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“...na Canção do Exílio, Gonçalves Dias roga a Deus não permitir
que morra sem que volte para lá, isto é, para cá”.
Nesse segmento, a expressão “isto é” tem a função de:
  • A: acrescentar uma informação que confirma algo dito anteriormente;
  • B: apresentar uma informação que contrasta com outra anterior;
  • C: corrigir uma informação já passada;
  • D: explicar uma informação anteriormente dada;
  • E: expressar uma oposição parcial a uma informação dada antes.

“A coisa deu em reflexo condicionado: proposto qualquer
problema a um brasileiro, ele reage de pronto com as palavras:
logo à tarde, só à noite; amanhã; segunda-feira; depois do
Carnaval; no ano que vem”.

O comentário correto sobre os componentes desse segmento do
texto é:
  • A: “coisa” é um termo de valor vago, que se refere a um processo anterior;
  • B: “de pronto” indica o modo como são ditas as palavras;
  • C: “qualquer problema” é o mesmo que “problema qualquer”;
  • D: os elementos da enumeração são citados aleatoriamente;
  • E: “reflexo condicionado” indica algo feito intencionalmente.

Brasileiro, Homem do Amanhã

(Paulo Mendes Campos)

Há em nosso povo duas constantes que nos induzem a sustentar que o Brasil é o único país brasileiro de todo o mundo. Brasileiro até demais. Colunas da brasilidade, as duas colunas são: a capacidade de dar um jeito; a capacidade de adiar.

A primeira é ainda escassamente conhecida, e nada compreendida, no Exterior; a segunda, no entanto, já anda bastante divulgada lá fora, sem que, direta ou sistematicamente, o corpo diplomático contribua para isso.

Aquilo que Oscar Wilde e Mark Twain diziam apenas por humorismo (nunca se fazer amanhã aquilo que se pode fazer depois de amanhã), não é no Brasil uma deliberada norma de conduta, uma diretriz fundamental. Não, é mais, é bem mais forte do que qualquer princípio da vontade: é um instinto inelutável, uma força espontânea da estranha e surpreendente raça brasileira.

Para o brasileiro, os atos fundamentais da existência são: nascimento, reprodução, procrastinação e morte (esta última, se possível, também adiada).

Adiamos em virtude dum verdadeiro e inevitável estímulo inibitório, do mesmo modo que protegemos os olhos com a mão ao surgir na nossa frente um foco luminoso intenso. A coisa deu em reflexo condicionado: proposto qualquer problema a um brasileiro, ele reage de pronto com as palavras: logo à tarde, só à noite; amanhã; segunda-feira; depois do Carnaval; no ano que vem. Adiamos tudo: o bem e o mal, o bom e o mau, que não se confundem, mas tantas vezes se desemparelham. Adiamos o trabalho, o encontro, o almoço, o telefonema, o dentista, o dentista nos adia, a conversa séria, o pagamento do imposto de renda, as férias, a reforma agrária, o seguro de vida, o exame médico, a visita de pêsames, o conserto do automóvel, o concerto de Beethoven, o túnel para Niterói, a festa de aniversário da criança, as relações com a China, tudo. Até o amor. Só a morte e a promissória são mais ou menos pontuais entre nós. Mesmo assim, há remédio para a promissória: o adiamento bi ou trimestral da reforma, uma instituição sacrossanta no Brasil.

Quanto à morte não devem ser esquecidos dois poemas típicos do Romantismo: na Canção do Exílio, Gonçalves Dias roga a Deus não permitir que morra sem que volte para lá, isto é, para cá. Já Álvares de Azevedo tem aquele famoso poema cujo refrão é sintomaticamente brasileiro: “Se eu morresse amanhã!”. Como se vê, nem os românticos aceitavam morrer hoje, postulando a Deus prazos mais confortáveis.

