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O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável, passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em 1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]
O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico. De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação. Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco. Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população aumentou quase dez vezes.
Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, no 27, pp. 45 e 47, 2018)
O desenvolvimento do texto evidencia que o autor tem como prioridade:
  • A: salientar que os movimentos migratórios no Brasil, nos períodos citados, estiveram associados a específicas condições do imigrante, subordinadas às convicções das autoridades em exercício.
  • B: contrapor dados históricos e estatísticos a decisões autocráticas de governos brasileiros do Império e do primeiro período republicano acerca do acolhimento de mão de obra estrangeira.
  • C: sinalizar que a imigração maciça estimulada durante o Império e o primeiro período republicano no Brasil não recebeu apoio do povo, este que, contrariamente ao que proclama, não é hospitaleiro quando se trata de imigrantes.
  • D: atribuir a conceitos científicos mal compreendidos tanto o preconceito e a perseguição a estrangeiros, quanto o fracasso da política de Estado ao não reconhecer, durante séculos, a diversidade religiosa no Brasil.
  • E: criticar a xenofobia que, tida como característica encoberta do homem brasileiro, produz rejeição aleatória de imigrantes que muito poderiam contribuir para os interesses econômicos do Brasil.


O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável, passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de degeneração racial.Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em 1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]
O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico. De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação. Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco. Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população aumentou quase dez vezes.
Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento  implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, no 27, pp. 45 e 47, 2018)
Rafael Cardoso, quando menciona
  • A: (parágrafo 4) um pressuposto falso, demonstra entender que mesmo os católicos, quando em situação de imigrantes na referida época, no Brasil, eram capazes de, estrategicamente, ignorar a presença de outras religiões
  • B: (parágrafo 1) os milhões [de africanos] que já haviam ingressado escravizados no país, critica, de modo subliminar, a política oficial de imigração, na época citada, por ter ela privilegiado consensualmente a entrada de africanos.
  • C: (parágrafo 1) já sob a República, manifesta acreditar que a nova forma de governo contribuiu para maior efetividade das políticas públicas sobre o controle de imigração, tendo em vista a possibilidade de debates mais democráticos.
  • D: (parágrafo 2) o crescimento da cidade de São Paulo, apresenta o único argumento a favor das imigrações ocorridas no período citado, no caso, imigração de italianos, entendendo que ela vinha embasada em consistente ideologia.
  • E: (parágrafos 3 e 4) os três motivos, os dispõe em categorias e tece considerações com que justifica a terminologia adotada e fundamenta seu ponto de vista sobre o fracasso do ideal das autoridades brasileiras acerca do tipo de imigrante desejável no perío

Assinale a alternativa que preenche as lacunas do enunciado a seguir, de acordo com a norma-padrão de concordância. _________ as proporções do acidente, __________ as vias da redondeza, ficando __________ às pessoas trafegar pelo local, pois ainda _________ focos de incêndio ___________ .
  • A: Dado … foram interditadas … proibidas … haviam … disperso
  • B: Dadas … foram interditadas … proibido … havia … dispersos
  • C: Dadas … foi interditado … proibido … haviam … dispersos
  • D: Dado …foram interditadas … proibido … havia … disperso
  • E: Dado … foi interditado … proibidas … havia … disperso

O exorcismo
Rosário, a feiticeira andaluza, estava há muitos anos lutando contra os demônios. O pior dos satanases tinha sido seu sogro. Aquele malvado tinha morrido estendido na cama, na noite em que blasfemou*, e o crucifixo de bronze soltou-se da parede e quebrou-lhe o crânio.
Rosário se ofereceu para desendemoniar-nos. Jogou no lixo a nossa bela máscara mexicana de Lúcifer e esparramou uma fumaçarada de arruda, manjerona e louro bendito. Depois pregou na porta uma ferradura com as pontas para fora, pendurou alguns alhos e derramou, aqui e acolá, punhadinhos de sal e montões de fé.
– Ao mau tempo, cara boa, e para a fome, viola – disse.
E disse que dali para a frente era conosco, porque a sorte não ajuda quem não a ajuda a ajudar.
(Eduardo Galeano, O livro dos abraços. Adaptado)
*Proferiu palavras ofensivas à divindade.
A criação da palavra “fumaçarada” associa fumaçada e fumarada, formadas a partir de fumaça. É correto afirmar que a palavra criada produz efeito estilístico compatível com a ideia de
  • A: comparativo, grande quantidade.
  • B: diminutivo, pequena intensidade.
  • C: diminutivo, pouca qualidade.
  • D: aumentativo, grande quantidade.
  • E: aumentativo, média intensidade.

