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DICAS PARA ENFRENTAR O MAL-ESTAR
Vida sem sofrimento não tem, mas há formas piores e melhores de encará-lo
Vera Iaconelli – 5 set. 2022

Uma dica é admitir que a consciência, que é uma ferramenta recém-adquirida pela humanidade, está fadada a fracassar em suas pretensões iluministas. Se a intenção for dar conta da experiência da vida apoiado na capacidade de atribuir-lhe sentido, melhor enfiar a viola no saco. Foi na tentativa de tudo entender, controlar e predizer, capturados por excessivas promessas da ciência, que nos perdemos. Entre encontrar "o" sentido da vida ou vivê-la, sugiro investir na poesia.
Outra dica é admitir que sem o outro não dá. Não apenas porque o isolamento mina nossas forças, mas porque nunca estamos inteiramente sós. O diálogo interno implica um outro que nos habita, nos julga, adula e recrimina. Paradoxalmente, pode-se dizer o oposto também: nunca estamos verdadeiramente acompanhados pela impossibilidade estrutural de compartilhar a experiência.
O encontro com o outro pode confirmar nossas péssimas expectativas, mas também pode nos surpreender. Como quando percebemos que todos os amores da nossa vida foram horríveis, exceto um. E justo esse, que escapa à série, pode acabar levando a bronca que cabia aos anteriores, justamente por contrariar experiências e expectativas. O encontro com o outro tem desses embaraços e deleites.
Quando o outro nos deixa — voluntária ou involuntariamente — nos expõe a um dos maiores entraves de qualquer relação, que é o medo de sofrer, claro. A técnica de se isolar para não sofrer seria boa se funcionasse, mas o isolamento é fonte de inesgotáveis sofrimentos compartilhados no divã. Vivemos o paradoxo das relações humanas incrementado pelas agruras da era midiática. As ferramentas que poderiam nos aproximar magicamente confirmam que não há tecnologia que resolva o infantil em nós que permanece ainda que a infância chegue ao fim. Mais do que aproximar, as mídias têm promovido sofrimento em escala global e instantânea.
Tem também a dica de cuidar. Não esse cuidado compulsório imputado às mulheres para fins de desoneração da responsabilidade dos homens. Mas o cuidado que emerge do reconhecimento de que o outro é feito da mesma massa que nós. Cuidar e ser cuidado é a dobradinha de ouro rumo à civilização, que parece cada vez mais distante.
Por fim, mas sem esgotar o tema, vá ao teatro. Por quê? Pois se trata da principal experiência coletiva na qual o outro nos invade tentando ultrapassar, pela poética, nossa obsessão pelo sentido. O teatro tem algo embaraçoso, que ultrapassa o cinema. O corpo a corpo com os atores em tempo real — com direito a falhas e ao constrangimento de se deixar emocionar e ser visto por quem te emociona — enaltece nossa fragilidade ao invés de escamoteá-la.

Adaptado de: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/veraiaconelli/2022/09/dicas-para-enfrentar-o-mal-estar.shtml. Acesso em: 09 jan. 2023.

A partir da leitura do texto, é correto afirmar que
  • A: é impossível viver sem o outro, mas também é impossível viver totalmente com o outro.
  • B: a busca pelo sentido da vida garante que as pessoas tenham uma existência livre de sofrimento.
  • C: isolar-se é a melhor solução para evitar o sofrimento.
  • D: é das mulheres o papel de cuidar dos homens, os quais, por sua vez, têm o papel de serem cuidados.
  • E: o cinema é tão efetivo quanto o teatro no propósito de enaltecer "nossa fragilidade ao invés de escamoteá-la".