Sim, adiamos por força dum incoercível destino nacional, do mesmo modo que, por obra do fado, o francês poupa dinheiro, o inglês confia no Times, o português adora bacalhau, o alemão trabalha com um furor disciplinado, o espanhol se excita com a morte, o japonês esconde o pensamento, o americano escolhe sempre a gravata mais colorida.

O brasileiro adia, logo existe.

A divulgação dessa nossa capacidade autóctone para a incessante delonga transpõe as fronteiras e o Atlântico. A verdade é que já está nos manuais. Ainda há pouco, lendo um livro francês sobre o Brasil, incluído numa coleção quase didática de viagens, encontrei no fim do volume algumas informações essenciais sobre nós e sobre a nossa terra. Entre poucos endereços de embaixadas e consulados, estatísticas, indicações culinárias, o autor intercalou o seguinte tópico:

Palavras

Hier: ontem
Aujourd’hui: hoje
Demain: amanhã A única palavra importante é “amanhã”.
Ora, este francês astuto agarrou-nos pela perna. O resto eu adio para a semana que vem.

“Brasileiro até demais”. Com essa frase, colocada logo ao início
do texto, o cronista quer dizer que:
  • A: os brasileiros amam exageradamente seu país;
  • B: as marcas de brasilidade são bastante acentuadas;
  • C: os problemas brasileiros se universalizam;
  • D: o patriotismo é uma marca dos brasileiros;
  • E: os brasileiros ultrapassam seus direitos legais.

O JEITINHO BRASILEIRO

(Roberto da Matta)

O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção? Se a regra transgredida não causa prejuízo, temos o “jeitinho” positivo e, direi eu, ético. Por exemplo: estou tranquilo na fila, chega uma senhora que parece preocupada, precisando pagar sua conta que vence aquele dia e pede para passar na frente. Não há o que reclamar dessa forma de “jeitinho”, que permaneceria universal porque poderia ocorrer na maioria dos países conhecidos, exceto talvez na Alemanha ou na Suíça, onde um trem sai às 14:57! E sai mesmo: eu fiz o teste.
A questão sociológica que o “jeitinho” apresenta, porém, é outra. Ela mostra uma relação ruim com a lei geral, com a norma desenhada para todos os cidadãos, com o pressuposto que essa regra universal produz legalidade e cidadania! Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários públicos do meu país. Tenho o direito — como cidadão — de tomar conta da Biblioteca Nacional, que também é minha. Agora, se eu dou um jeito nos meus impostos porque o delegado da receita federal é meu amigo ou parente e faz a tal “vista grossa”, aí temos o “jeitinho” virando corrupção.

Diante da pergunta que lhe foi feita, o sociólogo Roberto da Matta partiu da seguinte estratégia:
  • A: esclarecer previamente os sentidos do vocábulo “jeitinho”;
  • B: retirar os preconceitos contra essa marca de brasilidade;
  • C: responder à pergunta com outro questionamento;
  • D: atribuir à pergunta uma forma intencionalmente maldosa;
  • E: questionar o que se denomina “corrupção”.

O JEITINHO BRASILEIRO

(Roberto da Matta)

O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção? Se a regra transgredida não causa prejuízo, temos o “jeitinho” positivo e, direi eu, ético. Por exemplo: estou tranquilo na fila, chega uma senhora que parece preocupada, precisando pagar sua conta que vence aquele dia e pede para passar na frente. Não há o que reclamar dessa forma de “jeitinho”, que permaneceria universal porque poderia ocorrer na maioria dos países conhecidos, exceto talvez na Alemanha ou na Suíça, onde um trem sai às 14:57! E sai mesmo: eu fiz o teste.
A questão sociológica que o “jeitinho” apresenta, porém, é outra. Ela mostra uma relação ruim com a lei geral, com a norma desenhada para todos os cidadãos, com o pressuposto que essa regra universal produz legalidade e cidadania! Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários públicos do meu país. Tenho o direito — como cidadão — de tomar conta da Biblioteca Nacional, que também é minha. Agora, se eu dou um jeito nos meus impostos porque o delegado da receita federal é meu amigo ou parente e faz a tal “vista grossa”, aí temos o “jeitinho” virando corrupção.