O exorcismo
Rosário, a feiticeira andaluza, estava há muitos anos lutando contra os demônios. O pior dos satanases tinha sido seu sogro. Aquele malvado tinha morrido estendido na cama, na noite em que blasfemou*, e o crucifixo de bronze soltou-se da parede e quebrou-lhe o crânio.
Rosário se ofereceu para desendemoniar-nos. Jogou no lixo a nossa bela máscara mexicana de Lúcifer e esparramou uma fumaçarada de arruda, manjerona e louro bendito. Depois pregou na porta uma ferradura com as pontas para fora, pendurou alguns alhos e derramou, aqui e acolá, punhadinhos de sal e montões de fé.
– Ao mau tempo, cara boa, e para a fome, viola – disse.
E disse que dali para a frente era conosco, porque a sorte não ajuda quem não a ajuda a ajudar.
(Eduardo Galeano, O livro dos abraços. Adaptado)
*Proferiu palavras ofensivas à divindade.

Na pronúncia, as palavras “mau” e “porque”, destacadas nos dois últimos parágrafos do texto, muitas vezes não se distinguem de “mal” e “por que”, o que acaba por refletir-se em emprego inadequado delas, na escrita. Assinale a alternativa em que essas palavras estão corretamente empregadas no contexto.
  • A: A polícia descobriu os meios por que atuam as quadrilhas que assaltam à luz do dia, mau disfarçando o que fazem.
  • B: Uma informação mal interpretada causa grandes problemas, porque gera resposta e ações inadequadas.
  • C: O que o funcionário, até então, mau sabia é o motivo porque seu nome foi posto na lista dos não promovidos.
  • D: Ainda não se descobriu porque o projeto foi devolvido ao setor de planejamento; suspeita-se que tenha sido mau feito.
  • E: As peças foram devolvidas por que acusaram mal funcionamento e provocaram acidentes.

O exorcismo
Rosário, a feiticeira andaluza, estava há muitos anos lutando contra os demônios. O pior dos satanases tinha sido seu sogro. Aquele malvado tinha morrido estendido na cama, na noite em que blasfemou*, e o crucifixo de bronze soltou-se da parede e quebrou-lhe o crânio.
Rosário se ofereceu para desendemoniar-nos. Jogou no lixo a nossa bela máscara mexicana de Lúcifer e esparramou uma fumaçarada de arruda, manjerona e louro bendito. Depois pregou na porta uma ferradura com as pontas para fora, pendurou alguns alhos e derramou, aqui e acolá, punhadinhos de sal e montões de fé.
– Ao mau tempo, cara boa, e para a fome, viola – disse.
E disse que dali para a frente era conosco, porque a sorte não ajuda quem não a ajuda a ajudar.
(Eduardo Galeano, O livro dos abraços. Adaptado)
*Proferiu palavras ofensivas à divindade.
As palavras do texto que se associam por compartilharem um núcleo comum de sentido são:
  • A: feiticeira, malvado e viola.
  • B: andaluza, sogro e arruda.
  • C: blasfemou, crânio e máscara.
  • D: desendemoniar-nos, ferradura e fome.
  • E: demônios, satanases e Lúcifer.

