  • D: à despreocupação da sociedade norte-americana em face da ameaça representada por estrangeiros que se opunham politicamente aos EUA.
  • E: ao sentimento de reprovação que a população estadunidense demonstrou ao projeto de seu presidente apoiar uma guerra europeia.

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