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No poema tem-se uma palavra formada utilizando-se de outra palavra. O poeta faz uso dessa relação para:
  • A: deixar a palavra lixo esteticamente mais uniforme.
  • B: fazer uma crítica social a busca por status, por luxo, quando na verdade o luxo é um lixo.
  • C: fazer uma crítica ao uso indiscriminado de elementos que criam lixo por luxo.
  • D: mostrar que luxo e lixo são elementos semelhantes.
  • E: criar uma ilusão de ótica no leitor do poema.

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)

“Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo.” (8º §)

Diferentemente do discurso narrativo predominante no texto, o trecho transcrito acima está estruturado em discurso dissertativo. Isso porque:
















  • A: em vez de reportar-se a fatos passados, focaliza um ponto de vista do enunciador com as formas verbais no tempo presente.
  • B: o personagem protagonista, e também observador, detém-se em analisar um conceito em um tempo psicológico.
  • C: o trecho compõe parte do desenvolvimento do texto, propondo uma discussão sobre um tema, além de expressar o posicionamento do enunciador.
  • D: constitui a conclusão do texto, apresentando uma opinião sobre o problema enfocado e propondo a continuidade do assunto.
  • E: tem a intenção de passar ao leitor uma imagem, tanto quanto possível nítida, da figura que é o objeto do assunto em pauta.

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)
Das alterações feitas abaixo no período “Não há cargo mais importante.” (8º §), aquela em há erro flagrante de concordância verbal é:















  • A: Não há cargos mais importantes
  • B: Não hão de existir cargos mais importantes.
  • C: Não deve haver cargos mais importantes.
  • D: Não pode existir cargos mais importantes.
  • E: Não há de haver cargos mais importantes.

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)

A coesão textual pode ser obtida por meio de elementos de coesão anafóricos e catafóricos. Considerando-se essa propriedade discursiva, está correto afirmar que, dos fragmentos do texto abaixo transcritos, aquele com elemento de coesão catafórica é:
















  • A: “com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio” (1º §).
  • B: “mas para isso necessitava dum fato qualquer” (5º §).
  • C: “que o convencesse de maneira absoluta” (5º §).
  • D: “então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui” (6º §).
  • E: “Pela madrugada botou-as num burro” (9º §).

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)


Das modificações feitas no fragmento de período “Quando eu verificar que tudo está perdido” (6º §), aquela em que houve alteração do sentido original é:














  • A: Verificado por mim que tudo está perdido.
  • B: Assim que eu verificar que tudo está perdido.
  • C: Mal eu verifique que tudo está perdido.
  • D: Verificando que tudo está perdido.
  • E: Ainda que eu verifique que tudo está perdido.

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)


“João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.” (5º §)
Na análise do período acima, está correto afirmar que a última oração é subordinada e exerce a função sintática de:















  • A: adjunto adnominal.
  • B: objeto direto.
  • C: complemento nominal.
  • D: objeto indireto.
  • E: adjunto adverbial.

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)

Reescrevendo-se o período composto por coordenação “Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa” (2º §), para que se mantenha o sentido original, o período deverá ter a seguinte redação:
















  • A: Apesar de nunca ter sido nada na vida, também não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.
  • B: Não só nunca fora nada na vida, bem como não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.
  • C: Conquanto nunca tivesse sido nada na vida, tampouco admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.
  • D: Contanto que nunca tivesse sido nada na vida, nem por isso admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.
  • E: Nunca fora nada na vida, porque não admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa.

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)

A linguagem literária vale-se com frequência de recursos semânticos que remetem à significação conotativa. Para tanto, vários recursos são utilizados, inclusive os relacionados à expressão do grau, seja do substantivo, seja do adjetivo. Entre os fragmentos transcritos abaixo, aquele em que a expressão do grau está inequivocamente conotando depreciação é:
















  • A: “Honestíssimo e lealíssimo” (1º §).
  • B: “mudar-se para terra melhor” (2º §).
  • C: “Ser delegado numa cidadinha daquelas” (8º §).
  • D: “é coisa seríssima” (8º §).
  • E: “Não há cargo mais importante” (8 §).

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)

Para Alfredo Bosi, importante crítico literário, não se deve procurar na prosa de Monteiro Lobato a categoria da profundidade existencial; o que caracteriza a sua escrita é a facilidade com que narra, com brilho, um caso, uma anedota. Na crônica acima, em que o autor aborda uma situação envolvendo um personagem honesto, mas limitado quanto ao amor próprio, percebe-se, na caracterização do personagem, uma postura de:
















  • A: certeza de que não seria designado para o exercício de qualquer função pública.
  • B: esperança quanto à possibilidade de tornar-se prefeito para impulsionar a cidade de Itaoca.
  • C: convicção de que não iria morrer em Itaoca, pois há muito tinha decidido mudar-se.
  • D: confiança de que aceitaria qualquer outro cargo público, menos o de delegado.
  • E: aversão a ter de assumir qualquer compromisso que o levasse a alguma função de notoriedade.



UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA
 


          Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.


          Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.


          Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.


          - Isto já foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para rábula ordinário como Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui.


          A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...


          João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudarse, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.


          - É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.


          Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crâneo. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria nada, não se julgava capaz de nada...


          Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca...


          João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalinho magro e partiu.


          Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.


          - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?


          - Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.


          - Mas, como? Agora que você está delegado?


          - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.

E sumiu.


                                      (LOBATO, Monteiro. “Conto de Cidades Mortas”. In www. gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com)

Toda narrativa literária permite que os leitores, a partir dos fatos concretos apresentados em sequência temporal, tirem conclusões a respeito do tema abordado, abstraindo conceitos, valores, denúncias, princípios morais, juízos críticos, etc. Considerando-se essa possibilidade, foram relacionadas abaixo algumas conclusões, das quais a mais pertinente ao que se aborda no texto é a seguinte:


















  • A: humildade e dignidade são virtudes que dão à pessoa discernimento dos limites das reponsabilidades que pode assumir.
  • B: foge à responsabilidade o cidadão que se nega a assumir uma função social para a qual é designado.
  • C: a falta de iniciativa pode levar até um cidadão honesto a ser malvisto pela comunidade.
  • D: a pessoa em cujo nome não consta o sobrenome de família é socialmente desconsiderada.
  • E: todo homem pacato e modesto tende a ser muito honesto e leal.

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