O exorcismo
Rosário, a feiticeira andaluza, estava há muitos anos lutando contra os demônios. O pior dos satanases tinha sido seu sogro. Aquele malvado tinha morrido estendido na cama, na noite em que blasfemou*, e o crucifixo de bronze soltou-se da parede e quebrou-lhe o crânio.
Rosário se ofereceu para desendemoniar-nos. Jogou no lixo a nossa bela máscara mexicana de Lúcifer e esparramou uma fumaçarada de arruda, manjerona e louro bendito. Depois pregou na porta uma ferradura com as pontas para fora, pendurou alguns alhos e derramou, aqui e acolá, punhadinhos de sal e montões de fé.
– Ao mau tempo, cara boa, e para a fome, viola – disse.
E disse que dali para a frente era conosco, porque a sorte não ajuda quem não a ajuda a ajudar.
(Eduardo Galeano, O livro dos abraços. Adaptado)
*Proferiu palavras ofensivas à divindade.
Na passagem “blasfemou, e o crucifixo de bronze soltou-se da parede e quebrou-lhe o crânio”, o trecho
destacado expressa, em relação à ação de blasfemar, ideia de
  • A: oposição.
  • B: modo.
  • C: consequência.
  • D: condição.
  • E: proporção.

O exorcismo
Rosário, a feiticeira andaluza, estava há muitos anos lutando contra os demônios. O pior dos satanases tinha sido seu sogro. Aquele malvado tinha morrido estendido na cama, na noite em que blasfemou*, e o crucifixo de bronze soltou-se da parede e quebrou-lhe o crânio.
Rosário se ofereceu para desendemoniar-nos. Jogou no lixo a nossa bela máscara mexicana de Lúcifer e esparramou uma fumaçarada de arruda, manjerona e louro bendito. Depois pregou na porta uma ferradura com as pontas para fora, pendurou alguns alhos e derramou, aqui e acolá, punhadinhos de sal e montões de fé.
– Ao mau tempo, cara boa, e para a fome, viola – disse.
E disse que dali para a frente era conosco, porque a sorte não ajuda quem não a ajuda a ajudar.
(Eduardo Galeano, O livro dos abraços. Adaptado)
*Proferiu palavras ofensivas à divindade.
Para responder considere a passagem final do texto: “E disse que dali para a frente era conosco, porque a sorte não ajuda quem não a ajuda a ajudar.”
É correto afirmar que o termo “a”, no trecho “não a ajuda”, é
  • A: um artigo, que identifica o gênero da palavra “ajuda”.
  • B: uma preposição, exigida pelo substantivo “ajuda”.
  • C: uma preposição, exigida pelo verbo “ajudar”.
  • D: um pronome, que se refere à palavra “sorte”.
  • E: um pronome, que se refere à palavra “conosco”.

O exorcismo
Rosário, a feiticeira andaluza, estava há muitos anos lutando contra os demônios. O pior dos satanases tinha sido seu sogro. Aquele malvado tinha morrido estendido na cama, na noite em que blasfemou*, e o crucifixo de bronze soltou-se da parede e quebrou-lhe o crânio.
Rosário se ofereceu para desendemoniar-nos. Jogou no lixo a nossa bela máscara mexicana de Lúcifer e esparramou uma fumaçarada de arruda, manjerona e louro bendito. Depois pregou na porta uma ferradura com as pontas para fora, pendurou alguns alhos e derramou, aqui e acolá, punhadinhos de sal e montões de fé.
– Ao mau tempo, cara boa, e para a fome, viola – disse.
E disse que dali para a frente era conosco, porque a sorte não ajuda quem não a ajuda a ajudar.
(Eduardo Galeano, O livro dos abraços. Adaptado)
*Proferiu palavras ofensivas à divindade.
Para responder considere a passagem final do texto: “E disse que dali para a frente era conosco, porque a sorte não ajuda quem não a ajuda a ajudar.”
É correto concluir, a partir da recomendação da feiticeira, que
  • A: a sorte independe de autoajuda.
  • B: o futuro depende muito da sorte de cada um.
  • C: a feitiçaria não tem limites para quem tem sorte.
  • D: as coisas acontecem no tempo certo, basta aguardar.
  • E: a sorte não alcança quem nada faz.



Com relação às ideias do texto CB1A1BBB e aos seus aspectos linguísticos, julgue o item a seguir.


A inovação de que trata o texto possui caráter revolucionário por subverter a orientação da educação tal como entendida anteriormente.

  • A: Certo
  • B: Errado

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