Assinale a alternativa em que a expressão destacada apresenta o mesmo sentido que em “[...] pode acabar levando a bronca que cabia aos anteriores, justamente por contrariar experiências e expectativas.”.
  • A: “[...] uma ferramenta recém-adquirida pela humanidade [...]”.
  • B: “[...] o outro nos invade tentando ultrapassar, pela poética, nossa obsessão pelo sentido.”.
  • C: “[...] capturados por excessivas promessas da ciência [...]”.
  • D: “[...] nunca estamos verdadeiramente acompanhados pela impossibilidade estrutural de compartilhar a experiência.”.
  • E: “[...] com direito a falhas e ao constrangimento de se deixar emocionar e ser visto por quem te emociona [...]”.

Assinale a alternativa em que a expressão destacada pode ser substituída pelo advérbio "posteriormente" sem que isso modifique o sentido original do excerto.
  • A: "No Século IX, o estudo do corpo humano [...]".
  • B: "Passando pelo período do Renascimento, a anatomia humana [...]".
  • C: "Em seguida, em 1543, o médico Andreas Vesalius [...]".
  • D: "Durante todo esse processo histórico, sistematizações e padronizações [...]".
  • E: "[...} dissecações com Herófilo e Erasistrato, no século II a. c.".

Assinale a alternativa em que o item destacado introduza uma oração adjetiva que fornece uma explicação em relação ao termo precedente.
  • A: "[...] apontando as semelhanças anatômicas entre os órgãos que cumpriam a mesma função em espécie diferentes."
  • B: "Então chegamos ao momento na história em que a Patologia passa a despontar [...]".
  • C: "[...] essa ciência passou para um método avançado de estudo que investiga a causa da morte [...]".
  • D: "[...] permitindo desenvolver o conhecimento geral sobre a doença que o acometeu."
  • E: "[...] e à obra de Constantino, que traduziu do árabe para o latim numerosos textos [...]'.

Qual é a relação sintático-semântica sinalizada pelo item destacado em "[...] ele foi um dos primeiros a utilizar o microscópio, um dos principais avanços da óptica em seu tempo, para analisar tecidos."?
  • A: Finalidade.
  • B: Exploicação.
  • C: Concessão.
  • D: Consequência.
  • E: Adição.

Assinale a alternativa em que a(s) vírgula(s) deve(m) ser empregada(s) porque isola(m) um aposto que fornece uma explicação sobre algo dito anteriormente.
  • A: "[...] e όψις (ópsis, visão), isto é, a dissecação do cadáver [...]".
  • B: " O mais famoso deles, Leonardo da Vinci, dissecou mais de trinta corpos [...]".
  • C: "[...] realizando dissecações em animais como porcos, macacos, cavalos e cães [...]".
  • D: "Entre todos os nomes, porém, um dos que mais se destaca [...]".
  • E: "Durante todo esse processo histórico, sistematizações e padronizações foram constantes [...]".

QUANDO OS MORTOS FALAM: A HISTÓRIA DA AUTÓPSIA





A indagação da causa da morte sempre esteve presente em nossos pensamentos, seja você médico ou não. A palavra autópsia significa "ver por si próprio" e vem do grego clássico αυτοψία, sendo composta por αυτος (autós, "si mesmo") e όψις (ópsis, "visão"). Outro termo grego equivalente e de uso mais recente é νεκροψία (necropsia), composta de νεκρός (nekrós, "morto") e όψις (ópsis, "visão"), isto é, a dissecação do cadáver para determinar, por meio da observação, a causa de morte ou a natureza da doença.



As origens da autópsia (ou necrópsia) se confundem com a da própria medicina. Seus primeiros registros na antiguidade são, das dissecações com Herófilo e Erasístrato, no século II a. C. Considerado uma das principais figuras da medicina, o grego Galeno de Pérgamo (129 - 201) já recorria a esse recurso, realizando dissecações em animais como porcos, macacos, cavalos e cães, apontando as semelhanças anatômicas entre os órgãos que cumpriam a mesma função em espécies diferentes.