Ao citar o horário do trem na Alemanha e na Suíça, o autor do
texto quer dizer que, nesses países:
  • A: as regras mudam as situações;
  • B: as regras são discutidas pelos cidadãos;
  • C: regras são regras e vice-versa;
  • D: as regras são adaptadas às situações;
  • E: as regras não são aceitas universalmente.

O JEITINHO BRASILEIRO
(Roberto da Matta)
O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção?
Se a regra transgredida não causa prejuízo, temos o “jeitinho”
positivo e, direi eu, ético. Por exemplo: estou tranquilo na fila,
chega uma senhora que parece preocupada, precisando pagar
sua conta que vence aquele dia e pede para passar na frente. Não
há o que reclamar dessa forma de “jeitinho”, que permaneceria
universal porque poderia ocorrer na maioria dos países
conhecidos, exceto talvez na Alemanha ou na Suíça, onde um
trem sai às 14:57! E sai mesmo: eu fiz o teste.
A questão sociológica que o “jeitinho” apresenta, porém, é outra.
Ela mostra uma relação ruim com a lei geral, com a norma
desenhada para todos os cidadãos, com o pressuposto que essa
regra universal produz legalidade e cidadania! Eu pago meus
impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários
públicos do meu país. Tenho o direito — como cidadão — de
tomar conta da Biblioteca Nacional, que também é minha. Agora,
se eu dou um jeito nos meus impostos porque o delegado da
receita federal é meu amigo ou parente e faz a tal “vista grossa”,
aí temos o “jeitinho” virando corrupção.

O texto fala de “uma relação ruim com a lei geral” porque essa lei:
  • A: é criada sem o consenso dos cidadãos;
  • B: é produzida de forma a atender a interesses de classe;
  • C: não possui legalidade ou cidadania;
  • D: não traz implícitos os meios de fiscalização;
  • E: é desconhecida pela grande maioria dos brasileiros

“Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários públicos do meu país”. Em outras palavras, pode-se dizer que:
  • A: direitos geram deveres;
  • B: leis, quando justas, devem ser obedecidas;
  • C: deveres criam direitos que ultrapassam a lei;
  • D: cumprimento das leis cria direitos;
  • E: leis estabelecem deveres, mas não direitos.

“Agora, se eu dou um jeito nos meus impostos porque o delegado da receita federal é meu amigo ou parente e faz a tal “vista grossa”, aí temos o “jeitinho” virando corrupção”.
O comentário correto sobre os componentes desse segmento do texto é:
  • A: “agora” tem valor de conclusão;
  • B: “dou um jeito” é expressão coloquial contrária à norma culta;
  • C: “fazer vista grossa” significa aceitar dinheiro para fazer algo ilegal;
  • D: a forma diminutiva “jeitinho” expressa afetividade;
  • E: “aí” tem valor de tempo.

Os verbos de estado abaixo expressam valores diferentes; a alternativa em que o verbo de estado tem valor de “mudança de estado” é:
  • A: “O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção”;
  • B: “Por exemplo: estou tranquilo na fila...”;
  • C: “...chega uma senhora que parece preocupada...”;
  • D: “Não há o que reclamar dessa forma de “jeitinho”, que permaneceria universal...”;
  • E: “aí temos o “jeitinho” virando corrupção”.

Observe a charge a seguir.
A frase que registra o pensamento pode ser reescrita de forma adequada do seguinte modo:
  • A: Ele é tão novo, que já conhece o sistema;
  • B: Ele é bem novo, já conhece, porém, o sistema;
  • C: Ele é bem novo, embora conheça o sistema;
  • D: Por ser novo, ele conhece o sistema;
  • E: Ele é muito novo, logo conhece o sistema

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