No Século IX, o estudo do corpo humano após a morte voltou a crescer, principalmente graças à escola de medicina de Salermo, na Itália, e à obra de Constantino, que traduziu do árabe para o latim numerosos textos médicos gregos. Logo depois. Guglielmo de Saliceto, Rolando de Parma e outros médicos medievais enfatizaram a afirmação de Galeno, segundo a qual o conhecimento anatômico era importante para o exercício da cirurgia.



Passando pelo período do Renascimento, a anatomia humana teve uma grande contribuição com artistas que buscavam nesta ciência as bases para retratarem de maneira mais precisa a figura humana. O mais famoso deles, Leonardo da Vinci, dissecou mais de trinta corpos de homens e mulheres de todas as idades. Dentre seus diversos trabalhos, ele ainda é reconhecido por seus esboços e obras baseados na arte da dissecação.



Então chegamos ao momento em que a Patologia passa a despontas como especialidade em si, separada do restante da medicina. A principal figura dessa guinada é Antonio Benivieni (1443 - 1502), médico florentino que foi o primeiro a colher sistematicamente dados de autópsias realizadas em seus pacientes. Em seguida, em 1543, o médico Andreas Vesalius lançaria o primeiro livro de anatomia humana: " De Humani Corporis Fabrica". Resultado de seus trabalhos como professor da Universidade de Pádua, onde realizou dissecações de cadáveres, a obra instituiu categoricamente o método correto de dissecação anatômica. Entre todos os nomes, porém, um dos que mais se destaca é o de Rudolf Ludwig Karl Virchow (1804 - 1878). Considerado a maior figura na história da patologia, ele foi um dos primeiros a utilizar o microscópio, um dos principais avanços da óptica em seu tempo, para analisar tecidos.



Durante todo esse processo histórico, sistematizações e padronizações foram constantes e necessárias para tornar possível a evolução dos procedimentos da autópsia. De um princípio baseado na dissecação de órgãos, essa ciência passou para um método avançado de estudo que investiga a causa da morte de um paciente, permitindo desenvolver o conhecimento geral sobre a doença que o acometeu.



Adaptado de: https://www.sbp.org.br/quando-os-mortos-falam-a-historia-da -autopsia/. Acesso em: 15 mar.2023.

De acordo com o texto, em relação às origens da autópsia, assinale a alternativa correta.
  • A: Ela surgiu depois da instituição da medicina como ciência.
  • B: Trata-se de uma prática que surgiu durante o Período Moderno, na Grécia, e depois se espalhou pelo mundo.
  • C: Os primeiros registros da autópsia datam do ano de 200, a partir dos trabalhos do médico Galeno de Pérgamo.
  • D: As dissecações realizados por Galeno de Pérgamo tinham como objetivo descobrir a causa da morte de animais.
  • E: Galeno de Pérgamo dissecava animais como uma forma de ampliar o conhecimento anatômico sobre as espécies.

QUANDO OS MORTOS FALAM: A HISTÓRIA DA AUTÓPSIA





A indagação da causa da morte sempre esteve presente em nossos pensamentos, seja você médico ou não. A palavra autópsia significa "ver por si próprio" e vem do grego clássico αυτοψία, sendo composta por αυτος (autós, "si mesmo") e όψις (ópsis, "visão"). Outro termo grego equivalente e de uso mais recente é νεκροψία (necropsia), composta de νεκρός (nekrós, "morto") e όψις (ópsis, "visão"), isto é, a dissecação do cadáver para determinar, por meio da observação, a causa de morte ou a natureza da doença.



As origens da autópsia (ou necrópsia) se confundem com a da própria medicina. Seus primeiros registros na antiguidade são, das dissecações com Herófilo e Erasístrato, no século II a. C. Considerado uma das principais figuras da medicina, o grego Galeno de Pérgamo (129 - 201) já recorria a esse recurso, realizando dissecações em animais como porcos, macacos, cavalos e cães, apontando as semelhanças anatômicas entre os órgãos que cumpriam a mesma função em espécies diferentes.



No Século IX, o estudo do corpo humano após a morte voltou a crescer, principalmente graças à escola de medicina de Salermo, na Itália, e à obra de Constantino, que traduziu do árabe para o latim numerosos textos médicos gregos. Logo depois. Guglielmo de Saliceto, Rolando de Parma e outros médicos medievais enfatizaram a afirmação de Galeno, segundo a qual o conhecimento anatômico era importante para o exercício da cirurgia.



Passando pelo período do Renascimento, a anatomia humana teve uma grande contribuição com artistas que buscavam nesta ciência as bases para retratarem de maneira mais precisa a figura humana. O mais famoso deles, Leonardo da Vinci, dissecou mais de trinta corpos de homens e mulheres de todas as idades. Dentre seus diversos trabalhos, ele ainda é reconhecido por seus esboços e obras baseados na arte da dissecação.



Então chegamos ao momento em que a Patologia passa a despontas como especialidade em si, separada do restante da medicina. A principal figura dessa guinada é Antonio Benivieni (1443 - 1502), médico florentino que foi o primeiro a colher sistematicamente dados de autópsias realizadas em seus pacientes. Em seguida, em 1543, o médico Andreas Vesalius lançaria o primeiro livro de anatomia humana: " De Humani Corporis Fabrica". Resultado de seus trabalhos como professor da Universidade de Pádua, onde realizou dissecações de cadáveres, a obra instituiu categoricamente o método correto de dissecação anatômica. Entre todos os nomes, porém, um dos que mais se destaca é o de Rudolf Ludwig Karl Virchow (1804 - 1878). Considerado a maior figura na história da patologia, ele foi um dos primeiros a utilizar o microscópio, um dos principais avanços da óptica em seu tempo, para analisar tecidos.



Durante todo esse processo histórico, sistematizações e padronizações foram constantes e necessárias para tornar possível a evolução dos procedimentos da autópsia. De um princípio baseado na dissecação de órgãos, essa ciência passou para um método avançado de estudo que investiga a causa da morte de um paciente, permitindo desenvolver o conhecimento geral sobre a doença que o acometeu.



Adaptado de: https://www.sbp.org.br/quando-os-mortos-falam-a-historia-da -autopsia/. Acesso em: 15 mar.2023.

Sobre a pontuação empregada no texto, assinale a alternativa correta.
  • A: Os dois pontos presentes no título do texto são utilizados depois do verbo "falar" para indicar algo dito por outra pessoa.
  • B: As aspas são utilizadas no primeiro e no quinto parágrafo com a mesma função: demarcar estrangeirismos.
  • C: No quinto parágrafo, as aspas são utilizadas para sinalizar uma citação direta.
  • D: Em "As origens da autópsia (ou necrópsia) [...]", os parênteses podem ser substituídos por travessões sem que isso gere prejuízo sintático ou semântico ao excerto.
  • E: Em " [...] o grego Galeno de Pérgamo (129 - 201) [...]", os parênteses podem ser omitidos sem que isso gere prejuízo sintático ou semântico ao excerto.

Em "No século IX [...]", o algarismo romano corresponde a que número?
  • A: 9
  • B: 10
  • C: 11
  • D: 12
  • E: 15

Assinale a alternativa correta em relação à expressão destacada em "[...] o estudo do corpo humano após a morte voltou a crescer [...]".
  • A: O verbo "voltou" apresenta o mesmo sentido e a mesma classificação morfológica que em "Ele voltou à escola no dia seguinte".
  • B: O verbo "voltou" apresenta o mesmo sentido que em "Ele voltou atrás na sua decisão".
  • C: O verbo "voltou" veicula um sentido de repetição da ação de crescer.
  • D: Trata-se de uma locução verbal que pode ser substituída pelo verbo "cresceu" sem que isso altere o sentido original do excerto.
  • E: Trata-se de uma locução verbal, em que "voltou" é o verbo principal e "crescer" é o verbo auxiliar.

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